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Psicologia Ciência e Profissão JulSet 2017 v 37 n3 831841 httpsdoiorg10159019823703004292016 Disponível em wwwscielobrpcp Relato de Experiência de uma Psicóloga em um CAPS Mato Grosso Brasil Virgínia de Albuquerque Mota Ministério da Saúde Cuiabá MT Brasil Ilze Maria Gonçalves da Costa Universidade de Cuiabá Cuiabá MT Brasil Resumo As políticas de estado voltadas para a saúde mental no Brasil desenvolveramse no século XX e foram marcadas sucessivamente ao longo deste período pelos modelos asilares e de tratamento moral A partir da segunda metade do século XX a Psicologia é instituída como ciência e profissão para se enquadrar à proposta de tratamento moral e ajustamento social dos considerados desviantes Com o advento da reformulação legal e normativa do modelo de assistência à saúde fruto da Constituição de 1988 e das Leis nº 8080 e no 8142 de 1990 um novo campo de atuação e de práticas se coloca para o profissional da Psicologia ainda que a formação permanecesse a mesma Este artigo é o relato de experiência de uma psicóloga em um serviço de saúde mental no interior do estado de Mato Grosso entre 2007 e 2009 que busca refletir sobre a formação profissional e a construção da prática profissional na busca da efetivação desse novo modelo de assistência à saúde mental voltado para a saúde e a reabilitação psicossocial Verificouse que apesar da implantação do serviço ter se dado de forma verticalizada uma nova concepção de saúde mental foi construída em um movimento de reconstrução do significado da finalidade daquela unidade de saúde Concluise que os serviços de atenção à saúde mental são espaços formativos de reconstrução da prática profissional e de cidadania Palavraschave Prática Profissional Psicologia Saúde Mental Experience Report of a Psychologist at a CAPS Mato Grosso Brazil Abstract State policies aimed at mental health in Brazil developed in the twentieth century and were marked successively over this period by asylum and moral treatment models From the second half of the twentieth century psychology is instituted as science and profession to fit the proposal of moral treatment and social adjustment of those considered deviant The advent of the legal and normative reformulation of the health care model as a result of the 1988 Constitution and Laws 8080 and 81421990 a new field of practice and practice is put to the psychology professional even though the formation remained the same This article is the experience report of a psychologist in a mental health service in the state of Mato Grosso between 2007 and 2009 which seeks to reflect on professional training and the construction of professional practice in the search for the effectiveness of this new model of mental health care focused on health and psychosocial rehabilitation It was verified that although the service was implemented vertically a new conception of mental health was built in a movement to reconstruct the meaning of the purpose of that health unit It is concluded that mental health services are formative spaces for the reconstruction of professional practice and citizenship Keywords Professional Practice Psychology Mental Health 832 Psicologia Ciência e Profissão JulSet 2017 v 37 n3 831841 Relato de Experiencia de una Psicóloga en un CAPS Mato Grosso Brasil Resumen Las políticas de Estado orientadas a la salud mental en Brasil se desarrollaron en el siglo XX y fueron marcadas sucesivamente a lo largo de este período por los modelos asilares y de tratamiento moral A partir de la segunda mitad del siglo XX la Psicología es instituida como ciencia y profesión para encuadrarse a la propuesta de tratamiento moral y ajuste social de los considerados desviantes El advenimiento de la reformulación legal y normativa del modelo de asistencia a la salud fruto de la Constitución de 1988 y de las Leyes nº 8080 y 81421990 un nuevo campo de actuación y de prácticas se colocan para el profesional de la psicología La formación permaneciera igual Este artículo es el relato de experiencia de una psicóloga en un servicio de salud mental en el interior del Estado de Mato Grosso entre 2007 y 2009 que busca reflexionar sobre la formación profesional y la construcción de la práctica profesional en la búsqueda de la efectividad de este nuevo modelo de Asistencia a la salud mental orientado a la salud ya la rehabilitación psicosocial Se comprobó que a pesar de la implantación del servicio se dio de forma verticalizada una nueva concepción de salud mental fue construida en un movimiento de reconstrucción del significado de la finalidad de aquella unidad de salud Se concluye que los servicios de atención a la salud mental son espacios formativos de reconstrucción de la práctica profesional y de ciudadanía Palabras clave Practica Profissional Psicologia Salud Mental Introdução O marco institucional da assistência à saúde men tal no Brasil foi a inauguração do Hospício Dom Pedro II em 1852 no Rio de Janeiro afastado do centro da cidade e referência para os pacientes de todo terri tório nacional Esta unidade logo atingiu sua lotação máxima e serviu de modelo para a criação de outros asilos de características similares Estas instituições destinavamse à remoção e à exclusão de pessoas que interferiam na ordem social em nome da segurança das outras pessoas e do patrimônio e à indicação clí nica para o tratamento Resende 1994 No final do século XIX e início do século XX as transformações sociais e econômicas relacionadas ao êxodo rural e o processo de industrialização dos grandes centros levaram o Estado a adotar medidas de proteção social dos trabalhadores através da cria ção dos Institutos de Aposentadorias e Pensões que tinham a função de preservar a força de trabalho Neste contexto histórico os asilos começam a dar lugar aos Hospitais e a psiquiatria empírica era substi tuída por uma psiquiatria científica fundamentada na psiquiatria francesa de Pinel cujo