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Ensino de História fundamentos e métodos SUMÁRIO Ensino de História fundamentos e métodos 23 Mudanças e permanências nos métodos da História escolar 84 Sugestões de atividades 92 CAPÍTULO III HISTÓRIA NAS ATUAIS PROPOSTAS CURRICULARES 97 1 Renovação curricular 100 11 Dimensões internacionais das propostas curriculares 100 12 Concepções de conteúdos escolares e de aprendizagem 103 13 Métodos e novas tecnologias 106 2 Propostas curriculares de História características gerais 111 21 Propostas curriculares para os diferentes níveis 112 a História para alunos de primeira a quarta série 112 b História para alunos de quinta a oitava série 115 c História para o ensino médio 117 22 Sobre os objetivos do ensino de História 120 23 Temas para o ensino de História 123 Sugestões de atividades 128 2ª PARTE MÉTODOS E CONTEÚDOS ESCOLARES UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA 133 CAPÍTULO I CONTEÚDOS HISTÓRICOS COMO SELECIONAR 135 1 Conteúdos escolares e tendências historiográficas 139 11 História como narrativa 140 12 Uma história econômica 144 12 Material didático instrumento de controle curricular 298 2 Livro didático um objeto cultural complexo 299 21 Livro didático objeto de difícil definição 301 22 Livro didático de História como objeto de pesquisa 303 23 Caracterização dos livros didáticos de História 307 3 Propostas para análise de livros didáticos 311 31 Análise dos aspectos formais 311 32 Conteúdos históricos escolares 313 33 Conteúdos pedagógicos 314 4 Práticas de leitura de livros didáticos 316 41 Pesquisas sobre usos do livro didático 316 42 Livro didático material de pesquisa escolar 319 Sugestão de atividade 321 1 Museus e seus objetos 354 11 Os objetos em museus históricos 355 12 O processo para descobrir e interpretar objetos 358 2 Imagens no ensino de História 360 21 Os historiadores e as imagens tecnológicas 361 22 Fotografia e ensino de História 365 3 Propostas pedagógicas para o uso da fotografia 368 24 Cinema e audiovisuais 371 25 O cinema no ensino e na produção historiográfica 373 26 Propostas pedagógicas para o uso de filmes 375 3 Música e História 378 31 Música e ensino de História 378 32 Música e historiadores 380 Sugestões de atividades 383 Pranchas coloridas 401 A Coleção Docência em Formação tem por objetivo oferecer aos professores em processo de formação e aos que já atuam como profissionais da educação subsídios formativos que levam em conta as novas diretrizes curriculares buscando atender de modo criativo e crítico às transformações introduzidas no sistema nacional de ensino pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 Sem desconhecer a importância deste documento como referência legal a proposta desta coleção identifica seus avanços e seus recursos e assume como compromisso maior buscar uma efetiva interferência na realidade educacional por meio do processo de ensino e de aprendizagem núcleo básico do trabalho docente social Seu propósito é pois fornecer aos docentes e alunos das diversas modalidades dos cursos de formação de professores e aos docentes em exercício textos de referência para sua preparação científica técnica e pedagógica Esses textos contêm subsídios formativos relacionados ao campo dos saberes pedagógicos bem como ao dos saberes ligados aos conhecimentos especializados das áreas de formação profissional A proposta da coleção parte de uma concepção orgânica e intencionada da educação e da formação de seus profissionais tendo bem claro que professores se pretende formar para atuar no contexto da sociedade brasileira contemporânea marcada por determinações históricas específicas Na sociedade contemporânea as rápidas transformações no mundo do trabalho o avanço tecnológico configurando a sociedade virtual e os meios de informação e comunicação incidem fortemente na escola augmentando os desafios para tornála uma conquista democrática efetiva Transformar práticas e culturas tradicionais e burocráticas das escolas que por meio de retenção e de evasão acentuam a exclusão social não é tarefa simples nem para poucos O desafio é educar as crianças e os jovens proporcionandolhes um desenvolvimento humano cultural científico e tecnológico de modo que adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo Tal objetivo exige esforço constante de diretores professores funcionários e pais de alunos e de sindicatos governos e outros grupos sociais organizados Não ignoramos que esse desafio precisa ser prioritariamente enfrentado pelos profissionais essenciais nos processos de mudança da nova escola Nos anos 198090 diferentes práticas realizaram grandes investimentos na área de formação para essa finalidade Os professores contribuíram para o desenvolvimento profissional Esse processo de valorização envolve formação inicial e continuada articulada identitária e profissional Essa formação identitária é epistemológica ou seja reconhece a docência como um campo de conhecimentos específicos configurados em quatro grandes conjuntos a saber 1 conteúdos das diversas áreas do saber e do ensino ou seja das ciências humanas e naturais da cultura e das artes 2 conteúdos didáticopedagógicos diretamente relacionados ao campo da prática profissional 3 conteúdos ligados a saberes pedagógicos mais amplos do campo teórico da prática educacional 4 conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana individual com sensibilidade pessoal e social E essa formação identificatória é também profissional ou seja a docência constitui um campo específico de intervenção profissional na prática social A identidade do professor é simultaneamente epistemológica e profissional realizandose no campo do conhecimento e no âmbito da prática pedagógica Assim de um lado é preciso considerar que a atividade profissional de todo professor possui uma natureza pedagógica isto é vinculase a objetivos educativos de formação humana e a processos metodológicos e organizacionais de transmissão e apropriação de saberes e modos de ação O trabalho do docente está impregnado de intencionalidade pois visa a formação humana por meio de conteúdos e habilidades de pensamento e ação o que implica escolhas valores compromissos éticos Em síntese a elaboração dos livros desta coleção baseiase nos seguintes pontos Investir no conceito de desenvolvimento profissional superando a visão dicotômica de formação inicial e de formação continuada Investir em sólida formação teórica nos campos que constituem os saberes da docência Considerar a formação voltada para o profissionalismo docente e para a construção da identidade do professor Este livro é parte da Coleção Docência em Formação na Série Fundamentos e Métodos de Ensino Apresenta a História enquanto um conhecimento específico para o ensino como um conteúdo integrante da cultura escolar Seu objetivo central é auxiliar tanto os professores da rede em sua formação contínua como os professores responsáveis pelas disciplinas de formação inicial dos cursos de licenciatura O conteúdo deste livro resulta de um longo trabalho nas salas de aula do convívio com companheiros das escolas e da universidade de debates e estudos com um grupo de alunos de pósgraduação que se tem dedicado à pesquisa em ensino e aprendizagem de História É consequência de um percurso iniciado nas escolas públicas e particulares a partir de 1967 o qual se consolidou no curso de Metodologia ou Prática do Ensino de História ministrado por mim a partir de 1985 na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e em cursos de pósgraduação sobre a História das Disciplinas Escolares e Currículos e sobre a História do Livro Didático As pesquisas sobre ensino de História resultantes do trabalho de inúmeros pesquisadores no Brasil e no estrangeiro também estão inseridas ao longo dos textos que compõem a obra O livro está organizado em três partes que abrangem problemas fundamentais do conhecimento histórico escolar A 1ª Parte dividida em três capítulos reflete em uma perspectiva histórica sobre a constituição da disciplina e seu papel nos currículos escolares O problema central gira em torno das mudanças e permanências dos objetivos conteúdos e métodos da disciplina ao longo da história da educação escolar A 2ª Parte dividida em quatro capítulos fornece as contribuições teóricas e metodológicas das ciências que fundamentam a História escolar A produção historiográfica e as teorias de ensino e aprendizagem são apresentadas enquanto campos de conhecimento fundamentais para as práticas escolares O objetivo dessa parte do livro é aprofundar as reflexões sobre o que efetivamente vem a ser ensinar e aprender História sobretudo o que se ensina e como o conhecimento histórico é aprendido A 3ª Parte aborda o problema dos materiais didáticos como mediadores do processo de ensinoaprendizagem Está dividida em três capítulos que buscam mostrar as possibilidades de utilização de materiais mais tradicionais ou considerados inovadores fundamentados em uma metodologia coerente com os conceitos de aprendizagem e os da produção historiográfica Ao fim de cada capítulo existe uma Sugestão de atividades cujo objetivo é incentivar os professores a promover debates nas aulas oficinas ou cursos de formação contínua A bibliografia apresentada ao término dos capítulos não é exaustiva mas serve como referência para aprofundar temas ou tópicos de maior interesse além de indicar algumas pesquisas sobre o ensino de História que atualmente têm sido produzidas no País A intenção maior deste livro é contribuir para o difícil mas desafiador e na maior parte das vezes muito prazeroso trabalho do professor que diariamente enfrenta classes com alunos portadores de diferentes ansios ante um mundo complexo e nebuloso que se abre para eles E a História sem dúvida pode auxiliar na descoberta desses tempos e abrir brechas e expectativas A Autora 1ª Parte Capítulo I O que é disciplina escolar estudo da História a partir do século XIX tem permanecido nos currículos escolares dos diferentes níveis do ensino básico e também como matéria dos cursos preparatórios e ou de exames vestibulares brasileiros A História escolar integra o conjunto de disciplinas que foram sendo constituídos como saberes fundamentais no processo da escolarização brasileira e passou por mudanças significativas quanto a métodos conteúdos e finalidades até chegar à atual configuração nas propostas curriculares Quando se analisa a trajetória da disciplina constatase que esta faz parte dos planos de estudos de 1837 da primeira escola pública brasileira considerada de nível secundário Acompanhando o percurso da História nos cursos de nível superior no Brasil no entanto verificase que os estudos históricos e a formação de seus profissionais foram criados apenas a partir da década de 30 do século XX Tal situação provocou sem dúvida algumas indagações O que é afinal uma disciplina escolar e quais são suas especificidades Quais as relações entre disciplina escolar e disciplina acadêmica Como os estudos históricos se constituíram para os níveis secundário e primário ao longo da história da educação escolar Qual tem sido a participação dos professores na constituição da disciplina de História nas salas de aula 1 Polêmicas sobre a concepção de disciplina escolar Responder à pergunta o que é uma disciplina escolar não é simples existe série polêmica a respeito deste conceito a qual pode parecer plenamente acadêmica e teórica mas está relacionada a concepções mais complexas sobre a escola e o saber que ela produz e transmite assim como sobre o papel e o poder do professor e dos variados sujeitos externos à vida escolar na constituição do conhecimento escolar Muitos estudiosos têmse dedicado aos problemas epistemológicos enfrentados pelas escolas tais como a aprendizagem e apreensão de conceitos os critérios para a seleção dos conteúdos e métodos de ensino as formas pelas quais os alunos integram com o conhecimento adquirido por intermédio das mídias entre outros Em muitos desses estudos voltados para esses problemas foi necessário deterse sobre a concepção de disciplina escolar e sobre como cada uma delas se constituiu historicamentente Os debates mais significativos em torno da concepção de disciplina escolar têm sido realizados por pesquisadores franceses e ingleses com divergências importantes e significativas entre eles As posições não são iguais com posturas conflitantes acerca do conhecimento escolar notadamente entre os defensores da ideia de disciplina como transposição didática e os que concebem disciplina como um campo de conhecimento autônomo 11 Uma transposição didática Para determinados educadores franceses e ingleses as disciplinas escolares decorrem das ciências eruditas ou de referência dependentes da produção das universidades ou demais instituições acadêmicas e servem como instrumento de vulgarização do conhecimento produzido por um grupo de cientistas O pesquisador francês Yves Chevallard especialista em didática da Matemática passou a designar tal lista em didática de transposição didática Chevallard entende ser a escola parte de um sistema no qual o conhecimento por ela reproduzido se organiza pela mediação da noosfera conceito correspondente ao conjunto de agentes sociais externos à sala de aula inspetores autores de livros didáticos técnicos educacionais famílias Esses agentes garantam a escola o fluxo e as adaptações dos saberes provenientes das ciências produzidas pela academia Essa abordagem considera a disciplina escolar independente do conhecimento erudito ou científico o qual para chegar à escola e vulgarizarse necessita da didática encarregada de realizar a transposição Consequentemente uma boa didática tem por objetivo fundamental evitar o distanciamento entre a produção científica e o que deve ser ensinado além de criar instrumentos metodológicos para transportar o conhecimento científico para a escola da forma mais adequada possível Também se consolidam por essa concepção de disciplina escolar como transposição didática outros ideários sobre o conhecimento escolar Um deles é a existência de uma hierarquia de conhecimentos encontrandose a disciplina escolar em uma escala inferior como saber de segunda classe Está igualmente nessa perspectiva o que é saber científico que fornece legitimidade às disciplinas escolares Ademais tal concepção é responsável pela atribuição de status inferior aos saberes escolares das séries iniciais do ensino fundamental por estarem desvinculados sob o mordente em razão da formação dos docentes das ciênciasmães acadêmicas Além disso os autores citados afirmam que essa hierarquização do conhecimento em conotações sociais mais amplas não está limitada apenas a considerações de ordem epistemológica Para além dos problemas epistemológicos a compreensão da disciplina escolar relacionase ao papel do conhecimento como instrumento de poder de determinados setores da sociedade O estudo das disciplinas escolares temse mostrado necessário para a compreensão do papel da escola na divisão de classes e na manutenção de privilégios de determinados setores da sociedade As críticas à transposição didática não se restringem portanto ao estatuto epistemológico das disciplinas escolares mas indicam igualmente sobre o papel que tendem a desempenhar na manutenção das desigualdades sociais André Chervel o crítico mais contundente da concepção de transposição didática sustenta que a disciplina escolar deve ser estudada historicamente contextualizando o papel exercido pela escola em cada momento histórico Ao defender a disciplina escolar como entidade epistemológica relativamente autônoma esse pesquisador considera as relações de poder intrínsecas à escola É preciso deslocar o acento das decisões das influências e de legitimações exteriores à escola inserindo o conhecimento por ela produzido no interior de uma cultura escolar As disciplinas escolares formamse no interior