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Texto de pré-visualização
Teorias de Personalidade 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Teorias de Personalidade Copyright UVA 2014 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa ISBN 9788565812412 Autoria do Conteúdo Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi Design Instrucional Diana Ferreira de Melo Wagner G A Destro Projeto Gráfico UVA Diagramação Cristina Lima Revisão Tássia Braga Janaina Vieira Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho C277t Carissimi Barbara Angelica dos Santos Monteiro Teorias de personalidade livro eletrônico Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi 4 ed Rio de Janeiro UVA 2016 357 KB ISBN 9788565812412 Disponível também impresso 1 Personalidade I Universidade Veiga de Almeida II Título CDD 1552 SUMÁRIO Apresentação7 Sobre a autora8 Capítulo 1 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia9 Definição histórico e objeto da Psicologia10 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional18 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia25 Referências30 Capítulo 2 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho33 O conceito de personalidade34 Os elementos e fatores determinantes da personalidade38 A influência da personalidade nas relações de trabalho44 Referências50 Capítulo 3 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade53 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem54 Perspectivas cognitivas e sociocognitivas do traço e da personalidade62 Perspectivas humanista e existencial perspectiva interacionalista pessoasituação66 Perspectivas analítica e neoanalíticas70 Referências77 Capítulo 4 Transtornos de personalidade79 Conceito e tipos de transtornos de personalidade80 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organizações causados por transtornos de personalidade96 Referências102 Considerações finais103 7 APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Este livro trata de Teorias de Personalidade a área da Psicologia que estuda e procura explicar as particularidades humanas que influenciam o comportamento A personalidade pode ser definida como o conjunto de características que determinam os padrões pessoais e sociais de uma pessoa sendo a sua formação um processo gradual complexo e único para cada indivíduo No senso comum o termo personalidade é usado para descrever características marcantes de uma pessoa po rém tal conceito também está relacionado às mudanças de habilidades atitudes crenças emoções desejos e ao modo constante e particular do indivíduo perceber pensar sentir e agir além da interferência de fatores culturais e sociais nessas características Ao final da leitura desta obra você terá portanto aprendido a re conhecer a contribuição da Psicologia para a Gestão de Pessoas a identificar processos básicos do comportamento social no trabalho a analisar as principais teorias da personalidade e a descrever trans tornos a fim de solucionar problemas de desempenho funcional de colaboradores em empresas Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a leitura desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conteúdos abordados contribuindo efetivamente para o seu enrique cimento cultural e acadêmico 8 SOBRE A AUTORA Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi é graduada em Psi cologia pela Pontifícia Universidade Católica PUCRJ 1997 mestre em Psicanálise Saúde e Sociedade pela Universidade Veiga de Almeida UVA 2008 e pósgraduada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Gama Filho UGF 2002 É sóciadiretora da Prominen ce Consulting consultoria em Educação Corporativa com mais de 15 anos de experiência em Recursos Humanos em empresas de diversos segmentos Na UVA é professora do MBA presencial de Gestão de Re cursos Humanos e autora e tutora da disciplina Treinamento e Desen volvimento Organizacional do MBA a distância de Gestão de Recursos Humanos Possui experiência em ministrar aulas como professora convidada em cursos e eventos de graduação em Psicologia na UVA e na Celso Lisboa e também na Imersão do MBA em Gestão do Conheci mento MBKM CRIECOPPEUFRJ 9 Definição histórico e objeto da Psicologia CAPÍTULO 1 A GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DA PSICOLOGIA O gestor de Recursos Humanos atua no planejamento e gerenciamento de processos de recursos humanos pro movendo ações para o desenvolvimento de competências comportamentais e funcionais Seu papel envolve dentre outras coisas promover a melhoria dos processos organi zacionais gerindo o clima organizacional conflitos e inte resses das pessoas e da empresa Compreender as vertentes do comportamento humano pela ótica do saber da Psicologia é essencial para o exercí cio da função de forma segura e eficaz A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 10 DEFINIÇÃO HISTÓRICO E OBJETO DA PSICOLOGIA Em algum momento de nossas vidas nos perguntamos Quais são as minhas qualidades e defeitos O modo como me relaciono com as pessoas é adequado Sou feliz Faço as pessoas felizes Sei lidar bem com os meus medos conflitos e limitações Enfim são perguntas como essas que nos fazem refletir sobre quem somos Em outros momentos refletimos sobre o bem e o mal a paz e a guerra a solidariedade e o desprezo a capacidade e a dificuldade de amar o poder destrutivo do ser huma no entre outras questões Teles 1991 p 7 nos mostra que a investigação sobre a natureza humana antecede talvez a História escrita e a própria Filosofia Esta como ato reflexivo é tão antiga quanto o Homem Segundo Schultz 1975 p 7 parece que o homem sempre se fascinou pelo seu próprio comportamento e as reflexões sobre a natureza e a conduta humanas enchem muitos vo lumes filosóficos e teológicos 11 Definição histórico e objeto da Psicologia Podemos concluir que as mesmas perguntas que nos fazemos hoje já foram feitas há muitos séculos A Psicologia psico do grego psykhé significa psique alma mente e logia do grego lógos palavra razão ou estudo é uma ciência que busca recursos para com preender a natureza humana Para Teles 1991 p 9 a Psi cologia procura compreender o Homem seu comporta mento para facilitar a convivência consigo próprio e com o outro É pois a Ciência do Comportamento Tal defini ção foi concebida por William McDougall1 em 1908 Porém muitas coisas antecederam essa definição Vejamos Como ciência a Psicologia nasceu no momento em que o homem passou a utilizar recursos científicos tais como a observação e experimentação controladas criteriosa mente para estudar a natureza humana Schultz 1975 p 79 explica que nesse momento a Psicologia se tornou independente de seus antecedentes filosóficos Sabemos que boa parte da herança da Psicologia provém da Filoso fia Ou seja para romper com a Filosofia a Psicologia tinha que desenvolver um método mais preciso e objetivo de tratar seus problemas refinando suas ferramentas técnicas e métodos de estudo a fim de adquirir cada vez maior precisão e objetividade tanto em suas respostas como em suas interrogações Ou seja descobrir as per guntas certas para buscar respondêlas Considerase que no final do século XIX a Psicologia co meçou a surgir como um campo distinto de investigação 1 Psicólogo inglês nascido em Chadderton Lancashire criador da teoria do funcionalismo A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 12 Wilhelm Wundt médico filósofo e psicólogo alemão é con siderado um dos fundadores da moderna psicologia experi mental ao lado de Ernst Heinrich Weber médico anatomis ta e fisiologista alemão e Gustav Theodor Fechner cientista alemão Wundt em 1879 foi responsável por estabelecer na Alemanha o primeiro laboratório psicológico do mundo E ainda fundou em 1881 a primeira revista científica de psicologia intitulada Philosophische Studien Diante desse novo cenário o campo da Psicologia cresceu e ganhou mais espaço Nos Estados Unidos a Psicologia também estava encontrando o seu lugar Em 1888 sur ge a primeira docência em Psicologia no mundo Schultz 1975 p 8 mostra que antes desse tempo os psicólogos eram nomeados para os departamentos de Filosofia O primeiro professor de Psicologia foi James McKeen Cattel da Universidade da Pensilvânia E não parou por aí Em 1887 G Stanley Hall fundou a primeira revista psicológica americana chamada de Ame rican Journal of Psychology Schultz 1975 p 8 relata que vinte e quatro laboratórios psicológicos e três revistas de Psicologia foram criadas nos EUA entre 1880 e 1895 Araújo 2008 p 67 relata que a década de 1960 foi impor tante para a Psicologia no Brasil pela conquista de sua au tonomia e pelo reconhecimento da profissão de psicólogo regulamentada pela Lei nº 4119 de 27 de agosto de 1962 que estimulou a criação de novos cursos assim como con solidou o ensino da Psicologia nos cursos superiores Europa século XIX EUA século XIX Brasil década de 1960 13 Definição histórico e objeto da Psicologia Porém voltemos ao início de tudo Voltemos a Wundt para contar essa história Sozinho ele determinou o objeto de estudo o método apropriado de pesquisa os tópicos a cujo respeito a pes quisa devia ser realizada e os objetivos dessa nova ciên cia a sua nova ciência E assim durante algum tempo a Psicologia foi moldada à sua imagem e semelhança Schultz 1975 p 14 Nessa época a Filosofia e a Fisiolo gia eram os campos dominantes e fontes de conhecimen to Nesse sentido preservavase o vocabulário cartesiano de René Descartes 15961650 Descartes e sua teoria do dualismo psíquico distinção entre corpo e mente impregnou as ideias da época e influenciou toda a Psicologia posterior Desta forma durante algum tempo a Psicologia continuou sendo o es tudo da mente ou da consciência TELES 1991 p 10 Como falamos em 1879 surge a Psicologia como disci plina pelas mãos de Wundt porém não se falava ain da de comportamento mas tão somente de mente e de consciência Teles 1991 p 13 enfatiza a primazia do vocabulário cartesiano distinguindose de um lado a consciência sede das percepções ideias sentimentos e motivos e de outro os movimentos Porém como afirma Schultz 1975 p 14 em poucos anos a situação da Psicologia mudou radicalmente e muitas controvérsias e cisões ganharam corpo entre o número crescente de psicólogos Alguns psicólogos contestaram a versão de Wundt de Psicologia e propuse A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 14 ram suas próprias concepções Sendo assim no início do século XX ocorre um rompimento com o dualismo implícito da Psicologia então definida como a ciência do psiquismo ou dos fatos da consciência TELES 1991 p 13 com o aparecimento de diferentes posições sistemá ticas ou escolas psicológicas de pensamento tais como Estruturalismo Funcionalismo Behaviorismo Gestaltis mo e Psicanálise Schultz 1975 p 1415 explica que o termo escola re ferese a um grupo de psicólogos que se associaram ideo logicamente e por vezes geograficamente ao líder de um movimento O surgimento de diferentes escolas de pensamento e seu subsequente declínio é uma das carac terísticas mais impressionantes da história da Psicologia Lopes 2004 p 75 relata que brigas epistemológicas sé rias ocorreram entre as diversas abordagens psicológicas emergentes no decorrer do século XX na tentativa de definir um espaço de verdade e saber a respeito do real sentido de ser humano Cabe comentar porém que esse fenômeno não é exclu sivo da psicologia Sabemos que um novo paradigma quando provado cientificamente leva à rejeição do an terior dominante Essa verdade entretanto pode ser di fícil demais para os velhos cientistas grandes homens da ciência muito comprometidos com suas crenças e posições E esse continua sendo um grande desafio para a ciência 15 Definição histórico e objeto da Psicologia Schultz 1975 p 15 cita o físico Max Plank sobre essa si tuação da ciência A nova verdade científica não triunfa porque convença os seus opositores e os faça ver a luz mas porque os seus opositores acabarão morrendo de velhos Vale registrar que cada uma das escolas de pensamento que surgiram naquela época mesmo que por um curto período de tempo contribuiu para o desenvolvimento da Psicologia fornecendo as ferramentas métodos e esque mas fundamentais para constituir esse campo Teles 1991 p 15 entretanto afirma que conceber a Psi cologia como uma ciência que se baseia principalmente no método experimental seria empobrecêla por demais já que o Homem é um ser especial da natureza Aceitaa en tão como uma ciência que não tem condições de usar sem pre os métodos tradicionais das chamadas ciências exatas Vale ressaltar ainda que o objeto de estudo da psicolo gia é o sujeito e o seu comportamento Porém o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e corre lação na área da psicologia comparada também desem penhou um papel importante Teles 1991 p 15 afirma que o estudo do comportamento de animais como ratos e chimpanzés ofereceu conhecimentos interessantes na compreensão das bases do comportamento humano Ge reralizar porém como regra as reações animais para o Homem seria ignorar a peculiaridade deste ser capaz de criar cultura emocionarse perceber o que se passa com seus iguais e sentir com eles A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 16 Para Teles 1991 p 17 como estudo científico do com portamento a Psicologia deve procurar alcançar três obje tivos a descrição a predição ou previsão e o controle do comportamento Na tabela abaixo encontramos as diferenças entre esses três objetivos do estudo científico do comportamento 1ª etapa Descrição Descrever o comportamento de um indivíduo significa em primeiro lu gar o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível objetivos e em seguida utilizar esses métodos para o levanta mento de dados confiáveis A obser vação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis desde complexos padrões de com portamento como a personalidade até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual 2ª etapa Previsão As previsões em psicologia procuram expressar com base nas explicações disponíveis a probabilidade com que um determinado tipo de comporta mento ocorrerá ou não Com base na capacidade dessas explicações de pre ver o comportamento futuro se deter mina também a sua validade 3ª etapa Controle Controlar o comportamento significa aqui a capacidade de influenciálo com base no conhecimento adquiri do Essa é a parte mais prática da psi cologia que se expressa entre outras áreas na psicoterapia 17 Definição histórico e objeto da Psicologia A Psicologia é um saber fascinante Nasceu do interesse em se explicar o comportamento hu mano na tentativa de um controle social para se viver em um mundo melhor previsível ideal Hoje preocupase em pensar o sujeito em sua subjetividade e trocas simbólicas com o outro e o meio Sujeito este que problematiza ques tiona e desafia a própria Psicologia colocandoa em mo vimento O saber da Psicologia se torna multidisciplinar sem perder sua singularidade mas relacionandose com as ciências humanas Filosofia Teoria do conhecimento biológicas Biologia Neurofisiologia Psicofarmacologia sociais Sociologia Antropologia e porque não dizer com as exatas Ergonomia Psicofísica Psicologia é ciência e profissão Gera uma prática profis sional Uma prática que coloca o conhecimento por ela acumulado por meio da ciência a serviço de indivíduos e instituições Assim como deve ser com todas as ciências é uma forma ção que estimula o aluno à pesquisa ensinandoo a pergun tar a construir o conhecimento e a buscar novas respostas Para nós o conhecimento deve ser ensinado em sua histó ria ou melhor como histórico isto é como um saber cons truído para responder às questões que norteiam um de terminado momento da sociedade evidenciando que um saber não se finda deve estar em constante movimento 18 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia A PSICOLOGIA SOCIAL E A PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Neste tópico esperamos que você aprenda a definir os conceitos de Psicologia Social e Psicologia Organizacional Apresentaremos a seguir os conceitos de Psicologia So cial e Psicologia Organizacional para nos aproximarmos cada vez mais da compreensão do processo de gestão de pessoas sob a ótica da Psicologia Psicologia Social Retomando a história da Psicologia vista no tópico ante rior podemos situar o surgimento da Psicologia Social no século XX Do ponto de vista cronológico o advento da Psicologia Social se aproxima do surgimento da própria Psicologia enquanto ciência independente A Psicologia Social surgiu na Europa porém com a neces sidade de migração de estudiosos europeus para a Améri ca do Norte no período entre guerras a Psicologia Social eclodiu nos Estados Unidos Araújo 2008 p 1 afirma que a Psicologia Social apare ce em 1908 com a publicação de Social Psychology de Edward Ross e An Introduction to Social Psychology de William McDougall Ross de orientação sociológica fazia referência a conceitos como mente coletiva costumes so ciais opiniões sociais e conflitos McDougall dizia que as 19 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional características sociais e o comportamento se baseavam na natureza biológica ideia em que a Psicologia Social se apoiou em seu desenvolvimento Aroldo Rodrigues psicólogo social brasileiro e autor res peitado de diversas obras define a Psicologia Social como uma ciência cujo objeto é o estudo das manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pes soa com outras pessoas ou pela mera expectativa de tal interação RODRIGUES 1981 Podemos conceber a Psicologia Social como um saber apli cado da psicologia que faz uma interface com as demais ciências humanas tais como a Sociologia e a Antropologia Os cientistas sociais espanhóis José Luis Álvaro e Alicia Garrido professores e autores do livro Psicologia Social Perspectivas Psicológicas e Sociológicas 2007 São Paulo McGrawHill afirmam que a Psicologia cuja pre tensão inicial foi o estudo científico da mente teve que assumir de súbito que a mente humana não surge nem se desenvolve em um vazio social se não que é produ to da interseção da pessoa dentro de uma coletividade O mesmo se pode dizer da conduta individual A Sociologia por sua parte que surgiu com a pretensão de converterse no estudo científico da sociedade tampouco pode ignorar em suas análises a existência de fatores psicológicos ou individuais que influem no comportamento social ÁLVA RO GARRIDO 2004 p 7 Tradução livre Nesse sentido para esses estudiosos seria a Psicologia Social o encontro entre esses dois saberes uma vez que não é possível con ceber o indivíduo separado da sociedade 20 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Araújo 