eixo central era o tra tamento moral Até a metade do século XX no entanto temse registro de uma proliferação de asilos manico miais que serviam mais à manutenção da ordem social e que eram caracterizados pela superlotação deficiên cia de pessoal maustratos péssimas condições pre diais e de infraestrutura Resende 1994 Neste mesmo contexto histórico a Psicologia é instituída como ciência e profissão no Brasil pela Lei Federal nº 4119 de 27081962 Brasil 1962 e regula mentada pelo Decreto nº 53464 de 21011964 Brasil 1964 que definem como função privativa do psicólogo métodos e técnicas relacionadas ao diagnóstico orien tação e seleção profissional orientação psicopedagó gica e solução de problemas de ajustamento deter minam que para o funcionamento dos cursos devem ser organizadas pelas faculdades os Serviços Clínicos e de aplicação à educação e ao trabalho e orientaram a grade curricular e os campos de estágio em Psicologia Clínica Escolar e Organizacional No período da ditadura militar durante a qual predominava a ideologia privatista e a ênfase no modelo biomédico vêse a rápida expansão dos hos pitais psiquiátricos privados cujos leitos eram contra tados pelo Estado e que tomaram grandes proporções Reforçase aqui que a expansão da assistência psiqui átrica através da compra dos leitos privados durante o regime militar tinha como foco em um primeiro momento os trabalhadores inseridos no mercado formal e portanto com cobertura previdenciária e o quadro nosológico predominante dessas institui 833 Mota V A Costa I M G 2017 Relato de Experiência em CAPS ções durante o regime era de neuróticos e alcoolistas Resende 1994 A segunda metade da ditadura militar 1974 1985 foi marcada por sucessivas crises sociais econô micas e sanitárias que influenciaram profundamente nas fontes de financiamento da previdência social e no questionamento da resolutividade do modelo de saúde adotado até então fundado no seguro social na atenção médica individual hospitalocêntrica e cura tiva em que só os trabalhadores inseridos no mercado formal tinham garantido o direito à assistência médica previdenciária Aos que não eram cobertos pela assis tência previdenciária continuavam as internações nos grandes asilos que diante das críticas da ausência do tratamento médico começaram a ser questionados e iniciaramse transferências dos internos asilares para os hospitais psiquiátricos conveniados Como enfrentamento à consequente crise previ denciária que também enfrentava denúncias de frau des no faturamento das instituições privadas além das condições precárias de atendimento que fugia do escopo da atenção clínica e de eleições diretas para os governos estaduais ao mesmo tempo em que diminu íram os recursos destinados à assistência psiquiátrica iniciamse experiências inovadoras de atenção à saúde mental fora do contexto hospitalar que demandavam menos custos públicos Nesse contexto e no processo de redemocratização do país a partir de 1985 iniciamse experiências que depois serviriam de base para um novo modelo de assistência em saúde mental e de subsídios para a reformulação legislativa e normativa No final da década de 1980 o município de San tos implantou um Programa de Saúde Mental com os Núcleos de Atenção Psicossocial ao mesmo tempo em que realizou intervenção no Hospital Psiquiátrico do município e em 1987 foi criado o Centro de Aten ção Psicossocial CAPS Professor Luiz da Rocha Cer queira na cidade de São Paulo que serviu de modelo normativo para a proposta dos novos serviços de saúde mental Tenório 2002 Essas duas experiências tornaramse referência para a proposta de um novo modelo de assistência em saúde mental no Brasil com serviços abertos e territorializados cuja centralidade estava no usuário e suas potencialidades No Congresso Nacional o então deputado Paulo Delgado inicia as discussões de uma Lei da Reforma Psiquiátrica através do projeto de Lei nº 36571989 que viria a ser promulgado 12 anos depois como a Lei nº 102162001 visando a reorientação da aplicação dos recursos públicos para a implantação de serviços subs titutivos de saúde mental fechamento de leitos psiquiá tricos e autorização judicial para internações sem o con sentimento do usuário ou dos familiares Brasil 2004a O CAPS tornouse o serviço central para a orga nização da rede de atenção em saúde mental na pers pectiva da efetivação da Lei nº 102162001 sendo aberto e substitutivo aos hospitais psiquiátricos com a finalidade de garantir o atendimento às pessoas por tadoras de transtornos severos e persistentes próximo aos locais onde vivem e objetivando a reabilitação psicossocial destes no contexto onde suas relações se dão Brasil 2004b e também um importante mer cado de trabalho para os profissionais da Psicologia Esses serviços representam a inversão da lógica assistencial constituindose como abertos territo rializados em constante processo de reinvenção das práticas ali desenvolvidas com equipes multidisci plinares envolvimento da família no processo de cui dar e trabalho com o sujeito de direitos e cidadania ao invés da intervenção exclusivamente na doença e demandam dos profissionais da Psicologia formados nas diretrizes curriculares vigentes ainda nos moldes na normatização da década de 1960 uma necessária ressignificação da prática profissional e da finalidade do trabalho a ser desenvolvido A concepção do Sistema Único de Saúde SUS com a conformação dos serviços de saúde de acordo com a realidade local era efetivada através do princí pio da descentralização garantindo aos municípios autonomia para que realizassem o planejamento da gestão Lei no 80801990 Brasil 1990 Sem poder interferir diretamente na organização local do SUS o gestor federal induz os municípios à implantação das ações serviços e programas de saúde que considera prioritário através dos incentivos financeiros Essa política resultou muitas vezes em um planejamento verticalizado com a implantação do serviço a fim de receber os recursos federais