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Fundacao Cecerj Consorcio Cederj wwwcederjedubr Presidente Carlos Eduardo Bilechowsky Vicepresidente Marivila Danas de Alencar Coordenacao do Curso de Geografia Glaucio Jose Marafon UFRJ Material Didático Elaboracao de Conteúdo Marcela do Nascimento Padilha Diretoria de Material Didático Cristine Costa Barreto Coordenacao de Design Instrucional Bruno Jose Paxtot Rıvia Busnardo da Cunha Design Instrucional Fernanda Felix Luciana Perdigão Biblioteca Raquel Cristina da Silva Tiellet Simone da Cruz Correa de Souza Vera Van Alves de Pinho Diretoria de Material Impresso Marianna Bernstein Revisao Linguística e Tipográfica Lıcia Matos Maria Elısa da Silveira Ilustracao Renan Alves Capa Renan Alves Produçao Gráfica Fabio Rapelli Alecrim Ulisses Schlisser Copyright 2018 Fundacao Cecerj Consorcio Cederj P123 Padilha Marcela do Nascimento Geografia do Turismo Volume unico Marcela do Nascimento Padilha Rio de Janeiro Fundacão Cecerj 2018 292p 19 x 265 cm ISBN 9787685xxxx 1 Geografia 2 Turismo 3 Turismo Rural 4 Turismo e meio ambiente 5 Turismo e Patrimônio Histórico 1 Título CDD 3384791 Metas Apresentar aos alunos os possíveis motivos da grande valorização dos objetos passados monumentos e patrimônios históricos e mostrar como são explorados pelo turismo Objetivos Esperamos que ao final desta aula você seja capaz de 1 analisar os conceitos de monumento e patrimônio histórico 2 analisar o processo de mudança na valorização do patrimônio histórico ao longo da história 3 analisar a apropriação do patrimônio histórico pelo turismo Introdução Você gosta de conhecer edificıcios antigos tais como uma igreja barroca do século XVIII um forte do século XVII ou mesmo uma casa onde viveu uma personalidade importante da nossa história como Jorge Amado ou Dom Pedro II Se a sua resposta foi positiva então você faz parte de um imenso grupo de pessoas que vivem promovendo um verdadeiro culto ao patrimônio histórico Vale ressaltar que a proteção do patrimônio envolve não apenas edıficios antigos de reconhecido valor histórico e cultural mas também monumentos novos jardins florestas entre outras paisagens Mas o que vem a ser patrimônio histórico Como teve início a valorização de bens antigos Quando e como outros tipos de bens passaram a ser preservados Qual a diferença entre preservação e conservação Nesta aula abordaremos todos esses assuntos Ajustar as ações de preservação do patrimônio natural A primeira do culto ético fundamentase em uma imprescindível valor humano o respeito e a solidariedade que o homem única criatura capaz de conhecer e compreender os fenômenos materiais e imateriais do universo deve a todos os seres que o rodeiam sobretudo às diferentes formas de vida que ocupam o espaço e o tempo A segunda de caráter pragmático originase do interesse e dependência do homem pelos recursos da natureza em os quais não pode existir A preservação dos recursos naturais assegura ao homem o poderoso fruição desses bens mesmo que ainda não conheça suas possíveis formas de utilização IPHAN 2018a Já que nossa aula anterior teve como tema o meio ambiente e sua utilização pelo turismo por meio das unidades de conservação portanto áreas naturais protegidas nesta aula trataremos do patrimônio cultural que envolve bens materiais e imateriais O patrimônio histórico e a dificuldade de conservação Antes de prosseguir na leitura que tal assistir a dois vídeos produzidos pela TV Senado sobre o tema patrimônio histórico e conservação Os vídeos nos mostram que o patrimônio histórico envolve bens de naturezas variadas e que o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional IPHAN enfrenta dificuldades para conservar toda essa riqueza Para saber mais assista as seguintes reportagens Patrimônio tombado é tema de série de reportagem da TV Senado httpswwwsenadogovbrnoticiasTVVideoaspxv385927 O desafio para preservar o patrimônio histórico e artístico no Brasil httpswwwsenadogovbrnoticiasTVVideoaspxv386026 Dessa forma hoje além de pensar no que se deve proteger e como conservar devese refletir com muito cuidado e de forma criteriosa em como fazer isso em um contexto turístico e se possível mantendose a utilização do edifício Mas afinal qual a diferença entre preservar e conservar Ainda temos outro termo ligado à proteção do patrimônio cultural a restauração Vejamos a seguir as definições de preservação conservação e restauração A preservação portanto deve ser entendida hoje em dia pelo seu sentido geral e abrangente Seria então toda ação que se