2008 p 6 esclarece que a Psicologia Social até o início dos anos 1960 parecia que daria respostas a todos os problemas sociais mas foi atravessada por uma polê mica em torno de seu caráter teórico e ideológico ocasio nando uma crise Tal crise foi chamada de crise da Psi cologia Social causada pela ausência de uma base sólida de conhecimentos estruturada na realidade social e nas vi vências cotidianas Baseado nas produções da Psicologia Social americana esse saber foi questionado na América Latina por não enxergar as características históricosociais de outras populações Tendo em vista que o contexto so cial da América Latina não era o mesmo dos Estados Uni dos surge a necessidade de uma nova proposta de Psico logia Social que atendesse às necessidades da sociedade latinoamericana com suas características próprias Dian te disso a Psicologia Social brasileira voltouse para ques tões relevantes e exclusivas ao nosso contexto social Strey 1998 afirma que não há a possibilidade do huma no sem ser no social O indivíduo é um ser relacional dia lógico que nasce dependendo dos cuidados do outro para sobreviver Essa dependência não mais de seus cuida dos para sobreviver mas de se relacionar com o outro prosseguirá por toda a sua existência Não são incomuns relatos de idosos que são encontrados mortos sozinhos em suas moradias depois de dias do óbito A necessidade de se relacionar é vital O abandono a falta do outro pode ser mortal É importante destacar que para a Psicologia o sujeito se constrói a partir das relações com o outro 21 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional Segundo Araújo 2008 p 9 citando Freitas 2000 a Psi cologia Social que hoje conhecemos e com a qual convi vemos nos diferentes centros de investigação e trabalho foi e está sendo construída por profissionais que estão aí em pleno exercício das suas atividades comprome tendose com as demandas e necessidades explícitas em seus locais de atuação Tratase de pessoas que viveram a crise da Psicologia Social e colaboraram para chamar a atenção sobre realidades sociais e cotidianas que se dife renciavam daquelas vividas nos centros de domínio eco nômico político e científico Para concluir podemos dizer que é fundamental que a Psi cologia Social se comprometa com a realidade social em que está inserida Para as organizações de trabalho tendo a Psicologia Social como objeto o comportamento humano no social e como método o estudo empírico da interação dentro dos grupos são relevantes as suas contribuições sobre a estrutura gru pal os estilos de liderança os conflitos e as motivações A Psicologia Social tem espaço nas organizações para contri buir por exemplo para a melhoria da produtividade de sempenho relações interpessoais e em grupo qualidade nos ambientes de trabalho etc Psicologia Organizacional Assim como a Psicologia e a Psicologia Social a Psicologia Organizacional chamada anteriormente de Psicologia In dustrial surgiu no século XX pelas mãos de psicólogos experimentais preocupados em resolver os problemas que comprometiam o desempenho e a eficiência no trabalho 22 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Hugo Münsterberg na Alemanha foi quem desenvolveu as bases e justificativas da Psicologia Industrial definindo que a eficiência industrial apoiavase na análise e na adaptação do trabalho ao trabalhador e do trabalhador ao trabalho Walter Dill Scott psicólogo e professor da Universidade do Noroeste Illinois EUA interessado na seleção de fun cionários e no uso de testes psicológicos ofereceuse para selecionar militares quando os Estados Unidos aderiram à 1ª Guerra Mundial Após a guerra Scott fundou uma con sultoria de seleção de pessoal a Companhia Scott Durante esse período muitos nomes surgiram na Admi nistração clássica como Frederick Taylor e Henry Ford Estes estiveram em evidência pela sua contribuição para a Administração Científica na Era Industrial Vale ressaltar a importância das grandes guerras para a Psi cologia Organizacional A Primeira Guerra Mundial foi um importante impulso para o seu desenvolvimento e reconhe cimento Segundo Muchinsky 2004 psicólogos experimen tais investigavam a motivação dos soldados a moral e os problemas psicológicos decorrentes da incapacidade física e de disciplina Desenvolveram ainda testes de inteligência geral e pesquisas para alocar os soldados a partir da sua capacidade física e mental Na Segunda Grande Guerra os psicólogos estavam com suas técnicas de seleção mais apuradas e foi uma época de consolidação da prática 23 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional Percebemos então a importância do processo de seleção para a Psicologia Organizacional visto que esta parecia a função principal desta área Na década de 1960 psicó logos organizacionais fundaram consultorias em seleção para atender às diversas empresas Assim com as mudanças que ocorreram no mundo desde o século passado no âmbito social político ideológico tecnológico e econômico a Psicologia Organizacional cres ceu e ampliou a sua área de atuação A Psicologia Organizacional não pode se limitar a aplica ções de técnicas mas deve pautarse no estudo do homem social em interação com o meio com a organização Deve desenvolver saberes para lidar com as diversas exigências deste campo de atuação O psicólogo organizacional deve atuar nos diversos pro cessos de recursos humanos tais como Recrutamento e seleção Aplicação e avaliação de testes psicológicos Acompanhamento orientação e aconselhamento psicológico Treinamento de pessoal e desenvolvimento orga nizacional Avaliação de desempenho Análise de cargos e salários 24 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Planejamento diagnóstico desenvolvimento e execução de projetos de RH Benefícios Supervisão de estagiários em psicologia organi zacional Apoio à equipe de segurança do trabalho garan tia da saúde do trabalhador e qualidade de vida no trabalho Consultoria externa ou interna A proposta na or ganização não é de psicoterapia porém o psicólogo organizacional e somente este está habilitado para diagnosticar problemas e transtornos psicológicos para encaminhar e acompanhar os funcionários em tratamento O papel do psicólogo organizacional é estratégico Ele deve ser um agente de mudanças organizacionais propondo so luções para os problemas que envolvam os recursos huma nos e elaborando políticas de recursos humanos para evi tar e prevenir conflitos Sua atuação na organização deve buscar propiciar um bom clima organizacional a qualida de de vida no trabalho ou seja programas que visem à saúde proteção valorização e satisfação do trabalhador 25 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia A GESTÃO DE RH PELA ÓTICA DA PSICOLOGIA Vimos no tópico anterior o papel do psicólogo organi zacional e as suas atribuições funcionais na organização Agora descreveremos mais detalhadamente tais atribui ções ampliando o olhar da Psicologia para os processos de recursos humanos Neri nos mostra que a rigor a única atividade privati va do psicólogo do trabalho é a aplicação e avaliação de testes psicológicos p 155156 Porém apesar da maio ria dos profissionais iniciar suas carreiras no processo de recrutamento e seleção e muitos permanecerem atuando durante anos no mesmo processo sabemos que hoje em dia o psicólogo de Recursos Humanos pode e deve atuar nos demais processos da área Mendonça 1982 afirma que exercer as atividades buro cráticas de administração de pessoal tais como admis sões pagamentos demissões e registros de caráter legal compõem uma fase pioneira da carreira do psicólogo or ganizacional Diante das mudanças ocorridas no âmbito das organizações e as novas exigências do mercado as atividades e as responsabilidades dos psicólogos expan diramse para funções mais amplas inclusive desenvolvi mento e pesquisa 26 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Martins e Bastos 1990 sugerem quatro objetivos gerais da atuação do psicólogo em uma organização São eles 1 Realizar em equipe multiprofissional estudos pesquisas com vistas à produção de conhecimento e tecnologias relativas à Psicologia Organizacional bem como ao planejamento ambiental elaboração e definição de políticas de RH nas organizações 2 Desenvolver em equipe multiprofissional ações relativas à avaliação aperfeiçoamento reciclagem profissional bem como à formação de mão de obra para integrar o quadro da organização 3 Definir e implementar em equipe multiprofissio nal programas que visem à saúde proteção valori zação e satisfação do trabalhador bem como faci litem o seu acesso e de seus dependentes a bens e serviços básicos 4 Desenvolver ações em equipe multiprofissional que permitam a adequada alocação e o controle da vida funcional de trabalhador Em todos os objetivos apresentados vimos os autores demonstrarem que o desenvolvimento e a responsabili dade dos processos devem ser compartilhados com uma equipe multidisciplinar Eles explicam que tal área não pode ser vista como domínio exclusivo de qualquer uma das inúmeras profissões que nela atuam sendo indispen sável pela multidimensionalidade dos problemas que abarca a visão convergente de diferentes formações e enfoques na análise de uma mesma questão MARTINS BASTOS 1990 27 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia O primeiro objetivo apresentado pelos autores nos reme te à função básica do psicólogo que deve ser a pesquisa mesmo atuando em um ambiente organizacional para pro duzir conhecimento e tecnologia compreender os proble mas humanos e sociais no âmbito das organizações e des crever as atividades envolvidas na execução do trabalho O fato de lidar com o comportamento humano tanto na sua dimensão individual quanto social deve credenciar o psicólogo ao manejo de métodos e técnicas de investiga ção dos problemas psicossociais inevitáveis em quaisquer contextos de trabalho MARTINS BASTOS 1990 Sobre o objetivo segundo podemos afirmar que ele é um dos focos principais do psicólogo organizacional o trei namento e desenvolvimento de recursos humanos Esse processo envolve identificar as necessidades de capacita ção e desenvolvimento de pessoas desenvolver as ações implementar e avaliar para verificar se os objetivos finais foram alcançados ou seja o desenvolvimento das com petências funcionais ou técnicas e comportamentais nos níveis operacionais táticos e estratégicos Esse processo é fundamental para o alcance dos objetivos estratégicos da organização Sendo o psicólogo um profissional da área da saúde e es pecialista na compreensão das relações sociais temos o objetivo terceiro voltado para o desenvolvimento de ações que garantam a boa saúde do trabalhador no sentido pre ventivo e remediativo e também para facilitar as rela ções interpessoais e de grupo na empresa administrando conflitos e interesses 28 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia O último objetivo referese às funções de recrutamento e seleção movimentação funcional administração de car gos e salários e a própria gestão da área quando o psicó logo assume esse cargo Podemos concluir que as atribuições do profissional psi cólogo que atua na organização são abrangentes não mais focadas apenas em aplicações de testes para seleção e necessárias para o bom andamento dos processos de recursos humanos Com um papel atual mais estratégico sua atuação sensibi lizada com as questões humanas tende a ser assertiva no planejamento e na execução dos processos de gestão de pessoas tais como Definição de estratégias de recrutamento Seleção dos melhores candidatos aos cargos pau tados num perfil comportamental Avaliação de desempenho Ações de treinamento e desenvolvimento de co laboradores e de lideranças Tratamento do estresse Promoção da qualidade de vida no trabalho Implementação de planos de motivação remune ração e resultados Avaliação de cargos salários e benefícios 29 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia Fornecimento de atendimento individual ou co letivo Entrevistas de desligamento Em suma o profissional psicólogo deve atuar no geren ciamento de processos pessoas conflitos interesses e conhecimento Conhecemos neste capítulo a Psicologia sua história e ob jeto de estudo Passeamos no tempo para estudar desde o surgimento deste saber no final do século XIX até o seu apogeu no século seguinte Compreendemos que a Psico logia é a Ciência do Comportamento e que seu objeto de estudo é o sujeito e seu comportamento Vimos que a Psicologia Social é a interseção entre a Psi cologia e a Sociologia e que deve deterse à sua época ao estudo dos fenômenos psicológicos no ambiente social considerando as particularidades da sociedade estudada Entendemos que nas organizações a psicologia social pode contribuir por exemplo para a melhoria da produ tividade desempenho relações interpessoais e em grupo qualidade no ambiente de trabalho etc A Psicologia Organizacional foi apresentada como uma área aplicada da Psicologia que exerce papel fundamen tal na gestão de recursos humanos evidenciando a sua importância para tal processo O psicólogo organizacio nal com um papel atual mais estratégico tem sua atuação sensibilizada com as questões humanas tendendo assim a ser assertivo no planejamento e na execução dos proces sos de gestão de pessoas 30 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia REFERÊNCIAS ARAÚJO MAP A Psicologia Social no Brasil um pequeno resgate In ENCONTRO HUMANÍSTICO NACIONAL 8 São Luis 2008 Trabalhos São Luís UFMA 2008 Mesare donda Psicologia Social no Brasil percursos e possibilida des de atuação Disponível em httpwwwnucleohuma nidadesufmabrpastasEHVIIIMarcia20Antonia20 Piedade20Araujopdf Acesso em 25 jun 2013 BASTOS A V B GALVAOMARTINS A H C O que pode fazer o psicólogo organizacional Psicologia ciência e pro fissão Brasília v 10 n 1 1990 Disponível em http pepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpi dS141498931990000100005lngptnrmiso Acesso em 11 abr 2012 LOPES ES A Psicologia e seu objeto Revista de Psico logia da UnC vol 1 n2 p7481 2004 Disponível em httpwwwneaduncnetbrrevistapsicologia Acesso em 22 jan 2014 MENDONÇA J R A Anotações para um possível papel possível do profissional de RH uma volta atrás In Ad ministração e desenvolvimento de recursos humanos teoria e prática Salvador UFBA ISP 1982 MUCHINSKY P M Psicologia organizacional São Paulo Thomsom 2004 31 NERI A A Psicologia de trabalho reflexão de um profes sor snd mimeo FALTA O LINK DO PAPER SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 TELES MLS O que é psicologia São Paulo Brasiliense 1991 32 33 O conceito de personalidade CAPÍTULO 2 A PERSONALIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO O termo personalidade é fascinante para todos os públi cos Quem não deseja compreender a sua essência as mo tivações que nos levam a agir dessa ou daquela maneira as heranças genéticas que determinaram o nosso tempe ramento Enfim os fatores ora herdados ora aprendidos que levaram cada um de nós a ser como é Neste capítulo compreenderemos o conceito de personalidade para ten tarmos decifrar as múltiplas ações e reações dos sujeitos no mundo do trabalho 34 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho O CONCEITO DE PERSONALIDADE Poucas palavras são tão fascinantes para o público como o termo personalidade HALL LINDZEY 1984 p 6 Inicio este tópico sobre o conceito de personalidade com a frase de Hall Lindzey pois é a mais pura verdade O termo personalidade se popularizou e é comum ouvir mos falar ou até mesmo falarmos que determinada pes soa tem uma personalidade forte ou fraca boa ou má Como nos mostram esses autores o observador selecio na um atributo ou qualidade marcante do indivíduo e que presumivelmente vem a ser um aspecto característico da impressão que ele causa no contato com os outros e sua personalidade passa a ser identificada por esse termo HALL LINDZEY 1984 p 6 Como nos mostra Martins 2004 p 83 o conceito per sonalidade em seu sentido literal aparece desde suas ori gens associado à noção de pessoa Pessoa termo derivado do latim persona que significa máscara caracterizadora do personagem teatral designa na abrangência do termo o homem em suas relações com o mundo O senso comum adotou o termo personalidade principalmente para atribuir valor às pessoas 35 O conceito de personalidade E para a Psicologia Qual seria a definição apropriada Para Hall Lindzey 1984 p 7 a forma como este termo será definido na Psicologia depende da teoria psicológica a que o mesmo está vinculado Se o indivíduo elabora ou adota uma certa teoria sua definição de personalidade será por certo influenciada por essa teoria Veremos no capítulo 3 as diferentes correntes psicológicas e os seus constructos teóricos sobre a personalidade ao longo da história da Psicologia Segundo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse 2007 o termo personalidade tem os seguintes significados 1 Caráter do que é pessoal pessoalidade 2 Individualidade psicológica de uma pessoa que se manifes ta em seu comportamento 3 Conjunto dos comportamentos das aptidões das motiva ções etc cuja unidade e permanência constituem a individua lidade a singularidade de cada um 4 Aspecto pelo qual se afirma uma originalidade qualquer 5 Pessoa de certa importância social conhecida influente ou notável 6 Força energia com a qual se exprime o caráter a originalida de de cada um mulher dotada de personalidade Pelo dicionário o uso popular do termo parece correto em algumas das definições especialmente na quarta e na sexta Percebemos então que encontrar um único significado para o termo não é tarefa simples 36 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho Porém nosso objetivo neste capítulo é esclarecer e não complicar o seu entendimento Apesar de ser um conceito que possui uma multiplicidade de definições é possível nos atentarmos a definições que nos levam a compreen der esse conceito de forma a nos esclarecer como a per sonalidade se constitui e influencia as relações sociais e principalmente no ambiente de trabalho assunto que nos interessa no presente estudo Na literatura psicológica alemã Carver e Scheier definem personalidade como sendo uma organização interna e di nâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportarse de pensar e de sentir característicos de uma pessoa Apesar de ser uma concepção psicológica esta não desconsidera em sua definição a importância dos aspectos biológicos Seria nesse sentido uma orga nização dinâmica que se expressa de diferentes maneiras comportamento pensamento e emoções Personalidade é definida por padrões únicos e relativa mente consistentes de pensamentos sentimentos e com portamentos de um indivíduo HOCKENBURY