dessa cultura tendo objetivos próprios e muitas vezes irredutíveis aos ciências de referência termo que Chervel emprega em lugar de conhecimento científico relação às ciências de referência encontrase na diversidade de disciplinas ou saberes escolares e na forma pela qual uma delas se constitui Questionase por exemplo se as trajetórias das diversas disciplinas escolares seriam semelhantes às da história da Gramática nas escolas francesas conforme estudo de Chervel Assim tem sido fundamental conhecer a história das disciplinas para identificar os pressupostos que possibilitam entender os liames e as diferenças entre a disciplina escolar e as ciências de referência uma vez que cada disciplina possui uma história Portanto a preocupação em entender os fundamentos da disciplina ou matéria escolar não ocorre por acaso como um dado de erudição ou de detalhamento mas é ponto central do qual derivam as demais concepções como a de escola de professor e em nosso caso do ensino e aprendizagem da História Como a escola é importante destacar integra um conjunto de objetivos determinados pela sociedade e articulase com eles contribuindo para os diferentes processos econômicos e políticos como o desenvolvimento industrial comercial e tecnológico a formação de uma sociedade consumista de políticas democráticas ou não Compreendemse assim alguns dos objetivos gerais aos quais a escola teve de atender em determinados momentos históricos como a formação de uma classe média pelo ensino secundário a expansão da alfabetização pelos diferentes setores sociais ou a formação de um espírito nacionalista e patriótico Tais objetivos estão evidentemente inseridos em cada uma das disciplinas e justificam a permanência delas nos currículos As finalidades das disciplinas escolares fazem parte de uma teia complexa na qual a escola desempenha o papel de fornecedora de conteúdos de instrução que obedecem a objetivos educacionais definidos mais amplos Dessa forma as finalidades de uma disciplina tendem sempre a mudanças de modo que atendam diferentes públicos escolares e respondam às suas necessidades sociais e culturais inseridas no conjunto da escolarização séries ciclos Selecionados com base em critérios estabelecidos por muitas variáveis devem estar em sintonia com os objetivos educacionais e instrumentais ser distribuídos adequadamente de acordo com o desenvolvimento cognitivo dos educandos e ainda aterse ao tempo pedagógico ou seja a carga horária definida pelas grades curriculares das escolas para se ter o controle sobre o que é ensinado ou apreendido pelo aluno A avaliação está relacionada a conceitos de aprendizagem e articulase com um tipo determinado de compreensão de disciplina escolar em certas características se a disciplina escolar é entendida apenas como transmissora de conteúdos e outras se a disciplina escolar é concebida como produtora de conhecimento Exames provas arguições testes entre outros compõem uma variedade de formas de controlar o que está sendo ensinado e aprendido Entre os problemas da avaliação encontrase a definição do objeto efetivo do que se pretende avaliar uma vez que por intermédio de provas o sistema avaliatório concentrase no controle sobre o domínio quantitativo dos conteúdos explícitos relegando a segundo plano a avaliação em uma perspectiva qualitativa que inclui ou deveria incluir a verificação da aprendizagem no conjunto dos objetivos educacionais mais amplos Na avaliação reside sem dúvida alguma o maior poder do professor e os sistemas avaliatórios têm muitas vezes interferido no processo de mudança ou transformação dos conteúdos e métodos como no caso do ensino médio cujo conteúdo tem sido determinado na prática pelo sistema de avaliação dos exames ou pela própria escolha para o ensino superior Considerando tais estudos e reflexões podemse identificar diferenças entre as disciplinas acadêmicas e escolares embora elas tenham relações entre si Uma das diferenças importantes diz respeito a seus objetivos que evidentemente não são os mesmos A disciplina acadêmica visa formar um profissional cientista professor administrador técnico etc A disciplina ou matéria escolar visa formar um cidadão com a necessidade de ferramentas intelectuais variadas para situarse na sociedade e compreender o mundo físico e social em que vive No caso da História ao acompanharmos sua Constituição na escola e nas universidades verificamos que a partir do século XIX existem constantes aproximações e separações entre a História escolar e a dos historiadores O historiador francês Henri Moniot ao debruçarse sobre a História enquanto disciplina escolar pondera sobre suas especificidades e conclui que seu ensino no fim do século XIX assegurou a existência da História universitária A divisão da História em grandes períodos Antiguidade Idade Média Moderna e Contemporânea criada para organizar os estudos históricos escolares acabou por definir as divisões das cadeiras ou disciplinas históricas universitárias assim como as especialidades dos historiadores em seus campos de pesquisa A escola por sua vez também é concebida como o lugar privilegiado da produção das disciplinas escolares mesmo que possam estar mais ou menos dependentes de interferências externas ou como instituição que embora conte com vários agentes em seu interior não tem autonomia suficiente para a criação constituindo espaço privilegiado de reprodução política ideológica e acadêmica cujo sucesso depende de sua capacidade de adaptar convenientemente o conhecimento produzido fora dela Para debater em grupo Uma disciplina é em qualquer campo em que se encontre um modo de disciplinar o espírito quer dizer de lhe dar os métodos e as regras para abordar os diferentes domínios do pensamento do conhecimento e da arte Baseandose no texto de Ivor Goodson discuta a os interesses sociais e políticos na constituição das disciplinas escolares b a neutralidade dos métodos de ensino e aprendizagem Capítulo II Conteúdos e métodos de ensino de História breve abordagem histórica 1 História na antiga escola primária A criação de escolas primárias complementares ocorreu de forma muito limitada existindo apenas em alguns centros urbanos mais desenvolvidos As autoridades educacionais acabavam por exigir dos professores apenas uma parte obrigatória composta de leitura e escrita noções de Gramática princípios de Aritmética especialmente o sistema métrico pesos e medidas e o ensino da doutrina religiosa O ensino da História Sagrada fazia parte da doutrina religiosa e era mais difundido do que a História profana ou laica permanecendo nos planos de estudos de muitas escolas públicas mesmo após o advento da República e a separação entre Igreja Católica e Estado A moral cívica vinculavase então a uma moral religiosa Esta predominava nos textos escolares sendo comum a utilização de preleções com histórias sobre a vida de santos personagens que serviam como exemplo de caráter de moral e de fé e tornavamse muitas vezes verdadeiros heróis pelo martírio Os estudos de História da pátria eram optativos embora sempre aparecessem nas instruções que os inspetores forneciam aos professores e seguiam os mesmos princípios dos ensinamentos da História Sagrada pelas narrativas da vida e dos feitos de grandes personagens da vida pública selecionados como exemplos para as futuras gerações A narração da vida dos santos e de heróis profanos denominavase história biográfica e era defendida pelos educadores da época como um modelo pedagógico para as classes elementares No fim da década de 80 do século XIX com a abolição da escravatura e o aumento populacional ampliaramse os debates políticos sobre a concepção de cidadania devendo então os direitos sociais e civis serem estendidos a um número cada vez maior de pessoas A escola ganhou novo destaque pela necessidade de aumentar o número de alfabetizados fundamental para a aquisição da cidadania política Com a introdução do regime político republicano e do direito de voto para os alfabetizados as políticas educativas procuraram proporcionar a escolarização para um contingente social mais amplo e novos programas curriculares buscavam sedimentar uma identidade nacional por meio da homogeneização da cultura escolar no que diz respeito à existência de um passado único na constituição da Nação O ensino de História na escola primária precisava assim integrar setores sociais anteriormente marginalizados no processo educacional sem contudo incluir nos programas curriculares a participação deles na construção histórica da Nação Para a maioria dos educadores que concordavam com a escolarização das classes populares a História a ser ensinada desde o primeiro ano escolar aos trabalhadores livres que emergiam em substituição aos escravos deveria incluir determinados valores para a preservação da ordem da obediência à hierarquia de modo que a Nação pudesse chegar ao progresso modernizandose segundo o modelo dos países europeus O conceito de cidadania criado com o auxílio dos estudos de História serviria para situar cada indivíduo em seu lugar na sociedade cabia ao político cuidar da política e ao trabalhador comum restava o direito de votar e de trabalhar dentro da ordem institucional Os feitos dos grandes homens seres de uma elite prestigiada haviam criado a Nação e os representantes dessas mesmas elites cuidariam de conduzir o País ao seu destino O fortalecimento do espírito nacionalista proporcionou as invenções de tradições de maneira semelhante ao que acontecia em outros países europeus conforme analisa o historiador inglês Eric Hobsbawm No caso do Brasil as tradições inventadas deveriam compartilhadas por todos os brasileiros e delas deveria emergir o sentimento patriótico A História tinha como missão ensinar as tradições nacionais e despertar o patriotismo Os livros escolares elaborados no início do século XX mostraram como o patriotismo passou a ser o objetivo organizativo central dos conteúdos escolares de História Em seu famoso livro Por que me ufano de meu país Afonso Celso sintetizou os conteúdos básicos da História da Pátria a riqueza e a beleza da terra das matas e rios o clima a gente mestiça risonha e pacífica a história dos portugueses representantes da civilização e a cristianização que possibilitou uma moral sem preconceitos Esse projeto de ensino de homogeneização da cultura histórica foi entretanto polêmico havendo alguns ruídos e historiadores que se opuseram a uma história exclusiva da elite branca com os olhos voltados para a Europa e para a evocação de uma mesquinharia que seguia passivo a rumo dos acontecimentos Houve tentativas de voltar para a história americana e a constituição da história pela qual se pudessem identificar os traços de mestiçagem na própria construção da sociedade brasileira Entre elas a de intelectuais como Manuel Bonfim que procurou por exemplo introduzir nos cursos das escolas normais para a formação de professores brasileiros o ensino da História da América assim como a de alguns seguidores dos princípios anarquistas que criaram escolas de educação popular para os setores das classes trabalhadoras várias cidades das Escolas Modernas inspiradas na pedagógica do espanhol Francisco Ferrer y Guardia em que o ensino se voltava contra a exacerbação do patriotismo e o culto à pátria os quais entre outros propósitos incentivavam o militarismo e as guerras Entre os anarquistas havia a corrente pacifista opositor frontal à Primeira Guerra Mundial que desde 1914 levava à morte milhares de pessoas com a utilização de armas cada vez mais sofisticadas Tais grupos questionavam o sentido da civilização que a maioria dos europeus procurava impor ao restante do mundo No transcrever das primeiras décadas do século XX nas áreas urbanas e rurais havia uma diversidade de escolas primárias de escolas públicas que seguiam o modelo dos grupos escolares e de muitas outras mais precárias além de escolas particulares confessionais ou criadas por grupos diversos de imigrantes e outros setores laicos que muitas vezes atendiam alunos trabalhadores em sua maioria adultos Essas escolas diferentes com horários e tempos pedagógicos diferentes e cada vez mais controlados pelo poder estatal assim como o fechamento daquelas organizadas pelos anarquistas e de muitas escolas de imigrantes completaram no fim dos anos 30 um período de confrontos sobre que conteúdos históricos deveriam ser ensinados A Língua Portuguesa a História do Brasil acompanhada da Educação Moral e Cívica juntamente com a Geografia constituíram os conteúdos fundamentais para a formação nacionalista e patriótica sedimentando o culto aos heróis e a criação de tradições nacionais nas aulas nas festas cívicas Método de excercicio no livro Pequena história do Brasil de J M de Lacerda 1942 p 91 Evidentemente as críticas a esse método foram inevitáveis Desde o fim do século XIX podiase encontrar uma literatura pedagógica que sugeria a necessidade de novos métodos baseados em autores como Montessori por intermédio dos quais se introduziam propostas dos denominados métodos ativos que incentivavam a participação e o envolvimento dos alunos na aprendizagem A história à Geografia e ao Civismo para as escolas primárias em consequência da condição de síntese que a área tendia a desempenhar Para Delgado de Carvalho um dos precursores e defensores dos Estudos Sociais para as séries iniciais as quais compõem o atual ensino fundamental essa é basicamente uma área de formação de valores morais Considerando o momento histórico de vivência em um mundo difícil e conturbado os Estudos Sociais já não se poderiam limitar a desenvolver um espírito patriótico e nacionalista de feição ufanista mas deveriam criar meios de frear as inquietudes de uma geração em um mundo submetido a um ritmo acelerado de transformações de seus valores tradicionais tais como a família as condições de trabalho e a ética Os Estudos Sociais poderiam atender aos problemas da sociedade moderna e ajudar a enfrentar seus riscos por serem constituidos de diferentes matérias no intuito de dar segurança e estabilidade aos educandos Tais matérias provinham da Geografia humana da Sociologia da Economia da História e da Antropologia Cultural que se misturavam para constituirem ciências morais Elas se integravam para explicar o mundo capitalista organizado segundo o regime democrático norteamericano que favorecia a ação individual e o espírito de competitividade como garantia de sucesso condição que exige um desenvolvimento de capacidade de crítica segundo os moldes liberais criticar para aperfeiçoar o sistema vigente e melhor se adaptar a ele nível secundário no Brasil caracterizouse como um curso oferecido pelo setor público no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro capital do Império e da República em liceus provinciais em ginásios estaduais republicanos e pelo setor privado A rede particular de escolas para esse nível escolar desempenhou e continua a desempenhar importante papel levandose em conta que o secundário foi criado para atender à formação dos setores de elite As escolas confessionais de ordens religiosas de origem europeia nos séculos XIX e XX foram muito importantes e responsáveis pelo estabelecimento de um sistema de ensino bastante amplo com externatos e internatos tanto para meninos quanto para meninas A presença dos colégios confessionais foi constante até os anos 50 do século passado quando começaram a sofrer intensa concorrência de escolas laicas que passaram a proliferar à medida que se ampliava o público escolar secundário no processo de crescimento da classe média urbana A História tanto nas escolas públicas como confessionais do século XIX integrou o currículo denominado de humanismo clássico o qual se assentava no estudo das línguas com destaque para o Latim e tinha os textos da literatura clássica da Antiguidade como modelo e padrão cultural O currículo humanístico pressupunha uma