·

Geografia ·

Geografia

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta
Equipe Meu Guru

Prefere sua atividade resolvida por um tutor especialista?

  • Receba resolvida até o seu prazo
  • Converse com o tutor pelo chat
  • Garantia de 7 dias contra erros

Texto de pré-visualização

25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino Confi Revue francobrésilienne de géographie Revista francobrasilera de geografia 41 2019 Numero 41 Dossié Sergipe Alagoas O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino The state of Alagoas in the Nordeste regional context Létat dAlagoas dans le contexte régional du Nordeste PAULO ROGERIO DE FREITAS SILVA E SILVANA QUINTELLA CAVALCANTI CALHEIROS httpsdoiorg104000confins21096 Resumos Portugués English Francais O tema que escolhemos desenvolver se refere 4 ordem espacial vigente no Estado de Alagoas localizado no Nordeste brasileiro e promove uma viagem ao longo dos cinco séculos de formacao territorial desse espaco Para desenvolver tal processo amparamonos na sugestao de ordem espacial aspirando entender as acdes humanas que intervém na ordem espacial vigente em Alagoas Tratase de caracterizar uma situacao que em cada area os objetos tendem a exercer certas funcdes e os respectivos processos sao em grande parte submetidos ao papel regulador de instituigdes e empresas Nessa conexao partimos da discussao sobre urbanizacao como um processo que alcancou neste século httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 117 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 217 a sociedade e o território depois de um longo período de urbanização seletiva tanto social como territorial Urbanização como um processo onde a residência dos trabalhadores inclusive os trabalhadores agrícolas é cada vez mais urbana e que o turbilhão demográfico e a terceirização são fatos notáveis Essa pesquisa tem por caráter a investigação documental e bibliográfica tratandose de uma pesquisa de cunho qualitativo no que se refere aos agentes e propósitos imediatos da criação dos centros urbanos analisando os processos determinantes para essa gênese Antecipamos que a gênese urbana em Alagoas se processa em maior número inicialmente na Zona da Mata e no Litoral em detrimento do Sertão ou do Agreste e que tendo uma economia sem produção com localidades que quase não produzem para a geração de riquezas The theme weve chosen for developing refers to the ruling spatial order in the State of Alagoas located in Northeastern region of Brazil and promotes a journey through the five centuries of territorial formation of this space In order to develop this process we considered the suggestion of spatial order and so we seeked to understand the human actions that intervene in the current spatial order in Alagoas Its about characterizing a situation where objects tend to perform some specific functions in each area and their processes are largely subject to the regulatory role of institutions and companies In this connection we started from the discussion about urbanization as a process that has reached society and territory in this century after a long period of selective urbanization both social and territorial Urbanization as a process where the residence of workers including farm workers is increasingly urban and the demographic turmoil and outsourcing are notable facts This research has the character of documentary and bibliographical investigation being a qualitative research with regard to the agents and immediate purposes of the creation of urban centers analyzing the determinant processes for this genesis We anticipate that the urban genesis in Alagoas takes place in greater number initially in Zona da Mata and in the Coast to the detriment of Sertão or Agreste and it has an economy without production with localities that hardly ever produce for the generation of wealth Le thème que nous avons choisi de développer fait référence à lordre spatial en vigueur dans lÉtat dAlagoas situé au nordest du Brésil et promeut un voyage à travers les cinq siècles de formation territoriale de cet espace Pour développer ce processus nous nous appuyons sur la suggestion dun ordre spatial dans le but de comprendre les actions humaines qui interviennent dans lordre spatial actuel dAlagoas Il sagit de caractériser une situation où les objets ont tendance à remplir certaines fonctions dans chaque domaine et dont les processus sont largement soumis au rôle régulateur des institutions et des entreprises À cet égard nous partons de la discussion sur lurbanisation