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Texto de pré-visualização
EDUCAÇÃO CORPORATIVA A PROPOSTA EMPRESARIAL NO DISCURSO E NA PRÁTICA Daniele Cruz RESUMO Análise do modelo de Educação Corporativa adotado pela Leader Magazine e as expectativas dos funcionários sobre suas trajetórias em termos de apropriação de conhecimentos e crescimento profissional Um estudo de caso crítico com análise docu mental e entrevistas O referencial abordou as mudanças que influenciaram o cenário global e a influência do empresariado sobre as políticas de educação nas três últimas décadas Nos resultados vemos que embora a empresa no discurso apresente a Escola de Varejo como uma política formal de EC na prática se reduz a ações isoladas com cursos na maioria comportamentais A proposta voltouse para objetivos estratégicos focando no mercado não levando em conta os interesses dos funcionários Apesar de a empresa considerar sua política relevante os funcionários desconhecem a EC como um modelo educacional e encaram as ações como cursos pontuais acreditando porém que o trabalho desenvolvido pela empresa de fato contribui para o seu crescimento PalavrasChave Educação Corporativa Trabalho e Educação CORPORATE EDUCATION A COMPANY PROPOSAL IN THEORY AND PRACTICE ABSTRACT To analyze the Corporate Educational CE model adopted by Leader Magazine and the employees expectations about their development due to knowledge acquisition and professional improvement A critical case study with documental analysis and inter views The referential discussed the changes occurred in the last three decades that influ enced the global scenario and the influence of business people upon educational poli cies As a result we noticed that although companies speak of the Retail Education as a formal CE policy in practical terms it is reduced to a few isolated actions offering behavioral courses on its majority The proposal was aimed at strategic objectives focus ing on the market and without considering the interests of the employees Although the company regards its policies as relevant the employees have failed to recognize the CE as an educational model and regard the actions as specific courses believing however that the work developed in the company really contributes for their personal and profes sional development Keywords Corporate Education Work and Education 337 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá UNESA Membro do Grupo de Pesquisa em Trabalho e Educação da Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ Professora da Rede Estadual do Rio de Janeiro Email andreedanigcombr Introdução As mudanças ocorridas na economia nos últimos anos nos remete também às mudanças no campo educacional Em função do qua dro existente o país precisa se desenvolver e investir em tecnologia e edu cação Como resposta à crise capitalista que se inicia nos anos 1970 no plano internacional e as mudanças que ocorrem na sociedade como con sequência várias estratégias vêm sendo adotadas pelo empresariado ao longo dos anos no sentido de alinhar economia e educação em prol dos objetivos da produtividade Entre estas está a educação corporativa No contexto atual em que o discurso hegemônico é o da valo rização do homem do capital intelectual NONAKA TAKEUCHI 1997 e da chamada sociedade do conhecimento SVEIBY 2001 inte ressa analisar criticamente o papel central da educação e nessa mesma via por um lado a intenção das empresas em assumirem um papel educacio nal que até então cabia ao Estado e às escolas e por outro ouvir o traba lhador objeto desse processo com suas expectativas seu real retorno Este artigo tem como objetivo analisar no campo do trabalho e da educação o modelo de educação corporativa adotado por uma empre sa brasileira privada de médio porte do ramo varejista e as expectativas dos funcionários que participaram dos programas educacionais sobre suas trajetórias São discutidas igualmente as mudanças ocorridas nas últimas décadas que definitivamente influenciaram todo o cenário global são abordados o papel e a influência que o empresariado atualmente tem sobre as ações de educação assim como o modelo de educação corpora tiva adotado nas empresas Mudanças no mundo do trabalho e implicações para a educação O contexto de mudanças no mundo do trabalho que vivencia mos na sociedade contemporânea tem suas origens na crise dos anos 70 do século passado A era do capitalismo monopolista entre 1945 e 1975 chamada Era de Ouro HOBSBAWM1995 caracterizada pelo padrão de acumulação fordista com produção em série consumo de massa orga nização prescrita do trabalho com trabalho fragmentado e separação entre elaboração e execução entra em crise nas décadas que se seguiram 338 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Até os anos 1970 vigorava o modelo de organização fabril com base no fordismotaylorismo e este padrão de acumulação do capital a partir da crise do petróleo em aproximadamente 1973 precisou se rees truturar buscando novas formas de organização da produção e do traba lho Esse esforço de reorganização econômica política e ideológica do capital resulta em um novo modelo de acumulação flexível que se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho produtos e padrões de consu mo e envolve várias mudanças como explicita Frigotto 1995 p 144 Os novos conceitos abundantemente utilizados pelos homens de negócio e seus assessores globalização integração flexibilidade competitividade qualidade total participação pedagogia da qualidade e defesa da educação geral formação polivalente e valorização do trabalhador são uma imposição das novas for mas de sociabilidade capitalista tanto para estabelecer um novo padrão de acu mulação quanto para definir as formas concretas de integração dentro da nova reorganização da economia mundial FRIGOTTO 1995 p 144 Esse novo padrão de acumulação serve assim como pano de fundo para que a sociedade capitalista instaure suas novas bases econômi cas políticas e ideológicas demandando um novo tipo de trabalhador mais qualificado mais flexível mais envolvido com a produção com as chamadas novas competências DELUIZ 1996 2001 reforçando ainda mais a exclusão social daqueles que não adquiriram essas habilidades e competências O modelo de educação profissional anterior ao ter como hori zonte produtivo o fordismotaylorismo orientavase para a qualificação operacional adequada àquela forma de organização técnica do trabalho já no modelo de acumulação flexível o trabalhador será valorizado ou não no mercado por suas competências Bianchetti 2001 fornece elementos para descrermos da homo gênea intelectualização das novas formas de trabalho ao comentar o esforço de objetivação expropriação despersonalização e padronização dos gestos e atitudes a apropriação e a sistematização do conhecimento tácito do trabalhador Santos 2004 p 10 ratifica essas ideias ao apontar que Desmascarase o hipotético pacto capitaltrabalho do fordismo mas apelase para o engajamento afetivo do trabalhador na organização Com a mudança do padrão de acumulação desenvolvese a Teoria do Capital Intelectual No paradigma anterior vigorava a Teoria do 339 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Capital Humano TCH cujo ideário residia na relação de proporção entre escolaridade e renda na causalidade entre patrimônio escolar e salá rio O capital humano era considerado como um estoque de habilidades atitudes e valores e de saúde do trabalhador aliado às metas objetivos missão e cultura da empresa Segundo a Teoria do Capital Humano quan to maior a educação a escolaridade maior a possibilidade de aumento da renda do indivíduo e consequentemente do desenvolvimento de uma nação SCHULTZ 1973 Em outras palavras quanto maior a escolariza ção melhor a condição de vida devido ao aumento de sua renda já que mais qualificado o sujeito tem melhor desempenho no mercado de traba lho e maiores ganhos Na segunda teoria a Teoria do Capital Intelectual TCI são mais importantes as habilidades pessoais subjetivas Hoje tentase objetivar expropriar e controlar o conhecimento tácito que segundo Nonaka e Takeuchi 1997 p 33 é altamente pessoal por ser de difícil formalização sua transferência para os outros também á árdua Consiste de modelos mentais crenças e perspectivas tão arraigadas que são tidas como algo certo não sujeitas a fácil manifestação Sendo possível o controle do conhecimento tácito são asseguradas também a produção e a circulação do conhecimento no âmbito da própria empresa Para Santos 2004 o surgimento da Teoria do Capital Intelectual associada ao movimento da educação corporativa revela mais do que a simples retomada de uma elaboração teórica gerada em uma fase hegemô nica do capital pois ao analisar as duas teorias é latente a diferença da participação do Estado Segundo a autora a Teoria do Capital Humano que tinha como ponto central a alocação da atividade educacional como componente da produção vigorava o Estado de Bem Estar social e o capital atribuía ao poder público o papel de protagonista das ações educativas Hoje na cha mada Teoria do Capital Intelectual no contexto do Estado mínimo neo liberal o capital assume para si a função de dirigente de projetos educa cionais materializados em programas de educação corporativa A gestão organizacional orientada pela ótica hegemônica também tem se esforçado por construir o espírito adesista no âmbito interno das organizações Éboli 2004 e Meister 1999 retratarão esse discurso como fundamental no modelo de educação para o atual padrão de acumulação Para Santos 2004 hoje existem apelos ao novo papel do líder que deve motivar e sensibilizar diferentemente do supervisor fordista 340 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 taylorista que tinha a função de controlar Essa relação de cooptação para a autora revela uma tentativa de controle da subjetividade do trabalhador Como aponta Harvey 1992 p 119 A disciplinação da força de trabalho para os propósitos de acumulação do capital um processo como vou me referir de modo geral como controle do trabalho é uma questão muito complicada Ela envolve em primeiro lugar alguma mistura de repressão familiarização cooptação e cooperação elementos que têm de ser organizados não somente no local de trabalho como na sociedade como um todo A socialização do trabalhador nas condi ções de produção capitalista envolve o controle social bem amplo das capaci dades físicas e mentais A educação o treinamento a persuasão a mobiliza ção de certos sentimentos sociais a ética do trabalho a lealdade aos compa nheiros o orgulho local ou nacional e propensões psicológicas a busca da identidade através do trabalho desempenham um papel e estão claramen te presentes na formação de ideologias dominantes cultivadas pelos meios de comunicação de massa pelas instituições religiosas e educacionais pelos vários setores do aparelho do Estado HARVEY 1992 p 119 Empresariado e educação Rodrigues 1998 e Bianchetti 2005 apontam o interesse do capital na educação e discutem as relações entre empresa e escola nas últi mas décadas o que nos permite entender esse caminhar ao longo dos anos Nas décadas de 19601970 a empresa demandava à universidade e às escolas técnicas os profissionais de que precisavam principalmente no predomínio do paradigma tayloristafordista segundo o qual muitos eram formados no SENAI e no CEFET por exemplo A partir dos anos 1980 as empresas organizam setores de recursos humanos visando entre outros aspectos ao treinamento e ao desenvolvimen to dos funcionários em questões pontuais objetivando adaptálos às mudanças técnicas gerenciais e organizacionais Um terceiro momento mais recente a partir dos anos 1990 caracterizase por iniciativas da própria empresa ado tando escolas públicas aproximandose da comunidade como o programa amigos da escola1 amplamente divulgado pela mídia e ainda pela criação de escolas em seu interior via parceria com estados e municípios contando com professores públicos para formar seus funcionários como por exem plo o projeto Escola na Fábrica QUARTIERO BIANCHETTI 2005 341 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Sobre essa aproximação do empresariado com as escolas Fidalgo 1999 p 147148 constata Na sua implementação eles sugerem o estabelecimento estratégico de parce rias entre as empresas