formação dispositiva de qualquer utilidade imediata mas era um intermedio dele que adquirira mais dar pertença a uma elite Assim o estudo do Latim não visava simplesmente formar um conhecedor de uma língua antiga mas servia para que o jovem secundarista fizesse citações e usasse expressões características de um grupo social diferenciado do povo iliterado Os conteúdos propostos serviam também para uma formação moral baseada no ideário de civilização cujos valores eram disseminados como universais mas praticados com exclusividade pela elite A seleção de textos literários realizavase tendo em vista a apreensão de valores como a prudência a justiça a coragem e a moderação As disciplinas foram sendo organizadas para atender portanto a tais objetivos sociais e de formação de valores Os programas do Colégio Pedro II que constituíam modelo para os demais colégios desse nível no País foram inspirados no ensino secundário francês Predominava o estudo de História Geral dividido pelos grandes marcos definidos da história profana tempo antigo entendido como o de alguns povos em torno do Mediterrâneo com especial acento sobre gregos e romanos a Idade Média como oposição ao tempo moderno a Idade Moderna e por fim a criação em 1850 de uma História Contemporânea Mas além da história profana o ensino da História Sagrada era parte integrante dos programas durante os anos do Império A História da Pátria ou do Brasil introduziuse a partir da fundação do Colégio Pedro II e separouse da História Geral surgindo como disciplina autônoma apenas nos anos 50 do século XIX em uma condição complementar cuja como um estudo anexo e sendo oferecida aos alunos das séries finais Cabe lembrar que o ensino secundário não era obrigatório para o ingresso no ensino superior de um novo tipo de elite Nesse processo as disciplinas escolares foram sendo constituídas de forma mais organizada como foi visto no capítulo anterior e as especialidades de cada campo do conhecimento compuseram um novo currículo o currículo científico Os debates no Brasil no decorrer do século XX sobre disciplinas básicas para o ensino secundário expressaram as polêmicas sempre presentes em torno dos objetivos desse nível de ensino e dos setores sociais que teriam acesso a ele Nas primeiras décadas do século XX acabou por prevalecer uma amalgame entre as disciplinas científicas e as provenientes da tradição clássica formando o que André Chervel denominou de humanidades científicas A História integrouse nesse currículo sem maiores problemas Seus objetivos continuaram ainda associados à formação de uma elite mas com tendências mais pragmáticas E a disciplina passou a ter uma função pedagógica mais definida em relação à sua importância na formação política dessa elite A História da Civilização com os quatro grandes períodos e separada definitivamente da História Sagrada transformouse no eixo explicativo da História escolar Os pressupostos iluministas foram os vencedores de uma concepção de história da humanidade fortalecendo a ideia de racionalidade do homem e tendo o Estadonação como agente principal da civilização moderna A cronologia continuava a organizar os conteúdos escolares tendo como meta o progresso tecnológico devido pelo homem branco A História da Civilização e a História do Brasil destinavamse a operar como formadoras da cidadania e da moral cívica Um dos objetivos básicos da História escolar era a formação do cidadão político que em nosso caso era o possuidor do direito ao voto A História da Brasil servia para possibilitar às futuras gerações dos setores de elite informações acerca de como conduzir a Nação ao seu progresso ao seu destino de grande nação Nessa perspectiva a História do Brasil continuava como conteúdo suplementar Houve tentativas de introduzir uma História da América no intuito de contribuir com a formação de uma identidade latinoamericana para forjar projetos políticos para a Nação mas não tiveram sucesso Prevaleceu a ideia de que a identidade nacional deveria sempre estar calcada na Europa o berço da Nação e de que a história nacional havia surgido naquele espaço Esse ideário replica a razão dos estudos da História do Brasil começarem fora do espaço nacional O Brasil nasce em Portugal e é fruto de sua expansão marítima O novo brasileiro constituído de mestiços negros e índios continuava aliado da memória histórica escolar e da galeria dos heróis fundadores e organizadores do Estadonação No decorrer da década de 30 do século passado os discursos e a política nacionalistas também não provocaram um ensino ampliado da História do Brasil nos programas curriculares e a história nacional continuou sendo um apêndice da História da Civilização assim como a História da América Apenas com a Lei 4244 de 1942 sob o ministério de Gustavo Capanema a História do Brasil tornouse mais presente com carga horária aumentada e a História da América passou a contar com uma série dedicada ao seu ensino Ficou estabelecido que o secundário teria dois níveis o curso ginasial de quatro anos e o curso colegial separado em curso clássico e curso científico de caráter propedêutico com mais três anos Esse momento correspondeu a uma fase de redefinição do secundário O objetivo maior era favorecer o desenvolvimento de um setor terciário consumidor e urbano capacitado para as tarefas necessárias à modernização e para as atividades urbanas A divisão do nível secundário atendia a essa demanda da configuração de uma classe média Para determinados setores da classe média era suficiente o curso ginasial e para os setores em ascensão e para as elites existia o colegial que conduziria estes grupos selecionados aos cursos de nível superior A História nesse contexto tinha por objetivo apresentar e difundir elementos que formam a trama da história por meio de fatos políticos econômicos sociais religiosos literários artísticos científicos enfim os fatos culturais e de civilização ou seja servia para a formação de uma cultura geral e erudita Nas décadas de 50 e 60 surgiram críticas e novas propostas sobre os objetivos e métodos de ensino Tais críticas provinham de professores formados pelos cursos de História criados a partir de 1934 cursos esses responsáveis pela profissionalização de um corpo docente que também se iniciava pela relação entre ensino e pesquisa A crítica maior de educadores da época dirigiase contra uma erudição histórica desvinculada de formação que fornecesse aos alunos elementos de autonomia intelectual ante os desafios econômicos impostos pelo setor empresarial e pelas políticas desenvolvimentistas que visavam ao crescimento industrial e tecnológico A parte essa formação intelectual viase igualmente como necessária a formação do cidadão político a qual diferentemente de períodos anteriores aliouse ao conhecimento da história política à história econômica como uma das bases para o entendimento do estágio de modernização do País Não havia no entanto crítica ao predominio de uma História eurocêntrica e ao conceito de civilização difundido por essa História A genealogia da nação encontravase na Europa e o mundo brasileiro era branco e cristão O secundário como nível intermediário e com contínuas crises de identidade foi a grande vítima das críticas dos anos 60 e do processo de reorganização curricular imposto pela demanda de um público em crescimento acelerado a partir dos anos 70 sob o regime político ditatorial dos militares A ampliação da educação escolar cuja demanda foi impossível de ser freada pelo regime militar produziu uma situação ambígua para o secundário A partir da Lei 669271 o secundário descaracterizouse dividindose em dois níveis com o ginasial tornandose uma continuidade do ensino primário primeiro grau e oito anos e o colegial transformandose em um confuso curso profissionalizante denominado grau Essa conjuntura que aumentou a participação de um público proveniente de setores indeterminados produziu mudanças substanciais no processo educativo de maneira indelével a qualidade da escola brasileira A História e a Geografia transformaramse em Estudos Sociais para sintetizar os ensinos sobre a sociedade e QUADRO SYNOPTICO DA LIGAÇÃO X A introdução do currículo científico não afetou significativamente os métodos de ensino uma vez que disciplinas como Química Física e Biologia às quais inicialmente eram mais experimentais e em princípio tendiam a se utilizar de laboratórios se transformaram em conteúdos mais abstratos e passaram a exigir de maneira semelhante às demais disciplinas humanísticas a decoração como meio de aprendizagem A História assim continuou com o mesmo método passando os livros didáticos cada vez mais a indicar os rumos da aula a maneira correta de o professor dar aula É importante destacar que não existiam cursos de formação de professores secundários e os livros didáticos eram ferramentas fundamentais para o desempenho da função docente a concretização dos objetivos de uma formação intelectual patriótica e humanitária segundo os pressupostos de Dewey A tese tecia uma crítica à História que havia servido apenas como treino de memória e punha que o papel do estudo dos fatos históricos deveria estar relacionado ào desenvolvimento de outros aspectos da inteligência tais como o raciocínio imaginação construtiva julgamento crítico etc Essa proposta poderia impedir o envolvimento do professor em confrontos ideológicos embora seja fácil constatar contraditoriamente a posição da autora sobre a função da disciplina na formação de um indivíduo apto para o exercício da democracia liberal em oposição a uma formação fundada em princípios do comunismo ou do socialismo am favorecer debates orais aumento e favorecimento da produção de livros didáticos e os estudos do meio passar em si ver vistos como técnicas subversivas Sugestões de atividades 1 Análise de documentos Documento 1 O ensino de História para escolas elementares A História deve se iniciar por pequenos contos históricos que serviriam para despertar a curiosidade dos alunos interessados nos textos gênero de estudos depois vêm os nótis biográficos dos personagens célebres episódios importantes da história de cada povo noções sobre a origem vida e costumes de cada um um esboço geral da história universal com o desenvolvimento de certas épocas que mereçam estudos especiais Proposta de um educador sobre o ensino de História para as escolas elementares em 1879 Documento 2 Saber contar Foi mantida a grafia do documento para possibilitar análises também dessas mudanças da escrita Como nas classes elementares o método biográfico e anedótico é indispensável cumpre que a mestra possua faro para a cabedal de episódios interessantes que logrem prender a atenção da criança Na frase de Bliss é preciso ter a ligação na ponta da língua Si a mestra hesita ou gagueja ou não sabe contar como esperar que a escutem com gosto Grande dificuldade saber contar Em linguagem simples acessível a cérebros tão jovens ainda a conduta correcta e principalmente evocativa escollendo o essencial por lado quanto é inútil e sobrecarrega a narrativa discernir a minúcia que pode em relevo a personalidade do epoca eis o que se não consegue sem esforço dedicação amor ao ensino Por isso vemos comumente quem está desempenhando sem verdadeira vocação nem preparo pedagógico a dificuldade em nobre função de guia ou orientador metodologia aos estudos Sociais 2 ed Rio de Janeiro Agir 1970 CHIREVEL A COMPERE M M As humanidades no ensino Educação e PesquisaRevista da FEUSP São Paulo v 25 n 2 p 147170 juldez 1999 CORDEIRO Jaime F A História no centro do debate as propostas de renovação do ensino de História nas décadas de setenta e oitenta Araraquara IIBRLaboratório EditorialUnesp São Paulo Cultura Acadêmica 2000 COSTA Emília Viotti da Os objetivos do ensino da História no curso secundário Revista de História São Paulo n 29 janmar 1957 FONSECA Selva Guimarães Caminhos da História reunida Campinas Papirus 1993 GASPARELLO Arlete Medeiros Construtores de identidades a pedagogia da nação nos livros didáticos da escola secundária brasileira São Paulo Iglu 2004 LACERDA Joaquim Maria de Pequena História do Brasil Rio de Janeiro Francisco Alves 1911 LEITE Miriam Moreira O ensino de História no primário e no ginásio São Paulo Cultrix 1969 MACEDO Joaquim Maria de Líderes de História do Brasil Rio de Janeiro BL Garcia 1884 HISTÓRIA NAS ATUAIS PROPOSTAS CURRICULARES História nas atuais propostas curriculares As propostas curriculares inseremse em um momento importante da história do ensino de História e cabe analisar com rigor metodológico os novos rumos projetados pelos currículos para se poder discernir o que efetivamente está em processo de mudanças e como acontece a seleção cultural do conhecimento considerado essencial para os alunos Para esse modelo capitalista criouse uma sociedade do conhecimento que exige além de habilidades intelectuais mais complexas formas de manejar informações provenientes de intenso sistema de meios de comunicação e de se organizar mais autônoma individualizada e competitivamente nas relações de trabalho complexo de elementos que deles participam e os integram desde a sua elaboração enquanto documento oficial até a sua efetivação por professores e alunos nas salas de aula De acordo com os currículos mais recentes os conteúdos escolares correspondem à integração de vários conhecimentos adquiridos na escola Deste modo conhecemse como conteúdo escolar tanto os conteúdos explícitos de cada uma das disciplinas como a aquisição de valores habilidades e competências que fazem parte das práticas escolares e os computadores segundo alguns especialistas de estudos de linguagens revolucionaram ou estão revolucionando mais do que a televisão a forma de conhecimento escolar por sua capacidade e poder de estabelecer comunicações mais pessoais e interativas televisões filmes jogos de videogame correspondem a uma realidade de vida moderna com a qual crianças e jovens têm total identificação e tais suportes merecem atenção redobrada e métodos rigorosos que formem práticas de uso não alienado Outro problema decorrente das tecnologias a ser utilizadas nas escolas relacionase às desigualdades das condições de trabalho e da realidade escolar brasileira O uso de computadores notadamente pode transformarse em um meio para erguer barreiras entre os que têm acesso a esses produtos e os demais alunos das precárias escolas públicas das periferias das grandes cidades e das áreas mais carentes do País Assim o consumo das novas tecnologias pode ser mais um instrumento de exclusão social e cultural situação que provoca diferenciações até mesmo entre as diversas gerações de professores Diante do fenômeno tecnológico vivido intensamente pelas atuais gerações existe um compromisso pedagógico que não se pode ignorar Temos de concordar com os argumentos positivos de McRobbie sobre os jovens criados sob a égide das emergentes culturas da imagem e sobre o reconhecimento das possibilidades educacionais e políticas destas gerações pelas contradições inerentes a essa nova cultura popular Não existe como voltar atrás Para as populações transfixadas em imagens que são elas próprias realidades não existe nenhum retorno a um modo de representação que politize de alguma suposta forma direta digna A série televisiva Dallas está destinada a se situar ao lado de imagens de revolta negra provocada pelas imagens impressionantes do espancamento de Roney King pela polícia de Los Angeles Greene e Bigun 1995 p 239 Tal constatação impeliu as atuais propostas curriculares a incluir os suportes tecnológicos nos métodos de ensino os quais consequentemente precisam ser analisados em suas possibilidades paradigmáticas pelas suas contribuições e pelos problemas dele decorrentes 2 Propostas curriculares de História características gerais A partir do fim da década de 80 do século XX criaramse várias propostas curriculares de História para o ensino fundamental