ofertados independente mente do planejamento local ou do perfil epidemioló gico do município Scarcelli Junqueira 2011 Neste contexto político de indução da implanta ção de políticas de saúde pelo financiamento como vinha acontecendo em outros municípios de Mato Grosso Rézio Oliveira 2010 foi implantado um CAPS no município de São José dos Quatro Marcos Este novo serviço que ampliou o mercado de trabalho para os profissionais da Psicologia devido 834 Psicologia Ciência e Profissão JulSet 2017 v 37 n3 831841 à capilaridade nos territórios dos CAPS exigiu que muitos profissionais de saúde reconstruíssem o signi ficado e a finalidade das suas práticas para além do que é privativo de cada ciência demandando tam bém novas práticas de mudança do modelo voltado para o ajustamento dos desviantes a partir de um conjunto de práticas privativas da Psicologia como estabelecido no Currículo Mínimo de 1962 A Psicologia em particular fortemente relacio nada à prática clínica individual na atenção aos pro cessos de adoecimento deveria dar espaço à uma atuação inovadora multidisciplinar de reabilitação psicossocial relacionada à potência da saúde de cada sujeito convergentes às mudanças no campo da saúde pública e do sistema de saúde nacional Frente a este desafio de não apenas mudar de modelo assistencial mas de superar este modelo asi larmanicomial em 2004 ocorreu a aprovação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cur sos de Psicologia que não propunham mudanças efetivas para a formação voltadas para a reabilitação psicossocial em saúde mental Ribeiro Luzio 2008 mas traziam alterações significativas na formação ins tituída até então desde 1962 Poppe Batista 2012 substituindo uma formação excessivamente centrada no conteúdo pela proposta de indicar caminhos Este artigo não tem por objetivo problematizar o Currículo Mínimo de 1962 ou as novas Diretrizes Cur riculares de 2004 no entanto a experiência relatada relacionase com a necessária conformação da atua ção profissional de quem havia sido formado a partir do Currículo Mínimo ao novo modelo assistência na saúde pública que já vinha sendo discutida pela cate goria profissional Em 2001 na Universidade de Cuiabá havia um movimento de formação dos docentes para o plane jamento de uma nova grade curricular no contexto das discussões para a construção das novas diretrizes curriculares de 2004 com a inclusão de disciplinas e campo de estágio sobrena saúde pública Essas dis cussões proporcionaram aos docentes uma subversão do currículo problematizando suas limitações em sala de aula a partir da construção conjunta dos alu nos de uma nova perspectiva da prática da Psicologia Ao final da formação e tendo a saúde pública como um campo de atuação profissional almejado como muitos outros que se formaram ainda no currí culo anterior às alterações das diretrizes curriculares na área da saúde Poppe Batista 2012 apesar da formação crítica e da compreensão da potência do trabalho do psicólogo na comunidade para além do modelo de atenção normalizador havia a sensação de despreparo em relação ao exercício desta prática e do campo de atuação como relatado por outros profis sionais no estudo de Cantele Arpini e Roso 2012 Na busca do lugar do psicólogo na comunidade o CAPS de São José dos Quatro Marcos constituise no espaço privilegiado para a promoção da saúde pos sibilitada pela ressignificação do que é ser psicólogo de constante reconstrução das práticas possíveis de reabilitação psicossocial pela potencialização do que os sujeitos tinham de saudável nos espaços da cidade em um processo de negociação permanente entre gestor profissionais usuários e comunidade Desta forma pretendese com este artigo fomen tar a discussão sobre os desafios na reconstrução coti diana do ser psicólogo promover saúde mental reabi litação psicossocial participação social entre outros em um CAPS sem histórico de luta pela melhoria do atendimento psiquiátrico mas que foi constituindo sua própria história a partir da luta de cada um dos profissionais e usuários a partir do momento que estes tomaram pra si a sua gestão O objetivo é relatar a vivencia profissional e as dificuldades colocadas frente os saberes apreendidos no embate cotidiano com as práticas anteriormente existentes no serviço a formação dos profissionais de saúde da equipe ainda baseada no modelo anterior de assistência que deveria ser superado a resistência dos usuários da adesão ao novo modelo assistencial e o renascimento de todos estes atores materializado na ressignificação da razão de ser deste serviço substitu tivo de saúde mental no interior de Mato Grosso Método Esta experiência passouse no período de 2007 a 2009 em um serviço de atenção psicossocial em fun cionamento desde 2002 no município de São José dos Quatro Marcos interior de Mato Grosso que conta com 19 mil habitantes e faz fronteira com outros muni cípios pequenos sem assistência em saúde mental Em 2007 o CAPS do tipo I funcionava em uma casa alugada no centro da cidade que possuía jardim quatro salas sendo para atendimento individual apoio administrativo oficina e reunião recepção cozinha ampla varanda externa e quintal em uma disposição próxima do estabelecido pela Reforma Psi quiátrica MS 2004 e seu horário de funcionamento 835 Mota V A Costa I M G 2017 Relato de Experiência em CAPS era das 0700 às 1100 e das 1300 às 1700 de segunda a sextafeira No mesmo ano foi realizado concurso público municipal e formada uma equipe mínima completa de profissionais concursados sendo psiquiatra enfer meira psicóloga assistente social pedagoga técnica de enfermagem assistente administrativo e auxiliar de serviços gerais Os oficineiros eram contratados a cada dois anos por processo seletivo conduzido pela própria equipe incluindo todos os trâmites dos crité rios a relação de aprovados A carga horária da psicóloga no CAPS era de 20 horas e a profissional que me antecedeu realizava atendimentos clínicos individuais e a devida guarda de