HOCKE NBURY 2001 p 200 Concebemos a personalidade então como o conjunto de pen samentos motivos emoções interesses atitudes e capaci dades de uma pessoa que a diferem das outras pessoas É composta por um conjunto de características que diferenciam as pessoas tornandoas singulares únicas O indivíduo constituise em unidade com a sociedade e sua existência como tal reside exatamente em sua autodiferenciação para com aque la o que lhe confere inclusive papel de sujeito no processo de construção dessa sociedade MARTINS 2004 p 85 A persona lidade determina a maneira como a pessoa se relacionará com o mundo que a cerca 37 O conceito de personalidade Sendo um conjunto de características generalizar a perso nalidade de alguém como forte ou fraca boa ou má seria reduzir esse sujeito a um juízo de valor A Psicologia re jeita esse juízo de valor Personalidade não se reduz a um traço apenas ou a um valor moral Não é tão simples assim Podemos concluir citando e complementando a definição de Volpi 2004 p 5 para o conceito de personalidade Em linhas gerais podemos definir personalidade como sendo o conjunto de elementos temperamentais que fo ram herdados durante a gestação e de elementos adquiri dos do meio durante as etapas do desenvolvimento que formam o mundo interno psíquico de uma pessoa e são expressos pelo seu caráter Porém para compreender completamente a definição acima você precisará passar para o próximo tópico para conhecer os elementos e fatores determinantes da personalidade 38 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalhoo OS ELEMENTOS E FATORES DETERMINANTES DA PERSONALIDADE No tópico anterior compreendemos o conceito de perso nalidade Entendemos que o importante para a Psicologia é conceber o sujeito em sua singularidade entendêlo como um ser único dotado de suas próprias característi cas ora herdadas ora aprendidas Agora vamos conhecer os elementos e fatores determinantes da personalidade É importante ressaltar que estamos apresentando concei tos gerais sobre o tema sem nos fixarmos ainda nos cons tructos teóricos de uma ou outra escola da Psicologia No próximo capítulo conheceremos as teorias e metodologias de três delas a psicanálise de Freud a cognitivocom portamental fusão da teoria cognitiva e do behaviorismo que se baseia no conhecimento empírico da Psicologia e o existencialismo de Sartre Quais são os elementos formadores da personalidade Relacionados ao conceito de personalidade estão os de ca ráter temperamento e transtornos de personalidade Os dois primeiros caráter e temperamento referemse aos elementos da personalidade além da constituição física 39 Os elementos e fatores determinantes da personalidade No último capítulo deste livro conheceremos os transtor nos de personalidade que são considerados distúrbios psicológicos Para Volpi 2004 p 2 o temperamento representa a pe culiaridade e intensidade individual dos afetos psíquicos e da estrutura dominante de humor e motivação Ainda segundo ele seria uma disposição inata e particular de cada pessoa pronta a reagir aos estímulos ambientais é a maneira interna de ser e agir de uma pessoa geneticamen te determinado é o aspecto somático da personalidade Vale ressaltar que o temperamento é considerado como geneticamente determinado ou seja trans mitido de pais para filhos É possível perceber o temperamento de uma criança desde muito cedo pela estrutura dominante de seu humor Desde o momento da fecundação todas as informações ge néticas do pai e da mãe passam ao novo bebê cons tituindo o seu temperamento VOLPI 2004 p 6 Hipócrates foi o primeiro a formular uma teoria sobre o temperamento que influenciou todo o pensamento oci dental Para este filósofo grego há quatro tipos de tem peramento sanguíneo fleumático colérico e melancólico Vejamos cada um deles O temperamento sanguíneo fluido corporal san gue referese às pessoas expansivas otimistas irri táveis e impulsivas O temperamento fleumático fluido corporal lin fa ou fleuma referese às pessoas sonhadoras pací ficas dóceis presas aos hábitos e racionais 40 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalhoo O temperamento colérico fluido corporal bílis referese às pessoas ambiciosas dominadoras pro pensas a reações abruptas e explosivas O temperamento melancólico fluido corporal astrabílis ou bílis negra referese às pessoas nervo sas e excitáveis pessimistas rancorosas e solitárias Hipócrates considerado por muitos uma das figuras mais im portantes da história da saúde frequentemente considerado o pai da medicina apesar de ter desenvolvido tal ciência muito depois de Imhotep do Egito antigo É referido como uma das grandes figuras entre Sócrates e Aristóteles durante o floresci mento intelectual ateniense Hipócrates era um asclepíade isto é membro de uma família que durante várias gerações praticou os cuidados em saúde Segundo Volpi 2004 p 56 citando Reich 2005 o ca ráter é o conjunto de reações e hábitos de comportamento que vão sendo adquiridos ao longo da vida e que especifi cam o modo individual de cada pessoa É o que difere um indivíduo de outro ou uma espécie de outra Para Volpi o caráter seria composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para vá rias situações É a forma com a que a pessoa se mos tra ao mundo é a expressão do temperamento e da personalidade por meio das atitudes de uma pessoa a expressão do seu mundo interno Conhecer o caráter de uma pessoa significa conhecer os traços essenciais que determinam o conjunto de seus atos sua forma de agir e reagir perante a vida 41 Os elementos e fatores determinantes da personalidade Para ilustrar podemos citar a reação de algumas pesso as que vivenciaram o ataque de 11 de setembro de 2001 que causou o desabamento das famosas Torres Gêmeas o World Trade Center após os choques consecutivos de dois aviões comerciais Sabemos pelos inúmeros depoi mentos de sobreviventes imagens filmadas em tempo real e divulgadas na mídia filmes e documentários produzi dos após o atentado que muitos se jogaram pelas janelas alguns tentaram escapar pelas escadas outros se dispu seram a ajudar pessoas mais machucadas a escaparem ao invés de tentarem sair sozinhos enfim uma sucessão de comportamentos diversos perante a mesma situação evi denciando a diferença entre as pessoas Cada ser humano é singular e isso é o que interessa para a Psicologia Se gundo Volpi 2004 p 6 cada pessoa reage com base em sua estrutura de caráter Podemos incluir como elemento da personalidade a cons tituição física do sujeito Essa constituição corresponde ao aspecto físicomorfológico da personalidade As carac terísticas físicas das pessoas tais como feições estatura peso malformação congênita ou ainda acidentes que ge ram lesões cicatrizes deficiências sem dúvida alguma influenciam decisivamente a personalidade Sheldon SHELDON STEVENS 1942 correlacionou algu mas constituições físicas com tipos de temperamento e chegou aos seguintes resultados 42 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalhoo Físico Temperamento Endomorfo gordas vísceras digestivas bem desenvolvidas predominam as formas arre dondadas Viscerotônico expansivo apre ciador de conforto sociável Mesomorfo musculoso predo minam os tecidos ósseos atlético Somatotônico firme afirma tivo corajoso gosta de correr riscos Ectomorfo delgado predomi nam as formas lineares alto magro frágil é o que possui o maior cérebro sistema nervoso sensível Cerebrotônico tendência a re traimento introversão inibido gosto pela solidão e isolamento Podemos então considerar os seguintes elementos da personalidade o temperamento ou tipo temperamental a constituição física ou tipo morfológico e o caráter E quais são os fatores que influenciam o desenvolvimento da personalidade A personalidade desenvolvese pela combinação de fato res biológicos herança genética fisiologia e constituição ambientais influências do meio em que o sujeito está in serido cultura classe social família pares etc e pelas experiências vivenciadas Como vimos os fatores biológicos e hereditários têm grande influência no desenvolvimento da personalidade de uma pessoa Porém cada sujeito é único inclusive na sua singularidade fisiológica e morfológica Um exemplo disso são os gêmeos univitelinos idênticos Aqueles que conhecem ou convivem com gêmeos fisicamente muito 43 Os elementos e fatores determinantes da personalidade semelhantes podem perceber que os mesmos demons tram características distintas de personalidade Herdamos características temperamento mas a combina ção com outros fatores e situações que possam ocorrer na gestação no nascimento e ao longo da vida podem determinar as características de personalidade que uma pessoa desenvolverá Os fatores ambientais ou seja as influências do meio em que o sujeito está inserido cultura classe social família pares etc também exercem papel importante no desenvol vimento da personalidade A família por exemplo é o pri meiro grupo social com quem um indivíduo vai conviver Com ela vai aprender valores que determinarão o modo como enxergará a vida O modo como os pais ou aqueles que representam esse papel na vida de uma criança se re lacionam com as pessoas e com o mundo será aprendido A qualidade das relações e o clima predominante também exercerão forte influência E por fim temos as experiências pessoais vivenciadas Ao longo da vida os acontecimentos não passam sem dei xar marcas Esses acontecimentos são representados pelo indivíduo em sua subjetividade na sua singularidade no seu psiquismo A maneira como o sujeito lidará com as diversas situações positivas ou negativas é o reflexo de sua personalidade 44 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho A INFLUÊNCIA DA PERSONALIDADE NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Se voltarmos no tempo e chegarmos ao período da escra vatura época do Brasil Colônia encontraremos duas figu ras principais os senhores de engenho no topo da socie dade com poderes políticos e econômicos e os escravos na base tratados como mercadorias e responsáveis por todo o trabalho produtivo Se pularmos para a Era Indus trial encontraremos os donos das fábricas e os operários em uma visão mecanicista do trabalho Esses trabalhado res passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais recebiam todos os lucros Os operários eram vistos como máquinas A história do trabalho é marcada pelas tensões entre as formas de poder e controle sendo estes dois dos aspec tos mais relevantes que influenciam as relações de traba lho inclusive na atualidade Quer conhecer um homem Empodereo Não é o que dizem Uma pessoa egoísta autocrata exigente centralizadora ra cional ambiciosa explosiva controladora ao assumir uma posição de chefia certamente propicia um clima muito ten so para aqueles que trabalham com ela Geralmente essas chefias são temidas por todos mas principalmente por aqueles que são mais tímidos retraídos afetuosos e sen 45 A influência da personalidade nas relações de trabalho síveis Nesse caso a solução parece simples demitir esse chefe Contratar para o seu lugar um profissional cujo perfil seja o de um líder Porém nem sempre é tão simples as sim E quando esse egoísta autocrata exigente explosivo é o dono da empresa Uma das atribuições da área de Recursos Humanos é o re crutamento e selecão de pessoas que deve identificar os diversos perfis técnicos e comportamentais para recrutar e selecionar os profissionais certos para os lugares certos É fundamental que se considere sempre o perfil comportamen tal Não basta ter um bom perfil técnico estar preparado para as sumir funcionalmente um cargo Além das funções exigirem um determinado perfil comportamental é fundamental considerar com quem essa pessoa irá trabalhar Se eu profissional de recursos humanos responsável por recrutar e selecionar pessoas para os cargos da empresa em que trabalho vou selecionar um profissional para a vaga de assistente do tal chefe terrível terei que consi derar a sua personalidade para encontrar a pessoa ideal Lembremos que na nossa estorinha ele é o mandachuva o poderoso Muitas vezes o alto turnover a alta rotatividade em uma área ou função na empresa acontece devido à difi culdade de haver bom relacionamento interpessoal entre chefes e subordinados e entre pares É a incompatibilida de de personalidades e a área de recursos humanos deve estar atenta a isso 46 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho O poder e o controle no entanto não são os únicos as pectos relevantes que influenciam as relações de traba lho Vejamos outro aspecto a relação entre a personali dade e a função exercida Imagine um profissional positivo motivado interessado apaixonado por sua profissão mas que não conseguiu uma colocação no mercado em sua área Ele se vê obriga do a trabalhar em alguma outra função que muitas vezes está muito longe de ser aquilo que deseja Isso o frustra muito Trabalha apenas pela necessidade Muitas pessoas que vivem essa situação e que têm as características des critas acima sentemse agradecidas pela oportunidade e sua necessidade e ética do dever ficam na frente da éti ca do prazer Porém com o passar do tempo a frustração aumenta principalmente se o trabalho exercido é difícil complicado e desgastante Essas pessoas podem começar a apresentar características muito distintas de sua essên cia Tornamse desmotivadas tristes caladas impacientes e muitas vezes agressivas O trabalho que é desenvolvido apenas pelo retorno financeiro que não proporciona ne nhum tipo de satisfação tornase enfadonho e adoecedor Sem dúvida alguma as relações pessoais e profissionais deste profissional serão comprometidas Em casos como esse a área de recursos humanos deve atuar de duas formas a primeira preventiva e a segunda remediativa Vejamos Preventiva mais uma vez retornamos ao processo de recrutamento e seleção Identificar as preferências inte resses e motivações do profissional que está em processo 47 A influência da personalidade nas relações de trabalho seletivo para determinada vaga é fundamental Muitas ve zes a necessidade financeira do profissional é tão grande que ele naquele momento percebe que o que está sendo oferecido não vai atendêlo em curto prazo Ele aceita a proposta para não perder a oportunidade mas não fica rá muito tempo no emprego Pessoas apaixonadas pelas suas profissões dificilmente sentemse felizes em exercer atividades muito distintas o que lhes traz grande infeli cidade comprometendo vários setores de sua vida prin cipalmente a saúde e suas relações Evitar a contratação dessas pessoas é uma das formas de atuação do RH para evitar tal problemática Remediativa se você o contratou no primeiro momento ele pareceu bem positivo interessado agradecido ale gre e feliz Contudo com o passar do tempo seu sorriso murchou sua produtividade baixou e ele não parece mais aquela pessoa que estava tão desesperada pela oportuni dade O que fazer agora Nesses momentos a área de Re cursos Humanos deve agir da seguinte maneira em primei ro lugar convidálo para uma conversa e esclarecer todos esses pontos que é uma oportunidade para ambas as par tes falarem e ouvirem Algumas empresas trabalham com o processo de movimentação funcional Se o profissional tiver um perfil adequado à empresa e bom potencial po derá ser aproveitado na área que deseja se tiver uma vaga Outro aspecto relevante é quando o profissional não con segue lidar com os seus problemas pessoais de forma po sitiva comprometendo a sua produtividade e as relações no trabalho Também teremos que lidar com pessoas de sagregadoras que parecem ter prazer em gerar conflitos Como podemos ver as personalidades são diversas O ser humano é único singular com seu temperamento e características particulares 48 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho nas organizações Outras não sabem trabalhar em equipe por exemplo e comprometem o resultado do trabalho de todo um grupo A área de recursos humanos deve estar preparada para gerenciar conflitos e enfrentar as problemáticas causadas pelas diferenças entre as pessoas criando ações em seus processos que possam prevenir eou remediar os diversos cenários apresentados e outros possíveis Quando trata mos de pessoas sabemos que as situações podem ser di versas e adversas Criar um canal de comunicação uma abertura real entre RH e colaboradores é fundamental para poder atuar assertivamente Conhecer as lideranças e seus estilos criar programas de desenvolvimento de competências comportamentais e técnicas para toda a cadeia produtiva da empresa pro piciar um clima de trabalho favorável ter um processo seletivo sério e efetivo prover qualidade de vida e saúde no trabalho valorizar e reconhecer os profissionais são ações preventivas e remediativas que a área de recursos humanos pode e deve adotar para minimizar os aspectos que influenciam negativamente as relações de trabalho Conhecemos neste capítulo o conceito de personalidade Compreendemos que o termo é fascinante e que na Psico logia será definido de acordo com os constructos teóricos das escolas psicológicas que veremos no próximo Para a Psicologia interessa compreender o ser humano como um ser único singular dotado da capacidade de construir a sua própria subjetividade 49 A influência da personalidade nas relações de trabalho Entendemos que o temperamento é adquirido genetica mente herdado dos pais e que o caráter é a expressão do mundo interno ou seja sua forma de agir Além da consti tuição física o caráter e o temperamento são os elementos da personalidade Conhecemos que os fatores determinantes para o desen volvimento da personalidade são os biológicos os am bientais e as experiências vividas Compreendemos que esses três fatores influenciam o desenvolvimento da per sonalidade mutável desde o início e ao longo da vida Por fim entendemos que nas organizações alguns aspec tos relevantes da personalidade influenciam as relações tais como controle e poder Vimos que a área de recursos humanos pode e deve atuar de forma preventiva ou reme diativa frente às diversas situações e problemáticas causa das pelas diferenças entre as pessoas comprometendo a produtividade e as relações no trabalho 50 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho REFERÊNCIAS CARISSIMI B A S M Não basta ser líder tem que ser coach mentor e counsel as diferenças essenciais entre essas práticas Rio de Janeiro RH 2005 Disponível em httpwwwrhcombr Acesso em 28 ago 2013 Do malestar na civilização ao ao malestar na organização um percurso Dissertação Metrado em Psi canálise Saúde e Sociedade Universidade Veiga de Al meida Rio de Janeiro 2008 ERTHAL TCS Terapia vivencial uma abordagem exis tencial em psicoterapia Petrópolis Vozes 1989 FRIEDMAN