e as escolas públicas que na realidade pode vir a repre sentar a perda da autonomia da escola face aos interesses empresariais É inte ressante notar que quando falam de parceria os empresários usam a expres são adotar escolas o que sugere a colocação destas instituições sob custó dia e possivelmente sob o jugo do adotante É como se a escola ganhasse um pai que diz sempre saber exatamente o que é melhor para seus filhos FIDALGO 1999 p 147148 Além dos investimentos em tecnologias é fundamental para as empresas o investimento no campo social e como a educação é conside rada um dos pilares para o desenvolvimento essa é uma das áreas e que as empresas vêm atuando efetivamente das mais variadas formas dada a carência educacional da força de trabalho brasileira e os problemas institucionais para reverter esse quadro tornouse necessário que as empresas investissem recursos em áreas tradicionalmente de responsabilidade do Estado Isto é apesar do custo as empresas líderes resolveram o pro blema da carência de mãodeobra SENAI DESAFIOS E OPORTUNI DADES 1994 p 33 apud RODRIGUES 1998 p 119 Atualmente a própria empresa cria suas escolas e universidades as chamadas Universidades Corporativas para garantir uma educação sob medida MEISTER 1999 EBOLI 2004 Sob a medida do capital evidentemente mas essa educação por sua vez segundo Santos 2004 não prescinde do Estado financiador ou seja as empresas querem deter minar o modelo de educação mas não querem arcar sozinhas com esse investimento2 querem que o Estado também pague por isso seja dire tamente seja por meio de Secretarias de Educação por exemplo com pro gramas como o PROUNI Universidade para todos e por contrapar tida fiscal Sob a influência das agências internacionais a políticas educacionais são desenvolvidas objetivando o fortalecimento da reprodução do capital Ao mesmo tempo cada vez mais tornase evidente o quanto vários administra dores estaduais e municipais instituem mecanismos voltados diretamente à diminuição da publicização do espaço público abrindo para um conjunto 342 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 maior de instituições privadas tais como escolas privadas ONGs etc a pos sibilidade de disputar o fundo público Medidas estas que representam a dimi nuição do controle do estado sobre a educação e conseqüentemente a priva tização do sistema educacional OLIVEIRA 2001 p5 Manangão 2003 ao analisar o cenário atual aponta que no modelo neoliberal fazse apologia à privatização transferindose para a iniciativa privada a responsabilidade de atender às demandas que o Estado não administra ou soluciona Como diz Santos 2004 se o mercado inter fere na educação e se se julga autoridade para planejar essas políticas a educação corporativa tende a se estabelecer como um modelo que se ori gina do mercado e a ele se volta Surge assim como forma de mercanti lização da educação que segundo a autora significa a ausência do papel do Estado em oferecer educação profissional de qualidade a todos Significa um ajuste restrito da educação profissional às leis do mercado implican do um caráter reducionista da mesma Resta saber que papel essa educa ção vai assumir a partir das novas formas de organização do trabalho Educação corporativa histórico objetivos concepções métodos Utilizase o termo educação corporativa desde a década de 1950 quando a General Eletric lançou a Crotonville 1955 QUARTIE RO BIANCHETTI 2005 Sua origem é nos Estados Unidos quando muitas empresas determinadas a tornaremse líderes empresariais na eco nomia global lançaram a educação corporativa com veículo para ganhar vantagem competitiva MEISTER 1999 Nessa década só nos Estados Unidos essas instituições passaram de 400 para 2000 e estimativas indi cam que no Brasil temos pelo menos 50 das chamadas universidades corporativas Para a autora que é uma das precursoras da fase contemporânea do movimento a educação corporativa é mais do que um processo é um trabalho em andamento e a define como um guardachuva estratégi co para o desenvolvimento e a educação de funcionários clientes e forne cedores buscando otimizar as estratégias organizacionais além de um laboratório de aprendizagem para a organização e um pólo de educação permanente MEISTER 1999 p 8 343 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Segundo Meister 1999 o modelo de educação corporativa é sustentado por cinco grandes forças do cenário global o surgimento da educação por processos horizontalizada e flexível a emergência da ges tão do conhecimento a volatilidade da informação e a obsolescência do conhecimento o foco na empregabilidade educar para o trabalho não para o emprego e a mudança no foco da educação geral As empresas mais bemsucedidas ao invés de esperar que as escolas tornem seus currículos mais relevantes para a realidade empresarial resolveram per correr o caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da empresa Abandonaram o paradigma de que a educação seria um capítulo da responsa bilidade social da empresa e passaram de forma muito pragmática a entender que o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de capacitação em todos os níveis de seus funcionários fornecedores principais clientes e até mesmo membros da comunidade onde atuam MEISTER 1999 p xv A autora afirma que a educação corporativa é uma iniciativa organizacional que visa a garantir um processo contínuo e estruturado de aprendizagem vinculada a objetivos estratégicos Ela pode ser definida como um sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências cujo papel é o de servir de ponte entre o aprimoramen to pessoal e a estratégia de atuação da instituição Constituise numa forma inteligente de as organizações assumirem o domínio do negócio de educação e treinamento garantindo o melhor aproveitamento de recursos e vinculando os programas de treinamento à produção de competências necessárias para as estratégias do negócio Para Meister 1999 o objetivo da educação corporativa é obter um controle mais rígido sobre o processo de aprendizagem vinculando de maneira mais estreita os programas de aprendizagem a metas e resultados estratégicos reais da empresa A essência da organização do século XXI está em trabalhadores com conhecimento culturalmente diverso Nela trabalho e aprendizagem são essencialmente a mesma coisa com ênfase no desenvol vimento da capacidade do indivíduo de aprender MEISTER 1999 p 2 E completa que por educação corporativa entendese um conjunto de práti cas educacionais contínuas com visão estratégica de negócios que possibili tam maior entrosamento do capital intelectual de uma organização Vianna 2004 p 1 salienta que na expressão universidade cor porativa o uso do termo corporativo significa que ela é vinculada a uma 344 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 corporação e que serviços educacionais não são sua atividadefim Da mesma forma o termo universidade não deve ser entendido dentro do contexto do ensino superior o qual designa a educação de estudantes e o desenvolvimento de pesquisa em várias áreas do conhecimento Para o autor na universidade corporativa a educação os programas de capaci tação o desenvolvimento de competências e as pesquisas estarão relacio nadas sempre à área do negócio da empresa e fundamentalmente ao seu posicionamento estratégico VIANNA 2004 p 1 Para Meister 1999 p 35 entretanto o uso dessa metáfora o termo universidade cria a imagem da grande finalidade da iniciativa da educação ou ensino corporativo que é prometer aos participantes e a seus patrocinadores que a universidade corporativa irá preparálos para o sucesso no trabalho atual e na carreira futura Segundo a autora o uso desse termo ajudou a dar ao programa a marca de que ele precisava para decolar A educação corporativa é um conceito que emerge no discurso empresarial como uma possibilidade ao processo de aprendizagem contí nua que tanto se espera do trabalhador uma tentativa de preencher lacu nas e descompassos causados pelo ensino e pelas universidades que o capital julga tradicionais Entretanto não há dúvidas de que isso torna mais explícita a mercantilização da educação indo ao encontro das pres crições do Banco Mundial a respeito de como devem ser discutidas enca minhadas e elaboradas as questões relacionadas à educação QUARTIE RO BIANCHETTI 2005 Santos 2004 p 3 compreende o surgimento desse modelo de formação como a estratégia atualmente considerada a mais adequada pelo capital para a reprodução da força de trabalho explicitada nas suas tentati vas ao longo dos anos de se apropriar da educação Com a educação cor porativa trabalho e aprendizagem sobrepõemse nas empresas QUAR TIER BIANCHETTI 2005 p 10 no entanto os autores enfatizam De espaços e tempos claramente delimitados com especificidades que as caracterizavam a escola concebida como lócus de ensino e de aprendiza gens a empresa como campo de aplicação de conhecimentos adquiridos em outro tempo e lugar passase para uma situação onde o lócus espaçotem poral de ensino e de aprendizagem e o da produção de bens materiais e bens intangíveis já não conhecem mais as rígidas delimitações que caracterizavam a relação entre essas instituições QUARTIER BIANCHETTI 2005 p 10 345 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Como vimos são comuns na educação corporativa os argu mentos de desvalorização da educação tradicional por não se voltar para a formação de competências para o trabalho mas Santos 2004 p 9 res salta as contradições no discurso empresarial O discurso dominante propaga a exigência de maior escolaridade mas diz considerar na avaliação da força de trabalho as competências não a qualifi cação propaga a necessidade de competências mas novas formas de trabalho não exigem necessariamente nem maior qualificação nem maior competên cia divulga amplamente que o novo trabalhador deverá ser capaz de lidar com os eventos deflagradores das competências definidos essencialmente por seu caráter de imprevisão e criatividade no trato mas investe recursos inestimá veis no controle e padronização das ocorrências do trabalho afirma formal mente a valorização das competências que pertencem à esfera privada do indivíduo mas persegue incansavelmente formas cada vez mais elaboradas de objetivar expropriar e padronizar o conhecimento tácito gerando o parado xo da complexificação do trabalhador coletivo e simplificação e esvaziamen to do trabalhador individual que ao ser descartado não deixa marcas pes soais pois seu valor já foi agregado à mercadoria e ao processo coletivo de trabalho SANTOS 2004 p 9 A educação corporativa entre o discurso e a prática estudo de caso da Leader Magazine Em pesquisa quantiqualitativa realizada na Leader Magazine3 foram analisados os dados baseados em entrevistas com trabalhadores de lojas setores e cargos variados Essas entrevistas abrangeram 26 funcio nários que correspondem a 1 do corpo funcional de toda a empresa 2 dos funcionários do Grande Rio e 72 dos funcionários da região de Niterói e São Gonçalo onde está estabelecida a sede da empresa e onde a pesquisa foi realizada Além das falas dos funcionários buscouse anali sar a fala da empresa em Gouvêa 2004 e em entrevistas com o pessoal de Recursos Humanos além das informações disponibilizadas no site da empresa e no material fornecido pela organização a respeito de sua cultu ra organizacional e da implantação da ELEVAR Escola Leader de Varejo Para todos os funcionários da empresa de qualquer cargo ou setor a exigência mínima de escolaridade é o ensino médio completo Por se tratar de comércio varejista foram entrevistados somente o pessoal de 346 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 loja que corresponde a 95 da empresa com renda variada entre R36000 e R 130000 mensais Foram entrevistados 50 de funcionários homens e 50 de mulheres coincidentemente O nível de escolaridade é basicamente o ensino médio com apenas 769 dos entrevistados com ensino superior completo Quanto a esse aspecto Invernizzi 2000 chama a atenção em relação a como a exigência de aumento de escolaridade se difundiu na últi ma década considerando entretanto que esse aumento não é apenas o resultado da demanda de um novo perfil educacional mas também resul tado da oferta da força de trabalho disponível Como a ELEVAR Escola Leader de Varejo foi criada em 1999 