en tant que processus ayant atteint la société et le territoire au cours de ce siècle après une longue période durbanisation sélective à la fois sociale et territoriale Lurbanisation en tant que processus où le lieu de résidence des travailleurs y compris des travailleurs agricoles devient de plus en plus urbain et où les turbulences démographiques et lexternalisation sont des faits notables Cette recherche a le caractère dinvestigation documentaire et bibliographique il sagit dune recherche qualitative sur les agents et les finalités immédiates de la création de centres urbains analysant les processus déterminants de cette genèse Nous prévoyons que la genèse urbaine dAlagoas se produira en plus grand nombre au départ dans la Zona da Mata et la côte au détriment de Sertão ou dAgreste et que ayant une économie sans production avec des localités qui produisent à peine pour la génération de richesses Entradas no índice Index de motsclés Alagoas les villes genèse ordre lurbanisation Index by keywords Alagoas cities genesis order urbanization Índice de palavraschaves Alagoas cidades gênese ordem urbanização Texto integral 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 317 Visualizar a imagem Mapa 1 Localização do Estado de Alagoas Brasil Iniciamos destacando que para apreendermos os alicerces do Estado de Alagoas amparamonos na sugestão de ordem espacial aspirando entender as ações humanas que intervêm na ordem espacial vigente em Alagoas Ordem espacial esta que Santos e Silveira 2008 se refere ao espaço explicado pelo seu uso 1 Acreditamos que conforme propõem Santos e Silveira 2008 o espaço se constitui de um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de ações Tratase de caracterizar uma situação que em cada área os objetos tendem a exercer certas funções e os respectivos processos são em grande parte submetidos ao papel regulador de instituições e empresas Assim cremos que esse papel regulador aqui proposto como teoria tenha influenciado a ordem espacial de Alagoas na prática 2 Por isso estamos propondo pensar sobre o nosso tema como uma ordem espacial vigente no Estado de Alagoas a partir do papel regulador de instituições e empresas que desencadeou essa ordem no Estado entre os séculos XVI e XXI 3 Metodologicamente destacamos que para entendermos a ordem espacial vigente em Alagoas remetemonos inicialmente à gênese dos núcleos embrionários preexistentes difundindo os processos determinantes para essa gênese e também para o acometimento de letargia eou impulsão assim buscando demonstrar como se processou a formação territorial do Estado de Alagoas Mapa 1 no que se refere à atual configuração com seus 102 municípios Mapa 2 cidades mesorregiões geográficas microrregiões geográficas regiões geográficas intermediárias e regiões geográficas imediatas 4 Então justificamos que um aspecto que estimulou a elaboração desse texto se refere à questão que envolve a investigação da origem dos lugares isto é a criação urbana como afirma Santos 2005 quando este autor se refere às primeiras cidades brasileiras 5 Destacamos que dependendo dos fatores determinantes que processem essa origem ou criação urbana e que intervenha no íntimo desse núcleo esse possa ou não se tornar 6 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 417 Fonte Acervo do LGA IGDema Ufal mar de 2003 Mapa 2 Alagoas PolíticoAdministrativo 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 517 Fonte Adaptado da Enciclopédia de Municípios de Alagoas Instituto Arnon de Mello maio de 2016 A organização territorial de Alagoas povoados vilas e até cidades pois não são todos os núcleos embrionários que instituem a essência urbana em seu interior ou que produzem um espaço urbano espaço urbano aqui empregado no ponto de vista de Corrêa 1989 7 Acrescentamos que essa discussão está amparada na proposta teórica de Corrêa 2001 quando se refere à complexidade genética do urbano e cita a rede urbana brasileira como constituída por um conjunto de centros datados de diversos momentos Recorremos também à concepção de Santos 2005 quando este destaca que no Brasil o processo pretérito de criação urbana pode ser definido como de geração de cidades semelhante a um processo de urbanização De modo inclusivo Santos 2005 destaca que No começo a cidade era bem mais que uma emanação do poder longínquo uma vontade de marcar presença num país distante 8 Ao mesmo tempo Santos e Silveira 2008 destacam que no Brasil relacionadas com as demandas do exterior formamse zonas econômicas e criamse famílias e gerações de cidades testemunhando