destina a salvaguardar ou recuperar as condições físicas de um bem e proporcionar permanência nos materiais dos suportes que contêm a informação sobre o porquê de ele ter sido preservado É o guardachuva sob o que abriga a conservação a restauração e a conservação preventiva A preservação cabe ainda à responsabilidade de intervenções nas escolhas mais adequadas de reformatização do suporte para a transferência da informação Abrigadas pelo conceito maior de preservação a conservação e a restauração são intervenções na estrutura dos materiais A conservação é um conjunto de procedimentos que têm por objetivo melhorar o estado físico do suporte aumentar sua permanência e prolongarlhe a vida útil possibilitando desse forma o seu acesso pelas gerações futuras Já a restauração é um conjunto de procedimentos que visa a recuperar o máximo possível o estado original do bem ou documento Em ambos os casos tratase de intervenções de tratamento por peça única individual na unidade documental Já que implica tratamento individual por peça a conservaçãorestauração exige seleção e treinamento de pessoal sendo o custo elevado e de extensa duração A diferença entre monumento e patrimônio Você já visitou ou tem vontade de visitar algum monumento histórico Em caso afirmativo pare e pense por que você gostaria de visitálo Essa reflexão é muito importante pois você perceberá ao longo da aula como o conceito de monumento foi construído ao longo do tempo até chegar à nossa concepção atual e o motivo de essas edificações despertem o nosso interesse em conhecêlos Monumentos e cultura Antes de começarmos a abordar o tema sugerimos que você assista ao programa Monumentos e cultura disponibilizado pela Multirio Ele aborda como os monumentos se relacionam com a cultura no âmbito local e mundial Vale conferir Para assistir acesse o seguinte endereço httpwwwmultiriorjgovbrindexphpassistatv11621monumentosecultura O termo monumento tem origem no latim e significa advertir lembrar Tendo esse significado em mente podemos chamar de monumento a uma edificação que foi construída por uma determinada sociedade para que as gerações futuras pudessem apreciála e relembrar o tempo a que ela se refere Assim o monumento ajuda a manter viva uma identidade étnica religiosa nacional tribal familiar Conforme Françoise Choay ele constituía uma garantia dos origens e dissipava a inquietude gerada pela incerteza dos começos CHOAY 2001 p 17 Esse tipo de monumento foi chamado por Aloïs Riegl 1999 de monumento intencionado que por sua vez se diferencia de monumento histórico O primeiro foi concebido a priori ou seja foi erguido para exercer a função de monumento visto que já na sua criação do fato de grande valor e com o objetivo memorial Já o monumento histórico é concebido a posteriori o que significa que o objeto já existiu e mais tarde foi visto como sendo de grande importância e considerado portanto um monumento Os monumentos caricanos Você saberia dizer quantos monumentos caricanos existem Conseguiria se lembrar de ao menos três deles No programa Monumentos caricanos disponibilizado pela Multirio são apresentados os monumentos da cidade do Rio de Janeiro determinados a priori e a posteriori bem como os desafios da educação patrimonial de preservação segundo a superintendente Cristina Lodi do Iphan Para assistir acesse o seguinte endereço httpwwwmultiriorjgovbrindexphpassistatv1162monumentoscaricanos A partir do século XV iniciase na Itália um novo culto aos monumentos atribuindo importância aos valores históricos e artísticos das obras antigas Com isso ampliase o leque de obras que são consideradas dignas de conservação A arte clássica passa a despertar grande interesse por parte de pessoas economicamente privilegiadas eou com formação intelectual mas não somente ela Diversos objetos mesmo não sendo obras de arte começaram a ser recolocados não simplesmente porque faziam parte do nosso interesse no valor histórico e antigo Como aponta Riegl pela primeira vez vemos o homem reconhecer em obras de atos antigos separados por mais de mil anos da sua própria época os estados prévios da própria atividade artística cultural e política O interesse pelos monumentos intencionados que costumava extinguirse com o desaparecimento das gerações interessadas ficou alto durante um tempo indefinido pelo fato de que uma grande parte da população considerava as antigas façanhas de gerações desaparecidas muito tempo atrás como parte de suas próprias faixas e as obras dos supostos antepassados como parte da própria atividade Assim o passado