procuramos entrevistar preferencialmente funcionários com mais tempo de casa que pudessem ter tido oportunidades de passar pelos processos e que pudessem ter suas trajetórias de fato analisadas daí o índice de 8077 de pessoas entrevistadas com mais de cinco anos de casa A média geral de tempo de casa acima de cinco anos levandose em conta toda a organização está na faixa de 40 O Departamento de RH frisou inclu sive que a empresa passou dez anos sem contratar funcionários novos para cargos de chefia pois sempre priorizava promover os antigos Hierarquicamente na atualidade uma loja está dividida entre os cargos de gerente apenas um em cada unidade supervisor de área caixa ou crédito atendente sênior de área ou caixa atendente pleno e aten dente júnior Nesta questão o percentual de entrevistas por cargofunção foi variado Ao serem indagados sobre o fato de a empresa possuir algum tipo de programa educacional 3846 dos entrevistados afirmaram não saber se a empresa tinha programas educacionais 1153 afirmaram exis tir esses programas 2308 citaram a ELEVAR diretamente e 2693 falaram sobre incentivos e parcerias externas com descontos para funcio nários para completarem o ensino médio e cursarem a graduação É importante ressaltar a ideia do trabalho e da aprendizagem sobrepondose nas empresas como enfatiza criticamente Bianchetti 2005 p 10 Tendo como ponto de partida uma formação básica o indivíduo é estimula do ou compelido pelas atuais transformações do mundo do trabalho a com plementar seus estudos dentro e fora da empresa o que recebe diferentes denominações formação continuada educação permanente formação ao 347 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 longo da vida mas todas com o mesmo sentido a necessidade de aprendiza gem constante BIANCHETTI 2005 p 10 Sobre educação corporativa 5385 dos funcionários entrevista dos não conhecem o termo 2692 já ouviram falar e somente 1923 afir maram saber do que se trata Ainda 4231 dos funcionários entrevistados não sabem se a prática da educação corporativa faz parte da Leader Magazine sendo que 2308 acham que sim e 3461 afirmam que faz Do total das respostas afirmativas somente 385 citam a ELEVAR como res ponsável por essa atividade na organização outros 9615 não teceram comentários a respeito da participação da ELEVAR nesse processo Perguntamos diretamente aos funcionários se conheciam o tra balho da ELEVAR se sabiam o que ela fazia 5769 dos entrevistados afirmaram conhecer 2308 já ouviram falar e 1923 afirmaram não saber qual o propósito da ELEVAR A maioria dos funcionários que de fato conheciam a ELEVAR era de níveis mais altos na hierarquia 100 dos gerentes e supervisores conheciam o trabalho dessa área da empresa remetendonos à alusão de escola dualista em Aranha 1989 que tinham objetivos diferentes para a elite uma escola de formação que pode se estender a níveis superiores e para os trabalhadores rudimentos do ler e escrever e encaminhamentos para a profissionalização No aspecto treinamento 3846 participaram de mais de dez cursos 2693 participaram de mais de cinco cursos 1923 estiveram presentes em mais de três cursos e somente 1538 participaram apenas de até três cursos o que sinaliza o investimento feito nesse sentido pela organização e também percebido pelos funcionários No que diz respeito aos objetivos desses cursos 50 dos entre vistados disseram que era para desenvolvimento e melhora do desempe nho 3077 afirmaram ser sobre atendimento a clientes Ainda 769 dos funcionários entrevistados falaram sobre o curso de prevenção de perdas esse mesmo índice 769 informou serem os treinamentos cor porativos sobre valores da empresa e apenas 385 falaram que o assun to era vendas Desse total 6154 deram respostas ligadas a motivação liderança autoestima que são considerados treinamentos comportamen tais Outros 3846 não pontuaram especificamente nenhum tema Com relação à relevância dos temas o objetivo da pergunta foi de certa forma levantar de fato o que ficou mais marcado para os fun 348 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 cionários nos treinamentos de que participaram então 1538 citaram o tema da liderança também 1538 aspectos relacionados a falar ouvir expressar comunicação em geral 1923 falaram da autoconfiança e 1538 de responsabilidade e respeito Outros 3463 foram respostas pulverizadas sobre percepção do cliente união e ética Assim podemos observar que no total mais de 65 comenta ram aspectos basicamente comportamentais Não foi observado nenhum aspecto técnico científico ou de formação profissional como resposta à questão sobre o que aprenderam de mais importante para o seu trabalho nos cursos de que participaram Ainda assim 9615 dos funcionários entrevistados afirmaram gostar de participar dos treinamentos e uma única pessoa 385 comentou suas dificuldades nessa questão Também 9615 afirmaram categoricamente que os programas oferecidos pela empresa contribuíram para o seu crescimento profissional com somente um funcionário 385 não muito certo disso De acordo com Invernizzi 2000 registrase aumento dos inves timentos em treinamentos nas empresas e para a grande maioria dos tra balhadores a habilitação técnica ocorre sob um novo enfoque que sinte tiza o tradicional treinamento no trabalho e em cursos curtos e destaca se ainda a ampla difusão dos treinamentos comportamentais direciona dos a toda a força de trabalho Quanto à avaliação que fazem do programa de educação de que participaram na empresa destacamse entre os pontos positivos respos tas como crescimento desenvolvimento aprendizado e conhecimento Ainda 4230 dos funcionários entrevistados não viram pontos negativos nos programas de educação de que participaram 1923 comentaram a falta de acompanhamento posterior a falta de continuidade 1539 cri ticaram a pouca quantidade de treinamentos e o fato de poucos terem oportunidades 1154 apontaram problemas de carga horária organiza ção e formatos dos treinamentos e 769 dos entrevistados falaram da dificuldade na aplicabilidade ao aliar teoria e prática Um dos pontos negativos citados 385 também diz respeito à pouca divulgação in terna Houve uma unanimidade de posicionamento dos funcionários em relação à pergunta sobre se o que aprenderam na empresa pode ser usado em outras situações de trabalho fora dela Nesse caso as respostas foram 100 positivas 349 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 A expectativa dos funcionários ao participarem desses cursos era claramente de agregar conhecimentos aprender e melhorar profissio nalmente conforme respondido por 6154 dos funcionários entrevista dos Somente 769 declararam frustração com suas expectativas sobre os cursos quanto a pôr em prática o que aprenderam O percentual res tante 3077 foram respostas vagas a respeito do assunto Com relação à trajetória profissional 3077 dos funcionários entrevistados afirmam categoricamente que foi boa 2693 comentaram claramente a respeito de crescimento e evolução profissional e 3846 citaram as promoções que tiveram em sua trajetória na empresa 384 a classificaram como um desafio No geral 8077 deram respostas positi vas a respeito da questão 769 responderam ser a sua trajetória coeren te e calculada e 1154 acreditam que suas trajetórias foram longas e len tas e que poderiam ter sido melhores Portanto o nível de satisfação quan to a esse aspecto é aparentemente alto E finalmente no tocante às próprias expectativas com relação à carreira 1538 dos funcionários declararam não ter nenhuma expectati va ao ingressar no quadro da empresa 769 desejavam apenas permane cer na empresa 1154 almejavam a gerência e 6539 de uma forma ou outra comentaram sobre expectativas de crescimento Desse total 2308 dos entrevistados explicitaram reconhecer na empresa abertura e oportunidades Somente 769 dos entrevistados nunca foram promovi dos 3846 foram promovidos mais de três vezes e 769 iniciaram pelo nível mais baixo da hierarquia e galgaram todos os cargos chegando ao segundo posto mais alto da loja a supervisão ou seja passaram por todos os outros cargos e tiveram todas as promoções possíveis Talvez isso explique o alto nível de satisfação com as próprias trajetórias visto que a maioria almejava de fato o crescimento em suas expectativas Para a empresa é clara a ideia de que no competitivo mercado atual as organizações precisam ser flexíveis ter capacidade de adaptação ter a mudança como valor e gerar processos internos com agilidade e cus tos otimizados assim Viabilizar uma escola corporativa está relacionado com as crenças e os valo res da organização Na missão da Leader o funcionário consta como funda mental para o seu negócio Sua visão é crescer com solidez e percepção com partilhada proporcionando o desenvolvimento pessoal e profissional de nossa equipe Nada mais sólido para o crescimento do que compartilhar as 350 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 estratégias dar foco investir na educação da equipe buscando a cada dia pata mares superiores de performances A Escola Leader de Varejo ELEVAR nasceu então da crença de que nossa equipe é o nosso maior diferencial competitivo e que precisamos continua mente investir na preparação do futuro e nas novas exigências do mercado globalizado GOUVÊA 2004 p 139140 Essa concepção da empresa vai ao encontro de fato do concei to de educação corporativa que segundo Meister 1999 é uma iniciativa organizacional que visa a garantir um processo contínuo e estruturado de aprendizagem vinculada a objetivos estratégicos de modo a alinhar os processos de educação de funcionários às estratégias da empresa Aqui como diz a autora a própria empresa cria sua escola ou universidade UC para garantir uma educação sob medida para os funcionários o que se confirma inclusive nas entrevistas realizadas com os funcionários a respei to dos objetivos dos cursos de que participaram pois eles afirmaram que de fato os treinamentos e cursos de que participam são todos voltados para o trabalho que realizam adequados ao papel que eles têm de cum prir Nessa mesma vertente quando a empresa diz almejar compar tilhar conhecimentos algo descrito na missão da escola corporativa da Leader Magazine não podemos deixar de nos referir à máxima da Teoria do Capital Intelectual de Nonaka e Takeuchi 1997 segundo a qual o conhecimento tácito o talento individual de cada um deve ser comparti lhado na empresa para o aumento de sua competitividade A propalada Gestão do Conhecimento também afirma que é necessário sistematizar esse conhecimento para que nada se perca na organização SVEIBY 1998 Também em Gouvêa 2004 p 139 deparamonos com a ideia de fazer com que a equipe tenha a estratégia no sangue porque para as empresas hoje em virtude do competitivo mercado aumentam as exigências aos trabalhadores o que Santos 2005 analisa criticamente como uma contraposição ao caráter operativo do trabalhador no tayloris mofordismo enfatizandose agora a dimensão cognitivoafetiva desse trabalhador elemento também ratificado na fala de um funcionário que comenta sair sempre muito comprometido dos cursos Para alcançar as metas de crescimento a empresa também vis lumbrou transformar os processos de treinamento e desenvolvimento 351 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 TD em efetivos resultados para a prática empresarial que era urgente conciliar o treinamento com a prática GOUVÊA 2004 p 140 o que nas palavras de Éboli 2004 demonstra uma das características da educa ção corporativa A migração do TD tradicional para a Educação Corporativa ganhou foco e força estratégica evidenciandose como um dos pilares de uma gestão empresarial bem sucedida ÉBOLI 2004 p 38 Para Laval 2004 todas as instituições muito além da economia foram afetadas incluindo a instituição da subjetividade humana o neoli beralismo visa à eliminação de toda rigidez inclusive psíquica em nome da adaptação às situações mais variadas que o indivíduo encontra tanto no seu trabalho quanto na sua existência E Antunes e Alves 2004 p 344 enfatizam Desde a sua origem o modo capitalista de produção pressupõe um envolvi mento operário ou seja formas de captura da subjetividade operária pelo capital ou mais precisamente da sua subsunção à lógica do capital obser vando que o termo subsunção não é meramente submissão ou subor dinação uma vez que possui um