todo registro destes atendimentos Com o meu ingresso ela levou os registros e estabeleci novos ins trumentos e atividades a serem desenvolvidas pela Psicologia naquele serviço registrando as ações no prontuário dos usuários Foi realizado acolhimento avaliação psicológica observação e atendimento individual com usuários de diagnóstico recente e que não se adequaram às ati vidades de grupo norteadas pela formação do estágio em Psicologia clínica na abordagem existencial feno menológica Romero 2001 Neste artigo são relatadas as dificuldades encon tradas e quais caminhos foram construídos em busca de uma atuação profissional da Psicologia dentro dos prin cípios da Reforma Sanitária e da Reforma Psiquiátrica Em um primeiro momento foram sintetizadas as experiências mais significativas e emblemáticas através de um relato livre e posteriormente o emba samento teórico a partir de outras experiências em serviços de saúde mental corroboraram com a dis cussão da prática profissional da Psicologia no CAPS Não foram utilizadas categorias de análise ou teórica para a sistematização deste relato sendo suas refle xões norteadas pelo desenrolar da experiência na referida unidade de saúde Resultado e discussão O primeiro impacto ao ter sido comunicada de que o trabalho seria em um serviço de saúde mental como já descrito por outros profissionais Cantele et al 2012 foi de estranhamento em relação ao que se espera de um serviço substitutivo de hospital psiquiátrico A loucura dos hospitais era acompanhada da uniformização dos internos do silêncio e apatia da contenção química através dos medicamentos e da submissão velada em consideração a uma autoridade violenta legitimada pela prática psiquiátrica Essa experiência já deveria estar no passado para muitos usuários do serviço no entanto neste CAPS em particular os usuários assíduos eram pessoas com trans tornos mentais leves que em algum momento da vida passaram por uma crise angústia ou luto que as mar caram profundamente mas que poderiam se libertar da dependência institucional e farmacológica do CAPS e realizarem o acompanhamento na atenção básica Muitos desses usuários frequentavam o serviço desde o início do seu funcionamento e havia receio da equipe em colocar limites na relação de assistên cia do serviço no sentido de reduzir gradativamente a frequência do mesmo até encaminhar para outros espaços da comunidade que lhes oferecesse lazer e convivência tal qual observado em outro serviço por Mielke Kantorski Olschowsky e Jardim 2011 A desinstitucionalização preconizada pela Reforma ia além da desospitalização e o fato dos usu ários estarem recebendo atenção de serviços abertos não era empecilho para desenvolverem dependência em relação aos profissionais e ao serviço em si man tendo poucos vínculos aos quais se filiavam e restrin giam a rotina às atividades institucionais Sales Dimenstein 2009 Apesar das portas e portões abertos era como se no CAPS as pessoas que o frequentavam até então também desenvolvessem nova cronicidade Pande Amarante 2011 organizando sua rotina em torno da instituição desenvolvendo atividades que poderiam ser realizadas em outros serviços públicos de saúde e de assistência social limitando seu percurso pela cidade e suas relações interpessoais A prática deveria ser pensada para além do CAPS na busca de alternativas que tornassem esse serviço substitutivo dispensável com suas ações diluídas nos outros serviços da rede de atenção à saúde Por outro lado as pessoas portadoras de trans tornos mentais severos e persistentes frequentavam o serviço para atualização de receita médica e encami nhamento para internação no antigo hospital psiqui átrico do estado atual Centro Integrado de Atenção Psicossocial constituído na mesma estrutura física Mas como se o tratamento delas era a razão de existir do CAPS e o encaminhamento para tratamento em unidade fechada longe do território e com restri ção de liberdade era o indício de que o serviço não estava dando conta da sua finalidade Brasil 2004b 836 Psicologia Ciência e Profissão JulSet 2017 v 37 n3 831841 Era necessário realizar dois movimentos trazer para o serviço e vincular a equipe aos usuários por tadores de transtornos severos e persistentes egres sos de longa internação e que na avaliação multidis ciplinar da equipe em discussão de estudo de caso e de comum acordo com o usuário concluíase pela necessidade da frequência no serviço e ao mesmo tempo ao frequentar o serviço apoiálos na busca de outros espaços comunitários a fim de aumentar sua rede de apoio e vinculação A luta ali seria então de destruir os muros do CAPS e da instituição que aprisiona mesmo com os portões abertos e ocupar outros espaços comunitários que não fossem exclusivos para os usuários do serviço mas que atendessem suas demandas referentes às outras ques tões que os atingiam da mesma forma que os que não tem diagnóstico de transtorno mental Observavase em alguns profissionais da equipe a necessidade de ampliação do olhar sobre as pessoas portadoras de transtornos mentais severos e persis tentes para além do paradigma biomédico para que o trabalho com elas deixasse de ser exclusivamente rela cionado à doença e de que o lugar da manifestação da doença era no hospital A predominância deste para digma como já analisado em outro serviço Antunes Queiroz 2007 denota a hegemonia do saber médico e da atuação dos outros profissionais de acordo com as demandas encaminhadas por este profissional Mais do que o tratamentocontrole da doença neste paradigma era necessário pensar a perspectiva do cuidado e da reabilitação psicossocial a ampliação das relações pelo que os usuários ainda possuíam de saudá vel sem deixar de considerar os impactos que a doença geravam na sua vida e a utilização das mais variadas estratégias terapêuticas para que a vida desses sujeitos se desenrolasse em outros espaços comunitários Em outro estudo Nunes Torrenté Ottoni Moraes Neto Santana 2008 também é possí vel observar como