uma sucessão de divisões territoriais do trabalho fundadas em graus diversos de tecnificação 9 Inicialmente destacamos que para tratar da formação do urbano em Alagoas é obrigatório recuar aos séculos XVI e XVII quando surgiram pioneiramente segundo Lindoso 2000 Penedo em 1570 às margens do Rio São Francisco Porto Calvo em 1590 no Norte de Alagoas e em 1636 denominada de Vila Santa Madalena da Lagoa do Sul atual Marechal Deodoro no centro de Alagoas todos na Zona da Mata mesorregião leste alagoano Destacamos que Alagoas antes era parte da capitania de 10 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 617 O primeiro estágio do povoamento em Alagoas Pernambuco e a localização desses polos de colonização era estratégica no sul da capitania na busca de impedir a incursão territorial principalmente dos holandeses Baseados em Reis Filho 1968 destacamos que as vilas eram quase todas fundadas pelos donatários das capitanias e as cidades eram quase todas fundadas pela Coroa o que as diferenciavam na ordem de criação relacionada também ao status Os três polos pioneiros de colonização no que se refere ao atual território alagoano foram instalados pelos donatários e que somente por outras ações impulsionadoras foram alçadas a condição de cidades No período em foco nenhum centro urbano na atual Alagoas teve sua gênese induzida pela Coroa diferente de Olinda e Salvador 11 Estes lugares ao longo de seu percurso foram acometidos de impulsão e posteriormente de repulsão e hoje são cidades mas perderam status pioneiros e até condição de capital a exemplo de Marechal Deodoro que foi a primeira capital de Alagoas com o nome de Alagoas da Lagoa do Sul e antes de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul assim como outros pequenos núcleos embrionários preexistentes Permaneceu letárgico Santa Luzia do Norte hoje cidade dormitório da Região Metropolitana de Maceió 12 Nessa perspectiva amparamonos em Santos 2005 quando se refere às cidades do período colonial que avultaram o que nos confere o uso deste termo como sinônimo de acometimento de impulso e nova lógica ao processo para justificar o estudo de impulsão ou de letargia de alguns lugares alagoanos aqui em debate no período colonial Destacamos também que as emancipações políticas desses lugares pioneiros ocorreram na condição de vilas como sedes municipais pois no Brasil colonial e imperial as vilas podiam também ser sedes de municípios Foi somente a partir do Decretolei n 311 de 02 de março de 1937 que se decreta que a sede do município tem categoria de cidade e lhe dá o nome 13 Nesse ínterim destacamos também o Rio São Francisco e os municípios que o rio margeia e a importância que este recurso natural teve no processo de urbanização do Estado de Alagoas Assinalamos que no passado os rios eram as estradas e o Rio São Francisco era considerado uma dessas importantes rotas 14 Nessa perspectiva é importante ressaltar que em Alagoas há lugares que surgiram ou foram implantados muito antes de cidades que hoje são importantes na rede urbana do Nordeste brasileiro o que nos leva a crer que algumas forças condenaram alguns lugares a letargia 15 Assinalamos assim que os alicerces do Estado de Alagoas isto é as ações humanas que intervieram na ordem espacial vigente em Alagoas confundemse com a história da ocupação do território brasileiro 16 Destacamos que foi através do litoral que começou todo o processo de ocupação colonial do Brasil No início toda a exploração e ocupação foram em torno das feitorias que eram postos de operações comerciais no clássico sentido mercantilista 17 No entanto é com a instalação das Capitanias Hereditárias que o processo de colonização se efetiva sendo que o cultivo da canadeaçúcar como atividade econômica básica estimulou os primeiros colonizadores a ocuparem a faixa costeira e a construir engenhos permitindo assim a fixação do colonizador a terra e a concentração demográfica tendo esse agrupamento se processado inicialmente em Pernambuco e no recôncavo baiano sendo que parte do sul da Capitania de Pernambuco é o atual Estado de Alagoas que se emancipou em 1817 18 Nessas circunstâncias destacamos que o processo de ocupação foi ao longo do tempo se efetivando e obedecendo a uma variação de estágios políticoeconômicos e grau variado de organização 19 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 717 Mapa 3 Alagoas Grupos Indígenas no século XVI Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 Somente na segunda metade do século XVI quando se verifica a excursão de Jerônimo de Albuquerque