conteúdo dialético mas é algo que preci sa ser reiteradamente afirmado O que muda é a forma de implicação do ele mento subjetivo na produção do capital que sob o taylorismofordismo ainda era meramente formal e com o toyotismo tende a ser real com o capital bus cando capturar a subjetividade operária de modo integral ANTUNES ALVES 2004 p 344 Ao forjar a mão de obra para o mercado a educação corporati va reproduz um comportamento de submissão que Manangão 2003 chama de sujeição ideológica que serve à proliferação de práticas que sus tentam o pensamento oficial do momento históricopolíticoeconômico atual o pensamento neoliberal Se compreendermos a educação corpora tiva segundo Meister 1999 como um guardachuva estratégico para o desenvolvimento e a educação de funcionários clientes e fornecedores e entendendo que o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de capacitação de todos esses e até mesmo da comunidade onde atuam podemos diretamente vincular essa percepção a alguns programas manti dos pela Leader Magazine Segundo Gouvêa 2004 p 146147 esses programas abrangem o atendimento social que se refere às atividades que proporcionem a ampliação da qualidade de vida informação de direitos e deveres sociais 352 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 educação em saúde projetos de preparação para o mercado com o obje tivo de geração de emprego e renda e administração dos recursos finan ceiros para familiares de funcionários e comunidades carentes e ainda pro jetos de voluntariado oferecendo a oportunidade de toda a empresa exer citar a cidadania proporcionando o desenvolvimento da consciência social e a participação na transformação da realidade de instituições e comunidades A empresa doa horas de trabalho para que seus funcioná rios voluntários desenvolvam atividades em instituições eou comunida des carentes Em seu estudo sobre as novas formas de trabalho e as tendên cias dos últimos vinte anos Invernizzi 2000 p 52 aponta aspectos tam bém confirmados nas entrevistas Benefícios que melhoram a qualidade de vida do trabalhador e de sua família e que estão condicionados ao cumprimento de metas por parte do coletivo atuam como recompensas materiais pelo compromisso do trabalhador com a empresa A política de benefícios tende a envolver a família do traba lhador no incentivo ao comprometimento dele INVERNIZZI 2000 p 52 Segundo Manangão 2003 p 68 essa cidadania corporativa serve para as organizações justificarem sua influência sobre as comunida des do seu entorno ampliando a atuação da educação corporativa para além de seus muros Em seus estudos em torno dessa temática Ribas 2003 numa análise crítica comenta que a questão da parceria e de ações sociais desenvolvidas por empresas vão além da filantropia tornandose fator de marketing e de competitividade o que de fato também foi relata do como um dos resultados da ELEVAR em Gouvêa 2004 p 147 A partir da experiência que vimos desenvolvendo na Leader fica fácil perce ber os resultados alcançados Os resultados têm sido brilhantes e podemos destacar desenvolvimento e fortalecimento do espírito de equipe consolida ção do sentimento de valorização da empresa reconhecimento da contribui ção recebida por parte das instituições reconhecimento de mídia espontânea GOUVÊA 2004 p 147 Na conclusão de Santos 2004 p 9 constatamos que de fato a gestão de recursos humanos orientada pela ótica hegemônica muito tem se esforçado por construir esse espírito adesista no âmbito interno das organizações constituindose como uma tentativa de controle da 353 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 subjetividade aqui demonstrada pelos funcionários ao explicarem suas expectativas ao participar dos treinamentos todos esperavam correspon der ao que a empresa esperava deles além de agregar conhecimentos aprender e melhorar profissionalmente conforme respondido por 6154 dos participantes De fato de acordo com Alves 1997 com o advento de novos processos organizacionais o trabalhador se vê condicionado a desenvol ver competências exigidas pelo mercado de trabalho na tentativa de man terse em um espaço em constante mutação A empresa por sua vez diz Rodrigues 1998 se empenha em projetos pedagógicos que visam a adap tar ou conformar o trabalhador no âmbito psicofísico intelectual e emo cional às bases organizacionais da produção Quanto à avaliação que fazem do programa de educação de que participaram na empresa destacamse entre os pontos positivos respos tas como crescimento desenvolvimento aprendizado e conhecimento e como pontos negativos são ressaltadas a questão da pouca quantidade de cursos oferecidos e a falta de continuidade e acompanhamento após sua realização o que na prática acontece com os treinamentos pontuais ofe recidos No material fornecido pela Leader Magazine a respeito de sua cultura organizacional e da implantação da ELEVAR a empresa explicita que na sua concepção a melhor maneira de desenvolver as pessoas é sendo exigente com seu desempenho e conduta e acredita ser fundamen tal reconhecer o mérito de cada um como um sistema justo de conduzir os negócios e produzir resultados por isso avalia e recompensa os funcio nários com base nesses critérios Essa meritocracia da sociedade capitalis ta vem sendo criticada por Frigotto 1984 por ser uma lógica cruel com os funcionários estimulados pelas atuais transformações do mundo do trabalho a uma competitividade individual à qual se submetem em fun ção da propalada empregabilidade De acordo com Invernizzi 2000 as pesquisas em todos os setores apontam a relevância dada pelos empresários a atitudes pessoais e comportamentais como responsabilidade envolvimento cooperação disponibilidade e iniciativa e os pesquisadores tendem a coincidir em apontar que essas novas atitudes se tornaram tão relevantes quanto as habilidades técnicas para desenvolver o trabalho nos processos produti vos reestruturados 354 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Considerações finais No tocante à educação corporativa interessa discutir o movi mento da relação entre trabalho e educação que vai se consolidar nesse modelo educacional e assim por meio da pesquisa foram tecidas algumas considerações a respeito do fenômeno da educação corporativa e de sua implantação de fato o discurso e a prática Este estudo nos possibilitou concluir que a Leader Magazine tem implantada uma política formal de educação corporativa na teoria mas empreende ações isoladas e pontuais de treinamento na prática Embora a proposta de educação corporativa esteja voltada eminentemen te para a formação em função dos objetivos estratégicos da empresa e do mercado os funcionários participantes desse processo não o percebem dessa maneira na realidade desconhecem a educação corporativa como um modelo diferenciado e encaram as atividades da empresa como cursos e treinamentos e na avaliação deles sujeitos e objetos desse processo acreditam que a educação corporativa também contribui para o seu cres cimento pessoal e profissional Constatase ainda que na prática a ELEVAR Escola Leader de Varejo criada na empresa sob a ótica da educação corporativa atendeu apenas a alguns segmentos de seus funcionários sobretudo os de níveis hierárquicos mais elevados Essa segregação traz a nítida lembrança da escola dual privilegiando alguns poucos e reforçando a perpetuação de aspectos do neoliberalismo presentes no discurso hegemônico Para concluir é relevante destacar que as relações entre o mundo do trabalho e o mundo da educação parecem estar cada vez mais entrela çadas perdendo os limites que até então identificavam cada área de atua ção Como enfrentar o desafio de acompanhar as transformações ocorri das na base da produção e ainda manter o caráter crítico e emancipador da educação Como construir uma educação profissional de qualidade e com competência mas que contribua para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e não apenas para o aumento dos lucros e da explora ção do trabalho A visão é de que deverá ser entendida e reavaliada a asso ciação educação e trabalho em todos os âmbitos considerando o seu papel a desempenhar e o objetivo da construção de um novo cenário para o país pois somente com a sensibilização e a atenção de todos para a importância da formação humana técnica e profissional do entendimen 355 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 to do homem enquanto ser integral é que teremos possibilidades de cons truir uma sociedade menos desigual Notas 1 Programa de incentivo a parcerias e ao voluntariado Para detalhes ver httpamigos daescolaglobocom 2 Grifos da autora numa alusão crítica ao termo utilizado ao se tratar da Teoria do Capital Humano 3 A Leader Magazine é uma empresa de base familiar com sede em Niterói estado do Rio de Janeiro e atualmente tem 30 lojas e cerca de 2600 funcionários Para mais deta lhes sobre a empresa ver wwwleadermagazinecombr Referências bibliográficas ANTUNES R ALVESG As mutações no mundo do trabalho na era da mundializa ção do capital Educação e Sociedade Campinas v 25 n 87 maioago 2004 ARANHA M LA História da Educação São Paulo Moderna 1989 BIANCHETTI L Da chave de fenda ao laptop Tecnologia digital e novas qualificações desafios à educação PetrópolisRJ Vozes 2001 BIANCHETTI L Inexclusão no processo de qualificação profissional Educação Corporativa novos protagonistas e novos loci espaçotemporais de formação dos trabalhadores 2005 mimeo Trabalho apresentado no Congresso da Universidade de Aveiro Portugal maio de 2005 BIANCHETTI L A globalização econômica e os desafios à formação profissional Boletim Técnico do Senac maioagosto 1996 BIANCHETTI L O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na educação implicações para o currículo Boletim Técnico do SENAC setdez 2001 EBOLI Marisa Educação corporativa no Brasil Mitos e verdades São Paulo Gente 2004 FIDALGO F A formação profissional negociada França e Brasil anos 90 São Paulo A Garibaldi 1999 FRIGOTTO G A produtividade da escola improdutiva Um re Exame das Relações entre Educação e Estrutura EconômicoSocial Capitalista São Paulo Cortez 1984 FRIGOTTO G A educação e a crise do capitalismo real São Paulo Cortez 1995 GOUVÊA S Caso Leader Magazine In MUNDIM APF RICARDO EJ Orgs Educação Corporativa fundamentos e práticas Rio de Janeiro Qualitimark 2004 HARVEY D Condição pósmoderna uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural Trad Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves São Paulo Loyola 1992 HOBSBAWM Eric J Era dos Extremos O breve século XX 19141991 São Paulo Companhia das Letras 1995 INVERNIZZI N Qualificação e novas formas de controle da força de trabalho no processo de reestruturação da indústria brasileira tendências dos últimos vinte anos In Reunião anual da ANPED 2000 Caxambu MG Trabalho Crítica GT 356 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Trabalho e Educação da ANPED São Leopoldo RS Unisinos v 2 p 6378 2000 LAVAL C A Escola não é uma empresa O neoliberalismo em ataque ao ensino público Londrina Planta 2004 MANANGÃO KCZ Universidade Corporativa Um mecanismo do aparelho ideológico educativo Dissertação Mestrado em Educação Universidade Católica de Petrópolis Petrópolis UCP 2003 MEISTER J Educação corporativa São Paulo Makron Books 1999 NONAKA I TAKEUCHI H Criação de Conhecimento na Empresa como as Empresas japonesas Geram a Dinâmica da Inovação Rio de Janeiro Campus 1997 OLIVEIRA R A Teoria do Capital Humano e a Educação Profissional Brasileira Boletim Técnico do SENAC v 27 n 1 p 2737 janabr 2001 QUARTIERO E BIANCHETTI L Org Educação Corporativa mundo do trabalho e do conhecimento aproximações São Paulo Cortez 2005 RIBAS N Parceria empresaescolas públicas Problema ou solução Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Juiz de Fora Juiz de Fora 2003 RODRIGUES J Moderno Príncipe Industrial O pensamento pedagógico da Confederação Nacional da Indústria Campinas SP Autores Associados 1998 SANTOS AFT Teoria do Capital Intelectual e Teoria do Capital Humano Estado Capital e Trabalho na política educacional em dois momentos do processo de acumula ção In 27a Reunião anual da ANPEd 2004 Caxambu MG Anais da 27a Reunião anual da ANPEd 2004 SCHULTZ T O Capital Humano Rio de Janeiro Zahar 1973 SVEIBY C E A nova riqueza das organizações Rio de Janeiro Campus 1998 VIANNA MAF Universidade corporativa histórico Disponível em httpwwwinstitu tomvccombrunivcorphtmVisa Acesso em 872004 Endereço para correspondência Rua Dr Albino Pereira 588 São Francisco 24365170 Niterói RJ Data de recebimento 10122008 Data de aprovação 14012010 357 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010