a resistência de profissionais da equipe em relação às concepções norteadoras das práticas pode reproduzir ações que mantém os usu ários institucionalizados ainda que em um serviço aberto como o CAPS e para a superação disso fazse necessário primeiramente um movimento de dentro para fora de ressignificação do serviço e da função de cada um nesse espaço Na perspectiva da reabilitação psicossocial o cuidado ofertado no CAPS deveria ser cotidiana mente reinventado com foco nas necessidades do usuário convocado a ser protagonista da sua pró pria história e a começar pelo próprio tratamento Babinski Hirdes 2004 A prática do profissional psicólogo em específico ainda era fortemente marcada pelo que Dimenstein 2000 aponta como uma cultura profissional de prá tica clínica individual para ajustamento dos pacientes à sociedade quando o CAPS suscitava a reintegração destas pessoas ao convívio comunitário não por este ajustamento mas por sua singularidade Existia um estranhamento em pensar outras ati vidades para além do atendimento individual carac terizado pela atuação da psicóloga anterior ainda que o sigilo preservasse os usuários e a própria equipe sem conhecimento do conteúdo resultados e conclusões do trabalho psicológico desenvolvido Em depoimento Pinheiro Mayo 1985 psicó logas que atuaram em serviços comunitários de saúde descrevem a limitação dos atendimentos nos moldes de consultórios individuais nesses tipos de serviço e a necessária experimentação em busca da construção coletiva de uma prática que atenda as necessidades em saúde dos usuários Na elaboração pela equipe do Projeto Terapêutico Global PTG da instituição no qual seriam descritas todas as atividades a serem desenvolvidas no CAPS primeiro retomamos a história da luta antimanicomial no Brasil e o por quê da criação deste serviço em detri mento do funcionamento dos hospitais psiquiátricos Confrontouse a prática institucional com o arca bouço teórico que definia quais usuários deveriam ser beneficiários daquele serviço e as diretrizes para as intervenções a serem realizadas e foi necessário a construção de um PTG que não reproduzisse nem o que vinha sendo feito até então nem as teorias des contextualizadas Na reconstrução da finalidade do serviço novas formas de fazer saúde mental foram surgindo como possibilidades de intervenção em reabilitação psicos social e passíveis de se reinventarem de acordo com os feedbacks nas interações com os usuários e familiares O PTS elaborado pela equipe era discutido com o usuário e caso ele concordasse ou fizesse modifi cações era feito um contrato de tratamento que teria a validade de três meses período após o qual era realizada a revisão do referido projeto cujo objetivo principal era reduzir gradativamente a frequência no CAPS e inserir o usuário em outros dispositivos comu nitários de atenção 837 Mota V A Costa I M G 2017 Relato de Experiência em CAPS Outro espaço que também foi se instituindo como formação para a Reforma Psiquiátrica e de novas pro posições sobre as práticas foram as assembleias de profissionais usuários e familiares Apesar de um iní cio com baixa adesão dos usuários um plebiscito para escolha do nome do CAPS os mobilizou de tal forma que a participação na assembleia se tornou obrigatória para muitos que se corresponsabilizaram pela gestão do serviço cujo nome eles haviam escolhido As oficinas terapêuticas de geração de renda eram espaços de troca intensa tanto entre a oficineira e os usu ários quanto entre os usuários e eu circulava por estas oficinas com o ouvido atento observando novas formas de ser daquele usuário no mesmo espaço institucional As oficinas que coordenei a exemplo do que foi verificado por Nunes Torres e Zanotti 2015 tinham por finalidade a expressão da subjetividade para escutálos no que ainda permanecia de íntegro na sua consciência e de que forma eles interpretavam o con teúdo dos sintomas Uma oficina que propus no CAPS foi a de cinema baseada em um projeto que conheci em Porto Alegre intitulada Cinema em Debate Rainone Froemming 2008 com adaptações para a nossa realidade local Foi selecionada uma relação de filmes com personagens centrais ou secundários que aborda vam algum aspecto sobre transtornos mentais para fomentar a discussão da forma como os sintomas se davam naqueles personagens a repercussão que o transtorno mental trazia para a vida deles de uma forma geral e o que faziam para superar as dificulda des em relação à convivência com os outros Devidamente divulgado a expectativa de adesão era grande mas ninguém quis participar da atividade Uma estratégia adotada foi trocar o lugar pois tal qual relatado por Rainone e Froemming 2008 o próprio deslocamento para outro espaço que não o caracte rístico do tratamento já era uma forma de fomentar a incursão desse sujeito pelo território e na ausência de um cinema no município improvisamos uma estru tura no centro comunitário localizado também na região central e o convite foi estendido para a comu nidade em geral porém ainda assim a adesão foi baixa Ao pesquisar entre os usuários por que a oficina não deu certo foi relatado que os filmes não haviam despertado interesse por se tratarem de discussão sobre a doença e naquele momento eles queriam vivenciar as questões do cotidiano conflitos e proble mas que surgiam na relação com o outro Foi colocada uma caixa de sugestão e os filmes escolhidos pelos usuários eram predominantemente animações em que algum personagem tinha alguma diferença ou problema familiar As discussões apa rentemente banais por se tratarem de filmes infantis ganhavam um contorno de carne e osso quando os usu ários relatavam as próprias experiências que os fizeram se sentir naquela condição do personagem principal Observamos que as festas e confraternizações muitas vezes mais que as oficinas mobilizavam equipe e usuários desde a concepção planejamento organização até a limpeza do local e todas as ativida des do serviço se voltavam para o tema dos