contra os Caetés que haviam sacrificado o Bispo D Fernandes Sardinha é que começam as explorações desta região Até então o território de Alagoas era quase ignorado tanto que Frei Vicente ao registrar a morte do Bispo referese vagamente ao lugar como situado entre Baía Bahia e Pernambuco É possível admitirse que haja partido de três focos iniciais o povoamento do território alagoano Um assentou no norte e teve Porto Calvo como núcleo de irradiação O segundo se situa no centro do litoral e se desenvolveu em torno das lagoas que deram nome ao povoado inicial Alagoa ou Alagoa do Sul ou Alagoa do Norte Prolongouse pelo Vale do Mundaú a cujas margens assentaram os fundamentos da economia local os engenhos de açúcar O terceiro foco situouse ao sul Penedo é o seu centro da expansão Até a primeira metade do século XVI o território que compõe o atual Estado de Alagoas era ocupado por tribos da nação TupiGuarani onde se destacam as subfamílias Cariris Chucurus Umaris Xicos Carapatos e Aconãs Mapa 3 20 Os primeiros indícios de transformações a partir das atividades determinadas pela colonização nesse espaço geográfico vão ocorrer após o segundo quartel do século XVI com o início do povoamento do território alagoano pelo colonizador como pode ser constatado com base em Diégues Junior 1980 21 Ainda conforme Diégues Junior 1980 destacamos que esse processo colonizador assim ocorreu 22 O estabelecimento desses núcleos e seu povoamento se fizeram segundo Altavilla 1988 alicerçados em bases sólidas do ponto de vista econômico a agricultura da canadeaçúcar localizada no norte e no centro litorâneo os campos de pecuária no sul 23 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 817 Mapa 4 Alagoas Ocupação nos séculos XVI e XVII Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 Mapa 5 Alagoas Ocupação nos séculos XVIII Em torno desses núcleos é que tem início a organização do território correspondente a atual Alagoas evidenciando que esta vai ocorrer com características determinadas pela agricultura e pecuária Estimase que nos séculos XVI o atual território alagoano abrangia uma área de 1900km² que no século XVII saltou para 6700 km² ou seja um aumento de 35 vezes Nesse ínterim pequenas povoações surgiram no litoral como Bom Jesus de Camaragibe São Bento Maceió Nossa Senhora do O Santo Antônio de Meirim e PoximMapa 4 24 No século XVII essa ocupação chegou a 13000km² quase o dobro do século anterior e desta forma se interiorizando ainda mais Mapa 5 25 Nos séculos XVII e XVIII a madeira as terras férteis a busca de ouro e prata os constantes saqueamentos e o contrabando do paubrasil segundo Altavilla 1988 foram os motivos que levaram os três núcleos pioneiros a permanecerem preferencialmente na região da mata e a margem do Rio São Francisco cabendo ao litoral a função de produção e escoamento da madeira e do açúcar para comercialização 26 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 917 Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 O segundo momento do povoamento no século XIX Mapa 6 Alagoas Ocupação no século XIX na sede da Capitania assim como intermediar o povoamento e a ocupação do restante do território estabelecendo todo movimento de relações comerciais com a Coroa Portuguesa 27 Durante esses primeiros três séculos foi observado que mesmo com o desmatamento a continuada exploração dos recursos naturais de base extrativista a expressiva população presente no litoral a intensidade de atuação e a rapidez com que essas modificações se processam foram pouco significativas 28 Assinalamos nesse período a instalação dos polos de colonização em 1580 as emancipações políticas desses polos pioneiros na condição de distritos em 1636 e o estabelecimento da comarca em 1706 no início do século XVIII 29 No século XIX essa ocupação alcançou apenas 15500 km² com Alagoas já independente se deu a configuração definitiva do seu território desmembrado da capitania de Pernambuco Mapa 6 30 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1017 Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 Da transformação acelerada até os dias atuais Segundo Altavilla 1988 em 1815 a povoação de Maceió foi desmembrada da Vila de Alagoas atual Marechal Deodoro e ampliada com sete léguas ao longo do litoral Esse desmembramento e ampliação ordenado por D João VI visavam à formação de uma base para o povoamento e colonização da região da mata em direção à região da praia Em 1817 ocorreu a emancipação política da comarca que com a independência do Brasil em 1822 passa a ser denominada de província