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EDUCAÇÃO CORPORATIVA A PROPOSTA EMPRESARIAL NO DISCURSO E NA PRÁTICA Daniele Cruz RESUMO Análise do modelo de Educação Corporativa adotado pela Leader Magazine e as expectativas dos funcionários sobre suas trajetórias em termos de apropriação de conhecimentos e crescimento profissional Um estudo de caso crítico com análise docu mental e entrevistas O referencial abordou as mudanças que influenciaram o cenário global e a influência do empresariado sobre as políticas de educação nas três últimas décadas Nos resultados vemos que embora a empresa no discurso apresente a Escola de Varejo como uma política formal de EC na prática se reduz a ações isoladas com cursos na maioria comportamentais A proposta voltouse para objetivos estratégicos focando no mercado não levando em conta os interesses dos funcionários Apesar de a empresa considerar sua política relevante os funcionários desconhecem a EC como um modelo educacional e encaram as ações como cursos pontuais acreditando porém que o trabalho desenvolvido pela empresa de fato contribui para o seu crescimento PalavrasChave Educação Corporativa Trabalho e Educação CORPORATE EDUCATION A COMPANY PROPOSAL IN THEORY AND PRACTICE ABSTRACT To analyze the Corporate Educational CE model adopted by Leader Magazine and the employees expectations about their development due to knowledge acquisition and professional improvement A critical case study with documental analysis and inter views The referential discussed the changes occurred in the last three decades that influ enced the global scenario and the influence of business people upon educational poli cies As a result we noticed that although companies speak of the Retail Education as a formal CE policy in practical terms it is reduced to a few isolated actions offering behavioral courses on its majority The proposal was aimed at strategic objectives focus ing on the market and without considering the interests of the employees Although the company regards its policies as relevant the employees have failed to recognize the CE as an educational model and regard the actions as specific courses believing however that the work developed in the company really contributes for their personal and profes sional development Keywords Corporate Education Work and Education 337 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá UNESA Membro do Grupo de Pesquisa em Trabalho e Educação da Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ Professora da Rede Estadual do Rio de Janeiro Email andreedanigcombr Introdução As mudanças ocorridas na economia nos últimos anos nos remete também às mudanças no campo educacional Em função do qua dro existente o país precisa se desenvolver e investir em tecnologia e edu cação Como resposta à crise capitalista que se inicia nos anos 1970 no plano internacional e as mudanças que ocorrem na sociedade como con sequência várias estratégias vêm sendo adotadas pelo empresariado ao longo dos anos no sentido de alinhar economia e educação em prol dos objetivos da produtividade Entre estas está a educação corporativa No contexto atual em que o discurso hegemônico é o da valo rização do homem do capital intelectual NONAKA TAKEUCHI 1997 e da chamada sociedade do conhecimento SVEIBY 2001 inte ressa analisar criticamente o papel central da educação e nessa mesma via por um lado a intenção das empresas em assumirem um papel educacio nal que até então cabia ao Estado e às escolas e por outro ouvir o traba lhador objeto desse processo com suas expectativas seu real retorno Este artigo tem como objetivo analisar no campo do trabalho e da educação o modelo de educação corporativa adotado por uma empre sa brasileira privada de médio porte do ramo varejista e as expectativas dos funcionários que participaram dos programas educacionais sobre suas trajetórias São discutidas igualmente as mudanças ocorridas nas últimas décadas que definitivamente influenciaram todo o cenário global são abordados o papel e a influência que o empresariado atualmente tem sobre as ações de educação assim como o modelo de educação corpora tiva adotado nas empresas Mudanças no mundo do trabalho e implicações para a educação O contexto de mudanças no mundo do trabalho que vivencia mos na sociedade contemporânea tem suas origens na crise dos anos 70 do século passado A era do capitalismo monopolista entre 1945 e 1975 chamada Era de Ouro HOBSBAWM1995 caracterizada pelo padrão de acumulação fordista com produção em série consumo de massa orga nização prescrita do trabalho com trabalho fragmentado e separação entre elaboração e execução entra em crise nas décadas que se seguiram 338 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Até os anos 1970 vigorava o modelo de organização fabril com base no fordismotaylorismo e este padrão de acumulação do capital a partir da crise do petróleo em aproximadamente 1973 precisou se rees truturar buscando novas formas de organização da produção e do traba lho Esse esforço de reorganização econômica política e ideológica do capital resulta em um novo modelo de acumulação flexível que se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho produtos e padrões de consu mo e envolve várias mudanças como explicita Frigotto 1995 p 144 Os novos conceitos abundantemente utilizados pelos homens de negócio e seus assessores globalização integração flexibilidade competitividade qualidade total participação pedagogia da qualidade e defesa da educação geral formação polivalente e valorização do trabalhador são uma imposição das novas for mas de sociabilidade capitalista tanto para estabelecer um novo padrão de acu mulação quanto para definir as formas concretas de integração dentro da nova reorganização da economia mundial FRIGOTTO 1995 p 144 Esse novo padrão de acumulação serve assim como pano de fundo para que a sociedade capitalista instaure suas novas bases econômi cas políticas e ideológicas demandando um novo tipo de trabalhador mais qualificado mais flexível mais envolvido com a produção com as chamadas novas competências DELUIZ 1996 2001 reforçando ainda mais a exclusão social daqueles que não adquiriram essas habilidades e competências O modelo de educação profissional anterior ao ter como hori zonte produtivo o fordismotaylorismo orientavase para a qualificação operacional adequada àquela forma de organização técnica do trabalho já no modelo de acumulação flexível o trabalhador será valorizado ou não no mercado por suas competências Bianchetti 2001 fornece elementos para descrermos da homo gênea intelectualização das novas formas de trabalho ao comentar o esforço de objetivação expropriação despersonalização e padronização dos gestos e atitudes a apropriação e a sistematização do conhecimento tácito do trabalhador Santos 2004 p 10 ratifica essas ideias ao apontar que Desmascarase o hipotético pacto capitaltrabalho do fordismo mas apelase para o engajamento afetivo do trabalhador na organização Com a mudança do padrão de acumulação desenvolvese a Teoria do Capital Intelectual No paradigma anterior vigorava a Teoria do 339 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Capital Humano TCH cujo ideário residia na relação de proporção entre escolaridade e renda na causalidade entre patrimônio escolar e salá rio O capital humano era considerado como um estoque de habilidades atitudes e valores e de saúde do trabalhador aliado às metas objetivos missão e cultura da empresa Segundo a Teoria do Capital Humano quan to maior a educação a escolaridade maior a possibilidade de aumento da renda do indivíduo e consequentemente do desenvolvimento de uma nação SCHULTZ 1973 Em outras palavras quanto maior a escolariza ção melhor a condição de vida devido ao aumento de sua renda já que mais qualificado o sujeito tem melhor desempenho no mercado de traba lho e maiores ganhos Na segunda teoria a Teoria do Capital Intelectual TCI são mais importantes as habilidades pessoais subjetivas Hoje tentase objetivar expropriar e controlar o conhecimento tácito que segundo Nonaka e Takeuchi 1997 p 33 é altamente pessoal por ser de difícil formalização sua transferência para os outros também á árdua Consiste de modelos mentais crenças e perspectivas tão arraigadas que são tidas como algo certo não sujeitas a fácil manifestação Sendo possível o controle do conhecimento tácito são asseguradas também a produção e a circulação do conhecimento no âmbito da própria empresa Para Santos 2004 o surgimento da Teoria do Capital Intelectual associada ao movimento da educação corporativa revela mais do que a simples retomada de uma elaboração teórica gerada em uma fase hegemô nica do capital pois ao analisar as duas teorias é latente a diferença da participação do Estado Segundo a autora a Teoria do Capital Humano que tinha como ponto central a alocação da atividade educacional como componente da produção vigorava o Estado de Bem Estar social e o capital atribuía ao poder público o papel de protagonista das ações educativas Hoje na cha mada Teoria do Capital Intelectual no contexto do Estado mínimo neo liberal o capital assume para si a função de dirigente de projetos educa cionais materializados em programas de educação corporativa A gestão organizacional orientada pela ótica hegemônica também tem se esforçado por construir o espírito adesista no âmbito interno das organizações Éboli 2004 e Meister 1999 retratarão esse discurso como fundamental no modelo de educação para o atual padrão de acumulação Para Santos 2004 hoje existem apelos ao novo papel do líder que deve motivar e sensibilizar diferentemente do supervisor fordista 340 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 taylorista que tinha a função de controlar Essa relação de cooptação para a autora revela uma tentativa de controle da subjetividade do trabalhador Como aponta Harvey 1992 p 119 A disciplinação da força de trabalho para os propósitos de acumulação do capital um processo como vou me referir de modo geral como controle do trabalho é uma questão muito complicada Ela envolve em primeiro lugar alguma mistura de repressão familiarização cooptação e cooperação elementos que têm de ser organizados não somente no local de trabalho como na sociedade como um todo A socialização do trabalhador nas condi ções de produção capitalista envolve o controle social bem amplo das capaci dades físicas e mentais A educação o treinamento a persuasão a mobiliza ção de certos sentimentos sociais a ética do trabalho a lealdade aos compa nheiros o orgulho local ou nacional e propensões psicológicas a busca da identidade através do trabalho desempenham um papel e estão claramen te presentes na formação de ideologias dominantes cultivadas pelos meios de comunicação de massa pelas instituições religiosas e educacionais pelos vários setores do aparelho do Estado HARVEY 1992 p 119 Empresariado e educação Rodrigues 1998 e Bianchetti 2005 apontam o interesse do capital na educação e discutem as relações entre empresa e escola nas últi mas décadas o que nos permite entender esse caminhar ao longo dos anos Nas décadas de 19601970 a empresa demandava à universidade e às escolas técnicas os profissionais de que precisavam principalmente no predomínio do paradigma tayloristafordista segundo o qual muitos eram formados no SENAI e no CEFET por exemplo A partir dos anos 1980 as empresas organizam setores de recursos humanos visando entre outros aspectos ao treinamento e ao desenvolvimen to dos funcionários em questões pontuais objetivando adaptálos às mudanças técnicas gerenciais e organizacionais Um terceiro momento mais recente a partir dos anos 1990 caracterizase por iniciativas da própria empresa ado tando escolas públicas aproximandose da comunidade como o programa amigos da escola1 amplamente divulgado pela mídia e ainda pela criação de escolas em seu interior via parceria com estados e municípios contando com professores públicos para formar seus funcionários como por exem