HS SCHUSTACK MW Teorias da personali dade São Paulo Pearson 2004 HALL C S LINDZEY G Teorias da personalidade São Paulo EPU 1984 MATOS MA Behaviorismo metodológico e Behavioris mo Radical Palestra apresentada no II Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental Campinas out 93 Versão revisada encontrase publicada em Ber nard Rangé Org Psicoterapia comportamental e cogniti va pesquisa prática aplicações e problemas Campinas Editorial Psy 1995 Disponível em httpwwwcfhufsc brwfilmatoshtm Acesso em 18 out 2013 51 MAY PR A implantação de modelos de gestão em uma empresa pública o modelo de gestão participativa e o mo delo de controle da qualidade total na centrais elétricas de Santa Catarina CELESC Dissertação Mestrado em Enge nharia de Produção Universidade Federal de Santa Ca tarina Florianópolis 1999 Disponível em httpwww epsufscbrdisserta99may Acesso em 17 nov 2013 SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 SILVEIRA EGF Gestão do conhecimento nas organi zações perfil motivacional e tipos psicológicos jun guianos um estudo de caso em uma empresa de saúde Dissertação Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhe cimento Universidade Federal de Santa Catarina Floria nópolis 2006 SKINNER B F A case history of scientific method Ameri can Psychologist Sl n 11 p 221233 1956 52 53 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem CAPÍTULO 3 TEORIAS DE PERSONALIDADE AS PERSPECTIVAS BÁSICAS DA PERSONALIDADE No capítulo anterior compreendemos que o conceito de personalidade para a Psicologia está diretamente ligado a uma escola ou teoria psicológica Agora conheceremos as perspectivas básicas da personalidade 54 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS BIOLÓGICAS BEHAVIORISTAS E DA APRENDIZAGEM Podemos começar este tópico respondendo a seguinte pergunta O que é uma teoria Segundo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse 2006 p 982 teoria é um conjunto organizado de prin cípios regras leis científicas que visam descrever e expli car um certo conjunto de fatos Nesse sentido uma teoria da personalidade na Psicologia nascerá de uma linha teórica de referência pela qual a per sonalidade será pesquisada estudada Para Hall Lindzey 1984 p 11 a personalidade é de finida por conceitos particulares contidos em uma teoria considerada adequada para a completa descrição e com preensão do comportamento humano Ainda segundo os autores uma teoria deve ser capaz de abranger um campo amplo de comportamento humano e fazer predições sobre ele Ela deveria ser capaz igualmen te de tratar qualquer fenômeno de comportamento que tenha significado para o indivíduo 55 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Podemos compreender com o exposto que uma teoria da personalidade se preocupa com os fenômenos relevantes do comportamento humano para buscar explicálos Vejamos agora uma de cada vez três relevantes teorias de personalidade a biológica a behaviorista e a da per sonalidade Perspectiva biológica Os principais teóricos desta perspectiva são Charles Dar win Ivan Pavlov Hans Eysenck e Francis Galton Vejamos cada um deles e suas contribuições Charles Darwin 18091892 naturalista inglês afirmou com sua teoria evolucionista da personalidade que as pessoas não são uma criação divina mas uma evolução direta das espécies mais primitivas Para Darwin todas as espécies possuem um ancestral comum Sua teoria é chamada de Teoria da Evolução das Espécies pela Seleção Natural Ou seja a evolução acontece pela seleção natural por meio da luta pela sobrevivência do mais apto mais forte mais inteligente mais adaptável mais agressivo etc A contribuição de Darwin para a Biologia é fundamental A evolução é a base de todos os seus conceitos Ivan Pavlov 18491936 foi um filósofo russo reconhe cido por suas contribuições acerca do papel do condicio namento na psicologia do comportamento Para Pavlov as respostas comportamentais podem ser inatas ou aprendi das por meio de estímulos agradáveis ou aversivos Esta 56 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade descoberta foi a base da Psicologia Comportamental que veremos em seguida A teoria do traço biológico de Hans Eysenck psicólogo alemão identificou em suas pesquisas três tipos funda mentais de estrutura da personalidade que variam pela intensidade de escores nos processos neurais em cada sujeito extroversão sociável animado ativo in trovertido retraído neuroticismo ansiosos deprimi dos tensos estabilidade emocional e psicoticismo agressivo frio egocêntrico empático sociável Para Eysenck os fatores biológicos são determinantes no de senvolvimento da personalidade E por fim Francis Galton 18221911 cientista mate mático estatístico e antropólogo inglês Galton propôs a eugenia por meio de uma reprodução seletiva A eugenia seria a evolução de uma determinada espécie pela sele ção artificial Por meio da psicometria testes de inteligên cia homens e mulheres poderiam ser avaliados nas suas capacidades mentais Neste caso a reprodução humana entre homens e mulheres inteligentes poderia gerar uma espécie mais evoluída Interessante destacar que Francis Galton era primo de Charles Darwin Teoria comportamental Em 1913 John Broadus Watson psicólogo que aos 35 anos iniciou uma revolução contra a Psicologia vigente daquela época O seu movimento foi chamado de beha viorismo e em pouco tempo tornouse o mais importante sistema americano de Psicologia SCHULTZ 1975 57 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Para Watson a Psicologia deveria ser objetiva preocupa da com o comportamento observável para que fosse pos sível descrevêlo A Psicologia Mentalista que predominava foi criticada por Watson e considerada pouco produtiva Sua proposta era mudar o foco da Psicologia do estudo dos processos mentais pensamentos e sentimentos para o comporta mento observável Como nos explica Matos 1995 no mentalismo o acesso às ideias ou imagens se faria somente através da intros pecção que seria então revelada através de uma ação ges to ou palavra Temos aqui um modelo causal de ciência a o indivíduo passivo recebe impressões do mundo b es tas impressões são impressas na sua mente constituindo sua consciência c que é então a entidade agente respon sável por ou local onde ocorrem processos responsáveis por nossas ações Ainda segundo a autora o behaviorismo surgiu em oposi ção ao mentalismo e ao introspeccionismo Em fins do sécu lo passado a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos em me didas em definições claras em demonstração e experimen tação Esta influência se fez sentir na psicologia no começo deste século com a proposta behaviorista feita por Watson em 1924 Por que não fazemos daquilo que podemos ob servar o corpo de estudo da Psicologia MATOS 1995 58 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade Nascia a Psicologia do Comportamento com a finalidade de prever e controlar o comportamento dos sujeitos que se concentrava unicamente no que podia ser visto A teoria comportamental diz que os comportamentos são mutáveis a partir de alterações no ambiente na presença de reforçadores ou de situações aversivas Esses reforçadores ou as situações aversivas são conside rados estímulos negativos ou positivos Um exemplo clássico para compreendermos essa teoria é quando a criança pequena que está começando a engati nhar coloca o dedinho no interruptor de energia ou seja na tomada O choque será um estímulo negativo uma si tuação aversiva que a levará a não colocar mais o dedinho na tomada Seu ato de conduta comportamento mudará a partir da experiência Watson era um defensor da psicologia animal acreditan do ser essa vantajosa para a pesquisa psicológica Em seu livro A Psicologia do ponto de vista de um behaviorista de 1919 ele afirmou que os princípios e métodos adota dos para a psicologia animal eram igualmente aplicáveis e legítimos para o estudo do homem SCHULTZ 1975 Inspirado em Pavlov filósofo russo que propôs o mo delo de condicionamento chamado de condicionamento clássico o Behaviorismo Clássico de Watson concebe o comportamento como sendo uma resposta a um estímulo específico Nesse sentido tornouse comum referirse ao behaviorismo como Psicologia do Estímulo e Resposta ou SR StimulusResponse 59 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Comportamento Estímulo Resposta Para Watson o homem é o produto de associações esta belecidas durante a vida entre estímulos do ambiente e respostas comportamento observável Essa proposta viria a ser superada por behavioristas pos teriores como Burrhus F Skinner fundador do Behavio rismo Radical Como nos apresenta Schultz 1975 p 276 em muitos e importantes aspectos a posição de Skinner representa uma renovação do mais antigo behaviorismo watsoniano O método de trabalho de Skinner é o indutivo ou seja evi ta completamente a teoria e pratica um positivismo estrito O que isso significa Skinner não construiu teorias ou hipóteses para poste riormente comproválas ou não experimentalmente Este parte dos dados empíricos para generalizações conjec turais SCHULTZ 1975 Nunca abordei um problema construindo uma hipótese Nunca deduzi teoremas nem os submeti à verificação ex perimental Até onde posso vislumbrar não tive um mo delo preconcebido de comportamento certamente não um fisiológico ou mentalista e creio que tampouco um modelo conceptual SKINNER 1956 p 227 60 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade O Behaviorismo Radical de Skinner preocupase com a descrição dos comportamentos observáveis Esse beha viorismo puramente descritivo foi denominado a aborda gem de organismo vazio SCHULTZ 1975 p 277 Sua teoria é ambientalista O que isso quer dizer O comportamento é afetado pela mudança de ambiente e no ambiente E a aprendizagem Para o behaviorismo a aprendizagem acontece pelo con dicionamento O homem é concebido como um organis mo que responde a estímulos do ambiente de forma con dicionada Skinner nomeou de comportamento respondente quando a resposta comportamental é suscitada por uma situação de estímulo específica e observável SCHULTZ 1975 p 278 Essa situação de condicionamento foi descrita por Pavlov Pavlov verificou que os cães salivavam ao cheiro ou quan do viam a comida Quando a comida era oferecida soava a campainha O cão foi condicionado a salivar ao ouvir a campainha Surge a ideia de reforço E chamou de comportamento operante quando a respos ta do organismo é aparentemente espontânea ocorrendo sem nenhum estímulo externo possível de observação 61 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Skinner deu ênfase a esse comportamento afirmando que tendemos a repetir o que é agradável e a evitar o que é desagradável Na caixa de skinner o rato aciona a alavanca obtém alimento e não recebe recompensa alimentar nenhuma enquanto não acionar a alavanca Skinner considera o comportamento operante muito mais representativo da si tuação de aprendizagem humana na vida real SCHULTZ 1975 p 278 Para o behaviorismo o homem desenvolve suas caracterís ticas em função das condições presentes no meio em que vive O comportamento é controlado por suas consequên cias pelos estímulos que se segue às respostas Recom pensar ou punir para alcançar a aprendizagem desejada O homem é produto do meio A perspectiva da aprendizagem incorpora a perspectiva behaviorista Para esta aprender significa mudança de comportamento Essa abordagem aproximase das perspectivas cognitivas e sociais A personalidade é influenciada pela aprendiza gem e pelas exigências da sociedade O meio será o principal responsável pelas respostas dadas pelo sujeito a partir de estímulos sociais que influenciam o comportamento aprovação aceitação e atenção externa 62 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS COGNITIVAS E SOCIOCOGNITIVAS DO TRAÇO E DA PERSONALIDADE Na abordagem cognitiva e sociocognitiva a personalidade tem como base a percepção e a cognição de uma pessoa Isso quer dizer que a percepção e a interpretação indivi duais dos sujeitos sobre o mundo são elementos centrais de sua personalidade Os principais teóricos dessa abordagem são Kurt Lewin Jean Piaget George Kelly Julian Rotter e Albert Bandura Kurt Lewin 18901947 psicólogo alemãoamericano afirmava que somente por meio do estudo de pequenos grupos poderíamos compreender o macro grupo Com isso abriu novos caminhos para a Psicologia Social tor nandoa autônoma da Psicologia e da Sociologia Dentre as suas principais contribuições estão O indivíduo vive ligado inevitavelmente a grupos maiores classes sociais sociedade ou menores fa mília grupo de vizinhos trabalho escola religiosos As pessoas são dotadas de sua historicidade escrita por suas vivências pessoais e profissionais bem como por suas características de personalida de Em grupo terão ações e reações individuais e também as influenciadas pelo grupo 63 Perspectivas cognitivas e sociocognitivas do traço e da personalidade Desenvolveu a teoria de campo o comportamen to de uma pessoa está relacionado tanto às carac terísticas pessoais quanto à situação social na qual está inserida observação e manipulação de variá veis envolvendo grupos Foi o principal responsável pelo avanço dos estu dos de dinâmica de grupo Jean Piaget 18961980 suíço desenvolveu sua teoria cognitiva para explicar o desenvolvimento cognitivo hu mano Para Piaget a inteligência infantil é do tipo sen sóriomotor tratandose de uma inteligência prática A manipulação de objetos e a sua percepção antes da con cretização da linguagem e do pensamento caracterizam essa inteligência prática Segundo ele a inteligência evolui até se tornar uma inteli gência propriamente dita na medida em que o sujeito se relaciona com o meio e este o influencia George Kelly 19051967 desenvolveu a teoria da perso nalidade como a teoria do constructo pessoal Esta foca a compreensão e predição dos comportamentos pessoais e dos outros por meio de constructos Os constructos seriam referências modelos criados pelo sujeito que tenta adaptálos para dar sentido à realidade Não são estáticos podendo ser alterados Julian Rotter 19162014 psicólogo americano em sua teoria sociocognitiva afirma que as pessoas escolhem seu 64 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade comportamento por meio dos seus centros de controle Para as pessoas cujo centro de controle é interno ou seja que tem como expectativa que a sua própria ação determi nará um resultado são mais independentes focados nas suas próprias realizações e com capacidade empreendedo ra Para as pessoas cujo centro de controle é externo ou seja que tem como expectativa que pessoas ou situações externas a elas determinem os resultados de suas ações são menos independentes e mais suscetíveis a transtornos de ansiedade estresse e até mesmo depressão Albert Bandura 1925 psicólogo e pedagogo canadense definiu que a aprendizagem por observação não exige a necessidade de reforço como propõe o behaviorismo clássico Os processos internos do sujeito resultam na au torregulação do comportamento Esses processos focam o autorreforçamento e a autoeficácia Na perspectiva do traço e da habilidade sobre a perso nalidade os sujeitos são percebidos como conjuntos de traços habilidades e temperamentos reduzindo a quanti dade de dimensões básicas da personalidade Suas técnicas de avaliação individual são consideradas adequadas levando em conta comparações entre sujei tos além de pesquisas científicas teóricas e práticas As técnicas mais comuns de avaliação individual nessa perspectiva são análise fatorial autorrelatos testes de estilos e habilidades análise de documentos observação comportamental e entrevistas 65 Perspectivas cognitivas e sociocognitivas do traço e da personalidade R B Cattel 19051998 psicólogo inglês desenvolveu a análise fatorial da personalidade e definiu 16 traços de personalidade São eles expansivoreservado desconfiadoconfiante maismenos inteligente imaginativoprático estávelsentimental astutofranco assertivohumilde apreensivoplácido despreocupadomoderado inovadorconservador conscienciosoevasivo autossuficiente dependendo do grupo ousadotímido controladordescontraído compassivodeterminado tensocalmo Uma abordagem contemporânea sobre traços define cinco dimensões ou fatores de personalidade chamados de os Cinco Grandes São eles extroversão sociabilidadecordialidadeasserti vidade amabilidade fraqueza confiança altruísmo mo déstia conscienciosidade competênciaprudênciaper sistêncialuta pela excelência neuroticismo ansiedade hostilidade depressão e vulnerabilidade e abertura ima ginação percepção estética curiosidade intelectual Psicólogos do traço reconhecem influências biológicas cognitivas e psicodinâmicas em sua teoria 66 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS HUMANISTA E EXISTENCIAL PERSPECTIVA INTERACIONALISTA PESSOASITUAÇÃO A perpectiva existencialhumanista considera os seres hu manos livres para realizarem sua existência Em primeiro lugar cabe colocar que o existencialismo não surgiu como uma escola psicológica mas como uma filo sofia existencial Seu surgimento ocorreu na França e na Alemanha no século XIX pelas mãos e pensamentos de Kierkegaard considerado o pai do existencialismo Mas outros nomes como Heidegger e Sartre são fundamentais na disseminação e expressão da filosofia existencial Neste tópico focaremos o existencialismo sartreano Como filosofia o existencialismo influenciou a Psicologia e o surgimento de uma psicologia existencial O existencialismo se fundamenta na crença de que a exis tência precede a essência segundo a definição do filóso fo existencialista JeanPaul Sartre O que isso quer dizer Erthal 1989 p 23 explica que tal afirmação significa di zer que o homem precisa escolher a cada momento o que 67 Perspectivas humanista e existencial perspectiva interacionalista pessoasituação será no momento seguinte só existindo poderá ser O homem é o que atua ser JeanPaul Charles Aymard Sartre Paris 19051980 foi um filósofo escritor e crítico francês conhecido como representante do existencialismo Acreditava que os inte lectuais têm de desempenhar um papel ativo na socieda de Era um artista militante e apoiou causas políticas de esquerda com sua vida e obra Sua filosofia dizia que o homem primeiro existe depois se define enquanto todas as outras coisas são o que são sem se definir e por isso sem ter uma essência posterior à existência Conceber uma essência significa conceber o homem pron to O existencialismo encara uma contínua criação uma existência um constante viraser Com esse pensamento surge um homem livre e responsá vel para existir fazer escolhas sem que seu ser seja pre definido Nesse viraser contínuo vivencia novas experiências e com isso redefine o