e médio as quais circulam pelos Estados e municípios além dos PCN que são resultado da incorporação de parte dessa produção tais propostas têm em comum algumas características a saber a alteração nas formulações técnicas dos textos curriculares que passaram a apresentar fundamentos sobre o conhecimento histórico e sobre os demais tópicos da disciplina a preocupação com a implementação dos currículos buscando sua legitimidade junto aos professores justificando sua produção e procurando diluir formas de resistência aos documentos oficiais a redefinição do papel do professor fornecendolhe maior autonomia no trabalho pedagógico concepção esta expressa na ausência de um rol de conteúdos estabelecidos de forma obrigatória para cada série ou ciclo apresentação mais detalhada dos pressupostos teóricos e metodológicos do conhecimento histórico a fundamentação pedagógica baseada no construtivismo expressa de maneiras diversas mas tendo como princípio que o aluno é sujeito ativo no processo de aprendizagem a accitação de que o aluno possui um conhecimento prévio sobre os objetos de estudos históricos obtido pela história de vida e pelos meios de comunicação o qual deve ser integrado ao processo de aprendizagem a introdução dos estudos históricos a partir das séries iniciais do ensino fundamental 21 PROPOSTAS CURRICULARES PARA OS DIFERENTES NÍVEIS O ensino de História conforme do disposto em algumas propostas curriculares dos Estados e municípios e nos PCN está presente em todos os níveis de ensino e com a Geografia constitui uma das bases essenciais do conhecimento das ciências humanas a partir das séries iniciais até o término do ensino básico Embora se mantenham as características gerais assinadas anteriormente é possível identificar as especificidades das propostas curriculares de História para os diferentes níveis de ensino Apresentamos a seguir de maneira sucinta algumas características mais gerais dessas propostas ressaltando entretanto que vários dos problemas apontados serão abordados com maior profundidade em capítulos posteriores a História para alunos de primeira a quarta série As formulações para o ensino de História a partir das séries ou ciclos iniciais do ensino fundamental sofrem variações mas visam ultrapassar a limitação de uma disciplina aprendida com base nos feitos dos grandes personagens apresentando em atividades cívicas e formas atemporais que esses processos produzam cultura que abrange portanto todas as manifestações históricas dos grupos humanos SEFRJ 1994 p 76 E nos PCN O aprofundamento de estudos culturais principalmente no diálogo da História com a Antropologia tem contribuído ainda para um debate sobre os conceitos de cultura e de civilização Alguns historiadores rejeitam o conceito de civilização por considerálo impregnado de uma perspectiva evolucionista e otimista face aos avanços e domínios tecnológicos isto é como uma culminância de etapas sucessivas em direção a uma cultura superior antecedida por períodos de selvageria e barbárie Nessa linha os historiadores valorizam a ideia de diversidade cultural e múltiplas concepções de tempo Brasil 1998 p 32 A análise dos textos dos PCN reside na articulação entre os conteúdos expressos em informações e conceitos e de como proceder para compreendêlos o analisálos dimensionandoo saber escolar como o saber fazer ao mesmo tempo que admite e inclui como pressuposto ser explicado que se saber não é neutro Desta forma à fruição do conteúdo programático da cada disciplina a inclusão de atitudes e valores a serem trabalhados na prática escolar Nessa perspectiva para cada disciplina é necessário estabelecer as relações entre os conteúdos explícitos e conteúdos básicos com as formas pelas quais os alunos adquirem e se apropriam desses conteúdos Mello 2000 p 141 a mudança tanto no próprio sistema seletivo para o ingresso no ensino superior como no complexo sistema de avaliação da escola Outro aspecto que tem sido debatido é a proposta controversa dos PCN sobre o papel das disciplinas na constituição dos saberes escolares Os PCN são expressados por áreas de conhecimento e nesse sentido a História ao lado da Geografia da Sociologia da Antropologia da Política e da Filosofia é parte integrante das denominadas ciências humanas e suas tecnologias Uma interpretação dessa proposta detecta a diluição dos conhecimentos das ciências humanas em diversos conteúdos não disciplinares e a perda do aprofundamento dos conceitos informações e métodos que fazem parte de cada uma das disciplinas A indefinição do conceito de interdisciplinaridade acarretou problemas porque em inúmeras situações a construção e a definição das grades curriculares nas escolas e a distribuição das cargas didáticas de cada área ou disciplina escolar dependem da visão que as autoridades educacionais têm sobre a relação entre área de conhecimento e disciplinas escolares Além de prejuízos no que diz respeito ao aprofundamento de conceitos dos diversos componentes das áreas há reflexos a longo e médio prazo na própria formação dos docentes Uma formação humanística moderna abrange reflexões e estudos sobre as atuais condições humanas mas que se fundamentam nas singularidades e no respeito pelos direitos A perspectiva histórica permite uma visão não apenas abrangente ao estabelecer relações entre passado presente na busca de explicações do atual estágio da humanidade como permite identificar as semelhanças e diferenças que têm marcado a trajetória dos homens no planeta Terra significa rever as relações entre homem e natureza e também situar no tempo as permanências e conflitos geradores de violências de diferentes níveis em diferentes locais dentro das casas das favelas nos grandes centros urbanos nas áreas rurais ou em campos de batalha Brasil MEC 2002 p 51 Em 1990 a Reorientação curricular pela via da interdisciplinaridade proposta pela Secretaria de Educação do município de São Paulo opted pela História fundamentada em temas geradores segundo os pressupostos freirianos lembrando que Paulo Freire era na ocasião secretário de Educação da capital paulista O tema gerador caracterizase por um trabalho pedagógico bastante radical uma vez que abarca todas as disciplinas e para o tema ser objeto de estudo há uma metodologia calcada nos princípios freirianos em torno do estado da realidade Os desafios para a sua instauração foram vários tendo em vista que pela primeira vez se criava uma proposta de trabalho com tema gerador pois originalmente era voltada para o processo de alfabetização em um ensino informal e passava então a ser incorporado por toda uma rede escolar seriada todo o ensino fundamental É importante salientar que as propostas surgidas nos contextos não apenas da História por temas já foram fruto da idealização de um grupo de intelectuais ou educadores Não ocorreu durante os anos 70 e 80 em várias escolas do público notadamente professores já começavam a trabalhar com temas a fim de atender às especificidades de seu público escolar e as precárias condições de trabalho com as quais se defrontavam A História temática normalmente produzida pela pesquisa de historiadores que estabelecem o tema a ser investigado e delimitam o objeto o tempo o espaço e os fatos documentais a serem analisados caracteriza a produção histórica acadêmica Cada tema é pesquisado em profundidade sendo a análise verticalizada em meio às diversas possibilidades oferecidas por intermédio de um máximo de documentação a ser selecionada segundo critérios próprios a qual é interpretada de acordo com determinadas categorias e princípios metodológicos O tema é precedido por exaustivas leituras bibliográficas e por críticas tanto da bibliografia quanto da documentação Os conteúdos históricos escolares organizados por eixos temáticos ou temas geradores obedecem a outros critérios que não se confundem com a História temática Os eixos temáticos ou os temas geradores são indicados de uma série de temas selecionados de acordo com problemáticas gerais cujos princípios estabelecidos e limitados pelo público escolar ao qual se destina o conteúdo são notados por pressupostos pedagógicos tendo como faixa etária nível escolar tempo pedagógico dedicado à disciplina entre outros aspectos O tema gerador não pode limitarse contudo nem deve servir para estabelecer e coordenar outros temas ou subtemas que precisam ser abertos em torno do tema quanto ao espaço Cada eixo temático é indicador para o estudo de cada série e inclui o pressuposto e delimitação dos conceitos básicos Os temas de ensino de História propostos pelos PCN são por outro lado articulados aos temas transversais meio ambiente ética pluralidade cultural saúde educação sexual trabalho e consumo Essa proposta de temas interdisciplinares gera novos desafios para o ensino de História Um deles é articular os conteúdos tradicionais como os de uma história política ou econômica com conteúdos características de outras disciplinas como é o caso do meio ambiente ou questões de saúde REVELTAS Andrea Identidade nacional mexicana In SILLER Javier Perez et al Identidad en el imaginario nacional reescritura y enseñanza de la historia Puebla México Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades Braunschweig Alemanha Institut GeorgEckert 1997 MOREIRA Antonio Flávio SILVA Tomaz Tadeu da Org Currículo cultura e sociedade São Paulo Cortez 1994 Capítulo I Conteúdos históricos como selecionar Atualmente uma das maiores dificuldades dos professores de História é selecionar os conteúdos históricos apropriados para as diferentes situações escolares A autonomia do trabalho docente inclui entre outros aspectos a escolha dos conteúdos históricos para as diferentes salas de aula Tratase de optar por manter os denominados conteúdos tradicionais ou selecionar conteúdos significativos para um público escolar proveniente de diferentes condições sociais e culturais e de adequálos a situações de trabalho com métodos e recursos didáticos diversos As atuais propostas curriculares como foram apresentadas não são idênticas umas às outras têm certa semelhança em relação aos fundamentos pedagógicos mas são diversas em conteúdos e nos critérios para definir os prioritários Há propostas que oferecem uma seleção considerada de conteúdo tradicional baseada nos círculos concêntricos que ordenam os estudos do mais próximo ao mais distante e se traduzem como o estudo de História do Brasil para posteriormente organizar os estudos da História Antiga à Contemporânea Outras propostas curriculares apresentam conteúdos organizados por eixos temáticos ou temas graduadores conforme o demonstrado anteriormente e exigem que se estabeleçam critérios de seleção mais complexos A seleção de conteúdos escolares é um problema relevante que merece intensa reflexão pois constitui a base do domínio do saber disciplinar dos professores A escolha de conteúdos apropriados apresentase como tarefa complexa permeada de contradições tanto por parte dos elaboradores das propostas curriculares quanto pela atuação dos professores decisões de mudanças e ao mesmo tempo resistentes a esse processo A opção da seleção pelos conteúdos significativos decorre de certo consenso sobre a impossibilidade de ensinar toda a história da humanidade e a necessidade de atender os interesses das novas gerações além de estar atento às condições de ensino Estas condições são múltiplas e interferem nos critérios de seleção dos conteúdos sendo preciso considerar desde a precariedade da rede pública escolar até o excesso de materiais didáticos e de informações disponíveis por intermédio dos diversos meios de comunicação além de organizar os conteúdos dentro dos limites do tempo pedagógico destinado à disciplina pela grade curricular Para além das condições do sistema escolar um aspecto fundamental que preside a seleção dos conteúdos é o domínio da produção historiográfica e do processo de reelaboração e apropriação desse conhecimento em uma situação escolar que invariavelmente tem de estar relacionada aos objetivos pedagógicos e às especificidades das condições de aprendizagem A produção historiográfica tem aumentado consideravelmente nos últimos anos ampliando e renovando temas Existem também novas interpretações de antigos temas além da introdução de novos objetos de estudo sobre a história da mulher da criança das religiões e religiosidades das relações humanas entre outros A história do cotidiano a história regional ou histórias locais têm sido apresentadas em várias publicações e podese verificar a presença dessa produção tanto nas propostas curriculares quanto em obras didáticas Conhecer e acompanhar as principais tendências da produção historiográfica não é apenas uma questão de caráter teórico mas tratase também de uma necessidade prática porque é com base em uma concepção de história que podemos assegurar um critério para uma aprendizagem efetiva e coerente Assim a parte inicial deste capítulo sem ter como objetivo apresentar ampla reflexão teórica referese a algumas das tendências historiográficas e suas relações com a produção escolar 11 HISTÓRIA COMO NARRATIVA A história pode ser concebida como uma narrativa de fatos passados Conhecer o passado dos homens é por princípio uma definição de história e aos historiadores cabe recolher por intermédio de uma variedade de documentos os fatos mais importantes ordenálos cronologicamente e narrálos Essa tendência historiográfica constituiuse no século XIX e está relacionada ao historiador prussiano Leopold von Ranke 17951886 que exerceu um papel importante na configuração dos aportes teóricos que possibilitaram fornecer um caráter científico à história Os fundamentos de Ranke baseavamse no pressuposto da singularidade dos acontecimentos históricos Cada fato histórico é único e sem possibilidade de repetição devendo a reconstrução de um passado ter como base a objetividade para ser história verdadeira Os historiadores impedidos de emitir qualquer juízo de valor mantendose sempre em uma atitude imparcial e neutra diante dos fatos têm como objetivo mostrar o que realmente aconteceu e como método a busca e a verificação de documentos fidedignos cujos apelos às evidências eliminam uma apreciação subjetiva Essa tendência passou a ser denominada de historicismo cuja metodologia foi conhecida como positivista por basearse nos princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do historiador Os seguidores dessa corrente teórica dedicaramse ao estudo da individualidade irreproduzível e única dos atos humanos destacando figuras das elites e suas biografias sejam personalidades sejam Estados reis militares Atenas França Portugal Brasil imperadores governadores presidentes O Estado ou os chefes políticos e militares cabe lembrar eram o motor das transformações e do progresso da história considerando que o século XIX foi o momento da criação e consolidação dos Estados nacionais e da elaboração das histórias nacionais de caráter político e militar O passado pode nesta perspectiva ser reconstituído e de alguma forma revivido tal qual ocorreu Os personagens são apresentados e as cenas em que se movimentam são descritas com detalhes que possibilitam desenvolver o imaginário de forma mais fidedigna possível A reconstituição do passado da nação por intermédio de grandes personagens serviu como fundamento para a História escolar privilegiandose estudos das ações políticas militares e das guerras e a forma natural de apresentar a história da nação era por intermédio de uma narrativa Muitas dúvidas e críticas coexistiram na produção dessa historiografia desde o século XIX e no decorrer do XX Suas premissas teóricas foram sempre questionadas notadamente no que concerne à objetividade total do historiador e à sua neutralidade embora se tenha tornado a corrente predominante na História escolar A narrativa apesar de duramente criticada sobretudo na perspectiva do historicismo não deixou de