de Alagoas 31 A rapidez com que ocorrem as mudanças nessa área a partir de então é vista pelo número de vilas que se estabeleceram pois segundo SantAna 1970 das oito vilas existentes no período em Alagoas quatro se localizavam a beira mar Maceió Porto Calvo Porto de Pedras e Poxim 32 Além da indústria do açúcar as atividades que se destacaram no Estado segundo SantAna 1970 foram a indústria da construção naval quando oito estaleiros foram instalados e em torno destes surgiram núcleos embrionários que se transformaram em cidades tais como Barra de São Miguel e São Luiz do Quintunde a indústria têxtil localizada em torno das lagoas Mundaú e Manguaba assim como também em São Miguel dos Campos e em Maceió 33 Em 1870 a população de Alagoas era composta por 341316 habitantes sendo que 98565 se encontravam no litoral representando 29 da população do Estado Cidade como Maceió segundo Tenório 1978 já apresentava no segundo quartel desse século com cerca de 53 ruas e várias povoações ou arrabaldes em torno do seu perímetro urbano 34 A intensidade de atuação e a rapidez com que essas modificações se processaram foram em relação ao momento anterior de forma mais significativas 35 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1117 A modernização tecnológica dos meios de produção a melhoria do sistema de produção e o continuado crescimento populacional e urbano despontam como os principais indicadores da transformação recente nesse espaço 36 A modernização tecnológica teve início com o aparecimento da usina de açúcar em substituição ao que chamou SantAna 1970 de obsoletos engenhos muito embora fosse preciso três décadas para que em Alagoas as usinas superassem os banguês denominação para os antigos engenhos 37 No entanto esse avanço tecnológico industrial não foi acompanhado pelo campo obrigando as usinas a aumentarem gradativamente os seus domínios territoriais adquirindo áreas para expansão da canadeaçúcar numa tentativa de restabelecer o equilíbrio de relações técnicas entre o campo e a fábrica Somente após a terceira década do século XX que sinais de modernidade passam a ocorrer no campo Diégues Junior 1980 38 Mas o indicador que melhor expressa o início da transformação recente nessa área é a implantação e melhoria do sistema viário principalmente o terrestre segundo Tenório 1978 Assim antes do início da terceira década do século XX foram construídos mais de 400 quilômetros de estradas ligando Maceió à sede dos municípios e ao Estado de Pernambuco pelo litoral facilitando o transporte de carga de passageiros e principalmente do açúcar 39 Por outro lado a navegação a vapor já encontrava dificuldade de maior penetração devido ao intenso assoreamento nos rios e lagoas que atualmente apenas canoas e lanchas conseguiam transitar principalmente nas lagoas Mundaú e Manguaba Diégues Junior 1980 40 Entretanto é a partir de 1950 que se observa uma transformação mais intensa no espaço geográfico do litoral alagoano com a expansão da canadeaçúcar sobre os tabuleiros costeiros Se ao longo de toda a história a vegetação natural dos tabuleiros litorâneos constituídos por florestas tropicais foi sacrificada para obtenção da madeira combustível e carvão a partir dessa época passa a ser alvo da expansão agrícola principalmente do cultivo da canadeaçúcar 41 Essa expansão da canadeaçúcar localizada nas várzeas e encostas da Zona da Mata foi aos poucos sendo transferida para os tabuleiros costeiros Segundo Haynes 1970 em Alagoas o primeiro uso satisfatório do plantio da canadeaçúcar nos tabuleiros ocorreu em 1956 42 Tavares 1975 p123 notifica que em 1968 a reserva florestal de Alagoas foi estimada em 200000 hectares denunciando que parte dessas florestas estivessem sendo derrubadas em corte raso para em seu lugar se instalarem lavouras acrescentando que algumas florestas estudadas tenham sido substituídas pelos canaviais 43 Os fatores que levaram o cultivo da canadeaçúcar para os tabuleiros foram a modernização da agroindústria açucareira pela ampliação da capacidade de produção exigindo maior área cultivada nos anos sessenta e posteriormente na década de setenta devido à criação do PROALCOOL Programa Nacional do Álcool FIPLAN 1978 44 Comparando mapeamentos realizados com base em fotografias aéreas de 1965 e imagem de satélite de 1989 da cobertura vegetal da área do complexo Lagunar Mundaú Manguaba verificouse esse avanço da canadeaçúcar nos tabuleiros nesse período Os tabuleiros litorâneos que em 1965 eram cobertos por remanescentes de matas costeiras deram lugar à expansão da canadeaçúcar