próprio pensamento e adquire novos conhecimentos a respeito de si mesmo Sartre define o homem como responsável pela própria li berdade E frente a essa liberdade de ação o ser humano se angustia pois a liberdade implica fazer escolhas as quais só o próprio indivíduo pode fazer 68 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade Até quando nos abstemos de fazer escolhas já estamos escolhendo A escolha é não agir Segundo Erthal 1989 p 37 para Sartre o homem é aqui lo que faz de si próprio Assim a liberdade não é algo levianamente construído senão que existe uma responsa bilidade absoluta pelo que resulta Se a natureza humana fosse um molde rígido ou mesmo maleável como propõem os psicanalistas porém passivo como afirmam os behavio ristas o homem não podia ser responsável por si mesmo A ideia de inconsciente para o existencialismo é rejeitada e tratada como máfé O inconsciente passa a ser a indicação máxima de máfé que uma pessoa estabelece para si mesma seria a ati tude escolhida para minimizar o peso da escolha respon sável e colabora na redução das possibilidades de uma existência plena O homem é um eterno viraser A perspectiva interacionalista pessoa0situação percebe o sujeito com uma variabilidade de reações frente às diver sas situações Podemos chamar de um self social em que as respostas comportamentais variam de acordo com as circunstâncias sociais Para Harry Stack Sullivan 18921949 psiquiatra ameri cano um dos principais nomes dessa abordagem a pes soa pode ter tantas personalidades quanto as situações sociais lhe exigirem 69 Perspectivas humanista e existencial perspectiva interacionalista pessoasituação Definiu personalidade como um padrão relativamente duradouro de relações interpessoais que caracterizam uma vida humana Foca as experiências interpessoais sempre em desenvolvimento Sua abordagem é relacional De acordo com essa visão uma personalidade não pode ser separada do apanhado de suas relações interpessoais Para ele um homem individu al é inconcebível Seria complicado falar de traços de personalidade uma vez que para os interacionalistas o comportamento muda muito de uma situação para outra É uma relação contínua entre self e ambiente Nessa perspectiva uma pessoa pode ser introvertida e se portar de forma descontraída em um encontro com ami gos Uma pessoa pode ser sincera e honesta porém even tualmente mentir para não magoar alguém Para ele a vida é uma contínua busca da necessidade de satisfação e de segurança Vejamos em seguida as últimas perspectivas da personali dade as psicanalíticas e neoanalíticas 70 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS ANALÍTICA E NEOANALÍTICAS Vejamos agora as considerações psicanalíticas do pai da psicanálise Sigmund Freud Sigismund Schlomo Freud Příbor 6 de maio de 1856 Londres 23 de setembro de 1939 mais conhecido como Sigmund Freud foi um médico neurologista judeuaus tríaco fundador da psicanálise Freud nasceu em Freiburg na época pertencente ao Império Austríaco atualmente a localidade é denominada Příbor na República Tcheca Freud iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria Ao observar a melhora de pacientes de Charcot elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica não orgânica Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos como o do inconsciente Não foi Freud o primeiro a utilizar o termo inconscien te mas foi na psicanálise freudiana que ele teve seu lugar destacado A obra freudiana marcou a humanidade e revelou a par tir do conceito de inconsciente que o homem não domina a si mesmo O sujeito da psicanálise não é o mesmo sujeito da psicologia comportamental por exemplo nem da ciência positivista O sujeito de que trata é o sujeito 71 Perspectivas analítica e neoanalíticas do inconsciente do desejo da singularidade Carissimi 2008 p 912 Freud definiu o inconsciente como sendo uma instância psíquica que se manifesta por meio de lapso ato falho sintoma chistes sonho e fantasia Para Freud a personalidade é composta de três grandes sistemas o id o ego e o superego HALL LINDZEY 1984 p 25 representando a impulsividade a racionalidade e a moralidade respectivamente O id é um componente fundamental da estrutura da per sonalidade sendo o seu sistema original básico e mais central É o reservatório de energia de toda personalidade que põe em funcionamento o ego e o superego Os seus conteúdos são quase todos inconscientes incluem con figurações mentais que nunca foram conscientes como também o material que foi considerado inaceitável pela consciência que foi rejeitado A outra estrutura é o ego A diferença básica entre o id e o ego reside em que o primeiro conhece somente a realidade subjetiva da mente enquanto o segundo faz a distinção en tre as coisas da mente e as do mundo exterior HALL LIN DZEY 1984 p 27 Quando sentimos fome ou sede preci samos reconhecer procurar encontrar e consumir bebidas e alimentos que nos satisfaçam Transformar a imagem em percepção Esse é o papel do ego Quando o bebê começa a interagir com o ambiente o ego se desenvolve É a busca do prazer em contato com a realidade Ou seja se desenvolve a partir do id para atender e aplacar suas exigências Tem 72 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade como tarefa garantir a saúde a segurança e a sanidade da personalidade Sua função é enfrentar a necessidade de mi nimizar a tensão e maximizar o prazer A terceira parte da estrutura da personalidade é o supe rego Ele é o representante interno dos valores e ideais tradicionais da sociedade transmitidos pelos pais e refor çados pelo sistema de recompensas e castigos impostos à criança HALL LINDZEY 1984 p 28 Atua como uma censura dizendo ao ego o que é correto e incorreto sobre os pensamentos deste É o depósito dos códigos morais e os modelos de conduta da personalidade do sujeito De modo geral podemos considerar o id como o compo nente biológico da personalidade o ego como o compo nente psicológico e o superego como o componente so cial HALL LINDZEY 1984 p 28 Freud concebeu o sujeito como o sujeito do inconsciente o que diferencia a Psicanálise da Psicologia do Compor tamento por exemplo Para Freud esse sujeito vive em parte no mundo da realidade e em parte no da imagina ção envolvido em conflitos e contradições interiores e contudo capaz de pensamento e ações racionais movido por forças que ele pouco conhece e por aspirações além de seu alcance às vezes lúcido às vezes confuso frustrado satisfeito esperançoso e desesperado egoísta e altruísta em suma um ser humano complexo Para muitos esse quadro do homem tem um valor essencial HALL LIND ZEY 1984 p 52 73 Perspectivas analítica e neoanalíticas O sujeito é o sujeito do inconsciente A teoria freudiana destacou a importância do inconscien te para explicar a psique humana Para os sucessores de Freud em uma perspectiva neoanalítica da personalidade o ego foi considerado de grande importância O conceito de selfconsciente ou quem eu acreditosuponhopenso ser é relevante nas concepções teóricas desta perspectiva Carl Jung sem dúvida se destaca como sucessor de Freud e tem adeptos e seguidores de sua teoria pelo mundo inteiro Jung definiu as dimensões da personalidade extroversão e introversão para apresentar as forças opostas que com petem em busca de equilíbrio A extroversão representa a tendência de nos concentrarmos no externo e a introver são representa a tendência de focarmos no interno A luta interna do self está voltada para as emoções e os impulsos internos enquanto que a luta externa do self às exigências do mundo Jung desenvolveu o conceito de inconsciente coletivo como a camada mais profunda da psique constituído de materiais e arquétipos imagens e símbolos que não cor respondem às experiências individuais comuns a todos os seres humanos Apresentou as quatro funções psíquicas sensação senti mento pensamento e intuição que integradas às atitudes de introversão e extroversão correspondem aos tipos psi cológicos definidos por Jung 74 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade Para ele percebemos o mundo a partir da sensação e da in tuição e julgamos os fatos pelo pensamento e sentimento Diante de todas essas perspectivas podemos compreen der que personalidade e comportamento são termos dis tintos porém interligados Comportamento é ação res posta personalidade é quem eu sou mesmo que esse conceito varie tanto O que fundamenta o comportamento individual no traba lho é o fenômeno motivacional uma vez que o ser humano busca pela sua própria natureza satisfazer suas necessi dades preencher a falta o vazio a ausência de satisfação Neste capítulo conhecemos as oito perspectivas básicas da personalidade No primeiro tópico das perspectivas biológicas behavio ristas e da aprendizagem compreendemos a importância dos fatores biológicos hereditários e sociais no desenvol vimento da personalidade Para o behaviorismo o homem desenvolve suas caracte rísticas em função das condições presentes no meio em que vive O comportamento é controlado por suas con sequências pelos estímulos que se seguem às respostas Recompensar ou punir para alcançar a aprendizagem de sejada O homem é produto do meio O behaviorismo é a psicologia do comportamento As perspectivas cognitivas e sociocognitivas e do traço e da habilidade vistas no segundo tópico focam a capa 75 Perspectivas analítica e neoanalíticas cidade cognitiva e de percepção do mundo no desenvol vimento da personalidade A perspectiva dos traços nos apresenta traços de personalidade que explicam o ser in teragindo no mundo e suas respostas comportamentais O terceiro tópico das perspectivas humanista e existen cial nos mostrou que o existencialismo não surge como uma escola psicológica e sim como uma filosofia existen cial e virá a fundamentar uma psicologia existencial que concebe um homem livre e responsável Sartre define o ho mem como sendo o responsável pela própria liberdade E frente a essa liberdade de ação o ser humano se angustia pois a liberdade implica fazer escolhas as quais só o pró prio indivíduo pode fazer O homem é um eterno viraser A perspectiva interacionalista pessoasituação apresenta a teoria de que a personalidade não é estática mas possui padrões relativamente estáveis A relatividade pode ser explicada pela ideia de que as respostas dos indivíduos podem variar diante de diferentes situações E por fim as perspectivas analíticas e as neoanalíticas Para a psicanálise freudiana a personalidade é estrutura da em três instâncias psíquicas o id componente biológi co o ego componente psicológico e o superego compo nente social Freud concebeu o sujeito como o sujeito do inconsciente o que diferencia a Psicanálise da Psicologia do Comportamento por exemplo Jung em sua perspectiva neoanalítica desenvolveu o con ceito das quatro funções psíquicas sensação sentimento 76 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade pensamento e intuição Integradas às atitudes de introver são e extroversão correspondem aos tipos psicológicos definidos por Jung Ou seja percebemos o mundo a partir da sensação e intuição e julgamos os fatos pelo pensa mento e sentimento Personalidade e comportamento são termos distintos po rém interligados Meu comportamento pode ser determi nado pela minha personalidade Percebemos que o fundamento do comportamento indivi dual no trabalho é o fenômeno motivacional uma vez que o ser humano busca pela sua própria natureza satisfazer suas necessidades preencher a falta o vazio a ausência de satisfação 77 REFERÊNCIAS CARISSIMI B A S M Não basta ser líder tem que ser coach mentor e counsel as diferenças essenciais entre essas práticas Rio de Janeiro RH 2005 Disponível em httpwwwrhcombr Acesso em 28 ago 2013 Do malestar na civilização ao malestar na or ganização um percurso Dissertação Metrado em Psica nálise Saúde e Sociedade Universidade Veiga de Almei da Rio de Janeiro 2008 ERTHAL TCS Terapia vivencial uma abordagem exis tencial em psicoterapia Petrópolis Vozes 1989 FRIEDMAN HS SCHUSTACK MW Teorias da personali dade São Paulo Pearson 2004 HALL C S LINDZEY G Teorias da personalidade São Paulo EPU 1984 MATOS MA Behaviorismo metodológico e Behavioris mo Radical Palestra apresentada no II Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental Campinas out 93 Versão revisada encontrase publicada em Ber nard Rangé Org Psicoterapia comportamental e cogniti va pesquisa prática aplicações e problemas Campinas Editorial Psy 1995 Disponível em httpwwwcfhufsc brwfilmatoshtm Acesso em 18 out 2013 78 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade MAY PR A implantação de modelos de gestão em uma empresa pública o modelo de gestão participativa e o modelo de controle da qualidade total na centrais elétricas de Santa Catarina CELESC Dissertação Mestrado em En genharia de Produção Universidade Federal de Santa Ca tarina Florianópolis 1999 Disponível em httpwww epsufscbrdisserta99may Acesso em 17 nov 2013 SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 SILVEIRA EGF Gestão do conhecimento nas organi zações perfil motivacional e tipos psicológicos jun guianos um estudo de caso em uma empresa de saúde Dissertação Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhe cimento Universidade Federal de Santa Catarina Floria nópolis 2006 SKINNER B F A case history of scientific method Ameri can Psychologist Sl n 11 p 221233 1956 79 Conceito e tipos de transtornos de personalidade CAPÍTULO 4 TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE No capítulo anterior compreendemos os fundamentos do comportamento individual nas organizações para pautar mos a gestão de pessoas Neste capítulo conheceremos os diferentes tipos de transtornos de personalidade para ajudar ao gestor de RH a reconhecêlos a fim de que possa encaminhar as soluções cabíveis em cada situação 80 Transtornos de personalidade CONCEITO E TIPOS DE TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Ao longo da leitura desta obra compreendemos o concei to de personalidade e suas teorias para fundamentarmos o comportamento das pessoas nas organizações e dire cionarmos as estratégias da gestão de recursos humanos Porém precisamos ir mais além abordando alguns transtornos psicológicos graves que comprometem as relações e a performance no trabalho os transtornos de personalidade Antes de iniciarmos esse tema é importante esclarecer que o gestor de recursos humanos não tratará terapeu ticamente transtornos psicológicos Essa atribuição é do profissional psicólogo Este capítulo pretende ajudar o gestor de pessoas a detectar sinais e sintomas e identifi car transtornos de personalidade que estão comprome tendo o desempenho e as relações e direcionar ou enca minhar o indivíduo para tratamento psicológico com um psicoterapeuta por exemplo E nesse caso esse encami nhamento será a solução possível a tomada de decisão do gestor Bom não devemos nos preocupar com isso agora Esse foi apenas um esclarecimento inicial para evitarmos expecta tivas erradas Veremos no segundo tópico como o gestor de recursos humanos deverá tratar tais questões 81 Conceito e tipos de transtornos de personalidade Iniciemos pois este tópico com o conceito de transtorno Ao buscarmos esse termo no Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse 2006 p 1005 encontramos em sua origem o verbo transtornar que se refere ao ato de desor ganizar atrapalhar perturbar transformar levar a ou perder o equilíbrio desorientar se perturbar se des figurarse Diante do exposto percebemos que um trans torno de personalidade prejudica a si próprio e aos que o rodeiam pois tal transtorno dificulta a adaptação do indivíduo ao meio ao qual ele pertence Podemos definir como transtorno de personalidade o de sequilíbrio ou desajuste nas formas de pensar agir e sen tir comuns de um indivíduo que causam prejuízo e so frimento a ele próprio e às demais pessoas que o cercam A Psiquiatria concebe a maioria dos transtornos psico lógicos como síndromes Para Kaplan e Sadock 1993 p 230 uma síndrome é um grupo de sinais e sintomas que ocorrem juntos constituindo uma condição identificável Sinais são achados objetivos observados pelo médico por ex taquicardia e hiperatividade motora sintomas são queixas subjetivas apresentadas pelo paciente por ex palpitações e ansiedade O estudante do comportamento humano seja ele psicólo go ou psiquiatra deve conhecer os sinais e sintomas para identificar o transtorno psicológico do seu paciente e ini ciar o tratamento 82 Transtornos de personalidade O gestor de recursos humanos não tratará o indivíduo mas sendo conhecedor de tais sinais e sintomas poderá reconhe cer tal problemática e direcionálo para tratamento espe cífico Diante dessa situação muitas empresas não sabem como agir por falta de esclarecimento e preparo dos profis sionais das áreas humanas atuantes nas organizações Vejamos alguns aspectos da capacidade humana que afe tados demonstram sinais e sintomas de possíveis trans tornos apresentados e descritos no Compêndio de Psi quiatria Ciências Comportamentais Psiquiatria Clínica KAPLAN SADOCK 1993 cap 8 pp 2308 O primeiro deles é a consciência definida como estado de lucidez As perturbações da consciência estão relaciona das aos seguintes sinais e sintomas 1 Desorientação dificuldades para reconhecer tempo lugar ou pessoas 2 Pensamento pouco claro 3 Estupor falta de reação 4 Delírios medos e alucinações 5 Coma grau profundo de inconsciência ou coma vigil parece estar adormecido mas pronto para ser despertado 6 Sonolência 7 Dificuldades para concentrar a atenção capaci dade para manter foco em alguma atividade 83 Conceito e tipos de transtornos de personalidade 8 Bloqueio para o que gera ansiedade 9 Hipervigilância atenção excessiva 10 Resposta obediente e sem crítica a uma ideia ou influência Um outro aspecto a ser considerado é a emoção do indiví duo Esse aspecto se relaciona principalmente ao afeto e humor Um afeto adequado demonstra se o tom emocio nal está em harmonia com a ideia pensamento ou fala que o acompanham Vejamos 1 Afeto inadequado tom emocional ideia pensa mento ou fala desarmônicos Pode ser embotado tom contido ou reduzido severamente restrito leve redução do tom plano tom ausente ou quase ausente e lábil alternado com mudanças bruscas sem relação com estímulos externos 2 Humor inadequado disfórico estado de âni mo desagradável irritável facilmente provocado até a raiva lábil alternado oscilação entre eu foria e depressão exaltado mais animado que o normal euforia sentimentos de grandeza êxtase arrebatamento depressão e anedonia sentimento psicopatológico de tristeza e perda do interesse e afastamento de todas as atividades regulares e pra zerosas tristeza ou luto adequada a uma perda real