plo o projeto Escola na Fábrica QUARTIERO BIANCHETTI 2005 341 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Sobre essa aproximação do empresariado com as escolas Fidalgo 1999 p 147148 constata Na sua implementação eles sugerem o estabelecimento estratégico de parce rias entre as empresas e as escolas públicas que na realidade pode vir a repre sentar a perda da autonomia da escola face aos interesses empresariais É inte ressante notar que quando falam de parceria os empresários usam a expres são adotar escolas o que sugere a colocação destas instituições sob custó dia e possivelmente sob o jugo do adotante É como se a escola ganhasse um pai que diz sempre saber exatamente o que é melhor para seus filhos FIDALGO 1999 p 147148 Além dos investimentos em tecnologias é fundamental para as empresas o investimento no campo social e como a educação é conside rada um dos pilares para o desenvolvimento essa é uma das áreas e que as empresas vêm atuando efetivamente das mais variadas formas dada a carência educacional da força de trabalho brasileira e os problemas institucionais para reverter esse quadro tornouse necessário que as empresas investissem recursos em áreas tradicionalmente de responsabilidade do Estado Isto é apesar do custo as empresas líderes resolveram o pro blema da carência de mãodeobra SENAI DESAFIOS E OPORTUNI DADES 1994 p 33 apud RODRIGUES 1998 p 119 Atualmente a própria empresa cria suas escolas e universidades as chamadas Universidades Corporativas para garantir uma educação sob medida MEISTER 1999 EBOLI 2004 Sob a medida do capital evidentemente mas essa educação por sua vez segundo Santos 2004 não prescinde do Estado financiador ou seja as empresas querem deter minar o modelo de educação mas não querem arcar sozinhas com esse investimento2 querem que o Estado também pague por isso seja dire tamente seja por meio de Secretarias de Educação por exemplo com pro gramas como o PROUNI Universidade para todos e por contrapar tida fiscal Sob a influência das agências internacionais a políticas educacionais são desenvolvidas objetivando o fortalecimento da reprodução do capital Ao mesmo tempo cada vez mais tornase evidente o quanto vários administra dores estaduais e municipais instituem mecanismos voltados diretamente à diminuição da publicização do espaço público abrindo para um conjunto 342 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 maior de instituições privadas tais como escolas privadas ONGs etc a pos sibilidade de disputar o fundo público Medidas estas que representam a dimi nuição do controle do estado sobre a educação e conseqüentemente a priva tização do sistema educacional OLIVEIRA 2001 p5 Manangão 2003 ao analisar o cenário atual aponta que no modelo neoliberal fazse apologia à privatização transferindose para a iniciativa privada a responsabilidade de atender às demandas que o Estado não administra ou soluciona Como diz Santos 2004 se o mercado inter fere na educação e se se julga autoridade para planejar essas políticas a educação corporativa tende a se estabelecer como um modelo que se ori gina do mercado e a ele se volta Surge assim como forma de mercanti lização da educação que segundo a autora significa a ausência do papel do Estado em oferecer educação profissional de qualidade a todos Significa um ajuste restrito da educação profissional às leis do mercado implican do um caráter reducionista da mesma Resta saber que papel essa educa ção vai assumir a partir das novas formas de organização do trabalho Educação corporativa histórico objetivos concepções métodos Utilizase o termo educação corporativa desde a década de 1950 quando a General Eletric lançou a Crotonville 1955 QUARTIE RO BIANCHETTI 2005 Sua origem é nos Estados Unidos quando muitas empresas determinadas a tornaremse líderes empresariais na eco nomia global lançaram a educação corporativa com veículo para ganhar vantagem competitiva MEISTER 1999 Nessa década só nos Estados Unidos essas instituições passaram de 400 para 2000 e estimativas indi cam que no Brasil temos pelo menos 50 das chamadas universidades corporativas Para a autora que é uma das precursoras da fase contemporânea do movimento a educação corporativa é mais do que um processo é um trabalho em andamento e a define como um guardachuva estratégi co para o desenvolvimento e a educação de funcionários clientes e forne cedores buscando otimizar as estratégias organizacionais além de um laboratório de aprendizagem para a organização e um pólo de educação permanente MEISTER 1999 p 8 343 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Segundo Meister 1999 o modelo de educação corporativa é sustentado por cinco grandes forças do cenário global o surgimento da educação por processos horizontalizada e flexível a emergência da ges tão do conhecimento a volatilidade da informação e a obsolescência do conhecimento o foco na empregabilidade educar para o trabalho não para o emprego e a mudança no foco da educação geral As empresas mais bemsucedidas ao invés de esperar que as escolas tornem seus currículos mais relevantes para a realidade empresarial resolveram per correr o caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da empresa Abandonaram o paradigma de que a educação seria um capítulo da responsa bilidade social da empresa e passaram de forma muito pragmática a entender que o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de capacitação em todos os níveis de seus funcionários fornecedores principais clientes e até mesmo membros da comunidade onde atuam MEISTER 1999 p xv A autora afirma que a educação corporativa é uma iniciativa organizacional que visa a garantir um processo contínuo e estruturado de aprendizagem vinculada a objetivos estratégicos Ela pode ser definida como um sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências cujo papel é o de servir de ponte entre o aprimoramen to pessoal e a estratégia de atuação da instituição Constituise numa forma inteligente de as organizações assumirem o domínio do negócio de educação e treinamento garantindo o melhor aproveitamento de recursos e vinculando os programas de treinamento à produção de competências necessárias para as estratégias do negócio Para Meister 1999 o objetivo da educação corporativa é obter um controle mais rígido sobre o processo de aprendizagem vinculando de maneira mais estreita os programas de aprendizagem a metas e resultados estratégicos reais da empresa A essência da organização do século XXI está em trabalhadores com conhecimento culturalmente diverso Nela trabalho e aprendizagem são essencialmente a mesma coisa com ênfase no desenvol vimento da capacidade do indivíduo de aprender MEISTER 1999 p 2 E completa que por educação corporativa entendese um conjunto de práti cas educacionais contínuas com visão estratégica de negócios que possibili tam maior entrosamento do capital intelectual de uma organização Vianna 2004 p 1 salienta que na expressão universidade cor porativa o uso do termo corporativo significa que ela é vinculada a uma 344 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 corporação e que serviços educacionais não são sua atividadefim Da mesma forma o termo universidade não deve ser entendido dentro do contexto do ensino superior o qual designa a educação de estudantes e o desenvolvimento de pesquisa em várias áreas do conhecimento Para o autor na universidade corporativa a educação os programas de capaci tação o desenvolvimento de competências e as pesquisas estarão relacio nadas sempre à área do negócio da empresa e fundamentalmente ao seu posicionamento estratégico VIANNA 2004 p 1 Para Meister 1999 p 35 entretanto o uso dessa metáfora o termo universidade cria a imagem da grande finalidade da iniciativa da educação ou ensino corporativo que é prometer aos participantes e a seus patrocinadores que a universidade corporativa irá preparálos para o sucesso no trabalho atual e na carreira futura Segundo a autora o uso desse termo ajudou a dar ao programa a marca de que ele precisava para decolar A educação corporativa é um conceito que emerge no discurso empresarial como uma possibilidade ao processo de aprendizagem contí nua que tanto se espera do trabalhador uma tentativa de preencher lacu nas e descompassos causados pelo ensino e pelas universidades que o capital julga tradicionais Entretanto não há dúvidas de que isso torna mais explícita a mercantilização da educação indo ao encontro das pres crições do Banco Mundial a respeito de como devem ser discutidas enca minhadas e elaboradas as questões relacionadas à educação QUARTIE RO BIANCHETTI 2005 Santos 2004 p 3 compreende o surgimento desse modelo de formação como a estratégia atualmente considerada a mais adequada pelo capital para a reprodução da força de trabalho explicitada nas suas tentati vas ao longo dos anos de se apropriar da educação Com a educação cor porativa trabalho e aprendizagem sobrepõemse nas empresas QUAR TIER BIANCHETTI 2005 p 10 no entanto os autores enfatizam De espaços e tempos claramente delimitados com especificidades que as caracterizavam a escola concebida como lócus de ensino e de aprendiza gens a empresa como campo de aplicação de conhecimentos adquiridos em outro tempo e lugar passase para uma situação onde o lócus espaçotem poral de ensino e de aprendizagem e o da produção de bens materiais e bens intangíveis já não conhecem mais as rígidas delimitações que caracterizavam a relação entre essas instituições QUARTIER BIANCHETTI 2005 p 10 345 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Como vimos são comuns na educação corporativa os argu mentos de desvalorização da educação tradicional por não se voltar para a formação de competências para o trabalho mas Santos 2004 p 9 res salta as contradições no discurso empresarial O discurso dominante propaga a exigência de maior escolaridade mas diz considerar na avaliação da força de trabalho as competências não a qualifi cação propaga a necessidade de competências mas novas formas de trabalho não exigem necessariamente nem maior qualificação nem maior competên cia divulga amplamente que o novo trabalhador deverá ser capaz de lidar com os eventos deflagradores das competências definidos essencialmente por seu caráter de imprevisão e criatividade no trato mas investe recursos inestimá veis no controle e padronização das ocorrências do trabalho afirma formal mente a valorização das competências que pertencem à esfera privada do indivíduo mas persegue incansavelmente formas cada vez mais elaboradas de objetivar expropriar e padronizar o conhecimento tácito gerando o parado xo da complexificação do trabalhador coletivo e simplificação e esvaziamen to do trabalhador individual que ao ser descartado não deixa marcas pes soais pois seu valor já foi agregado à mercadoria e ao processo coletivo de trabalho SANTOS 2004 p 9 A educação corporativa entre o discurso e a prática estudo de caso da Leader Magazine Em pesquisa quantiqualitativa realizada na Leader Magazine3 foram analisados os dados baseados em entrevistas com trabalhadores de lojas setores e cargos variados Essas entrevistas abrangeram 26 funcio nários que correspondem a 1 do corpo funcional de toda a empresa 2 dos funcionários do Grande Rio e 72 dos funcionários da região de Niterói e São Gonçalo onde está estabelecida a sede da empresa e onde a pesquisa foi realizada Além das falas dos funcionários buscouse anali sar a fala da empresa em Gouvêa 2004 e em entrevistas com o pessoal de Recursos Humanos além das informações disponibilizadas no site da empresa e no material fornecido pela organização a respeito de sua cultu ra organizacional e da implantação da ELEVAR Escola Leader de Varejo Para todos os funcionários da empresa de qualquer cargo ou setor a exigência mínima de escolaridade é o ensino médio completo Por se tratar de comércio varejista foram entrevistados somente o pessoal de 346 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 loja que corresponde a 95 da empresa com renda variada entre R36000 e R 130000 mensais Foram entrevistados 50 de funcionários homens e 50 de mulheres coincidentemente O nível de escolaridade é basicamente o ensino médio com apenas 769 dos entrevistados com ensino superior completo Quanto a esse aspecto Invernizzi 2000 chama a atenção em relação a como a