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Texto de pré-visualização
Ensino de História fundamentos e métodos SUMÁRIO Ensino de História fundamentos e métodos 23 Mudanças e permanências nos métodos da História escolar 84 Sugestões de atividades 92 CAPÍTULO III HISTÓRIA NAS ATUAIS PROPOSTAS CURRICULARES 97 1 Renovação curricular 100 11 Dimensões internacionais das propostas curriculares 100 12 Concepções de conteúdos escolares e de aprendizagem 103 13 Métodos e novas tecnologias 106 2 Propostas curriculares de História características gerais 111 21 Propostas curriculares para os diferentes níveis 112 a História para alunos de primeira a quarta série 112 b História para alunos de quinta a oitava série 115 c História para o ensino médio 117 22 Sobre os objetivos do ensino de História 120 23 Temas para o ensino de História 123 Sugestões de atividades 128 2ª PARTE MÉTODOS E CONTEÚDOS ESCOLARES UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA 133 CAPÍTULO I CONTEÚDOS HISTÓRICOS COMO SELECIONAR 135 1 Conteúdos escolares e tendências historiográficas 139 11 História como narrativa 140 12 Uma história econômica 144 12 Material didático instrumento de controle curricular 298 2 Livro didático um objeto cultural complexo 299 21 Livro didático objeto de difícil definição 301 22 Livro didático de História como objeto de pesquisa 303 23 Caracterização dos livros didáticos de História 307 3 Propostas para análise de livros didáticos 311 31 Análise dos aspectos formais 311 32 Conteúdos históricos escolares 313 33 Conteúdos pedagógicos 314 4 Práticas de leitura de livros didáticos 316 41 Pesquisas sobre usos do livro didático 316 42 Livro didático material de pesquisa escolar 319 Sugestão de atividade 321 1 Museus e seus objetos 354 11 Os objetos em museus históricos 355 12 O processo para descobrir e interpretar objetos 358 2 Imagens no ensino de História 360 21 Os historiadores e as imagens tecnológicas 361 22 Fotografia e ensino de História 365 3 Propostas pedagógicas para o uso da fotografia 368 24 Cinema e audiovisuais 371 25 O cinema no ensino e na produção historiográfica 373 26 Propostas pedagógicas para o uso de filmes 375 3 Música e História 378 31 Música e ensino de História 378 32 Música e historiadores 380 Sugestões de atividades 383 Pranchas coloridas 401 A Coleção Docência em Formação tem por objetivo oferecer aos professores em processo de formação e aos que já atuam como profissionais da educação subsídios formativos que levam em conta as novas diretrizes curriculares buscando atender de modo criativo e crítico às transformações introduzidas no sistema nacional de ensino pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 Sem desconhecer a importância deste documento como referência legal a proposta desta coleção identifica seus avanços e seus recursos e assume como compromisso maior buscar uma efetiva interferência na realidade educacional por meio do processo de ensino e de aprendizagem núcleo básico do trabalho docente social Seu propósito é pois fornecer aos docentes e alunos das diversas modalidades dos cursos de formação de professores e aos docentes em exercício textos de referência para sua preparação científica técnica e pedagógica Esses textos contêm subsídios formativos relacionados ao campo dos saberes pedagógicos bem como ao dos saberes ligados aos conhecimentos especializados das áreas de formação profissional A proposta da coleção parte de uma concepção orgânica e intencionada da educação e da formação de seus profissionais tendo bem claro que professores se pretende formar para atuar no contexto da sociedade brasileira contemporânea marcada por determinações históricas específicas Na sociedade contemporânea as rápidas transformações no mundo do trabalho o avanço tecnológico configurando a sociedade virtual e os meios de informação e comunicação incidem fortemente na escola augmentando os desafios para tornála uma conquista democrática efetiva Transformar práticas e culturas tradicionais e burocráticas das escolas que por meio de retenção e de evasão acentuam a exclusão social não é tarefa simples nem para poucos O desafio é educar as crianças e os jovens proporcionandolhes um desenvolvimento humano cultural científico e tecnológico de modo que adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo Tal objetivo exige esforço constante de diretores professores funcionários e pais de alunos e de sindicatos governos e outros grupos sociais organizados Não ignoramos que esse desafio precisa ser prioritariamente enfrentado pelos profissionais essenciais nos processos de mudança da nova escola Nos anos 198090 diferentes práticas realizaram grandes investimentos na área de formação para essa finalidade Os professores contribuíram para o desenvolvimento profissional Esse processo de valorização envolve formação inicial e continuada articulada identitária e profissional Essa formação identitária é epistemológica ou seja reconhece a docência como um campo de conhecimentos específicos configurados em quatro grandes conjuntos a saber 1 conteúdos das diversas áreas do saber e do ensino ou seja das ciências humanas e naturais da cultura e das artes 2 conteúdos didáticopedagógicos diretamente relacionados ao campo da prática profissional 3 conteúdos ligados a saberes pedagógicos mais amplos do campo teórico da prática educacional 4 conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana individual com sensibilidade pessoal e social E essa formação identificatória é também profissional ou seja a docência constitui um campo específico de intervenção profissional na prática social A identidade do professor é simultaneamente epistemológica e profissional realizandose no campo do conhecimento e no âmbito da prática pedagógica Assim de um lado é preciso considerar que a atividade profissional de todo professor possui uma natureza pedagógica isto é vinculase a objetivos educativos de formação humana e a processos metodológicos e organizacionais de transmissão e apropriação de saberes e modos de ação O trabalho do docente está impregnado de intencionalidade pois visa a formação humana por meio de conteúdos e habilidades de pensamento e ação o que implica escolhas valores compromissos éticos Em síntese a elaboração dos livros desta coleção baseiase nos seguintes pontos Investir no conceito de desenvolvimento profissional superando a visão dicotômica de formação inicial e de formação continuada Investir em sólida formação teórica nos campos que constituem os saberes da docência Considerar a formação voltada para o profissionalismo docente e para a construção da identidade do professor Este livro é parte da Coleção Docência em Formação na Série Fundamentos e Métodos de Ensino Apresenta a História enquanto um conhecimento específico para o ensino como um conteúdo integrante da cultura escolar Seu objetivo central é auxiliar tanto os professores da rede em sua formação contínua como os professores responsáveis pelas disciplinas de formação inicial dos cursos de licenciatura O conteúdo deste livro resulta de um longo trabalho nas salas de aula do convívio com companheiros das escolas e da universidade de debates e estudos com um grupo de alunos de pósgraduação que se tem dedicado à pesquisa em ensino e aprendizagem de História É consequência de um percurso iniciado nas escolas públicas e particulares a partir de 1967 o qual se consolidou no curso de Metodologia ou Prática do Ensino de História ministrado por mim a partir de 1985 na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e em cursos de pósgraduação sobre a História das Disciplinas Escolares e Currículos e sobre a História do Livro Didático As pesquisas sobre ensino de História resultantes do trabalho de inúmeros pesquisadores no Brasil e no estrangeiro também estão inseridas ao longo dos textos que compõem a obra O livro está organizado em três partes que abrangem problemas fundamentais do conhecimento histórico escolar A 1ª Parte dividida em três capítulos reflete em uma perspectiva histórica sobre a constituição da disciplina e seu papel nos currículos escolares O problema central gira em torno das mudanças e permanências dos objetivos conteúdos e métodos da disciplina ao longo da história da educação escolar A 2ª Parte dividida em quatro capítulos fornece as contribuições teóricas e metodológicas das ciências que fundamentam a História escolar A produção historiográfica e as teorias de ensino e aprendizagem são apresentadas enquanto campos de conhecimento fundamentais para as práticas escolares O objetivo dessa parte do livro é aprofundar as reflexões sobre o que efetivamente vem a ser ensinar e aprender História sobretudo o que se ensina e como o conhecimento histórico é aprendido A 3ª Parte aborda o problema dos materiais didáticos como mediadores do processo de ensinoaprendizagem Está dividida em três capítulos que buscam mostrar as possibilidades de utilização de materiais mais tradicionais ou considerados inovadores fundamentados em uma metodologia coerente com os conceitos de aprendizagem e os da produção historiográfica Ao fim de cada capítulo existe uma Sugestão de atividades cujo objetivo é incentivar os professores a promover debates nas aulas oficinas ou cursos de formação contínua A bibliografia apresentada ao término dos capítulos não é exaustiva mas serve como referência para aprofundar temas ou tópicos de maior interesse além de indicar algumas pesquisas sobre o ensino de História que atualmente têm sido produzidas no País A intenção maior deste livro é contribuir para o difícil mas desafiador e na maior parte das vezes muito prazeroso trabalho do professor que diariamente enfrenta classes com alunos portadores de diferentes ansios ante um mundo complexo e nebuloso que se abre para eles E a História sem dúvida pode auxiliar na descoberta desses tempos e abrir brechas e expectativas A Autora 1ª Parte Capítulo I O que é disciplina escolar estudo da História a partir do século XIX tem permanecido nos currículos escolares dos diferentes níveis do ensino básico e também como matéria dos cursos preparatórios e ou de exames vestibulares brasileiros A História escolar integra o conjunto de disciplinas que foram sendo constituídos como saberes fundamentais no processo da escolarização brasileira e passou por mudanças significativas quanto a métodos conteúdos e finalidades até chegar à atual configuração nas propostas curriculares Quando se analisa a trajetória da disciplina constatase que esta faz parte dos planos de estudos de 1837 da primeira escola pública brasileira considerada de nível secundário Acompanhando o percurso da História nos cursos de nível superior no Brasil no entanto verificase que os estudos históricos e a formação de seus profissionais foram criados apenas a partir da década de 30 do século XX Tal situação provocou sem dúvida algumas indagações O que é afinal uma disciplina escolar e quais são suas especificidades Quais as relações entre disciplina escolar e disciplina acadêmica Como os estudos históricos se constituíram para os níveis secundário e primário ao longo da história da educação escolar Qual tem sido a participação dos professores na constituição da disciplina de História nas salas de aula 1 Polêmicas sobre a concepção de disciplina escolar Responder à pergunta o que é uma disciplina escolar não é simples existe série polêmica a respeito deste conceito a qual pode parecer plenamente acadêmica e teórica mas está relacionada a concepções mais complexas sobre a escola e o saber que ela produz e transmite assim como sobre o papel e o poder do professor e dos variados sujeitos externos à vida escolar na constituição do conhecimento escolar Muitos estudiosos têmse dedicado aos problemas epistemológicos enfrentados pelas escolas tais como a aprendizagem e apreensão de conceitos os critérios para a seleção dos conteúdos e métodos de ensino as formas pelas quais os alunos integram com o conhecimento adquirido por intermédio das mídias entre outros Em muitos desses estudos voltados para esses problemas foi necessário deterse sobre a concepção de disciplina escolar e sobre como cada uma delas se constituiu historicamentente Os debates mais significativos em torno da concepção de disciplina escolar têm sido realizados por pesquisadores franceses e ingleses com divergências importantes e significativas entre eles As posições não são iguais com posturas conflitantes acerca do conhecimento escolar notadamente entre os defensores da ideia de disciplina como transposição didática e os que concebem disciplina como um campo de conhecimento autônomo 11 Uma transposição didática Para determinados educadores franceses e ingleses as disciplinas escolares decorrem das ciências eruditas ou de referência dependentes da produção das universidades ou demais instituições acadêmicas e servem como instrumento de vulgarização do conhecimento produzido por um grupo de cientistas O pesquisador francês Yves Chevallard especialista em didática da Matemática passou a designar tal lista em didática de transposição didática Chevallard entende ser a escola parte de um sistema no qual o conhecimento por ela reproduzido se organiza pela mediação da noosfera conceito correspondente ao conjunto de agentes sociais externos à sala de aula inspetores autores de livros didáticos técnicos educacionais famílias Esses agentes garantam a escola o fluxo e as adaptações dos saberes provenientes das ciências produzidas pela academia Essa abordagem considera a disciplina escolar independente do conhecimento erudito ou científico o qual para chegar à escola e vulgarizarse necessita da didática encarregada de realizar a transposição Consequentemente uma boa didática tem por objetivo fundamental evitar o distanciamento entre a produção científica e o que deve ser ensinado além de criar instrumentos metodológicos para transportar o conhecimento científico para a escola da forma mais adequada possível Também se consolidam por essa concepção de disciplina escolar como transposição didática outros ideários sobre o conhecimento escolar Um deles é a existência de uma hierarquia de conhecimentos encontrandose a disciplina escolar em uma escala inferior como saber de segunda classe Está igualmente nessa perspectiva o que é saber científico que fornece legitimidade às disciplinas escolares Ademais tal concepção é responsável pela atribuição de status inferior aos saberes escolares das séries iniciais do ensino fundamental por estarem desvinculados sob o mordente em razão da formação dos docentes das ciênciasmães acadêmicas Além disso os autores citados afirmam que essa hierarquização do conhecimento em conotações sociais mais amplas não está limitada apenas a considerações de ordem epistemológica Para além dos problemas epistemológicos a compreensão da disciplina escolar relacionase ao papel do conhecimento como instrumento de poder de determinados setores da sociedade O estudo das disciplinas escolares temse mostrado necessário para a compreensão do papel da escola na divisão de classes e na manutenção de privilégios de determinados setores da sociedade As críticas à transposição didática não se restringem portanto ao estatuto epistemológico das disciplinas escolares mas indicam igualmente sobre o papel que tendem a desempenhar na manutenção das desigualdades sociais André Chervel o crítico mais contundente da concepção de transposição didática sustenta que a disciplina escolar deve ser estudada historicamente contextualizando o papel exercido pela escola em cada momento histórico Ao defender a disciplina escolar como entidade epistemológica relativamente autônoma esse pesquisador considera as relações de poder intrínsecas à escola É preciso deslocar o acento das decisões das influências e de legitimações exteriores à escola inserindo o conhecimento por ela produzido no interior de uma cultura escolar As disciplinas escolares formamse