e alexitimia incapacidade ou dificuldade para descrever ou conscientizarse das próprias emoções e estados de ânimo 84 Transtornos de personalidade 3 Ansiedade sentimento de apreensão provocado pela antecipação de um perigo interno ou externo 4 Medo ansiedade provocada por um perigo reco nhecido 5 Agitação inquietação motora 6 Tensão aumento desagradável da atividade mo tora ou psicológica 7 Pânico ataque intenso agudo e episódico de ansiedade associado a sentimentos sufocantes de medo 8 Apatia tom emocional sombrio associado com desapego ou indiferença 9 Ambivalência coexistência simultânea de dois impulsos opostos com relação à mesma coisa 10 Variação diurna o humor está regularmente pior pela manhã imediatamente após o despertar melhorando ao longo do dia Abordaremos agora o comportamento motor Vejamos al guns dos seus sinais e sintomas 1 Ecopraxia imitação patológica dos movimentos de outra pessoa 2 Catatonia anomalias motoras desde uma posi ção imóvel constantemente mantida a uma ativida 85 Conceito e tipos de transtornos de personalidade de motora agitada sem finalidade e não influencia da por estímulos externos 3 Cataplexia perda temporária do tono muscular e fraqueza 4 Estereotipia padrão repetitivo fixo de ação física ou fala 5 Maneirismos movimentos involuntários estereo tipados 6 Automatismo desempenho automático de atos 7 Mutismo falta de produção da fala sem anorma lidades estruturais 8 Hiperatividade agitação inquietude tique so nambulismo compulsão para ingerir álcool furtar arrancar os próprios cabelos por exemplo 9 Hipoatividade atividade motora diminuída ou retardada 10 Agressão ação verbal ou física intensa dirigida a um objetivo Outro aspecto a ser considerado é o pensamento Suas perturbações podem ocorrer na sua forma F ou no seu conteúdo C 1 Transtorno mental F síndrome comportamental ou psicológica associada a angústia ou incapacidade 86 Transtornos de personalidade 2 Psicose F incapacidade de distinguir entre rea lidade e fantasia 3 Pensamento autista F preocupação com o mun do interior e privado 4 Neologismo F novas palavras criadas por ra zões psicológicas 5 Verbigeração F repetição sem sentido de pala vras ou frases específicas 6 Ecolalia F repetição psicopatológica de pala vras ou frases de outra pessoa 7 Fuga de ideias F jogo de palavras que produzem uma constante mudança de uma ideia para outra 8 Bloqueio F interrupção abrupta no curso do pensamento sem que a pessoa se recorde do que estava falando 9 Glossolalia F também conhecido como falar em línguas palavras ininteligíveis 10 Pobreza de conteúdo C pensamento que devi do ao seu caráter vago oferece poucas informações 11 Delírio C falsa crença que não pode ser corri gida pela argumentação de pobreza perseguição grandeza controle infidelidade etc 12 Hipocondria C preocupação exagerada com a própria saúde sem base em patologia orgânica real 87 Conceito e tipos de transtornos de personalidade mas em uma interpretação irreal de sinais ou sensa ções físicas como anormais Nas organizações não é incomum haver pessoas que acre ditam ser perseguidas por seus chefes pares e subordina dos sem que tenha acontecido algum fato que comprove isso Também não é difícil conhecermos alguém que se preocupa excessivamente com a saúde e acredita ter doen ças Muitos hipocondríacos ao saberem que alguém está doente acreditam por exemplo terem também a tal doen ça Suas visitas aos médicos são frequentes assim como sentem dores sem causa específica E a fala Quais são os sinais e sintomas desse aspecto da capacidade humana quando comprometido 1 Pressão da fala fala rápida aumentada em quan tidade e dificilmente interrompida 2 Pobreza da fala respostas monossilábicas 3 Disprosódia perda da melodia normal da fala 4 Disartria dificuldades na articulação 5 Fala excessivamente alta ou baixa 6 Gagueira 7 Afasia perturbações na emissão da linguagem por exemplo afasia nominal dificuldade para lembrar o nome do objeto 88 Transtornos de personalidade A percepção que é um processo mental pelo qual os es tímulos sensorais se tornam conscientes também é um aspecto a ser considerado nos transtornos psicológicos Vejamos 1 Alucinação percepção sensorial falsa não asso ciada com a realidade pode ser auditiva visual ol fativa gustativa tátil etc 2 Autotopagnosia negação de uma parte do corpo 3 Macropsia os objetos parecem maiores do que são 4 Micropsia os objetos parecem menores do que são 5 Personalidade múltipla uma pessoa que em di ferentes momentos parece estar de posse de uma personalidade ou caráter inteiramente diferente E a memória Como ela é afetada 1 Amnésia incapacidade total ou parcial para re cordar experiências passadas podendo ter origem orgânica ou emocional 2 Paramnésia falsificação da memória pela distor ção da recordação falso reconhecimento da memória 3 Hipermnésia grau exagerado de retenção e re cordação 4 Imagens eidéticas recordações visuais de vivi dez quase alucinatória 89 Conceito e tipos de transtornos de personalidade A inteligência ou seja a capacidade de entender recordar e integrar o aprendizado também é um aspecto a ser con siderado em nosso estudo A seguir sinais e sintomas de seu comprometimento 1 Retardo mental falta de inteligência que com promete o desempenho social e ocupacional 2 Demência deterioração do funcionamento inte lectual provocada por disfunção cerebral orgânica sem obscurecer a consciência 3 Pseudodemência semelhante à demência porém provocada frequentemente pela depressão E por fim temos o insight a capacidade para compreen der causa e significado reais de uma situação e o julga mento capacidade para avaliar e agir adequadamente diante de uma situação Uma vez prejudicados temos as seguintes reações do indivíduo 1 Insight prejudicado redução na capacidade para compreender a realidade objetiva de uma situação 2 Julgamento prejudicado redução na capacida de para compreender corretamente uma situação e agir adequadamente Como vimos a lista apresentada acima nos esclarece acer ca de sinais e sintomas de possíveis transtornos patoló gicos Porém cabe ressaltar que somente o profissional psicólogo ou o médico psiquiatra estão habilitados para diagnosticarem e tratarem tais transtornos 90 Transtornos de personalidade O diagnóstico de um transtorno psicológico é algo muito sério que precisa ser feito com cautela e após avaliações psicológicas Um sinal ou sintoma isolados não caracteri zam um transtorno psicológico Situações estressantes e perdas podem desencadear sintomas isolados sem neces sariamente caracterizarem uma patologia uma síndrome O gestor de recursos humanos pode no entanto ser sen sibilizado acerca deles para reconhecer quando um indi víduo na organização precisa de ajuda profissional para fazer o devido encaminhamento A seguir vamos conhecer os tipos de transtornos de per sonalidade Quando conhecemos uma pessoa acreditamos poder su por quais serão suas reações em determinadas situações Isso é possível porque a personalidade é composta por traços emocionais e comportamentais relativamente está veis e previsíveis Segundo Kaplan e Sadock 1993 p 556 apenas quando os traços de personalidade são inflexíveis e desajustados causando funcionamento significativamente prejudicado ou aflição subjetiva constituem uma classe de transtorno de personalidade Os pacientes com distúrbios de perso nalidade mostram padrões profundamente entranhados inflexíveis e mal ajustados de relacionamento e percepção do ambiente e de si mesmos De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSMIIIR os transtornos de persona 91 Conceito e tipos de transtornos de personalidade lidade podem ser divididos em três grupos conforme ta bela a seguir Grupos A B C Tipos Paranoide Histriônico Evitativo Esquizoide Narcisista Dependente Esquizotípico Antissocial Obsessivocompulsivo Borderline Passivoagressivo Fonte KAPLAN SADOCK 1993 p 556 Vejamos cada um deles GRUPO A 1 Transtorno de personalidade PARANOIDE as pessoas que sofrem deste transtorno são desconfia das e acreditam ser exploradas perseguidas e hu milhadas pelos outros Ciumentos não confiam na lealdade dos amigos e na fidelidade do cônjuge São irritáveis rancorosos e reagem com agressividade e hostilidade frente a diversas situações Essas pes soas não assumem para si a responsabilidade pe los seus sentimentos e acusam os demais por suas emoções impulsos e pensamentos São frias e geral mente geram medo nas pessoas Em geral suas rela ções pessoais e profissionais são permanentemente conflituosas 2 Transtorno de personalidade ESQUIZOIDE esse transtorno acomete pessoas extremamente retra ídas que evitam interagir com outras preferindo atividades solitárias Parecem frios indiferentes distantes isolados e não possuem amigos ou con 92 Transtornos de personalidade fidentes Dificilmente retribuem a um aceno ou sorriso Não experimentam emoções como raiva ou alegria Sua libido pode ser direcionada para ativi dades que não dependem de contato ou relaciona mento tal como a matemática Podem ser ligadas a animais 3 Transtorno de personalidade ESQUIZOTÍPICA as pessoas com esse transtorno são percebidas pe los outros como estranhas abobalhadas e alheias Geralmente são excêntricas no modo de se vestir e de se comportar Podem ser supersticiosos e costu mam acreditar que possuem um sexto sentido ou que podem sentir a presença de pessoas ausentes ou falecidas Seu discurso é pobre vago e estranho muitas vezes parecendo ter sentido somente para si mesmas Sentemse desconfortáveis diante de pes soas desconhecidas e são sensíveis à agressividade dos outros Seu afeto é inadequado ou constrito Nos casos graves do transtorno pode ocorrer ane donia ou depressão grave GRUPO B 1 Transtorno de personalidade HISTRIÔNICO os histriônicos são extrovertidos sedutores exuberan tes dramáticos e emotivos Desejam ser o centro das atenções e sentemse desconfortáveis em situa ções contrárias a isso Exageram sentimentos pen samentos e comportamentos Precisam de elogios e de aprovação dos outros e se não recebem podem ficar malhumorados fazer acusações e chorar aos soluços 93 Conceito e tipos de transtornos de personalidade 2 Transtorno de personalidade NARCISISTA o narcisista considerase especial e melhor do que os outros Não aceita críticas reagindo a elas com raiva Quer levar vantagem em tudo por acreditar que merece o melhor sucesso poder beleza amor dinheiro Sem capacidade empática desmerece os sentimentos e problemas dos outros e se acha um ser único e especial que merece ser reconhecido A exploração nos relacionamentos pessoais e profis sionais é muito comum para alcançar vantagens 3 Transtorno de personalidade ANTISSOCIAL pessoas com este transtorno são manipuladoras mentirosas e não confiáveis Frias inconsequentes agressivas e desprovidas de culpa ou remorso Bur lam normas e regras desde a infância como faltar à escola fugir de casa cometer furtos envolverse em brigas e em atividades ilegais Pode ser fisicamente cruel com pessoas e animais Estabelece relaciona mentos mas não os mantêm Esse tipo de transtorno se manifesta geralmente na infância ou adolescência 4 Transtorno de personalidade BORDERLINE são emocionalmente instáveis e apresentam humor os cilante Podem estar deprimidos em um momento e eufóricos em outro Suas relações são tumultuadas pois a personalidade borderline pode ser tanto depri mida e dependente quanto raivosa e hostil quando frustrada Possuem incertezas sobre si mesmos e suas escolhas Podem cometer atos suicidas e de au toflagelo Apresentam sentimento de vazio crônico e dividem as pessoas como boas ou más idealizando as boas e rejeitando e desvalorizando as más Pro 94 Transtornos de personalidade curam alianças com pessoas e grupos instáveis osci lando entre grande amizade e rancor profundo GRUPO C 1 Transtorno de personalidade EVITATIVO a per sonalidade evitativa referese a pessoas que são tí midas retraídas e com grande sensibilidade à rejei ção Seu forte desejo de relacionarse e ser aceito sem críticas vai de encontro ao medo de serem re jeitadas fazendo com que evitem relacionamentos que não lhes assegurem afeto No trabalho assu mem posições de subordinação e preferem servir a liderar Gostam de agradar as pessoas para serem amados e aceitos Facilmente magoamse por conta de críticas e desaprovação 2 Transtorno de personalidade DEPENDENTE as pessoas que sofrem deste transtorno são inseguras passivas e não conseguem tomar decisões Geral mente se unem a pessoas controladoras que pos sam tomar as rédeas de sua vida Têm forte medo da solidão e abandono por isso se submetem aos desejos dos outros sem questionar e a atividades humilhantes para serem amados e aceitos 3 Transtorno de personalidade OBSESSIVOCOM PULSIVO pessoas acometidas por esse transtorno são rígidas inflexíveis seguem uma rotina preesta belecida que impõem às suas vidas e tentam impor aos demais Sentem medo do erro pois buscam a perfeição Tal medo dificulta a tomada de decisão Preferem trabalhos rotineiros metódicos e precisos 95 Conceito e tipos de transtornos de personalidade 4 Transtorno de personalidade PASSIVOAGRES SIVO resistem passivamente às demandas dos ou tros evitando obrigações Irritamse ao serem soli citadas a fazer algo que não desejam tornandose agressivas No trabalho em equipe não cumprem com suas responsabilidades sobrecarregando ou trem Acreditam realizar um bom trabalho e não aceitam críticas sobre sua produtividade Para cada transtorno de personalidade um tratamento pode ser indicado No próximo tópico veremos como o gestor de recursos humanos deve agir frente aos colabora dores que demonstram sofrerem algum tipo de transtorno e que estejam comprometendo o desempenho funcional a produtividade e as relações de trabalho 96 Transtornos de personalidade ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS DE DESEMPENHO NAS ORGANIZAÇÕES CAUSADOS POR TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Como apresentamos para cada transtorno de persona lidade a área de saúde mental indicará um tipo de tra tamento específico Na maioria dos casos a psicoterapia deve ser acompanhada da farmacoterapia ou seja do uso de medicamentos Nesses casos o tratamento deve ser conduzido por equipe multidisciplinar pois o profissio nal psicólogo não pode medicar pacientes A Psiquiatria sendo a especialidade médica que trata as doenças men tais é representada pelo médico psiquiatra e somente ele poderá prescrever medicações Antes de apresentarmos as indicações de tratamento ideais para cada tipo de transtorno de personalidade foco deste tópico cabe uma pequena observação sobre o conhecimen to que estaremos adquirindo a partir deste capítulo O gestor de recursos humanos deverá ter muito cuida do para não enquadrar erroneamente colaboradores nos tipos de transtornos de personalidade apresentados O diagnóstico é de responsabilidade de profissional da saú de mental psicólogos e psiquiatras Este guia é uma refe rência mas não propõe nenhum tipo de enquadramento de pessoas nas empresas Ele poderá ajudar o profissional de recursos humanos no processo seletivo por exemplo 97 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organi zações causados por transtornos de personalidade para compreender a personalidade de candidatos a va gas na organização Poderá ainda orientar o gestor de recursos humanos sobre como proceder diante de surtos psicológicos que ocorram na empresa Poderá colaborar indicando que decisão deverá ser tomada a respeito de um colaborador que pareça sofrer de algum transtorno por conta de sua baixa produtividade ou que esteja enfren tando conflitos nas relações interpessoais que afetem seu desempenho Vale lembrar que pessoas que sofrem do transtorno de personalidade obsessivocompulsivo por exemplo são al tamente produtivas em tarefas rotineiras sistemáticas e precisas Nem todo transtorno significa impossibilidade ou incapacidade de trabalho Em alguns casos o tratamen to pode proporcionar uma vida normal para essas pessoas Com caráter informativo uma vez que o gestor de recur sos humanos não atuará como psicólogo ou psiquiatra na empresa seguem abaixo as Técnicas de Tratamento para Transtornos de Personalidade do DSMIIIR contidas no Compêndio de Psiquiatria ciências comportamentais Psiquiatria Clínica KAPLAN SADOCK 1996 p 574575 GRUPO A 1 Transtorno de personalidade PARANOIDE a psi coterapia deverá ser conduzida de modo a reduzir a hipersensibilidade às críticas melhorar habilida des sociais e identificar os estressores principais A farmacoterapia deve considerar o uso de antip sicóticos 98 Transtornos de personalidade 2 Transtorno de personalidade ESQUIZOIDE a psicoterapia nesses casos deve encorajar gradual mente atividades interpessoais A farmacoterapia deve considerar o uso de antipsicóticos beta blo queadores e IMAOs 3 Transtorno de personalidade ESQUIZOTÍPICA a psicoterapia deve treinar habilidades cognitivas e o manejo da ansiedade para a fobia social que acomete Compreender os sentimentos íntimos do paciente e especificálos poderá colaborar com a resposta posi tiva deste ao tratamento A farmacoterapia deve con siderar o uso de antipsicóticos tricíclicos e IMAOs GRUPO B 1 Transtorno de personalidade HISTRIÔNICO a psicoterapia deve identificar padrões mal ajustados na escolha de parceiros íntimos salientar a impor tância de tentar manter a calma a lógica e a razoabi lidade nas crises e impor limites Deverá buscar mo derar a expressão emocional e a manipulação para conseguir atenção Encorajar a ternura a sincerida de e a empatia A farmacoterapia deve considerar a prescrição de IMAOs 2 Transtorno de personalidade NARCISISTA a psi coterapia deve mesclar confrontação e empatia co municando as qualidades e as vulnerabilidades do paciente Capacitar o paciente no controle de seus impulsos A farmacoterapia deve considerar a pres crição de lítio IMAOs e tricíclicos 99 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organi zações causados por transtornos de personalidade 3 Transtorno de personalidade ANTISSOCIAL a psicoterapia indicada para este transtorno deve ser a de grupo Deverão ser avaliados os recursos e as fraquezas do paciente Ele deverá ser introduzido em atividades prósociais e tratado com respeito e consideração A farmacoterapia para esse transtor no não está determinada 4 Transtorno de personalidade BORDERLINE o relacionamento na psicoterapia deve ser de soli dariedade e entendimento Foco no senso frágil da identidade e nas impressões mutáveis e altamente contraditórias de si mesmo Deve ser direcionado para o controle de seus impulsos e para a solução de problemas A farmacoterapia deve prever o uso de antipsicóticos IMAOs tricíclicos carbamazepi na lítio e estimulantes GRUPO C 1 Transtorno