exigência de aumento de escolaridade se difundiu na últi ma década considerando entretanto que esse aumento não é apenas o resultado da demanda de um novo perfil educacional mas também resul tado da oferta da força de trabalho disponível Como a ELEVAR Escola Leader de Varejo foi criada em 1999 procuramos entrevistar preferencialmente funcionários com mais tempo de casa que pudessem ter tido oportunidades de passar pelos processos e que pudessem ter suas trajetórias de fato analisadas daí o índice de 8077 de pessoas entrevistadas com mais de cinco anos de casa A média geral de tempo de casa acima de cinco anos levandose em conta toda a organização está na faixa de 40 O Departamento de RH frisou inclu sive que a empresa passou dez anos sem contratar funcionários novos para cargos de chefia pois sempre priorizava promover os antigos Hierarquicamente na atualidade uma loja está dividida entre os cargos de gerente apenas um em cada unidade supervisor de área caixa ou crédito atendente sênior de área ou caixa atendente pleno e aten dente júnior Nesta questão o percentual de entrevistas por cargofunção foi variado Ao serem indagados sobre o fato de a empresa possuir algum tipo de programa educacional 3846 dos entrevistados afirmaram não saber se a empresa tinha programas educacionais 1153 afirmaram exis tir esses programas 2308 citaram a ELEVAR diretamente e 2693 falaram sobre incentivos e parcerias externas com descontos para funcio nários para completarem o ensino médio e cursarem a graduação É importante ressaltar a ideia do trabalho e da aprendizagem sobrepondose nas empresas como enfatiza criticamente Bianchetti 2005 p 10 Tendo como ponto de partida uma formação básica o indivíduo é estimula do ou compelido pelas atuais transformações do mundo do trabalho a com plementar seus estudos dentro e fora da empresa o que recebe diferentes denominações formação continuada educação permanente formação ao 347 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 longo da vida mas todas com o mesmo sentido a necessidade de aprendiza gem constante BIANCHETTI 2005 p 10 Sobre educação corporativa 5385 dos funcionários entrevista dos não conhecem o termo 2692 já ouviram falar e somente 1923 afir maram saber do que se trata Ainda 4231 dos funcionários entrevistados não sabem se a prática da educação corporativa faz parte da Leader Magazine sendo que 2308 acham que sim e 3461 afirmam que faz Do total das respostas afirmativas somente 385 citam a ELEVAR como res ponsável por essa atividade na organização outros 9615 não teceram comentários a respeito da participação da ELEVAR nesse processo Perguntamos diretamente aos funcionários se conheciam o tra balho da ELEVAR se sabiam o que ela fazia 5769 dos entrevistados afirmaram conhecer 2308 já ouviram falar e 1923 afirmaram não saber qual o propósito da ELEVAR A maioria dos funcionários que de fato conheciam a ELEVAR era de níveis mais altos na hierarquia 100 dos gerentes e supervisores conheciam o trabalho dessa área da empresa remetendonos à alusão de escola dualista em Aranha 1989 que tinham objetivos diferentes para a elite uma escola de formação que pode se estender a níveis superiores e para os trabalhadores rudimentos do ler e escrever e encaminhamentos para a profissionalização No aspecto treinamento 3846 participaram de mais de dez cursos 2693 participaram de mais de cinco cursos 1923 estiveram presentes em mais de três cursos e somente 1538 participaram apenas de até três cursos o que sinaliza o investimento feito nesse sentido pela organização e também percebido pelos funcionários No que diz respeito aos objetivos desses cursos 50 dos entre vistados disseram que era para desenvolvimento e melhora do desempe nho 3077 afirmaram ser sobre atendimento a clientes Ainda 769 dos funcionários entrevistados falaram sobre o curso de prevenção de perdas esse mesmo índice 769 informou serem os treinamentos cor porativos sobre valores da empresa e apenas 385 falaram que o assun to era vendas Desse total 6154 deram respostas ligadas a motivação liderança autoestima que são considerados treinamentos comportamen tais Outros 3846 não pontuaram especificamente nenhum tema Com relação à relevância dos temas o objetivo da pergunta foi de certa forma levantar de fato o que ficou mais marcado para os fun 348 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 cionários nos treinamentos de que participaram então 1538 citaram o tema da liderança também 1538 aspectos relacionados a falar ouvir expressar comunicação em geral 1923 falaram da autoconfiança e 1538 de responsabilidade e respeito Outros 3463 foram respostas pulverizadas sobre percepção do cliente união e ética Assim podemos observar que no total mais de 65 comenta ram aspectos basicamente comportamentais Não foi observado nenhum aspecto técnico científico ou de formação profissional como resposta à questão sobre o que aprenderam de mais importante para o seu trabalho nos cursos de que participaram Ainda assim 9615 dos funcionários entrevistados afirmaram gostar de participar dos treinamentos e uma única pessoa 385 comentou suas dificuldades nessa questão Também 9615 afirmaram categoricamente que os programas oferecidos pela empresa contribuíram para o seu crescimento profissional com somente um funcionário 385 não muito certo disso De acordo com Invernizzi 2000 registrase aumento dos inves timentos em treinamentos nas empresas e para a grande maioria dos tra balhadores a habilitação técnica ocorre sob um novo enfoque que sinte tiza o tradicional treinamento no trabalho e em cursos curtos e destaca se ainda a ampla difusão dos treinamentos comportamentais direciona dos a toda a força de trabalho Quanto à avaliação que fazem do programa de educação de que participaram na empresa destacamse entre os pontos positivos respos tas como crescimento desenvolvimento aprendizado e conhecimento Ainda 4230 dos funcionários entrevistados não viram pontos negativos nos programas de educação de que participaram 1923 comentaram a falta de acompanhamento posterior a falta de continuidade 1539 cri ticaram a pouca quantidade de treinamentos e o fato de poucos terem oportunidades 1154 apontaram problemas de carga horária organiza ção e formatos dos treinamentos e 769 dos entrevistados falaram da dificuldade na aplicabilidade ao aliar teoria e prática Um dos pontos negativos citados 385 também diz respeito à pouca divulgação in terna Houve uma unanimidade de posicionamento dos funcionários em relação à pergunta sobre se o que aprenderam na empresa pode ser usado em outras situações de trabalho fora dela Nesse caso as respostas foram 100 positivas 349 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 A expectativa dos funcionários ao participarem desses cursos era claramente de agregar conhecimentos aprender e melhorar profissio nalmente conforme respondido por 6154 dos funcionários entrevista dos Somente 769 declararam frustração com suas expectativas sobre os cursos quanto a pôr em prática o que aprenderam O percentual res tante 3077 foram respostas vagas a respeito do assunto Com relação à trajetória profissional 3077 dos funcionários entrevistados afirmam categoricamente que foi boa 2693 comentaram claramente a respeito de crescimento e evolução profissional e 3846 citaram as promoções que tiveram em sua trajetória na empresa 384 a classificaram como um desafio No geral 8077 deram respostas positi vas a respeito da questão 769 responderam ser a sua trajetória coeren te e calculada e 1154 acreditam que suas trajetórias foram longas e len tas e que poderiam ter sido melhores Portanto o nível de satisfação quan to a esse aspecto é aparentemente alto E finalmente no tocante às próprias expectativas com relação à carreira 1538 dos funcionários declararam não ter nenhuma expectati va ao ingressar no quadro da empresa 769 desejavam apenas permane cer na empresa 1154 almejavam a gerência e 6539 de uma forma ou outra comentaram sobre expectativas de crescimento Desse total 2308 dos entrevistados explicitaram reconhecer na empresa abertura e oportunidades Somente 769 dos entrevistados nunca foram promovi dos 3846 foram promovidos mais de três vezes e 769 iniciaram pelo nível mais baixo da hierarquia e galgaram todos os cargos chegando ao segundo posto mais alto da loja a supervisão ou seja passaram por todos os outros cargos e tiveram todas as promoções possíveis Talvez isso explique o alto nível de satisfação com as próprias trajetórias visto que a maioria almejava de fato o crescimento em suas expectativas Para a empresa é clara a ideia de que no competitivo mercado atual as organizações precisam ser flexíveis ter capacidade de adaptação ter a mudança como valor e gerar processos internos com agilidade e cus tos otimizados assim Viabilizar uma escola corporativa está relacionado com as crenças e os valo res da organização Na missão da Leader o funcionário consta como funda mental para o seu negócio Sua visão é crescer com solidez e percepção com partilhada proporcionando o desenvolvimento pessoal e profissional de nossa equipe Nada mais sólido para o crescimento do que compartilhar as 350 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 estratégias dar foco investir na educação da equipe buscando a cada dia pata mares superiores de performances A Escola Leader de Varejo ELEVAR nasceu então da crença de que nossa equipe é o nosso maior diferencial competitivo e que precisamos continua mente investir na preparação do futuro e nas novas exigências do mercado globalizado GOUVÊA 2004 p 139140 Essa concepção da empresa vai ao encontro de fato do concei to de educação corporativa que segundo Meister 1999 é uma iniciativa organizacional que visa a garantir um processo contínuo e estruturado de aprendizagem vinculada a objetivos estratégicos de modo a alinhar os processos de educação de funcionários às estratégias da empresa Aqui como diz a autora a própria empresa cria sua escola ou universidade UC para garantir uma educação sob medida para os funcionários o que se confirma inclusive nas entrevistas realizadas com os funcionários a respei to dos objetivos dos cursos de que participaram pois eles afirmaram que de fato os treinamentos e cursos de que participam são todos voltados para o trabalho que realizam adequados ao papel que eles têm de cum prir Nessa mesma vertente quando a empresa diz almejar compar tilhar conhecimentos algo descrito na missão da escola corporativa da Leader Magazine não podemos deixar de nos referir à máxima da Teoria do Capital Intelectual de Nonaka e Takeuchi 1997 segundo a qual o conhecimento tácito o talento individual de cada um deve ser comparti lhado na empresa para o aumento de sua competitividade A propalada Gestão do Conhecimento também afirma que é necessário sistematizar esse conhecimento para que nada se perca na organização SVEIBY 1998 Também em Gouvêa 2004 p 139 deparamonos com a ideia de fazer com que a equipe tenha a estratégia no sangue porque para as empresas hoje em virtude do competitivo mercado aumentam as exigências aos trabalhadores o que Santos 2005 analisa criticamente como uma contraposição ao caráter operativo do trabalhador no tayloris mofordismo enfatizandose agora a dimensão cognitivoafetiva desse trabalhador elemento também ratificado na fala de um funcionário que comenta sair sempre muito comprometido dos cursos Para alcançar as metas de crescimento a empresa também vis lumbrou transformar os processos de treinamento e desenvolvimento 351 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 TD em efetivos resultados para a prática empresarial que era urgente conciliar o treinamento com a prática GOUVÊA 2004 p 140 o que nas palavras de Éboli 2004 demonstra uma das características da educa ção corporativa A migração do TD tradicional para a Educação Corporativa ganhou foco e força estratégica evidenciandose como um dos pilares de uma gestão empresarial bem sucedida ÉBOLI 2004 p 38 Para Laval 2004 todas as instituições muito além da economia foram afetadas incluindo a instituição da subjetividade humana o neoli beralismo visa à eliminação de toda rigidez inclusive psíquica em nome da adaptação às situações mais variadas que o indivíduo encontra tanto no seu trabalho quanto na sua existência E Antunes e Alves 2004 p 344 enfatizam Desde a sua origem