eventos de forma transversal sendo sempre de grande parti cipação tal qual relatado em outro CAPS por Wetzel Kantorski e Souza 2008 As festividades representavam a conexão do ser viço com o mundo de fora através das celebrações das datas do calendário tal qual a tantos outros dis positivos comunitários sem relação específica com o universo da saúde mental e a presença de familiares e amigos dos usuários e dos profissionais se dava para um momento de descontração e alegria O familiar que anteriormente se dirigia ao CAPS para lamentar situações vividas com o usuário ou que era chamado ao serviço para ouvir queixas começou a frequentar e a se vincular com o serviço os profis sionais e seus entes também para momentos de ale gria de vivências agradáveis e de reconhecimento das potencialidades do sujeito que não é só a doença e problemas mas também é ativo e transformador O evento mais significativo para marcar a transi ção de um serviço de atendimento psiquiátrico para a proposta da política de implantação do CAPS de rea bilitação social foi o de comemoração da Luta Anti manicomial evento do calendário anual dos serviços de saúde mental que teve origem a partir da Articu lação Nacional da Luta Antimanicomial fundada no documento Manifesto de Bauru produto final do II Congresso do Movimento dos Trabalhadores da Saúde Mental em 18051987 Lüchmann Rodrigues 2007 Todos os anos neste mesmo dia e mês são reali zados eventos para relembrar o percurso histórico que nos conduziu à atual conformação dos serviços de saúde mental ofertados pelo poder público e no município de São José dos Quatro Marcos em come moração a esta data foram realizadas atividades em dois dias sendo no primeiro um dia inteiro de ativida des incluindo desfile na avenida principal entoado por 838 Psicologia Ciência e Profissão JulSet 2017 v 37 n3 831841 palavras de ordem contra o tratamento em unidade fechada palestras sobre o funcionamento de CAPS na capital Cuiabá e na cidade de Várzea Grande mesas redondas vídeos música ao vivo e lanche aberto para usuários profissionais familiares amigos acadêmicos de cursos de saúde da faculdade do município profis sionais de outros serviços autoridades do poder exe cutivo e legislativo municipal e demais participantes Foram exibidos através de vídeos relatos de perso nalidades da cidade sobre como administravam a pró pria loucura de como os usuários do serviço percebiam a atuação dos profissionais da unidade encenando um dia no CAPS em que eles eram os profissionais e quais as diferenças na atenção à saúde mental antes e depois dos CAPS relatados por quem vivenciou os dois tratamentos A mesaredonda contou com a participação de profissionais secretária de saúde usuário e familiar e debateu as dificuldades que atravessavam a atenção à saúde e que extrapolavam a governabilidade do ser viço mas que dependiam de um debate com a socie dade dentre outras atividades do evento No segundo dia foi realizado um baile só para os profissionais e usuários do CAPS e seus familiares no Centro de Convivência dos Idosos do município onde foi comemorado o Dia da Luta Antimanicomial em São José dos Quatro Marcos Foi nesse dia que vivemos todos nós pela primeira vez a luta que motivou a criação deste serviço que deve ele também tal como os hospitais psiquiátricos um dia se tornarem prescindíveis substituídos por centros de cultura eou outros dispositivos comunitários não exclusivos aos usuários com transtorno mental severo e persistente mas aberto a toda comunidade A luta pelo fim dos hospitais psiquiátricos é pri meiramente uma luta pela desinstitucionalização des ses sujeitos e a reabilitação psicossocial não preconiza a independência mas a dependência de um maior número de pessoas e que se deve buscar a autonomia caracterizada pela capacidade das pessoas de redigir normas para a própria vida Pereira 2007 No CAPS estabeleciamse relações de dependência dos usuários com os profissionais de referência em que confiavam seus sofrimentos e suas alegrias No entanto a atenção em saúde fora do hospital psiquiátrico na perspectiva da reabilitação psicossocial não se passava toda no CAPS e através do acompanhamento terapêu tico era possível emprestar aos nossos usuários o poder de troca que se encontrava nulo devido ao preconceito das outras pessoas em relação ao transtorno mental Diferentemente do hospital psiquiátrico no CAPS a desinstitucionalização se dá também no âmbito do poder antes centrado no psiquiatra e tendo o usuário seu discurso e pensamento poder zero e agora deve ser deslocado da equipe para o usuário em um processo de troca a fim do mesmo ser capaz por si só de estabe lecer contratos de relação Nardi Ramminger 2007 Com vários usuários com comorbidade clínica como diabetes obesidade e hipertensão foi acordado que a equipe buscaria os ingredientes do lanche da manhã e da tarde para que fosse mais saudável dire tamente no mercado e essa simples ida ao mercado acabou se tornando uma oficina também Os usuários do serviço quando iam ao mercado já ligavam o alerta de todos à espera de alguma situ ação inusitada no entanto quando iam com um pro fissional do CAPS estes emprestavam seu poder de troca social ao mesmo tempo que os usuários esco lhiam os itens para serem comprados Em um outro momento que retornavam ao estabelecimento havia ainda a lembrança de que na ida com o profissional do CAPS tinha sido tudo bem até tinham ajudado e que não deveriam tomar maiores atenções No mercado e em tantos outros espaços quanto nos era possível nós realizávamos o acompanha mento emprestando o poder de troca e auxiliando nos processos de contratualidade com os outros que não eram do serviço de saúde ou familiares em busca da almejada reabilitação psicossocial Considerações finais Diante do enfrentamento da prática profissional a partir daquilo que se aprendeu na formação ainda defi ciente naquele momento para as novas conformações históricas dos serviços de saúde foi preciso reinventar