a partir de 1989 Calheiros1994 45 Calheiros 1994 atesta que através de um trabalho de reconhecimento realizado no litoral de Alagoas em setembro de 1990 verificouse que a canadeaçúcar ultrapassou os limites fisiográficos dos tabuleiros chegando ao limite oeste desta área litorânea 46 Em decorrência não só da produção de açúcar mas com a criação do PROALCOOL Programa Nacional do Álcool na década de 1970 responsável pela expansão da canadeaçúcar observouse que ocorreu a implantação de unidades autônomas e anexas de produção de álcool na área dos municípios litorâneos destacandose no litoral norte as destilarias anexas da Usina 47 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1217 Mapa 7 Alagoas Hierarquia dos municípios segundo IBGE em 2008 Camaragibe e Santo Antônio e a Destilaria Maciape no centro do litoral a Destilaria Anexa da Usina Sumaúma e a Destilaria Autônoma Roteiro e no litoral sul a Destilaria Anexa Coruripe e Autônoma Paisa Calheiros 1994 Nessa mesma década o parque industrial alagoano passava por mudanças importantes em suas características Segundo Lima 1982 até 1970 as inversões se deram principalmente no ramo da indústria mecânica ligada principalmente à modernização do cultivo e beneficiamento da canadeaçúcar 48 Porém a partir de 1970 com a implantação da SALGEMA Indústria Química SA ocorreram mudanças substanciais em Alagoas quando essa indústria química se instala na cidade de Maceió Alagoas 1984 49 De início essa indústria pretendia exportar cloro de Alagoas para o mercado do centro sul do país Na dificuldade de colocação do produto in natura no mercado a solução foi a implantação de um Polo CloroÁlcoolQuímico de Alagoas na década de 1980 50 Este polo industrial além das alterações provocadas pela sua localização obrigou o estabelecimento de uma infraestrutura viária Para interligar a indústria de transformação do salgema com o Polo CloroÁlcoolQuímico e este a rodovia BR101 foi construída a rodovia AL101 cujo trajeto pela planície litorânea obrigou a edificação de duas pontes sobre os canais das lagoas Mundaú e Manguaba Sua continuidade se fez sobre os terraços flúviomarinhos até o acesso ao polo com a rodovia BR101 seguindo até a Barra de São Miguel 51 Somando a essas intervenções a partir da década de 1980 com a concepção de um polo turístico em Alagoas ocorreu o estímulo para a instalação de uma infraestrutura turística tanto em Maceió como em todo o litoral do Estado promovendo o crescimento dessa importante atividade que se desenvolvia baseada no turismo de sol e mar 52 Baseados em Gomes 2001 destacamos que mesmo com essa realidade apresentada Alagoas ainda tem uma economia definida como economia sem produção com localidades que quase não produzem para a geração de riquezas Cenário este que demanda determinadas reflexões para o seu entendimento diferenciado 53 Avultamos que Maceió é polo atrativo tanto como centro comercial como também como centro prestador de serviços em especial na área de saúde e educação Tal fato gera fluxo de pessoas assim como uma convergência de interesses políticos institucionais dos municípios que compõem a região metropolitana e o Estado de Alagoas SILVA 2017 54 No que se refere à hierarquia dos municípios alagoanos segundo o IBGE 2008 apontamos que Maceió é considerado como Capital Regional A seguida como Capital Regional C Arapiraca Centro SubRegional B Santana de Ipanema Centros de Zona A Palmeira dos Índios Penedo São Miguel dos Campos e União dos Palmares Centros de Zona B Batalha Delmiro Gouveia Olho dÁgua das Flores Pão de Açúcar e Porto CalvoMapa 7 55 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1317 Fonte IBGE92008 Regiões de Influências das Cidades 2007 REGIC Rio de janeiro IBGE 2008 Mapa 8 O estado de Alagoas no contexto regional nordestino Ao observarmos a imagem 01 é possível visualizar a configuração do Estado de Alagoas no que se refere à dimensão territorial e às mesorregiões verificando que no mesmo se distribuem 26 municípios na mesorregião do Sertão Alagoano 24 municípios na mesorregião do Agreste Alagoano e 52 municípios na mesorregião do Leste Alagoano 56 Observase que os três municípios com maior número de vínculos se destacam como centros das três mesorregiões Leste Alagoano Agreste Alagoano e Sertão Alagoano sucessivamente e estabelecem um eixo no sentido da penetração no território alagoano na direção litoralinterior seguidos de municípios distribuídos nas três mesorregiões com destaque para o Leste Alagoano 57 Verificamos em Araújo Gomes e Santos Filho 2013 que a situação recente da