de personalidade EVITATIVO a psi coterapia deve facilitar oportunidades de aumen tar a autoestima treinando habilidades sociais e a reestruturação cognitiva A farmacoterapia deve prever o uso de IMAOs bloqueadores beta adrenér gicos estimulante 2 Transtorno de personalidade DEPENDENTE a psicoterapia deve aumentar a capacidade de funcio namento mais independente do paciente e ajudálo a manejar a sua ansiedade A farmacoterapia deve prever o uso de tricíclicos IMAOs e alprazolam 100 Transtornos de personalidade 3 Transtorno de personalidade OBSESSIVOCOM PULSIVO a psicoterapia deve encorajálo a libe rarse e a se divertir evitando a intelectualização excessiva Desenvolver o modo de lidar apropriada mente com suas próprias emoções e as dos outros Afrouxamento de enfoque racional lógico e obsti nado à vida Para a farmacoterapia devese conside rar o uso de clomipramina fluoxetina 4 Transtorno de personalidade PASSIVOAGRESSI VO a psicoterapia deve evitar o aconselhamento de conselhos apoiadores ou salvamento Deverá con frontar com cunho terapêutico pagamentos atrasa dos atrasos em horários faltas a sessões etc As técnicas apresentadas acima devem ser conduzidas por profissional específico da área de saúde conforme mencionado inúmeras vezes neste capítulo O profissio nal de recursos humanos conhecedor dos sinais e sinto mas desses transtornos poderá se sensibilizar diante de situações específicas com colaboradores que podem ser justificadas por suas experiências Essas situações podem envolver baixo desempenho e produtividade problemas de relacionamento e surtos psicológicos Caberá ao gestor fazer o reconhecimento e o encaminha mento para profissional específico na empresa que pode ser um psicólogo ou médico do trabalho que saberá con duzir o colaborador para tratamento específico Uma vez em tratamento e com indicação médica para con tinuar atuando na empresa este guia poderá colaborar na forma de lidar com cada tipo de transtorno 101 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organi zações causados por transtornos de personalidade Vejamos alguns exemplos No caso do transtorno de personalidade dependente Como vimos a psicoterapia deve aumentar a capacidade de funcionamento mais independente do paciente e aju dálo a manejar a sua ansiedade Na empresa o gestor de recursos humanos pode orientar o gestor do colaborador a delegarlhe funções projetos e responsabilidades sem que este dependa do trabalho de outra pessoa Assim ele estará colaborando com o tratamento No transtorno de personalidade evitativo a pessoa que está em tratamento poderá ser ajudada na empresa sen do envolvida em trabalhos de equipe por exemplo ou apoiando campanhas sociais que necessitem a solicitação da colaboração de outros A campanha do agasalho por exemplo envolve solicitar casacos cobertores mantas para doação 102 Transtornos de personalidade REFERÊNCIAS GLINA DRM ROCHA LE BATISTA ML MENDONÇA MGV Saúde mental e trabalho uma reflexão sobre o nexo com o trabalho Cadernos de Saúde Pública Rio de Ja neiro v 17 n 3 p 607616 maiojun 2001 Disponível em httpwwwscielosporgpdfcspv17n34643pdf Acesso em 10 jul 2013 KAPLAN HI MD SADOCK BJ MD Compêndio de psiquiatria ciências comportamentais psiquiatria clínica Porto Alegre Artes Médicas Sul 1993 LOUZÃ NETO Mario Rodrigues CORDÁS Táki Athanná sios Transtornos de personalidade Porto Alegre EdArt med 2011 Disponível em httpwwwgrupoacom brlivrospsiquiatriatranstornosdapersonalidadee book9788536325804 Acesso em 8 fev 2014 103 CONSIDERAÇÕES FINAIS Enquanto gestores de recursos humanos devemos estar preparados para enfrentar as dificuldades com os cola boradores que poderão necessitar de ajuda especial Co laborar com a psicoterapia não significa assumir para si a responsabilidade sobre o tratamento do paciente mas trabalhar em parceria com o profissional responsável psi cólogo ou médico para que o tratamento tenha sucesso Neste capítulo conhecemos os sinais e sintomas dos transtornos psicológicos que podem ser percebidos nas alterações da capacidade humana Entendemos que um sintoma ou sinal isolado pode não caracterizar uma doença mental pois um transtorno é definido como um conjunto de sinais e sintomas corres pondentes a uma patologia específica Ficou claro que o psicólogo e o médico são os profissio nais habilitados e responsáveis pelo diagnóstico e trata mento dessas enfermidades Conhecemos ainda os tipos de transtornos de personali dade e as técnicas mais indicadas para cada tipo Compreendemos que o gestor de recursos humanos co nhecedor dos sinais e sintomas desses transtornos po derá se sensibilizar diante de situações específicas com colaboradores que podem ser justificadas por suas ex periências Essas situações podem envolver baixo desem 104 penho e produtividade problemas de relacionamento e surtos psicológicos Caberá ao gestor fazer o reconhecimento e o encaminha mento para profissional específico na empresa que pode ser um psicólogo ou médico do trabalho que saberá con duzir o colaborador para tratamento específico Uma vez em tratamento e com indicação médica para con tinuar atuando na empresa este guia poderá colaborar na forma de lidar com cada tipo de transtorno E assim encerramos o nosso estudo certos de que o conteúdo apresentado deverá ser bastante útil para aqueles que atuam ou atuarão como gestores de pes soas e assumem com isso um compromisso com a saú de da organização Desejamos sucesso em sua caminhada
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Texto de pré-visualização
Teorias de Personalidade 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Teorias de Personalidade Copyright UVA 2014 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa ISBN 9788565812412 Autoria do Conteúdo Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi Design Instrucional Diana Ferreira de Melo Wagner G A Destro Projeto Gráfico UVA Diagramação Cristina Lima Revisão Tássia Braga Janaina Vieira Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho C277t Carissimi Barbara Angelica dos Santos Monteiro Teorias de personalidade livro eletrônico Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi 4 ed Rio de Janeiro UVA 2016 357 KB ISBN 9788565812412 Disponível também impresso 1 Personalidade I Universidade Veiga de Almeida II Título CDD 1552 SUMÁRIO Apresentação7 Sobre a autora8 Capítulo 1 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia9 Definição histórico e objeto da Psicologia10 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional18 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia25 Referências30 Capítulo 2 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho33 O conceito de personalidade34 Os elementos e fatores determinantes da personalidade38 A influência da personalidade nas relações de trabalho44 Referências50 Capítulo 3 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade53 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem54 Perspectivas cognitivas e sociocognitivas do traço e da personalidade62 Perspectivas humanista e existencial perspectiva interacionalista pessoasituação66 Perspectivas analítica e neoanalíticas70 Referências77 Capítulo 4 Transtornos de personalidade79 Conceito e tipos de transtornos de personalidade80 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organizações causados por transtornos de personalidade96 Referências102 Considerações finais103 7 APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Este livro trata de Teorias de Personalidade a área da Psicologia que estuda e procura explicar as particularidades humanas que influenciam o comportamento A personalidade pode ser definida como o conjunto de características que determinam os padrões pessoais e sociais de uma pessoa sendo a sua formação um processo gradual complexo e único para cada indivíduo No senso comum o termo personalidade é usado para descrever características marcantes de uma pessoa po rém tal conceito também está relacionado às mudanças de habilidades atitudes crenças emoções desejos e ao modo constante e particular do indivíduo perceber pensar sentir e agir além da interferência de fatores culturais e sociais nessas características Ao final da leitura desta obra você terá portanto aprendido a re conhecer a contribuição da Psicologia para a Gestão de Pessoas a identificar processos básicos do comportamento social no trabalho a analisar as principais teorias da personalidade e a descrever trans tornos a fim de solucionar problemas de desempenho funcional de colaboradores em empresas Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a leitura desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conteúdos abordados contribuindo efetivamente para o seu enrique cimento cultural e acadêmico 8 SOBRE A AUTORA Barbara Angelica dos Santos Monteiro Carissimi é graduada em Psi cologia pela Pontifícia Universidade Católica PUCRJ 1997 mestre em Psicanálise Saúde e Sociedade pela Universidade Veiga de Almeida UVA 2008 e pósgraduada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Gama Filho UGF 2002 É sóciadiretora da Prominen ce Consulting consultoria em Educação Corporativa com mais de 15 anos de experiência em Recursos Humanos em empresas de diversos segmentos Na UVA é professora do MBA presencial de Gestão de Re cursos Humanos e autora e tutora da disciplina Treinamento e Desen volvimento Organizacional do MBA a distância de Gestão de Recursos Humanos Possui experiência em ministrar aulas como professora convidada em cursos e eventos de graduação em Psicologia na UVA e na Celso Lisboa e também na Imersão do MBA em Gestão do Conheci mento MBKM CRIECOPPEUFRJ 9 Definição histórico e objeto da Psicologia CAPÍTULO 1 A GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DA PSICOLOGIA O gestor de Recursos Humanos atua no planejamento e gerenciamento de processos de recursos humanos pro movendo ações para o desenvolvimento de competências comportamentais e funcionais Seu papel envolve dentre outras coisas promover a melhoria dos processos organi zacionais gerindo o clima organizacional conflitos e inte resses das pessoas e da empresa Compreender as vertentes do comportamento humano pela ótica do saber da Psicologia é essencial para o exercí cio da função de forma segura e eficaz A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 10 DEFINIÇÃO HISTÓRICO E OBJETO DA PSICOLOGIA Em algum momento de nossas vidas nos perguntamos Quais são as minhas qualidades e defeitos O modo como me relaciono com as pessoas é adequado Sou feliz Faço as pessoas felizes Sei lidar bem com os meus medos conflitos e limitações Enfim são perguntas como essas que nos fazem refletir sobre quem somos Em outros momentos refletimos sobre o bem e o mal a paz e a guerra a solidariedade e o desprezo a capacidade e a dificuldade de amar o poder destrutivo do ser huma no entre outras questões Teles 1991 p 7 nos mostra que a investigação sobre a natureza humana antecede talvez a História escrita e a própria Filosofia Esta como ato reflexivo é tão antiga quanto o Homem Segundo Schultz 1975 p 7 parece que o homem sempre se fascinou pelo seu próprio comportamento e as reflexões sobre a natureza e a conduta humanas enchem muitos vo lumes filosóficos e teológicos 11 Definição histórico e objeto da Psicologia Podemos concluir que as mesmas perguntas que nos fazemos hoje já foram feitas há muitos séculos A Psicologia psico do grego psykhé significa psique alma mente e logia do grego lógos palavra razão ou estudo é uma ciência que busca recursos para com preender a natureza humana Para Teles 1991 p 9 a Psi cologia procura compreender o Homem seu comporta mento para facilitar a convivência consigo próprio e com o outro É pois a Ciência do Comportamento Tal defini ção foi concebida por William McDougall1 em 1908 Porém muitas coisas antecederam essa definição Vejamos Como ciência a Psicologia nasceu no momento em que o homem passou a utilizar recursos científicos tais como a observação e experimentação controladas criteriosa mente para estudar a natureza humana Schultz 1975 p 79 explica que nesse momento a Psicologia se tornou independente de seus antecedentes filosóficos Sabemos que boa parte da herança da Psicologia provém da Filoso fia Ou seja para romper com a Filosofia a Psicologia tinha que desenvolver um método mais preciso e objetivo de tratar seus problemas refinando suas ferramentas técnicas e métodos de estudo a fim de adquirir cada vez maior precisão e objetividade tanto em suas respostas como em suas interrogações Ou seja descobrir as per guntas certas para buscar respondêlas Considerase que no final do século XIX a Psicologia co meçou a surgir como um campo distinto de investigação 1 Psicólogo inglês nascido em Chadderton Lancashire criador da teoria do funcionalismo A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 12 Wilhelm Wundt médico filósofo e psicólogo alemão é con siderado um dos fundadores da moderna psicologia experi mental ao lado de Ernst Heinrich Weber médico anatomis ta e fisiologista alemão e Gustav Theodor Fechner cientista alemão Wundt em 1879 foi responsável por estabelecer na Alemanha o primeiro laboratório psicológico do mundo E ainda fundou em 1881 a primeira revista científica de psicologia intitulada Philosophische Studien Diante desse novo cenário o campo da Psicologia cresceu e ganhou mais espaço Nos Estados Unidos a Psicologia também estava encontrando o seu lugar Em 1888 sur ge a primeira docência em Psicologia no mundo Schultz 1975 p 8 mostra que antes desse tempo os psicólogos eram nomeados para os departamentos de Filosofia O primeiro professor de Psicologia foi James McKeen Cattel da Universidade da Pensilvânia E não parou por aí Em 1887 G Stanley Hall fundou a primeira revista psicológica americana chamada de Ame rican Journal of Psychology Schultz 1975 p 8 relata que vinte e quatro laboratórios psicológicos e três revistas de Psicologia foram criadas nos EUA entre 1880 e 1895 Araújo 2008 p 67 relata que a década de 1960 foi impor tante para a Psicologia no Brasil pela conquista de sua au tonomia e pelo reconhecimento da profissão de psicólogo regulamentada pela Lei nº 4119 de 27 de agosto de 1962 que estimulou a criação de novos cursos assim como con solidou o ensino da Psicologia nos cursos superiores Europa século XIX EUA século XIX Brasil década de 1960 13 Definição histórico e objeto da Psicologia Porém voltemos ao início de tudo Voltemos a Wundt para contar essa história Sozinho ele determinou o objeto de estudo o método apropriado de pesquisa os tópicos a cujo respeito a pes quisa devia ser realizada e os objetivos dessa nova ciên cia a sua nova ciência E assim durante algum tempo a Psicologia foi moldada à sua imagem e semelhança Schultz 1975 p 14 Nessa época a Filosofia e a Fisiolo gia eram os campos dominantes e fontes de conhecimen to Nesse sentido preservavase o vocabulário cartesiano de René Descartes 15961650 Descartes e sua teoria do dualismo psíquico distinção entre corpo e mente impregnou as ideias da época e influenciou toda a Psicologia posterior Desta forma durante algum tempo a Psicologia continuou sendo o es tudo da mente ou da consciência TELES 1991 p 10 Como falamos em 1879 surge a Psicologia como disci plina pelas mãos de Wundt porém não se falava ain da de comportamento mas tão somente de mente e de consciência Teles 1991 p 13 enfatiza a primazia do vocabulário cartesiano distinguindose de um lado a consciência sede das percepções ideias sentimentos e motivos e de outro os movimentos Porém como afirma Schultz 1975 p 14 em poucos anos a situação da Psicologia mudou radicalmente e muitas controvérsias e cisões ganharam corpo entre o número crescente de psicólogos Alguns psicólogos contestaram a versão de Wundt de Psicologia e propuse A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 14 ram suas próprias concepções Sendo assim no início do século XX ocorre um rompimento com o dualismo implícito da Psicologia então definida como a ciência do psiquismo ou dos fatos da consciência TELES 1991 p 13 com o aparecimento de diferentes posições sistemá ticas ou escolas psicológicas de pensamento tais como Estruturalismo Funcionalismo Behaviorismo Gestaltis mo e Psicanálise Schultz 1975 p 1415 explica que o termo escola re ferese a um grupo de psicólogos que se associaram ideo logicamente e por vezes geograficamente ao líder de um movimento O surgimento de diferentes escolas de pensamento e seu subsequente declínio é uma das carac terísticas mais impressionantes da história da Psicologia Lopes 2004 p 75 relata que brigas epistemológicas sé rias ocorreram entre as diversas abordagens psicológicas emergentes no decorrer do século XX na tentativa de definir um espaço de verdade e saber a respeito do real sentido de ser humano Cabe comentar porém que esse fenômeno não é exclu sivo da psicologia Sabemos que um novo paradigma quando provado cientificamente leva à rejeição do an terior dominante Essa verdade entretanto pode ser di fícil demais para os velhos cientistas grandes homens da ciência muito comprometidos com suas crenças e posições E esse continua sendo um grande desafio para a ciência 15 Definição histórico e objeto da Psicologia Schultz 1975 p 15 cita o físico Max Plank sobre essa si tuação da ciência A nova verdade científica não triunfa porque convença os seus opositores e os faça ver a luz mas porque os seus opositores acabarão morrendo de velhos Vale registrar que cada uma das escolas de pensamento que surgiram naquela época mesmo que por um curto período de tempo contribuiu para o desenvolvimento da Psicologia fornecendo as ferramentas métodos e esque mas fundamentais para constituir esse campo Teles 1991 p 15 entretanto afirma que conceber a Psi cologia como uma ciência que se baseia principalmente no método experimental seria empobrecêla por demais já que o Homem é um ser especial da natureza Aceitaa en tão como uma ciência que não tem condições de usar sem pre os métodos tradicionais das chamadas ciências exatas Vale ressaltar ainda que o objeto de estudo da psicolo gia é o sujeito e o seu comportamento Porém o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e corre lação na área da psicologia comparada também desem penhou um papel importante Teles 1991 p 15 afirma que o estudo do comportamento de animais como ratos e chimpanzés ofereceu conhecimentos interessantes na compreensão das bases do comportamento humano Ge reralizar porém como regra as reações animais para o Homem seria ignorar a peculiaridade deste ser capaz de criar cultura emocionarse perceber o que se passa com seus iguais e sentir com eles A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia 16 Para Teles 1991 p 