no interior dessa cultura tendo objetivos próprios e muitas vezes irredutíveis aos ciências de referência termo que Chervel emprega em lugar de conhecimento científico relação às ciências de referência encontrase na diversidade de disciplinas ou saberes escolares e na forma pela qual uma delas se constitui Questionase por exemplo se as trajetórias das diversas disciplinas escolares seriam semelhantes às da história da Gramática nas escolas francesas conforme estudo de Chervel Assim tem sido fundamental conhecer a história das disciplinas para identificar os pressupostos que possibilitam entender os liames e as diferenças entre a disciplina escolar e as ciências de referência uma vez que cada disciplina possui uma história Portanto a preocupação em entender os fundamentos da disciplina ou matéria escolar não ocorre por acaso como um dado de erudição ou de detalhamento mas é ponto central do qual derivam as demais concepções como a de escola de professor e em nosso caso do ensino e aprendizagem da História Como a escola é importante destacar integra um conjunto de objetivos determinados pela sociedade e articulase com eles contribuindo para os diferentes processos econômicos e políticos como o desenvolvimento industrial comercial e tecnológico a formação de uma sociedade consumista de políticas democráticas ou não Compreendemse assim alguns dos objetivos gerais aos quais a escola teve de atender em determinados momentos históricos como a formação de uma classe média pelo ensino secundário a expansão da alfabetização pelos diferentes setores sociais ou a formação de um espírito nacionalista e patriótico Tais objetivos estão evidentemente inseridos em cada uma das disciplinas e justificam a permanência delas nos currículos As finalidades das disciplinas escolares fazem parte de uma teia complexa na qual a escola desempenha o papel de fornecedora de conteúdos de instrução que obedecem a objetivos educacionais definidos mais amplos Dessa forma as finalidades de uma disciplina tendem sempre a mudanças de modo que atendam diferentes públicos escolares e respondam às suas necessidades sociais e culturais inseridas no conjunto da escolarização séries ciclos Selecionados com base em critérios estabelecidos por muitas variáveis devem estar em sintonia com os objetivos educacionais e instrumentais ser distribuídos adequadamente de acordo com o desenvolvimento cognitivo dos educandos e ainda aterse ao tempo pedagógico ou seja a carga horária definida pelas grades curriculares das escolas para se ter o controle sobre o que é ensinado ou apreendido pelo aluno A avaliação está relacionada a conceitos de aprendizagem e articulase com um tipo determinado de compreensão de disciplina escolar em certas características se a disciplina escolar é entendida apenas como transmissora de conteúdos e outras se a disciplina escolar é concebida como produtora de conhecimento Exames provas arguições testes entre outros compõem uma variedade de formas de controlar o que está sendo ensinado e aprendido Entre os problemas da avaliação encontrase a definição do objeto efetivo do que se pretende avaliar uma vez que por intermédio de provas o sistema avaliatório concentrase no controle sobre o domínio quantitativo dos conteúdos explícitos relegando a segundo plano a avaliação em uma perspectiva qualitativa que inclui ou deveria incluir a verificação da aprendizagem no conjunto dos objetivos educacionais mais amplos Na avaliação reside sem dúvida alguma o maior poder do professor e os sistemas avaliatórios têm muitas vezes interferido no processo de mudança ou transformação dos conteúdos e métodos como no caso do ensino médio cujo conteúdo tem sido determinado na prática pelo sistema de avaliação dos exames ou pela própria escolha para o ensino superior Considerando tais estudos e reflexões podemse identificar diferenças entre as disciplinas acadêmicas e escolares embora elas tenham relações entre si Uma das diferenças importantes diz respeito a seus objetivos que evidentemente não são os mesmos A disciplina acadêmica visa formar um profissional cientista professor administrador técnico etc A disciplina ou matéria escolar visa formar um cidadão com a necessidade de ferramentas intelectuais variadas para situarse na sociedade e compreender o mundo físico e social em que vive No caso da História ao acompanharmos sua Constituição na escola e nas universidades verificamos que a partir do século XIX existem constantes aproximações e separações entre a História escolar e a dos historiadores O historiador francês Henri Moniot ao debruçarse sobre a História enquanto disciplina escolar pondera sobre suas especificidades e conclui que seu ensino no fim do século XIX assegurou a existência da História universitária A divisão da História em grandes períodos Antiguidade Idade Média Moderna e Contemporânea criada para organizar os estudos históricos escolares acabou por definir as divisões das cadeiras ou disciplinas históricas universitárias assim como as especialidades dos historiadores em seus campos de pesquisa A escola por sua vez também é concebida como o lugar privilegiado da produção das disciplinas escolares mesmo que possam estar mais ou menos dependentes de interferências externas ou como instituição que embora conte com vários agentes em seu interior não tem autonomia suficiente para a criação constituindo espaço privilegiado de reprodução política ideológica e acadêmica cujo sucesso depende de sua capacidade de adaptar convenientemente o conhecimento produzido fora dela Para debater em grupo Uma disciplina é em qualquer campo em que se encontre um modo de disciplinar o espírito quer dizer de lhe dar os métodos e as regras para abordar os diferentes domínios do pensamento do conhecimento e da arte Baseandose no texto de Ivor Goodson discuta a os interesses sociais e políticos na constituição das disciplinas escolares b a neutralidade dos métodos de ensino e aprendizagem Capítulo II Conteúdos e métodos de ensino de História breve abordagem histórica 1 História na antiga escola primária A criação de escolas primárias complementares ocorreu de forma muito limitada existindo apenas em alguns centros urbanos mais desenvolvidos As autoridades educacionais acabavam por exigir dos professores apenas uma parte obrigatória composta de leitura e escrita noções de Gramática princípios de Aritmética especialmente o sistema métrico pesos e medidas e o ensino da doutrina religiosa O ensino da História Sagrada fazia parte da doutrina religiosa e era mais difundido do que a História profana ou laica permanecendo nos planos de estudos de muitas escolas públicas mesmo após o advento da República e a separação entre Igreja Católica e Estado A moral cívica vinculavase então a uma moral religiosa Esta predominava nos textos escolares sendo comum a utilização de preleções com histórias sobre a vida de santos personagens que serviam como exemplo de caráter de moral e de fé e tornavamse muitas vezes verdadeiros heróis pelo martírio Os estudos de História da pátria eram optativos embora sempre aparecessem nas instruções que os inspetores forneciam aos professores e seguiam os mesmos princípios dos ensinamentos da História Sagrada pelas narrativas da vida e dos feitos de grandes personagens da vida pública selecionados como exemplos para as futuras gerações A narração da vida dos santos e de heróis profanos denominavase história biográfica e era defendida pelos educadores da época como um modelo pedagógico para as classes elementares No fim da década de 80 do século XIX com a abolição da escravatura e o aumento populacional ampliaramse os debates políticos sobre a concepção de cidadania devendo então os direitos sociais e civis serem estendidos a um número cada vez maior de pessoas A escola ganhou novo destaque pela necessidade de aumentar o número de alfabetizados fundamental para a aquisição da cidadania política Com a introdução do regime político republicano e do direito de voto para os alfabetizados as políticas educativas procuraram proporcionar a escolarização para um contingente social mais amplo e novos programas curriculares buscavam sedimentar uma identidade nacional por meio da homogeneização da cultura escolar no que diz respeito à existência de um passado único na constituição da Nação O ensino de História na escola primária precisava assim integrar setores sociais anteriormente marginalizados no processo educacional sem contudo incluir nos programas curriculares a participação deles na construção histórica da Nação Para a maioria dos educadores que concordavam com a escolarização das classes populares a História a ser ensinada desde o primeiro ano escolar aos trabalhadores livres que emergiam em substituição aos escravos deveria incluir determinados valores para a preservação da ordem da obediência à hierarquia de modo que a Nação pudesse chegar ao progresso modernizandose segundo o modelo dos países europeus O conceito de cidadania criado com o auxílio dos estudos de História serviria para situar cada indivíduo em seu lugar na sociedade cabia ao político cuidar da política e ao trabalhador comum restava o direito de votar e de trabalhar dentro da ordem institucional Os feitos dos grandes homens seres de uma elite prestigiada haviam criado a Nação e os representantes dessas mesmas elites cuidariam de conduzir o País ao seu destino O fortalecimento do espírito nacionalista proporcionou as invenções de tradições de maneira semelhante ao que acontecia em outros países europeus conforme analisa o historiador inglês Eric Hobsbawm No caso do Brasil as tradições inventadas deveriam compartilhadas por todos os brasileiros e delas deveria emergir o sentimento patriótico A História tinha como missão ensinar as tradições nacionais e despertar o patriotismo Os livros escolares elaborados no início do século XX mostraram como o patriotismo passou a ser o objetivo organizativo central dos conteúdos escolares de História Em seu famoso livro Por que me ufano de meu país Afonso Celso sintetizou os conteúdos básicos da História da Pátria a riqueza e a beleza da terra das matas e rios o clima a gente mestiça risonha e pacífica a história dos portugueses representantes da civilização e a cristianização que possibilitou uma moral sem preconceitos Esse projeto de ensino de homogeneização da cultura histórica foi entretanto polêmico havendo alguns ruídos e historiadores que se opuseram a uma história exclusiva da elite branca com os olhos voltados para a Europa e para a evocação de uma mesquinharia que seguia passivo a rumo dos acontecimentos Houve tentativas de voltar para a história americana e a constituição da história pela qual se pudessem identificar os traços de mestiçagem na própria construção da sociedade brasileira Entre elas a de intelectuais como Manuel Bonfim que procurou por exemplo introduzir nos cursos das escolas normais para a formação de professores brasileiros o ensino da História da América assim como a de alguns seguidores dos princípios anarquistas que criaram escolas de educação popular para os setores das classes trabalhadoras várias cidades das Escolas Modernas inspiradas na pedagógica do espanhol Francisco Ferrer y Guardia em que o ensino se voltava contra a exacerbação do patriotismo e o culto à pátria os quais entre outros propósitos incentivavam o militarismo e as guerras Entre os anarquistas havia a corrente pacifista opositor frontal à Primeira Guerra Mundial que desde 1914 levava à morte milhares de pessoas com a utilização de armas cada vez mais sofisticadas Tais grupos questionavam o sentido da civilização que a maioria dos europeus procurava impor ao restante do mundo No transcrever das primeiras décadas do século XX nas áreas urbanas e rurais havia uma diversidade de escolas primárias de escolas públicas que seguiam o modelo dos grupos escolares e de muitas outras mais precárias além de escolas particulares confessionais ou criadas por grupos diversos de imigrantes e outros setores laicos que muitas vezes atendiam alunos trabalhadores em sua maioria adultos Essas escolas diferentes com horários e tempos pedagógicos diferentes e cada vez mais controlados pelo poder estatal assim como o fechamento daquelas organizadas pelos anarquistas e de muitas escolas de imigrantes completaram no fim dos anos 30 um período de confrontos sobre que conteúdos históricos deveriam ser ensinados A Língua Portuguesa a História do Brasil acompanhada da Educação Moral e Cívica juntamente com a Geografia constituíram os conteúdos fundamentais para a formação nacionalista e patriótica sedimentando o culto aos heróis e a criação de tradições nacionais nas aulas nas festas cívicas Método de excercicio no livro Pequena história do Brasil de J M de Lacerda 1942 p 91 Evidentemente as críticas a esse método foram inevitáveis Desde o fim do século XIX podiase encontrar uma literatura pedagógica que sugeria a necessidade de novos métodos baseados em autores como Montessori por intermédio dos quais se introduziam propostas dos denominados métodos ativos que incentivavam a participação e o envolvimento dos alunos na aprendizagem A história à Geografia e ao Civismo para as escolas primárias em consequência da condição de síntese que a área tendia a desempenhar Para Delgado de Carvalho um dos precursores e defensores dos Estudos Sociais para as séries iniciais as quais compõem o atual ensino fundamental essa é basicamente uma área de formação de valores morais Considerando o momento histórico de vivência em um mundo difícil e conturbado os Estudos Sociais já não se poderiam limitar a desenvolver um espírito patriótico e nacionalista de feição ufanista mas deveriam criar meios de frear as inquietudes de uma geração em um mundo submetido a um ritmo acelerado de transformações de seus valores tradicionais tais como a família as condições de trabalho e a ética Os Estudos Sociais poderiam atender aos problemas da sociedade moderna e ajudar a enfrentar seus riscos por serem constituidos de diferentes matérias no intuito de dar segurança e estabilidade aos educandos Tais matérias provinham da Geografia humana da Sociologia da Economia da História e da Antropologia Cultural que se misturavam para constituirem ciências morais Elas se integravam para explicar o mundo capitalista organizado segundo o regime democrático norteamericano que favorecia a ação individual e o espírito de competitividade como garantia de sucesso condição que exige um desenvolvimento de capacidade de crítica segundo os moldes liberais criticar para aperfeiçoar o sistema vigente e melhor se adaptar a ele nível secundário no Brasil caracterizouse como um curso oferecido pelo setor público no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro capital do Império e da República em liceus provinciais em ginásios estaduais republicanos e pelo setor privado A rede particular de escolas para esse nível escolar desempenhou e continua a desempenhar importante papel levandose em conta que o secundário foi criado para atender à formação dos setores de elite As escolas confessionais de ordens religiosas de origem europeia nos séculos XIX e XX foram muito importantes e responsáveis pelo estabelecimento de um sistema de ensino bastante amplo com externatos e internatos tanto para meninos quanto para meninas A presença dos colégios confessionais foi constante até os anos 50 do século passado quando começaram a sofrer intensa concorrência de escolas laicas que passaram a proliferar à medida que se ampliava o público escolar secundário no processo de crescimento da classe média urbana A História tanto nas escolas públicas como confessionais do século XIX integrou o currículo denominado de humanismo clássico o qual se assentava no estudo das línguas com destaque para o Latim e tinha os textos da literatura clássica da Antiguidade como modelo e padrão cultural O currículo humanístico pressupunha