economia alagoana e dos 102 municípios está diretamente relacionada à formação econômica do Brasil nos séculos XVI e XVII através da empresa agrícola exportadora 58 Também Araújo Gomes e Santos Filho 2013 atestam que os municípios do Sertão alagoano são caracterizados como economias sem produção em função da ausência de atividade industrial e agropecuária Os municípios quase não têm dinâmica econômica 59 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1417 Fonte Silva A N e Silva P R de F Relatório Final PIBIC UFAL 20152016 Considerações finais já que a produção de bens é muito reduzida e os mesmos são dependentes da renda dos aposentados e dos repasses do fundo de participação dos municípios por não haver arrecadação própria Os aposentados representam uma classe média e os funcionários públicos pagos com a receita do fundo de participação dos municípios são os detentores de renda gerando um comércio local 60 Acrescentamos também baseados em Carvalho 2014 que sem os programas estatais os municípios de Alagoas não teriam movimento comercial o quadro de miséria seria muito maior e a tensão social e a violência seriam explosivas 61 O Estado de Alagoas possui uma ordem espacial composta por 102 municípios três mesorregiões treze microrregiões duas regiões geográficas imediatas onze regiões geográficas imediatas e nove regiões metropolitanas configurando uma sobreposição de regionalizações e territorializações no Estado 62 Há uma relativa distribuição da hierarquia urbana no território alagoano sendo que Maceió e sua Região Metropolitana estão no topo da hierarquia e bem à frente dos demais no que se refere à demografia oferta de serviços equipamentos entre outros A mesma vem se desenvolvendo como centro econômico do Estado tradicionalmente concentradora da renda e população destacandose no setor de serviços porém sem dinâmica suficiente para absorver o grande contingente de trabalhadores que 63 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1517 Bibliografia migram para a cidade devido à crise na produção sucroalcooleira e às estiagens constantes no polígono das secas entre outras questões que envolvem o Sertão tal como referente às questões fundiárias Já Arapiraca é seguida por Palmeira dos Índios ambas localizadas no Agreste e Santana do Ipanema no Sertão A importância de Arapiraca no centro geográfico do Estado é uma mudança no cenário urbano estadual que a torna um importante polo de serviços e comércio uma cidade definida como média A permanência da importância de Palmeira dos Índios no Agreste e de Santana do Ipanema no Sertão demonstra que apesar da diminuição do valor das mesmas essas cidades continuam figurando como polos importantes A ascendência de Delmiro Gouveia no Sertão como um dos municípios classificados como polo de importância ocorre mesmo não concentrando atividade agrícola e pecuária significativas mas porque tem renda proveniente dos royalties da Chesf e tem um polo de serviços com o campus da UFAL do Sertão de bancos e de um comércio que influencia sua hinterlândia 64 Vale salientar que essa hierarquia não é rígida e os avanços ocorridos nas redes de transporte e comunicações repercutem na redefinição dessa hierarquia num futuro próximo Porém ao que tudo indica o quadro de desigualdade socioespacial permanece em Alagoas onde a urbanização do presente tem essa marca histórica da pobreza e onde as dinâmicas econômicas do presente determinam novas desigualdades gerando um debate necessário 65 ALAGOAS Seplancoordenação do meio ambiente A permanente poluição atinge a costa brasileira In Os Segredos da Costa Brasileira Maceió a 2 n 18 1984 sp Setor de Educação Ambiental Altavilla J de História da civilização das Alagoas 8a Maceió EDUFAL 1988 138 p Araújo A H dos S e Gomes Fábio G e Santos Filho José Emílio dos Composição financeira dos municípios alagoanos com ênfase na lei de responsabilidade fiscal 19992010 Revista Economia Política do Desenvolvimento online Maceió v 6 n 17 p 6584 maioago 2013 Calheiros Silvana Quintella Cavalcanti Impactos na cobertura vegetal do complexo estuarino lagunar MundaúManguaba de 1965 a 198090 180p UNESP Campus de Rio Claro 1994 Dissertação de Mestrado 137p Carvalho Cícero Péricles de Formação histórica de Alagoas 3ª Edição rev e ampl Maceió EDUFAL 2015352 p Economia Popular uma via de modernização para Alagoas 6 ed EDUFAL Maceió 2014 Corrêa Roberto Lobato Trajetórias Geográficas Bertrand Brasil Rio de Janeiro 2001 O Espaço Urbano Editora Ática São Paulo 1989 Diégues Junior M O bangue nas Alagoas traços da influência