cotidianamente a si mesmo e a expectativa em relação aos impactos que se busca efetivar junto aos usuários ao serviço e à comunidade na qual ele está inserido As dificuldades encontradas são constituintes de um longo processo de transformação da prática da Psicologia para se entranhar na Saúde Pública com toda a potência possível Pinheiro Mayo 1985 Há também os embates entre as concepções e vivências dos outros profissionais de diferentes for mações envolvidos na equipe e até mesmo dos outros dispositivos comunitários que foram utilizados como terapêuticos para os usuários e a necessidade de se sair de uma zona de conforto do atendimento psiqui átrico já préestabelecido com atuações definidas 839 Mota V A Costa I M G 2017 Relato de Experiência em CAPS Para um serviço como o CAPS era necessária a invenção de novas práticas o que demandou além dos conhecimentos prévios também o que Ramminger e Brito 2011 colocam como uso exacerbado de si já que se configurava como um serviço novo em que a construção das práticas voltadas para o cuidado e não para a doença deve ser cotidiana e o vazio de normas prévias dificultava ainda mais o abandono das rotinas já estabelecidas para as mudanças provocadas a partir do ingresso dos novos profissionais concursados Ainda assim a Reforma Psiquiátrica que vivemos construída de dentro do serviço para fora além de humanizar o atendimento também devolveu a vida ainda que com altos e baixos mas sempre em movi mento a tantas pessoas que se encontravam esque cidas não só pelos familiares e pela sociedade mas de si mesmas sem saber mais quem elas eram do que gostavam do que desejavam e do que sonhavam para além do diagnóstico e do tratamento A institucionalização dos corpos e da alma o aban dono em espaços estéreis os discursos desconectados proferidos sem escuta o sentimento embotado a agres sividade e o vazio do olhar ficaram no passado para vários usuários do CAPS egressos de longa internação mas ao mesmo tempo nessa nova realidade eles pare ciam igualmente marginalizados com o diagnóstico como mote principal das relações que estabeleciam com os serviços de saúde e a comunidade de uma forma geral A ocupação do CAPS por seus usuários não só proporcionou à equipe mas principalmente a eles mesmos o estabelecimento de um vínculo pela potência de saúde que sobreviveu a todo tipo de assujeitamento que eles passaram e até mesmo um espaço para dar vazão aos delírios e alucinações como produção de subjetividade ao invés de dopálos junto com os seus possíveis significados E a vida do CAPS de tranquila e organizada quando habitada pelos usuários de transtornos leves passou a ser de constante reorganização pelos pro fissionais e usuários de transtornos severos e persis tentes porque a desconstrução do que estava posto até então era sempre necessária para o reestabeleci mento de novas formas de se vincular e se organizar os problemas inerentes de se relacionar com o outro Além dos desafios profissionais na atuação pro priamente dita a interiorização da Psicologia com a abertura de serviços especializados em cidades pequenas de até 20 mil habitantes contribuiu para a migração destes profissionais de seus domicílios de residência para outros municípios muitas vezes sem rede de atenção à saúde estabelecida e profissionais experientes para supervisão clínica e institucional Apesar de ter me direcionado para outros desafios da formação e atuação no SUS tenho convicção da profunda transformação que esta experiência trouxe para a minha prática profissional ao deixar a doença mental em segundo plano e olhar para o sujeito de potencialidade de ordenamento de um serviço poder acompanhálo em seu caminhar pelo território e de afetar e me deixar ser afetada As atividades terapêuticas ofertadas no CAPS eram de vivência da realização da experiência daquilo que se traçava como objetivo com as ques tões sendo trabalhadas no contexto que elas se davam e além de profissional muitas vezes eu tam bém me tornava usuária deste serviço na medida em que também era cuidada e tinha minhas questões trabalhadas na experiência singular que era a intera ção com aquela coletividade A continuação da trajetória no SUS e também o processo de formação invertendo a lógica domi nante no mercado da especialização serviram para a ampliação das minhas potenciais práticas voltadas não para um fazer da Psicologia privativa desta ciên cia mas para as necessidades em saúde do sujeito his tórico que é determinado socialmente Referências Antunes S M M D O Queiroz M D S 2007 A configuração da reforma psiquiátrica em contexto local no Brasil uma análise qualitativa Cadernos de Saúde Pública 231 207215 httpsdoiorg101590S0102311X2007000100022 Babinski T Hirdes A 2004 Reabilitação psicossocial a perspectiva de profissionais de cen tros de atenção psicossocial do Rio Grande do Sul Texto Contexto Enfermagem 134 568576 httpsdoiorg101590S010407072004000400009 Brasil 1964 24 de janeiro Decreto Nº 53464 de 21 de janeiro de 1964 Regulamenta a Lei nº 4119 de 27 de agosto de 1962 que dispõe sobre a profissão de psicólogo Diário Oficial da União Brasil 2004a Legislação em saúde mental 1990 2004 5a ed Brasília DF Ministério da Saúde 2004 840 Psicologia Ciência e Profissão JulSet 2017 v 37 n3 831841 Brasil 1990 20 de setembro Lei Nº 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispõe sobre as condições para a pro moção proteção e recuperação da saúde a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências Diário Oficial de União Brasil 1962 5 de setembro Lei Nº 4119 de 27 de agosto de 1962 Dispõe sobre os cursos de formação em psico logia e regulamenta a profissão de psicólogo Diário Oficial de União Brasil Ministério da Saúde 2004b Saúde mental no SUS os centros de atenção psicossocial Brasília DF o autor Recuperado de httpwwwccssaudegovbrsaudementalpdfsmsuspdf Cantele J Arpini D M Roso A 2012 A Psicologia no modelo atual de atenção em saúde mental Psicologia Ciência e Profissão 324 910925 