uma formação dispositiva de qualquer utilidade imediata mas era um intermedio dele que adquirira mais dar pertença a uma elite Assim o estudo do Latim não visava simplesmente formar um conhecedor de uma língua antiga mas servia para que o jovem secundarista fizesse citações e usasse expressões características de um grupo social diferenciado do povo iliterado Os conteúdos propostos serviam também para uma formação moral baseada no ideário de civilização cujos valores eram disseminados como universais mas praticados com exclusividade pela elite A seleção de textos literários realizavase tendo em vista a apreensão de valores como a prudência a justiça a coragem e a moderação As disciplinas foram sendo organizadas para atender portanto a tais objetivos sociais e de formação de valores Os programas do Colégio Pedro II que constituíam modelo para os demais colégios desse nível no País foram inspirados no ensino secundário francês Predominava o estudo de História Geral dividido pelos grandes marcos definidos da história profana tempo antigo entendido como o de alguns povos em torno do Mediterrâneo com especial acento sobre gregos e romanos a Idade Média como oposição ao tempo moderno a Idade Moderna e por fim a criação em 1850 de uma História Contemporânea Mas além da história profana o ensino da História Sagrada era parte integrante dos programas durante os anos do Império A História da Pátria ou do Brasil introduziuse a partir da fundação do Colégio Pedro II e separouse da História Geral surgindo como disciplina autônoma apenas nos anos 50 do século XIX em uma condição complementar cuja como um estudo anexo e sendo oferecida aos alunos das séries finais Cabe lembrar que o ensino secundário não era obrigatório para o ingresso no ensino superior de um novo tipo de elite Nesse processo as disciplinas escolares foram sendo constituídas de forma mais organizada como foi visto no capítulo anterior e as especialidades de cada campo do conhecimento compuseram um novo currículo o currículo científico Os debates no Brasil no decorrer do século XX sobre disciplinas básicas para o ensino secundário expressaram as polêmicas sempre presentes em torno dos objetivos desse nível de ensino e dos setores sociais que teriam acesso a ele Nas primeiras décadas do século XX acabou por prevalecer uma amalgame entre as disciplinas científicas e as provenientes da tradição clássica formando o que André Chervel denominou de humanidades científicas A História integrouse nesse currículo sem maiores problemas Seus objetivos continuaram ainda associados à formação de uma elite mas com tendências mais pragmáticas E a disciplina passou a ter uma função pedagógica mais definida em relação à sua importância na formação política dessa elite A História da Civilização com os quatro grandes períodos e separada definitivamente da História Sagrada transformouse no eixo explicativo da História escolar Os pressupostos iluministas foram os vencedores de uma concepção de história da humanidade fortalecendo a ideia de racionalidade do homem e tendo o Estadonação como agente principal da civilização moderna A cronologia continuava a organizar os conteúdos escolares tendo como meta o progresso tecnológico devido pelo homem branco A História da Civilização e a História do Brasil destinavamse a operar como formadoras da cidadania e da moral cívica Um dos objetivos básicos da História escolar era a formação do cidadão político que em nosso caso era o possuidor do direito ao voto A História da Brasil servia para possibilitar às futuras gerações dos setores de elite informações acerca de como conduzir a Nação ao seu progresso ao seu destino de grande nação Nessa perspectiva a História do Brasil continuava como conteúdo suplementar Houve tentativas de introduzir uma História da América no intuito de contribuir com a formação de uma identidade latinoamericana para forjar projetos políticos para a Nação mas não tiveram sucesso Prevaleceu a ideia de que a identidade nacional deveria sempre estar calcada na Europa o berço da Nação e de que a história nacional havia surgido naquele espaço Esse ideário replica a razão dos estudos da História do Brasil começarem fora do espaço nacional O Brasil nasce em Portugal e é fruto de sua expansão marítima O novo brasileiro constituído de mestiços negros e índios continuava aliado da memória histórica escolar e da galeria dos heróis fundadores e organizadores do Estadonação No decorrer da década de 30 do século passado os discursos e a política nacionalistas também não provocaram um ensino ampliado da História do Brasil nos programas curriculares e a história nacional continuou sendo um apêndice da História da Civilização assim como a História da América Apenas com a Lei 4244 de 1942 sob o ministério de Gustavo Capanema a História do Brasil tornouse mais presente com carga horária aumentada e a História da América passou a contar com uma série dedicada ao seu ensino Ficou estabelecido que o secundário teria dois níveis o curso ginasial de quatro anos e o curso colegial separado em curso clássico e curso científico de caráter propedêutico com mais três anos Esse momento correspondeu a uma fase de redefinição do secundário O objetivo maior era favorecer o desenvolvimento de um setor terciário consumidor e urbano capacitado para as tarefas necessárias à modernização e para as atividades urbanas A divisão do nível secundário atendia a essa demanda da configuração de uma classe média Para determinados setores da classe média era suficiente o curso ginasial e para os setores em ascensão e para as elites existia o colegial que conduziria estes grupos selecionados aos cursos de nível superior A História nesse contexto tinha por objetivo apresentar e difundir elementos que formam a trama da história por meio de fatos políticos econômicos sociais religiosos literários artísticos científicos enfim os fatos culturais e de civilização ou seja servia para a formação de uma cultura geral e erudita Nas décadas de 50 e 60 surgiram críticas e novas propostas sobre os objetivos e métodos de ensino Tais críticas provinham de professores formados pelos cursos de História criados a partir de 1934 cursos esses responsáveis pela profissionalização de um corpo docente que também se iniciava pela relação entre ensino e pesquisa A crítica maior de educadores da época dirigiase contra uma erudição histórica desvinculada de formação que fornecesse aos alunos elementos de autonomia intelectual ante os desafios econômicos impostos pelo setor empresarial e pelas políticas desenvolvimentistas que visavam ao crescimento industrial e tecnológico A parte essa formação intelectual viase igualmente como necessária a formação do cidadão político a qual diferentemente de períodos anteriores aliouse ao conhecimento da história política à história econômica como uma das bases para o entendimento do estágio de modernização do País Não havia no entanto crítica ao predominio de uma História eurocêntrica e ao conceito de civilização difundido por essa História A genealogia da nação encontravase na Europa e o mundo brasileiro era branco e cristão O secundário como nível intermediário e com contínuas crises de identidade foi a grande vítima das críticas dos anos 60 e do processo de reorganização curricular imposto pela demanda de um público em crescimento acelerado a partir dos anos 70 sob o regime político ditatorial dos militares A ampliação da educação escolar cuja demanda foi impossível de ser freada pelo regime militar produziu uma situação ambígua para o secundário A partir da Lei 669271 o secundário descaracterizouse dividindose em dois níveis com o ginasial tornandose uma continuidade do ensino primário primeiro grau e oito anos e o colegial transformandose em um confuso curso profissionalizante denominado grau Essa conjuntura que aumentou a participação de um público proveniente de setores indeterminados produziu mudanças substanciais no processo educativo de maneira indelével a qualidade da escola brasileira A História e a Geografia transformaramse em Estudos Sociais para sintetizar os ensinos sobre a sociedade e QUADRO SYNOPTICO DA LIGAÇÃO X A introdução do currículo científico não afetou significativamente os métodos de ensino uma vez que disciplinas como Química Física e Biologia às quais inicialmente eram mais experimentais e em princípio tendiam a se utilizar de laboratórios se transformaram em conteúdos mais abstratos e passaram a exigir de maneira semelhante às demais disciplinas humanísticas a decoração como meio de aprendizagem A História assim continuou com o mesmo método passando os livros didáticos cada vez mais a indicar os rumos da aula a maneira correta de o professor dar aula É importante destacar que não existiam cursos de formação de professores secundários e os livros didáticos eram ferramentas fundamentais para o desempenho da função docente a concretização dos objetivos de uma formação intelectual patriótica e humanitária segundo os pressupostos de Dewey A tese tecia uma crítica à História que havia servido apenas como treino de memória e punha que o papel do estudo dos fatos históricos deveria estar relacionado ào desenvolvimento de outros aspectos da inteligência tais como o raciocínio imaginação construtiva julgamento crítico etc Essa proposta poderia impedir o envolvimento do professor em confrontos ideológicos embora seja fácil constatar contraditoriamente a posição da autora sobre a função da disciplina na formação de um indivíduo apto para o exercício da democracia liberal em oposição a uma formação fundada em princípios do comunismo ou do socialismo am favorecer debates orais aumento e favorecimento da produção de livros didáticos e os estudos do meio passar em si ver vistos como técnicas subversivas Sugestões de atividades 1 Análise de documentos Documento 1 O ensino de História para escolas elementares A História deve se iniciar por pequenos contos históricos que serviriam para despertar a curiosidade dos alunos interessados nos textos gênero de estudos depois vêm os nótis biográficos dos personagens célebres episódios importantes da história de cada povo noções sobre a origem vida e costumes de cada um um esboço geral da história universal com o desenvolvimento de certas épocas que mereçam estudos especiais Proposta de um educador sobre o ensino de História para as escolas elementares em 1879 Documento 2 Saber contar Foi mantida a grafia do documento para possibilitar análises também dessas mudanças da escrita Como nas classes elementares o método biográfico e anedótico é indispensável cumpre que a mestra possua faro para a cabedal de episódios interessantes que logrem prender a atenção da criança Na frase de Bliss é preciso ter a ligação na ponta da língua Si a mestra hesita ou gagueja ou não sabe contar como esperar que a escutem com gosto Grande dificuldade saber contar Em linguagem simples acessível a cérebros tão jovens ainda a conduta correcta e principalmente evocativa escollendo o essencial por lado quanto é inútil e sobrecarrega a narrativa discernir a minúcia que pode em relevo a personalidade do epoca eis o que se não consegue sem esforço dedicação amor ao ensino Por isso vemos comumente quem está desempenhando sem verdadeira vocação nem preparo pedagógico a dificuldade em nobre função de guia ou orientador metodologia aos estudos Sociais 2 ed Rio de Janeiro Agir 1970 CHIREVEL A COMPERE M M As humanidades no ensino Educação e PesquisaRevista da FEUSP São Paulo v 25 n 2 p 147170 juldez 1999 CORDEIRO Jaime F A História no centro do debate as propostas de renovação do ensino de História nas décadas de setenta e oitenta Araraquara IIBRLaboratório EditorialUnesp São Paulo Cultura Acadêmica 2000 COSTA Emília Viotti da Os objetivos do ensino da História no curso secundário Revista de História São Paulo n 29 janmar 1957 FONSECA Selva Guimarães Caminhos da História reunida Campinas Papirus 1993 GASPARELLO Arlete Medeiros Construtores de identidades a pedagogia da nação nos livros didáticos da escola secundária brasileira São Paulo Iglu 2004 LACERDA Joaquim Maria de Pequena História do Brasil Rio de Janeiro Francisco Alves 1911 LEITE Miriam Moreira O ensino de História no primário e no ginásio São Paulo Cultrix 1969 MACEDO Joaquim Maria de Líderes de História do Brasil Rio de Janeiro BL Garcia 1884 HISTÓRIA NAS ATUAIS PROPOSTAS CURRICULARES História nas atuais propostas curriculares As propostas curriculares inseremse em um momento importante da história do ensino de História e cabe analisar com rigor metodológico os novos rumos projetados pelos currículos para se poder discernir o que efetivamente está em processo de mudanças e como acontece a seleção cultural do conhecimento considerado essencial para os alunos Para esse modelo capitalista criouse uma sociedade do conhecimento que exige além de habilidades intelectuais mais complexas formas de manejar informações provenientes de intenso sistema de meios de comunicação e de se organizar mais autônoma individualizada e competitivamente nas relações de trabalho complexo de elementos que deles participam e os integram desde a sua elaboração enquanto documento oficial até a sua efetivação por professores e alunos nas salas de aula De acordo com os currículos mais recentes os conteúdos escolares correspondem à integração de vários conhecimentos adquiridos na escola Deste modo conhecemse como conteúdo escolar tanto os conteúdos explícitos de cada uma das disciplinas como a aquisição de valores habilidades e competências que fazem parte das práticas escolares e os computadores segundo alguns especialistas de estudos de linguagens revolucionaram ou estão revolucionando mais do que a televisão a forma de conhecimento escolar por sua capacidade e poder de estabelecer comunicações mais pessoais e interativas televisões filmes jogos de videogame correspondem a uma realidade de vida moderna com a qual crianças e jovens têm total identificação e tais suportes merecem atenção redobrada e métodos rigorosos que formem práticas de uso não alienado Outro problema decorrente das tecnologias a ser utilizadas nas escolas relacionase às desigualdades das condições de trabalho e da realidade escolar brasileira O uso de computadores notadamente pode transformarse em um meio para erguer barreiras entre os que têm acesso a esses produtos e os demais alunos das precárias escolas públicas das periferias das grandes cidades e das áreas mais carentes do País Assim o consumo das novas tecnologias pode ser mais um instrumento de exclusão social e cultural situação que provoca diferenciações até mesmo entre as diversas gerações de professores Diante do fenômeno tecnológico vivido intensamente pelas atuais gerações existe um compromisso pedagógico que não se pode ignorar Temos de concordar com os argumentos positivos de McRobbie sobre os jovens criados sob a égide das emergentes culturas da imagem e sobre o reconhecimento das possibilidades educacionais e políticas destas gerações pelas contradições inerentes a essa nova cultura popular Não existe como voltar atrás Para as populações transfixadas em imagens que são elas próprias realidades não existe nenhum retorno a um modo de representação que politize de alguma suposta forma direta digna A série televisiva Dallas está destinada a se situar ao lado de imagens de revolta negra provocada pelas imagens impressionantes do espancamento de Roney King pela polícia de Los Angeles Greene e Bigun 1995 p 239 Tal constatação impeliu as atuais propostas curriculares a incluir os suportes tecnológicos nos métodos de ensino os quais consequentemente precisam ser analisados em suas possibilidades paradigmáticas pelas suas contribuições e pelos problemas dele decorrentes 2 Propostas curriculares de História características gerais A partir do fim da década de 80 do século XX criaramse várias propostas curriculares de História para o ensino