obteve um valor de contemporaneidade para a vida e a criação moderna RIEGL 1999 p 3435 tradução nossa No Renascimento italiano surgem as primeiras medidas de proteção de monumentos não intencionados Inicialmente tal proteção restringiase aos monumentos clássicos ligados ao sentimento patriótico Foram necessárias alguns séculos até que o interesse pelos monumentos históricos ganhasse a forma moderna isto é com um interesse mais amplo e menos limitado do povo que o criou Assim ao longo do tempo a preferência pelos obras da Antiguidade Clássica e pela arte renascentista italiana foi mudando Outros povos começaram a participar do processo e outros estilos artísticos ganharam espaço Entretanto as leis de proteção dos monumentos ainda não tinham sido criadas O século XIX trará o valor histórico à sua construção Havia a intenção de reconhecer todo o histórico e por isso qualquer testemunho que não fizesse parte desse fato por menor que fosse era considerado de grande importância para a cada avaliação Dessa forma o valor histórico foi superando em interesse o valor artístico Esse processo se inscreve em um contexto no qual a História é consagrada como disciplina acadêmica e é dotada de grande prestígio Assim o século XIX vê surgir as primeiras tentativas efetivas de criação de leis de proteção aos monumentos Como naquele momento o valor histórico era o que tinha maior peso todos os artistas então vistos como merecedores de proteção pois faziam parte de uma determinada época Como podemos perceber desde o século XV o monumento histórico passou por profundas transformações de concepção De antiguidade ele passou a ser visto também como obra de arte primeiro vinculada ao cristianismo e depois vista como atividade autônoma Por conseguinte ele passou a ser o centro de uma importante corrente intelectual que privilegiou o testemunho da visão e da representação iconográfica em detrimento do testemunho da palavra e da escrita ajudando a criar uma civilização da imagem e tornandose objeto de culto Dessa forma o monumento histórico passou sobretudo a partir do século XVIII a ser alvo das preocupações de indivíduos e de associações privadas e em seguida dos Estados que desejavam protegêlo Mas até isso houve muitos estudos conflitos formulação de teorias etc ou seja tratouse de um processo lento e difícil As transformações ocasionadas pela indústria nas cidades e na estrutura da sociedade século tão intensas que provocaram mudanças também nos estudos históricos Eles por sua vez passaram a incorporar as cidades inicialmente por meio dos arquitetos e engenheiros e em seguida pelos geógrafos Os estudos sobre a história da configuração física das cidades contribuiu para a criação da noção de patrimônio histórico isto é de um conjunto de monumentos históricos que acreditase precisam ser protegidos visto que a industrialização tende a acabar com as antigas estruturas Assim segundo Choay 2001 A noção de património constituiuse na contramão do processo de urbanização dominante Ela é o resultado de uma dialética da história e da historicidade A palavra patrimônio é antiga e sua origem remete às estruturas familiares econômicas e jurídicas da uma sociedade estável Ao longo do tempo o termo sofreu modificações importantes sendo então requalificado O patrimônio histórico por sua vez é uma expressão que designa um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que congregam por ser espaço comum obras obrasprimas das belasartes aplicadas práticas e produtos e todos os saberes e savoirfaire dos seres humanos Na nossa sociedade moderna constantemente transformada pela mobilidade e ubiquidade de seu presente patrimônio histórico tornouse uma das palavraschave da tributação mediática Ela remete a uma instituição e a uma mentalidade CHOAY 2001 p 11 O culto ao patrimônio histórico pode ser visto como uma melhoria da renda de uma parte da população mundial que passa a ter mais recursos para viajar além de um interesse por diversas culturas que por sua vez pode criar uma sociedade mais tolerante e menos preconceituosa No entanto o turismo desordenado que envolve um grande número de pessoas preocupadas simplesmente em tirar fotos com os smartphones capazes de tirar dezenas ou mesmo centenas de fotografias em um só dia contribui mais para a distração dos visitantes limitandoo mesmo impedindo que se crie um verdadeiro elo entre o passado e o presente O monumento tornase assim apenas algo que éexiste para ser fotografado e mostrar aos amigos como se isso pudesse atestar a validade do fato junto a ele