httpsdoiorg101590S141498932012000400011 Dimenstein M 2000 A cultura profissional do psicólogo e o ideário individualista implicações para a prática no campo da assistência pública à saúde Estudos de Psicologia Natal 51 95121 httpsdoiorg101590S1413294X2000000100006 Lüchmann L H H Rodrigues J 2007 O movimento antimanicomial no Brasil Ciência Saúde Coletiva 122 399407 httpsdoiorg101590S141381232007000200016 Mielke F B Kantorski L P Olschowsky A Jardim V M D R 2011 Características do cuidado em saúde mental em um CAPS na perspectiva dos profissionais Trabalho Educação Saúde 92 265276 httpsdoiorg101590S198177462011000200006 Nardi H C Ramminger T 2007 Modos de subjetivação dos trabalhadores de saúde mental em tempos de Reforma Psiquiátrica Physis 172 265287 httpsdoiorg101590S010373312007000200004 Nunes M Torrenté M D Ottoni V Moraes Neto V Santana M 2008 A dinâmica do cuidado em saúde mental signos significados e práticas de profissionais em um Centro de Assistência Psicossocial em Salvador Bahia Brasil Cadernos de Saúde Pública 241 188196 httpsdoiorg101590S0102311X2008000100019 Nunes V S Torres M D A Zanotti S V 2015 O psicólogo no caps um estudo sobre oficinas terapêuticas ECOSEstudos Contemporâneos da Subjetividade 52 135146 Recuperado de httpwwwperiodicoshumanas uffbrindexphpecosarticleview1649 Pande M N R Amarante P D C 2011 Desafios para os Centros de Atenção Psicossocial como ser viços substitutivos a nova cronicidade em questão Ciência Saúde Coletiva 164 20672076 httpsdoiorg101590S141381232011000400006 Pereira M A O 2007 A reabilitação psicossocial no atendimento em saúde mental estratégias em construção Revista LatinoAmericana de Enfermagem 154 658664 httpsdoiorg101590S010411692007000400021 Pinheiro O G Mayo G V 1985 Enfrentando desafios em Saúde Mental Psicologia Ciência e Profissão 52 610 httpsdoiorg101590S141498931985000200003 Poppe A R S Batista S H S D S 2012 Formação em psicologia no contexto das diretrizes curriculares nacionais uma discussão sobre os cenários da prática em saúde Psicologia Ciência e Profissão 324 986999 httpsdoiorg101590S141498932012000400016 Rainone F Froemming L S 2008 As potencialidades das imagens cinematográficas para o campo da atenção em saúde mental Latin American Journal of Fundamental Psychopathology On Line 51 6983 Recuperado de httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS1677035820080001000071 Ramminger T Brito J C 2011 Cada Caps é um Caps uma coanálise dos recursos meios e normas pre sentes nas atividades dos trabalhadores de saúde mental Psicologia Sociedade 23nº spe 150160 httpsdoiorg101590S010271822011000400018 Resende H 1994 Política de saúde mental no Brasil uma visão histórica In S A Tundis N R Costa Políticas de saúde mental no Brasil pp 1573 Petrópolis RJ Vozes Rézio L D A Oliveira A G B D 2010 Equipes e condições de trabalho nos centros de atenção psicossocial em Mato Grosso Escola Anna Nery 142 346354 httpsdoiorg101590S141481452010000200019 Ribeiro SL Luzio C A 2008 As diretrizes curriculares e a formação do psicólogo para a saúde mental Psi cologia em Revista 142 203220 Recuperado de httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpi dS167711682008000200013lngptnrmisso Romero E 2001 As dimensões da vida humana existência e experiência São José dos Campos SP Della Bídia 841 Mota V A Costa I M G 2017 Relato de Experiência em CAPS Como citar Mota V A Costa I M G 2017 Relato de experiência de uma Psicóloga em um CAPS Mato Grosso Brasil Psicologia Ciência e Profissão 373 831841 httpsdoiorg10159019823703004292016 How to cite Mota V A Costa I M G 2017 Experience report of a psychologist at a CAPS Mato Grosso Brazil Psicologia Ciência e Profissão 373 831841 httpsdoiorg10159019823703004292016 Cómo citar Mota V A Costa I M G 2017 Relato de experiencia de una psicóloga en un CAPS Mato Grosso Brasil Psicologia Ciência e Profissão 373 831841 httpsdoiorg10159019823703004292016 Sales A L L D F Dimenstein M 2009 Psicologia e modos de trabalho no contexto da reforma psiquiátrica Psicologia Ciência e Profissão 294 812 httpsdoiorg101590S141498932009000400012 Scarcelli I R Junqueira V 2011 O SUS como desafio para a formação em Psicologia Psicologia Ciência e Pro fissão 312 340357 httpsdoiorg101590S141498932011000200011 Tenório F 2002 A reforma psiquiátrica brasileira da década de 1980 aos dias atuais história e conceitos História Ciências Saúde Manguinhos 91 2559 httpsdoiorg101590S010459702002000100003 Wetzel C Kantorski L P Souza J D 2008 Centro de Atenção Psicossocial trajetória organiza ção e funcionamento Revista Enfermagem Uerj 161 3945 httpwwwlumeufrgsbrbitstreamhan dle10183107164000660593pdfsequence1 Virgínia de Albuquerque Mota Graduada em Psicologia Universidade de Cuiabá especialista em Epidemiologia Universidade Federal de Goiás e Gestão do Trabalho e Educação em Saúde Universidade Federal do Rio Grande do Norte e mestre em Saúde Coletiva Universidade Federal de Mato Grosso Atuou como Psicóloga no Centro de Atenção Psicossocial em São José dos Quatro Marcos e Professora Substituta do Departamento de Saúde Coletiva na Universidade Federal de Mato Grosso Está há 7 anos como Psicóloga na Seção de Auditoria do Ministério da Saúde em Mato Grosso Email virginiaamotagmailcom Ilze Maria Gonçalves da Costa Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Cuiabá 1998 graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Mato Grosso 1978 Atuou como Assistente Social na Universidade Federal de Mato Grosso e na Universidade Federal de Rondônia Atualmente é Professora e Supervisora de estágios da Universidade de Cuiabá e Psicóloga Clínica com atuação em Orientação Profissional Email ilzemariaterracombr Endereço para envio de correspondência Rua Clarindo Epifanio da Silva nº 1015 Casa 18 Quadra 01 Despraiado CEP 78048004 Cuiabá MT Brasil Recebido 24112016 Reformulado 10072017 Aprovado 02082017 Received 11242016 Reformulated 07102017 Approved 02082017 Recebido 24112016 Reformulado 10072017 Aceptado 02082017