fundamental e médio as quais circulam pelos Estados e municípios além dos PCN que são resultado da incorporação de parte dessa produção tais propostas têm em comum algumas características a saber a alteração nas formulações técnicas dos textos curriculares que passaram a apresentar fundamentos sobre o conhecimento histórico e sobre os demais tópicos da disciplina a preocupação com a implementação dos currículos buscando sua legitimidade junto aos professores justificando sua produção e procurando diluir formas de resistência aos documentos oficiais a redefinição do papel do professor fornecendolhe maior autonomia no trabalho pedagógico concepção esta expressa na ausência de um rol de conteúdos estabelecidos de forma obrigatória para cada série ou ciclo apresentação mais detalhada dos pressupostos teóricos e metodológicos do conhecimento histórico a fundamentação pedagógica baseada no construtivismo expressa de maneiras diversas mas tendo como princípio que o aluno é sujeito ativo no processo de aprendizagem a accitação de que o aluno possui um conhecimento prévio sobre os objetos de estudos históricos obtido pela história de vida e pelos meios de comunicação o qual deve ser integrado ao processo de aprendizagem a introdução dos estudos históricos a partir das séries iniciais do ensino fundamental 21 PROPOSTAS CURRICULARES PARA OS DIFERENTES NÍVEIS O ensino de História conforme do disposto em algumas propostas curriculares dos Estados e municípios e nos PCN está presente em todos os níveis de ensino e com a Geografia constitui uma das bases essenciais do conhecimento das ciências humanas a partir das séries iniciais até o término do ensino básico Embora se mantenham as características gerais assinadas anteriormente é possível identificar as especificidades das propostas curriculares de História para os diferentes níveis de ensino Apresentamos a seguir de maneira sucinta algumas características mais gerais dessas propostas ressaltando entretanto que vários dos problemas apontados serão abordados com maior profundidade em capítulos posteriores a História para alunos de primeira a quarta série As formulações para o ensino de História a partir das séries ou ciclos iniciais do ensino fundamental sofrem variações mas visam ultrapassar a limitação de uma disciplina aprendida com base nos feitos dos grandes personagens apresentando em atividades cívicas e formas atemporais que esses processos produzam cultura que abrange portanto todas as manifestações históricas dos grupos humanos SEFRJ 1994 p 76 E nos PCN O aprofundamento de estudos culturais principalmente no diálogo da História com a Antropologia tem contribuído ainda para um debate sobre os conceitos de cultura e de civilização Alguns historiadores rejeitam o conceito de civilização por considerálo impregnado de uma perspectiva evolucionista e otimista face aos avanços e domínios tecnológicos isto é como uma culminância de etapas sucessivas em direção a uma cultura superior antecedida por períodos de selvageria e barbárie Nessa linha os historiadores valorizam a ideia de diversidade cultural e múltiplas concepções de tempo Brasil 1998 p 32 A análise dos textos dos PCN reside na articulação entre os conteúdos expressos em informações e conceitos e de como proceder para compreendêlos o analisálos dimensionandoo saber escolar como o saber fazer ao mesmo tempo que admite e inclui como pressuposto ser explicado que se saber não é neutro Desta forma à fruição do conteúdo programático da cada disciplina a inclusão de atitudes e valores a serem trabalhados na prática escolar Nessa perspectiva para cada disciplina é necessário estabelecer as relações entre os conteúdos explícitos e conteúdos básicos com as formas pelas quais os alunos adquirem e se apropriam desses conteúdos Mello 2000 p 141 a mudança tanto no próprio sistema seletivo para o ingresso no ensino superior como no complexo sistema de avaliação da escola Outro aspecto que tem sido debatido é a proposta controversa dos PCN sobre o papel das disciplinas na constituição dos saberes escolares Os PCN são expressados por áreas de conhecimento e nesse sentido a História ao lado da Geografia da Sociologia da Antropologia da Política e da Filosofia é parte integrante das denominadas ciências humanas e suas tecnologias Uma interpretação dessa proposta detecta a diluição dos conhecimentos das ciências humanas em diversos conteúdos não disciplinares e a perda do aprofundamento dos conceitos informações e métodos que fazem parte de cada uma das disciplinas A indefinição do conceito de interdisciplinaridade acarretou problemas porque em inúmeras situações a construção e a definição das grades curriculares nas escolas e a distribuição das cargas didáticas de cada área ou disciplina escolar dependem da visão que as autoridades educacionais têm sobre a relação entre área de conhecimento e disciplinas escolares Além de prejuízos no que diz respeito ao aprofundamento de conceitos dos diversos componentes das áreas há reflexos a longo e médio prazo na própria formação dos docentes Uma formação humanística moderna abrange reflexões e estudos sobre as atuais condições humanas mas que se fundamentam nas singularidades e no respeito pelos direitos A perspectiva histórica permite uma visão não apenas abrangente ao estabelecer relações entre passado presente na busca de explicações do atual estágio da humanidade como permite identificar as semelhanças e diferenças que têm marcado a trajetória dos homens no planeta Terra significa rever as relações entre homem e natureza e também situar no tempo as permanências e conflitos geradores de violências de diferentes níveis em diferentes locais dentro das casas das favelas nos grandes centros urbanos nas áreas rurais ou em campos de batalha Brasil MEC 2002 p 51 Em 1990 a Reorientação curricular pela via da interdisciplinaridade proposta pela Secretaria de Educação do município de São Paulo opted pela História fundamentada em temas geradores segundo os pressupostos freirianos lembrando que Paulo Freire era na ocasião secretário de Educação da capital paulista O tema gerador caracterizase por um trabalho pedagógico bastante radical uma vez que abarca todas as disciplinas e para o tema ser objeto de estudo há uma metodologia calcada nos princípios freirianos em torno do estado da realidade Os desafios para a sua instauração foram vários tendo em vista que pela primeira vez se criava uma proposta de trabalho com tema gerador pois originalmente era voltada para o processo de alfabetização em um ensino informal e passava então a ser incorporado por toda uma rede escolar seriada todo o ensino fundamental É importante salientar que as propostas surgidas nos contextos não apenas da História por temas já foram fruto da idealização de um grupo de intelectuais ou educadores Não ocorreu durante os anos 70 e 80 em várias escolas do público notadamente professores já começavam a trabalhar com temas a fim de atender às especificidades de seu público escolar e as precárias condições de trabalho com as quais se defrontavam A História temática normalmente produzida pela pesquisa de historiadores que estabelecem o tema a ser investigado e delimitam o objeto o tempo o espaço e os fatos documentais a serem analisados caracteriza a produção histórica acadêmica Cada tema é pesquisado em profundidade sendo a análise verticalizada em meio às diversas possibilidades oferecidas por intermédio de um máximo de documentação a ser selecionada segundo critérios próprios a qual é interpretada de acordo com determinadas categorias e princípios metodológicos O tema é precedido por exaustivas leituras bibliográficas e por críticas tanto da bibliografia quanto da documentação Os conteúdos históricos escolares organizados por eixos temáticos ou temas geradores obedecem a outros critérios que não se confundem com a História temática Os eixos temáticos ou os temas geradores são indicados de uma série de temas selecionados de acordo com problemáticas gerais cujos princípios estabelecidos e limitados pelo público escolar ao qual se destina o conteúdo são notados por pressupostos pedagógicos tendo como faixa etária nível escolar tempo pedagógico dedicado à disciplina entre outros aspectos O tema gerador não pode limitarse contudo nem deve servir para estabelecer e coordenar outros temas ou subtemas que precisam ser abertos em torno do tema quanto ao espaço Cada eixo temático é indicador para o estudo de cada série e inclui o pressuposto e delimitação dos conceitos básicos Os temas de ensino de História propostos pelos PCN são por outro lado articulados aos temas transversais meio ambiente ética pluralidade cultural saúde educação sexual trabalho e consumo Essa proposta de temas interdisciplinares gera novos desafios para o ensino de História Um deles é articular os conteúdos tradicionais como os de uma história política ou econômica com conteúdos características de outras disciplinas como é o caso do meio ambiente ou questões de saúde REVELTAS Andrea Identidade nacional mexicana In SILLER Javier Perez et al Identidad en el imaginario nacional reescritura y enseñanza de la historia Puebla México Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades Braunschweig Alemanha Institut GeorgEckert 1997 MOREIRA Antonio Flávio SILVA Tomaz Tadeu da Org Currículo cultura e sociedade São Paulo Cortez 1994 Capítulo I Conteúdos históricos como selecionar Atualmente uma das maiores dificuldades dos professores de História é selecionar os conteúdos históricos apropriados para as diferentes situações escolares A autonomia do trabalho docente inclui entre outros aspectos a escolha dos conteúdos históricos para as diferentes salas de aula Tratase de optar por manter os denominados conteúdos tradicionais ou selecionar conteúdos significativos para um público escolar proveniente de diferentes condições sociais e culturais e de adequálos a situações de trabalho com métodos e recursos didáticos diversos As atuais propostas curriculares como foram apresentadas não são idênticas umas às outras têm certa semelhança em relação aos fundamentos pedagógicos mas são diversas em conteúdos e nos critérios para definir os prioritários Há propostas que oferecem uma seleção considerada de conteúdo tradicional baseada nos círculos concêntricos que ordenam os estudos do mais próximo ao mais distante e se traduzem como o estudo de História do Brasil para posteriormente organizar os estudos da História Antiga à Contemporânea Outras propostas curriculares apresentam conteúdos organizados por eixos temáticos ou temas graduadores conforme o demonstrado anteriormente e exigem que se estabeleçam critérios de seleção mais complexos A seleção de conteúdos escolares é um problema relevante que merece intensa reflexão pois constitui a base do domínio do saber disciplinar dos professores A escolha de conteúdos apropriados apresentase como tarefa complexa permeada de contradições tanto por parte dos elaboradores das propostas curriculares quanto pela atuação dos professores decisões de mudanças e ao mesmo tempo resistentes a esse processo A opção da seleção pelos conteúdos significativos decorre de certo consenso sobre a impossibilidade de ensinar toda a história da humanidade e a necessidade de atender os interesses das novas gerações além de estar atento às condições de ensino Estas condições são múltiplas e interferem nos critérios de seleção dos conteúdos sendo preciso considerar desde a precariedade da rede pública escolar até o excesso de materiais didáticos e de informações disponíveis por intermédio dos diversos meios de comunicação além de organizar os conteúdos dentro dos limites do tempo pedagógico destinado à disciplina pela grade curricular Para além das condições do sistema escolar um aspecto fundamental que preside a seleção dos conteúdos é o domínio da produção historiográfica e do processo de reelaboração e apropriação desse conhecimento em uma situação escolar que invariavelmente tem de estar relacionada aos objetivos pedagógicos e às especificidades das condições de aprendizagem A produção historiográfica tem aumentado consideravelmente nos últimos anos ampliando e renovando temas Existem também novas interpretações de antigos temas além da introdução de novos objetos de estudo sobre a história da mulher da criança das religiões e religiosidades das relações humanas entre outros A história do cotidiano a história regional ou histórias locais têm sido apresentadas em várias publicações e podese verificar a presença dessa produção tanto nas propostas curriculares quanto em obras didáticas Conhecer e acompanhar as principais tendências da produção historiográfica não é apenas uma questão de caráter teórico mas tratase também de uma necessidade prática porque é com base em uma concepção de história que podemos assegurar um critério para uma aprendizagem efetiva e coerente Assim a parte inicial deste capítulo sem ter como objetivo apresentar ampla reflexão teórica referese a algumas das tendências historiográficas e suas relações com a produção escolar 11 HISTÓRIA COMO NARRATIVA A história pode ser concebida como uma narrativa de fatos passados Conhecer o passado dos homens é por princípio uma definição de história e aos historiadores cabe recolher por intermédio de uma variedade de documentos os fatos mais importantes ordenálos cronologicamente e narrálos Essa tendência historiográfica constituiuse no século XIX e está relacionada ao historiador prussiano Leopold von Ranke 17951886 que exerceu um papel importante na configuração dos aportes teóricos que possibilitaram fornecer um caráter científico à história Os fundamentos de Ranke baseavamse no pressuposto da singularidade dos acontecimentos históricos Cada fato histórico é único e sem possibilidade de repetição devendo a reconstrução de um passado ter como base a objetividade para ser história verdadeira Os historiadores impedidos de emitir qualquer juízo de valor mantendose sempre em uma atitude imparcial e neutra diante dos fatos têm como objetivo mostrar o que realmente aconteceu e como método a busca e a verificação de documentos fidedignos cujos apelos às evidências eliminam uma apreciação subjetiva Essa tendência passou a ser denominada de historicismo cuja metodologia foi conhecida como positivista por basearse nos princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do historiador Os seguidores dessa corrente teórica dedicaramse ao estudo da individualidade irreproduzível e única dos atos humanos destacando figuras das elites e suas biografias sejam personalidades sejam Estados reis militares Atenas França Portugal Brasil imperadores governadores presidentes O Estado ou os chefes políticos e militares cabe lembrar eram o motor das transformações e do progresso da história considerando que o século XIX foi o momento da criação e consolidação dos Estados nacionais e da elaboração das histórias nacionais de caráter político e militar O passado pode nesta perspectiva ser reconstituído e de alguma forma revivido tal qual ocorreu Os personagens são apresentados e as cenas em que se movimentam são descritas com detalhes que possibilitam desenvolver o imaginário de forma mais fidedigna possível A reconstituição do passado da nação por intermédio de grandes personagens serviu como fundamento para a História escolar privilegiandose estudos das ações políticas militares e das guerras e a forma natural de apresentar a história da nação era por intermédio de uma narrativa Muitas dúvidas e críticas coexistiram na produção dessa historiografia desde o século XIX e no decorrer do XX Suas premissas teóricas foram sempre questionadas notadamente no que concerne à objetividade total do historiador e à sua neutralidade embora se tenha tornado a corrente predominante na História escolar A narrativa apesar de duramente criticada sobretudo na perspectiva do historicismo não deixou de