do sistema econômico do engenho de açúcar na vida e na cultura regional 2ª Ed Maceió EDUFAL 1980 215p FIPLAN Fundação instituto de planejamento Secretaria de Planejamento Atividade agroindustrialaçucareira alagoana Maceió AL 1978 197 p Gomes G M Velhas Secas em Novos Sertões continuidade e mudanças na economia do semiárido e dos cerrados nordestinos IPEA Brasília 2001 Haynes J L Uso agrícola dos tabuleiros costeiros do Nordeste do Brasil um exame das pesquisas 2 ed Recife 1970 SUDENE USAID IBGERegiões de Influências das Cidades 2007 REGIC Rio de janeiro IBGE 2008 Lima LMCA de Industrialização e organização do espaço urbano O caso de Maceió Recife Universidade Federal de Pernambuco 1982 p 92 Dissertação mestrado área de concentração UFPE 1982 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1617 Índice das ilustrações Título Mapa 1 Localização do Estado de Alagoas Brasil Créditos Fonte Acervo do LGA IGDema Ufal mar de 2003 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img1png Ficheiro imagepng 247k Título Mapa 2 Alagoas PolíticoAdministrativo Créditos Fonte Adaptado da Enciclopédia de Municípios de Alagoas Instituto Arnon de Mello maio de 2016 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img2jpg Ficheiro imagejpeg 348k Título Mapa 3 Alagoas Grupos Indígenas no século XVI Créditos Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img3jpg Ficheiro imagejpeg 284k Título Mapa 4 Alagoas Ocupação nos séculos XVI e XVII Créditos Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img4png Ficheiro imagepng 15M Título Mapa 5 Alagoas Ocupação nos séculos XVIII Créditos Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img5jpg Lindoso Dirceu Formação de Alagoas Boreal Catavento Maceió 2000 Reis Filho Nestor Goulart Evolução Urbana do Brasil Universidade de São Paulo São Paulo 1968 SantAna M M de Contribuição à história do açúcar em Alagoas Recife IAA Museu do Açúcar 517p 1970 Santos Milton A Urbanização Brasileira 5 ed EDUSP São Paulo 2005 Santos Milton e Silveira Maria Laura O Brasil território e sociedade no início do século XXI 12 ed Record Rio de Janeiro 2008 Silva Aline Neves e Silva Paulo Rogério de Freitas A institucionalização das regiões metropolitanas das Alagoas o desafio do planejamento regional A institucionalização das regiões metropolitanas das Alagoas Relatório Final PIBICUFAL 20152016 Silva Paulo Rogério de Freitas A regionalização como expressão do livre arbítrio nas institucionalizações das regiões metropolitanas do estado de Alagoas Revista de Geografia Recife V 34 Nº 2 2017 Tavares S Et Alli Nova contribuição para o inventário florestal de Alagoas Recife SUDENE Div Reprografia 1975 1144 p Série Recursos Vegetais 1 Tenório DA Visão geral da Província de Alagoas no Segundo Reinado SCIENTIA AD SAPIENTIAN v 1 n2 p 5870 1978 25052020 O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino httpsjournalsopeneditionorgconfins21096tocto1n1 1717 Ficheiro imagejpeg 320k Título Mapa 6 Alagoas Ocupação no século XIX Créditos Fonte Adaptado do Guia do meio ambiente litoral de Alagoas In SALLES Valéria Plan e Coord 3 ed Maceió Projeto IMAGTZ 1995 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img6jpg Ficheiro imagejpeg 328k Título Mapa 7 Alagoas Hierarquia dos municípios segundo IBGE em 2008 Créditos Fonte IBGE92008 Regiões de Influências das Cidades 2007 REGIC Rio de janeiro IBGE 2008 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img7jpg Ficheiro imagejpeg 284k Título Mapa 8 O estado de Alagoas no contexto regional nordestino Créditos Fonte Silva A N e Silva P R de F Relatório Final PIBIC UFAL 20152016 URL httpjournalsopeneditionorgconfinsdocannexeimage21096img8png Ficheiro imagepng 371k Para citar este artigo Referência eletrónica Paulo Rogério de Freitas Silva e Silvana Quintella Cavalcanti Calheiros O Estado de Alagoas no contexto regional nordestino Confins Online 41 2019 posto online no dia 14 setembro 2019 consultado o 25 maio 2020 URL httpjournalsopeneditionorgconfins21096 DOI httpsdoiorg104000confins21096 Autores Paulo Rogério de Freitas Silva Universidade Federal de Alagoas UFALInstituto de Geografia Desenvolvimento e MeioAmbiente IGDEMA paulgeografiagmailcom Silvana Quintella Cavalcanti Calheiros Universidade Federal de Alagoas UFALInstituto de Geografia Desenvolvimento e MeioAmbiente IGDEMA qsilvanauolcombr Direitos de autor Confins Revue francobrésilienne de géographie est mis à disposition selon les termes de la licence Creative Commons Attribution Pas dUtilisation Commerciale Partage dans les Mêmes Conditions 40 International