o modo capitalista de produção pressupõe um envolvi mento operário ou seja formas de captura da subjetividade operária pelo capital ou mais precisamente da sua subsunção à lógica do capital obser vando que o termo subsunção não é meramente submissão ou subor dinação uma vez que possui um conteúdo dialético mas é algo que preci sa ser reiteradamente afirmado O que muda é a forma de implicação do ele mento subjetivo na produção do capital que sob o taylorismofordismo ainda era meramente formal e com o toyotismo tende a ser real com o capital bus cando capturar a subjetividade operária de modo integral ANTUNES ALVES 2004 p 344 Ao forjar a mão de obra para o mercado a educação corporati va reproduz um comportamento de submissão que Manangão 2003 chama de sujeição ideológica que serve à proliferação de práticas que sus tentam o pensamento oficial do momento históricopolíticoeconômico atual o pensamento neoliberal Se compreendermos a educação corpora tiva segundo Meister 1999 como um guardachuva estratégico para o desenvolvimento e a educação de funcionários clientes e fornecedores e entendendo que o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de capacitação de todos esses e até mesmo da comunidade onde atuam podemos diretamente vincular essa percepção a alguns programas manti dos pela Leader Magazine Segundo Gouvêa 2004 p 146147 esses programas abrangem o atendimento social que se refere às atividades que proporcionem a ampliação da qualidade de vida informação de direitos e deveres sociais 352 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 educação em saúde projetos de preparação para o mercado com o obje tivo de geração de emprego e renda e administração dos recursos finan ceiros para familiares de funcionários e comunidades carentes e ainda pro jetos de voluntariado oferecendo a oportunidade de toda a empresa exer citar a cidadania proporcionando o desenvolvimento da consciência social e a participação na transformação da realidade de instituições e comunidades A empresa doa horas de trabalho para que seus funcioná rios voluntários desenvolvam atividades em instituições eou comunida des carentes Em seu estudo sobre as novas formas de trabalho e as tendên cias dos últimos vinte anos Invernizzi 2000 p 52 aponta aspectos tam bém confirmados nas entrevistas Benefícios que melhoram a qualidade de vida do trabalhador e de sua família e que estão condicionados ao cumprimento de metas por parte do coletivo atuam como recompensas materiais pelo compromisso do trabalhador com a empresa A política de benefícios tende a envolver a família do traba lhador no incentivo ao comprometimento dele INVERNIZZI 2000 p 52 Segundo Manangão 2003 p 68 essa cidadania corporativa serve para as organizações justificarem sua influência sobre as comunida des do seu entorno ampliando a atuação da educação corporativa para além de seus muros Em seus estudos em torno dessa temática Ribas 2003 numa análise crítica comenta que a questão da parceria e de ações sociais desenvolvidas por empresas vão além da filantropia tornandose fator de marketing e de competitividade o que de fato também foi relata do como um dos resultados da ELEVAR em Gouvêa 2004 p 147 A partir da experiência que vimos desenvolvendo na Leader fica fácil perce ber os resultados alcançados Os resultados têm sido brilhantes e podemos destacar desenvolvimento e fortalecimento do espírito de equipe consolida ção do sentimento de valorização da empresa reconhecimento da contribui ção recebida por parte das instituições reconhecimento de mídia espontânea GOUVÊA 2004 p 147 Na conclusão de Santos 2004 p 9 constatamos que de fato a gestão de recursos humanos orientada pela ótica hegemônica muito tem se esforçado por construir esse espírito adesista no âmbito interno das organizações constituindose como uma tentativa de controle da 353 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 subjetividade aqui demonstrada pelos funcionários ao explicarem suas expectativas ao participar dos treinamentos todos esperavam correspon der ao que a empresa esperava deles além de agregar conhecimentos aprender e melhorar profissionalmente conforme respondido por 6154 dos participantes De fato de acordo com Alves 1997 com o advento de novos processos organizacionais o trabalhador se vê condicionado a desenvol ver competências exigidas pelo mercado de trabalho na tentativa de man terse em um espaço em constante mutação A empresa por sua vez diz Rodrigues 1998 se empenha em projetos pedagógicos que visam a adap tar ou conformar o trabalhador no âmbito psicofísico intelectual e emo cional às bases organizacionais da produção Quanto à avaliação que fazem do programa de educação de que participaram na empresa destacamse entre os pontos positivos respos tas como crescimento desenvolvimento aprendizado e conhecimento e como pontos negativos são ressaltadas a questão da pouca quantidade de cursos oferecidos e a falta de continuidade e acompanhamento após sua realização o que na prática acontece com os treinamentos pontuais ofe recidos No material fornecido pela Leader Magazine a respeito de sua cultura organizacional e da implantação da ELEVAR a empresa explicita que na sua concepção a melhor maneira de desenvolver as pessoas é sendo exigente com seu desempenho e conduta e acredita ser fundamen tal reconhecer o mérito de cada um como um sistema justo de conduzir os negócios e produzir resultados por isso avalia e recompensa os funcio nários com base nesses critérios Essa meritocracia da sociedade capitalis ta vem sendo criticada por Frigotto 1984 por ser uma lógica cruel com os funcionários estimulados pelas atuais transformações do mundo do trabalho a uma competitividade individual à qual se submetem em fun ção da propalada empregabilidade De acordo com Invernizzi 2000 as pesquisas em todos os setores apontam a relevância dada pelos empresários a atitudes pessoais e comportamentais como responsabilidade envolvimento cooperação disponibilidade e iniciativa e os pesquisadores tendem a coincidir em apontar que essas novas atitudes se tornaram tão relevantes quanto as habilidades técnicas para desenvolver o trabalho nos processos produti vos reestruturados 354 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Considerações finais No tocante à educação corporativa interessa discutir o movi mento da relação entre trabalho e educação que vai se consolidar nesse modelo educacional e assim por meio da pesquisa foram tecidas algumas considerações a respeito do fenômeno da educação corporativa e de sua implantação de fato o discurso e a prática Este estudo nos possibilitou concluir que a Leader Magazine tem implantada uma política formal de educação corporativa na teoria mas empreende ações isoladas e pontuais de treinamento na prática Embora a proposta de educação corporativa esteja voltada eminentemen te para a formação em função dos objetivos estratégicos da empresa e do mercado os funcionários participantes desse processo não o percebem dessa maneira na realidade desconhecem a educação corporativa como um modelo diferenciado e encaram as atividades da empresa como cursos e treinamentos e na avaliação deles sujeitos e objetos desse processo acreditam que a educação corporativa também contribui para o seu cres cimento pessoal e profissional Constatase ainda que na prática a ELEVAR Escola Leader de Varejo criada na empresa sob a ótica da educação corporativa atendeu apenas a alguns segmentos de seus funcionários sobretudo os de níveis hierárquicos mais elevados Essa segregação traz a nítida lembrança da escola dual privilegiando alguns poucos e reforçando a perpetuação de aspectos do neoliberalismo presentes no discurso hegemônico Para concluir é relevante destacar que as relações entre o mundo do trabalho e o mundo da educação parecem estar cada vez mais entrela çadas perdendo os limites que até então identificavam cada área de atua ção Como enfrentar o desafio de acompanhar as transformações ocorri das na base da produção e ainda manter o caráter crítico e emancipador da educação Como construir uma educação profissional de qualidade e com competência mas que contribua para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e não apenas para o aumento dos lucros e da explora ção do trabalho A visão é de que deverá ser entendida e reavaliada a asso ciação educação e trabalho em todos os âmbitos considerando o seu papel a desempenhar e o objetivo da construção de um novo cenário para o país pois somente com a sensibilização e a atenção de todos para a importância da formação humana técnica e profissional do entendimen 355 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 to do homem enquanto ser integral é que teremos possibilidades de cons truir uma sociedade menos desigual Notas 1 Programa de incentivo a parcerias e ao voluntariado Para detalhes ver httpamigos daescolaglobocom 2 Grifos da autora numa alusão crítica ao termo utilizado ao se tratar da Teoria do Capital Humano 3 A Leader Magazine é uma empresa de base familiar com sede em Niterói estado do Rio de Janeiro e atualmente tem 30 lojas e cerca de 2600 funcionários Para mais deta lhes sobre a empresa ver wwwleadermagazinecombr Referências bibliográficas ANTUNES R ALVESG As mutações no mundo do trabalho na era da mundializa ção do capital Educação e Sociedade Campinas v 25 n 87 maioago 2004 ARANHA M LA História da Educação São Paulo Moderna 1989 BIANCHETTI L Da chave de fenda ao laptop Tecnologia digital e novas qualificações desafios à educação PetrópolisRJ Vozes 2001 BIANCHETTI L Inexclusão no processo de qualificação profissional Educação Corporativa novos protagonistas e novos loci espaçotemporais de formação dos trabalhadores 2005 mimeo Trabalho apresentado no Congresso da Universidade de Aveiro Portugal maio de 2005 BIANCHETTI L A globalização econômica e os desafios à formação profissional Boletim Técnico do Senac maioagosto 1996 BIANCHETTI L O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na educação implicações para o currículo Boletim Técnico do SENAC setdez 2001 EBOLI Marisa Educação corporativa no Brasil Mitos e verdades São Paulo Gente 2004 FIDALGO F A formação profissional negociada França e Brasil anos 90 São Paulo A Garibaldi 1999 FRIGOTTO G A produtividade da escola improdutiva Um re Exame das Relações entre Educação e Estrutura EconômicoSocial Capitalista São Paulo Cortez 1984 FRIGOTTO G A educação e a crise do capitalismo real São Paulo Cortez 1995 GOUVÊA S Caso Leader Magazine In MUNDIM APF RICARDO EJ Orgs Educação Corporativa fundamentos e práticas Rio de Janeiro Qualitimark 2004 HARVEY D Condição pósmoderna uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural Trad Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves São Paulo Loyola 1992 HOBSBAWM Eric J Era dos Extremos O breve século XX 19141991 São Paulo Companhia das Letras 1995 INVERNIZZI N Qualificação e novas formas de controle da força de trabalho no processo de reestruturação da indústria brasileira tendências dos últimos vinte anos In Reunião anual da ANPED 2000 Caxambu MG Trabalho Crítica GT 356 Educação em Revista Belo Horizonte v26 n02 p337358 ago 2010 Trabalho e Educação da ANPED São Leopoldo RS Unisinos v 2 p 6378 2000 LAVAL C A Escola não é uma empresa O neoliberalismo em ataque ao ensino público Londrina Planta 2004 MANANGÃO KCZ Universidade Corporativa Um mecanismo do aparelho ideológico educativo Dissertação Mestrado em Educação Universidade Católica de Petrópolis Petrópolis UCP 2003 MEISTER J Educação corporativa São Paulo Makron Books 1999 NONAKA I TAKEUCHI H Criação de Conhecimento na Empresa como as Empresas japonesas Geram a Dinâmica da Inovação Rio de Janeiro Campus 1997 OLIVEIRA R A Teoria do Capital Humano e a Educação Profissional Brasileira Boletim Técnico do SENAC v 27 n 1 p 2737 janabr 2001 QUARTIERO E BIANCHETTI L Org Educação Corporativa mundo do trabalho e do conhecimento aproximações São Paulo Cortez 2005 RIBAS N Parceria empresaescolas públicas Problema ou solução Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Juiz de Fora Juiz de Fora 2003 RODRIGUES J Moderno Príncipe Industrial O pensamento pedagógico da Confederação Nacional da Indústria Campinas SP Autores Associados 1998 SANTOS AFT Teoria do 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