17 como estudo científico do com portamento a Psicologia deve procurar alcançar três obje tivos a descrição a predição ou previsão e o controle do comportamento Na tabela abaixo encontramos as diferenças entre esses três objetivos do estudo científico do comportamento 1ª etapa Descrição Descrever o comportamento de um indivíduo significa em primeiro lu gar o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível objetivos e em seguida utilizar esses métodos para o levanta mento de dados confiáveis A obser vação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis desde complexos padrões de com portamento como a personalidade até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual 2ª etapa Previsão As previsões em psicologia procuram expressar com base nas explicações disponíveis a probabilidade com que um determinado tipo de comporta mento ocorrerá ou não Com base na capacidade dessas explicações de pre ver o comportamento futuro se deter mina também a sua validade 3ª etapa Controle Controlar o comportamento significa aqui a capacidade de influenciálo com base no conhecimento adquiri do Essa é a parte mais prática da psi cologia que se expressa entre outras áreas na psicoterapia 17 Definição histórico e objeto da Psicologia A Psicologia é um saber fascinante Nasceu do interesse em se explicar o comportamento hu mano na tentativa de um controle social para se viver em um mundo melhor previsível ideal Hoje preocupase em pensar o sujeito em sua subjetividade e trocas simbólicas com o outro e o meio Sujeito este que problematiza ques tiona e desafia a própria Psicologia colocandoa em mo vimento O saber da Psicologia se torna multidisciplinar sem perder sua singularidade mas relacionandose com as ciências humanas Filosofia Teoria do conhecimento biológicas Biologia Neurofisiologia Psicofarmacologia sociais Sociologia Antropologia e porque não dizer com as exatas Ergonomia Psicofísica Psicologia é ciência e profissão Gera uma prática profis sional Uma prática que coloca o conhecimento por ela acumulado por meio da ciência a serviço de indivíduos e instituições Assim como deve ser com todas as ciências é uma forma ção que estimula o aluno à pesquisa ensinandoo a pergun tar a construir o conhecimento e a buscar novas respostas Para nós o conhecimento deve ser ensinado em sua histó ria ou melhor como histórico isto é como um saber cons truído para responder às questões que norteiam um de terminado momento da sociedade evidenciando que um saber não se finda deve estar em constante movimento 18 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia A PSICOLOGIA SOCIAL E A PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Neste tópico esperamos que você aprenda a definir os conceitos de Psicologia Social e Psicologia Organizacional Apresentaremos a seguir os conceitos de Psicologia So cial e Psicologia Organizacional para nos aproximarmos cada vez mais da compreensão do processo de gestão de pessoas sob a ótica da Psicologia Psicologia Social Retomando a história da Psicologia vista no tópico ante rior podemos situar o surgimento da Psicologia Social no século XX Do ponto de vista cronológico o advento da Psicologia Social se aproxima do surgimento da própria Psicologia enquanto ciência independente A Psicologia Social surgiu na Europa porém com a neces sidade de migração de estudiosos europeus para a Améri ca do Norte no período entre guerras a Psicologia Social eclodiu nos Estados Unidos Araújo 2008 p 1 afirma que a Psicologia Social apare ce em 1908 com a publicação de Social Psychology de Edward Ross e An Introduction to Social Psychology de William McDougall Ross de orientação sociológica fazia referência a conceitos como mente coletiva costumes so ciais opiniões sociais e conflitos McDougall dizia que as 19 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional características sociais e o comportamento se baseavam na natureza biológica ideia em que a Psicologia Social se apoiou em seu desenvolvimento Aroldo Rodrigues psicólogo social brasileiro e autor res peitado de diversas obras define a Psicologia Social como uma ciência cujo objeto é o estudo das manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pes soa com outras pessoas ou pela mera expectativa de tal interação RODRIGUES 1981 Podemos conceber a Psicologia Social como um saber apli cado da psicologia que faz uma interface com as demais ciências humanas tais como a Sociologia e a Antropologia Os cientistas sociais espanhóis José Luis Álvaro e Alicia Garrido professores e autores do livro Psicologia Social Perspectivas Psicológicas e Sociológicas 2007 São Paulo McGrawHill afirmam que a Psicologia cuja pre tensão inicial foi o estudo científico da mente teve que assumir de súbito que a mente humana não surge nem se desenvolve em um vazio social se não que é produ to da interseção da pessoa dentro de uma coletividade O mesmo se pode dizer da conduta individual A Sociologia por sua parte que surgiu com a pretensão de converterse no estudo científico da sociedade tampouco pode ignorar em suas análises a existência de fatores psicológicos ou individuais que influem no comportamento social ÁLVA RO GARRIDO 2004 p 7 Tradução livre Nesse sentido para esses estudiosos seria a Psicologia Social o encontro entre esses dois saberes uma vez que não é possível con ceber o indivíduo separado da sociedade 20 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Araújo 2008 p 6 esclarece que a Psicologia Social até o início dos anos 1960 parecia que daria respostas a todos os problemas sociais mas foi atravessada por uma polê mica em torno de seu caráter teórico e ideológico ocasio nando uma crise Tal crise foi chamada de crise da Psi cologia Social causada pela ausência de uma base sólida de conhecimentos estruturada na realidade social e nas vi vências cotidianas Baseado nas produções da Psicologia Social americana esse saber foi questionado na América Latina por não enxergar as características históricosociais de outras populações Tendo em vista que o contexto so cial da América Latina não era o mesmo dos Estados Uni dos surge a necessidade de uma nova proposta de Psico logia Social que atendesse às necessidades da sociedade latinoamericana com suas características próprias Dian te disso a Psicologia Social brasileira voltouse para ques tões relevantes e exclusivas ao nosso contexto social Strey 1998 afirma que não há a possibilidade do huma no sem ser no social O indivíduo é um ser relacional dia lógico que nasce dependendo dos cuidados do outro para sobreviver Essa dependência não mais de seus cuida dos para sobreviver mas de se relacionar com o outro prosseguirá por toda a sua existência Não são incomuns relatos de idosos que são encontrados mortos sozinhos em suas moradias depois de dias do óbito A necessidade de se relacionar é vital O abandono a falta do outro pode ser mortal É importante destacar que para a Psicologia o sujeito se constrói a partir das relações com o outro 21 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional Segundo Araújo 2008 p 9 citando Freitas 2000 a Psi cologia Social que hoje conhecemos e com a qual convi vemos nos diferentes centros de investigação e trabalho foi e está sendo construída por profissionais que estão aí em pleno exercício das suas atividades comprome tendose com as demandas e necessidades explícitas em seus locais de atuação Tratase de pessoas que viveram a crise da Psicologia Social e colaboraram para chamar a atenção sobre realidades sociais e cotidianas que se dife renciavam daquelas vividas nos centros de domínio eco nômico político e científico Para concluir podemos dizer que é fundamental que a Psi cologia Social se comprometa com a realidade social em que está inserida Para as organizações de trabalho tendo a Psicologia Social como objeto o comportamento humano no social e como método o estudo empírico da interação dentro dos grupos são relevantes as suas contribuições sobre a estrutura gru pal os estilos de liderança os conflitos e as motivações A Psicologia Social tem espaço nas organizações para contri buir por exemplo para a melhoria da produtividade de sempenho relações interpessoais e em grupo qualidade nos ambientes de trabalho etc Psicologia Organizacional Assim como a Psicologia e a Psicologia Social a Psicologia Organizacional chamada anteriormente de Psicologia In dustrial surgiu no século XX pelas mãos de psicólogos experimentais preocupados em resolver os problemas que comprometiam o desempenho e a eficiência no trabalho 22 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Hugo Münsterberg na Alemanha foi quem desenvolveu as bases e justificativas da Psicologia Industrial definindo que a eficiência industrial apoiavase na análise e na adaptação do trabalho ao trabalhador e do trabalhador ao trabalho Walter Dill Scott psicólogo e professor da Universidade do Noroeste Illinois EUA interessado na seleção de fun cionários e no uso de testes psicológicos ofereceuse para selecionar militares quando os Estados Unidos aderiram à 1ª Guerra Mundial Após a guerra Scott fundou uma con sultoria de seleção de pessoal a Companhia Scott Durante esse período muitos nomes surgiram na Admi nistração clássica como Frederick Taylor e Henry Ford Estes estiveram em evidência pela sua contribuição para a Administração Científica na Era Industrial Vale ressaltar a importância das grandes guerras para a Psi cologia Organizacional A Primeira Guerra Mundial foi um importante impulso para o seu desenvolvimento e reconhe cimento Segundo Muchinsky 2004 psicólogos experimen tais investigavam a motivação dos soldados a moral e os problemas psicológicos decorrentes da incapacidade física e de disciplina Desenvolveram ainda testes de inteligência geral e pesquisas para alocar os soldados a partir da sua capacidade física e mental Na Segunda Grande Guerra os psicólogos estavam com suas técnicas de seleção mais apuradas e foi uma época de consolidação da prática 23 A Psicologia Social e a Psicologia Organizacional Percebemos então a importância do processo de seleção para a Psicologia Organizacional visto que esta parecia a função principal desta área Na década de 1960 psicó logos organizacionais fundaram consultorias em seleção para atender às diversas empresas Assim com as mudanças que ocorreram no mundo desde o século passado no âmbito social político ideológico tecnológico e econômico a Psicologia Organizacional cres ceu e ampliou a sua área de atuação A Psicologia Organizacional não pode se limitar a aplica ções de técnicas mas deve pautarse no estudo do homem social em interação com o meio com a organização Deve desenvolver saberes para lidar com as diversas exigências deste campo de atuação O psicólogo organizacional deve atuar nos diversos pro cessos de recursos humanos tais como Recrutamento e seleção Aplicação e avaliação de testes psicológicos Acompanhamento orientação e aconselhamento psicológico Treinamento de pessoal e desenvolvimento orga nizacional Avaliação de desempenho Análise de cargos e salários 24 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Planejamento diagnóstico desenvolvimento e execução de projetos de RH Benefícios Supervisão de estagiários em psicologia organi zacional Apoio à equipe de segurança do trabalho garan tia da saúde do trabalhador e qualidade de vida no trabalho Consultoria externa ou interna A proposta na or ganização não é de psicoterapia porém o psicólogo organizacional e somente este está habilitado para diagnosticar problemas e transtornos psicológicos para encaminhar e acompanhar os funcionários em tratamento O papel do psicólogo organizacional é estratégico Ele deve ser um agente de mudanças organizacionais propondo so luções para os problemas que envolvam os recursos huma nos e elaborando políticas de recursos humanos para evi tar e prevenir conflitos Sua atuação na organização deve buscar propiciar um bom clima organizacional a qualida de de vida no trabalho ou seja programas que visem à saúde proteção valorização e satisfação do trabalhador 25 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia A GESTÃO DE RH PELA ÓTICA DA PSICOLOGIA Vimos no tópico anterior o papel do psicólogo organi zacional e as suas atribuições funcionais na organização Agora descreveremos mais detalhadamente tais atribui ções ampliando o olhar da Psicologia para os processos de recursos humanos Neri nos mostra que a rigor a única atividade privati va do psicólogo do trabalho é a aplicação e avaliação de testes psicológicos p 155156 Porém apesar da maio ria dos profissionais iniciar suas carreiras no processo de recrutamento e seleção e muitos permanecerem atuando durante anos no mesmo processo sabemos que hoje em dia o psicólogo de Recursos Humanos pode e deve atuar nos demais processos da área Mendonça 1982 afirma que exercer as atividades buro cráticas de administração de pessoal tais como admis sões pagamentos demissões e registros de caráter legal compõem uma fase pioneira da carreira do psicólogo or ganizacional Diante das mudanças ocorridas no âmbito das organizações e as novas exigências do mercado as atividades e as responsabilidades dos psicólogos expan diramse para funções mais amplas inclusive desenvolvi mento e pesquisa 26 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia Martins e Bastos 1990 sugerem quatro objetivos gerais da atuação do psicólogo em uma organização São eles 1 Realizar em equipe multiprofissional estudos pesquisas com vistas à produção de conhecimento e tecnologias relativas à Psicologia Organizacional bem como ao planejamento ambiental elaboração e definição de políticas de RH nas organizações 2 Desenvolver em equipe multiprofissional ações relativas à avaliação aperfeiçoamento reciclagem profissional bem como à formação de mão de obra para integrar o quadro da organização 3 Definir e implementar em equipe multiprofissio nal programas que visem à saúde proteção valori zação e satisfação do trabalhador bem como faci litem o seu acesso e de seus dependentes a bens e serviços básicos 4 Desenvolver ações em equipe multiprofissional que permitam a adequada alocação e o controle da vida funcional de trabalhador Em todos os objetivos apresentados vimos os autores demonstrarem que o desenvolvimento e a responsabili dade dos processos devem ser compartilhados com uma equipe multidisciplinar Eles explicam que tal área não pode ser vista como domínio exclusivo de qualquer uma das inúmeras profissões que nela atuam sendo indispen sável pela multidimensionalidade dos problemas que abarca a visão convergente de diferentes formações e enfoques na análise de uma mesma questão MARTINS BASTOS 1990 27 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia O primeiro objetivo apresentado pelos autores nos reme te à função básica do psicólogo que deve ser a pesquisa mesmo atuando em um ambiente organizacional para pro duzir conhecimento e tecnologia compreender os proble mas humanos e sociais no âmbito das organizações e des crever as atividades envolvidas na execução do trabalho O fato de lidar com o comportamento humano tanto na sua dimensão individual quanto social deve credenciar o psicólogo ao manejo de métodos e técnicas de investiga ção dos problemas psicossociais inevitáveis em quaisquer contextos de trabalho MARTINS BASTOS 1990 Sobre o objetivo segundo podemos afirmar que ele é um dos focos principais do psicólogo organizacional o trei namento e desenvolvimento de recursos humanos Esse processo envolve identificar as necessidades de capacita ção e desenvolvimento de pessoas desenvolver as ações implementar e avaliar para verificar se os objetivos finais foram alcançados ou seja o desenvolvimento das com petências funcionais ou técnicas e comportamentais nos níveis operacionais táticos e estratégicos Esse processo é fundamental para o alcance dos objetivos estratégicos da organização Sendo o psicólogo um profissional da área da saúde e es pecialista na compreensão das relações sociais temos o objetivo terceiro voltado para o desenvolvimento de ações que garantam a boa saúde do trabalhador no sentido pre ventivo e remediativo e também para facilitar as rela ções interpessoais e de grupo na empresa administrando conflitos e interesses 28 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia O último objetivo referese às funções de recrutamento e seleção movimentação funcional administração de car gos e salários e a própria gestão da área quando o psicó logo assume esse cargo Podemos concluir que as atribuições do profissional psi cólogo que atua na organização são abrangentes não mais focadas apenas em aplicações de testes para seleção e necessárias para o bom andamento dos processos de recursos humanos Com um papel atual mais estratégico sua atuação sensibi lizada com as questões humanas tende a ser assertiva no planejamento e na execução dos processos de gestão de pessoas tais como Definição de estratégias de recrutamento Seleção dos melhores candidatos aos cargos pau tados num perfil comportamental Avaliação de desempenho Ações de treinamento e desenvolvimento de co laboradores e de lideranças Tratamento do estresse Promoção da qualidade de vida no trabalho Implementação de planos de motivação remune ração e resultados Avaliação de cargos salários e benefícios 29 A Gestão de RH pela ótica da Psicologia Fornecimento de atendimento individual ou co letivo Entrevistas de desligamento Em suma o profissional psicólogo deve atuar no geren ciamento de processos pessoas conflitos interesses e conhecimento Conhecemos neste capítulo a Psicologia sua história e ob jeto de estudo Passeamos no tempo para estudar desde o surgimento deste saber no final do século XIX até o seu apogeu no século seguinte Compreendemos que a Psico logia é a Ciência do Comportamento e que seu objeto de estudo é o sujeito e seu comportamento Vimos que a Psicologia Social é a interseção entre a Psi cologia e a Sociologia e que deve deterse à sua época ao estudo dos fenômenos psicológicos no ambiente social considerando as particularidades da sociedade estudada Entendemos que nas organizações a psicologia social pode contribuir por exemplo para a melhoria da produ tividade desempenho relações interpessoais e em grupo qualidade no ambiente de trabalho etc A Psicologia Organizacional foi apresentada como uma área aplicada da Psicologia que exerce papel fundamen tal na gestão de recursos humanos evidenciando a sua importância para tal processo O psicólogo organizacio nal com um papel atual mais estratégico tem sua atuação sensibilizada com as questões humanas tendendo assim a ser assertivo no planejamento e na execução dos proces sos de gestão de pessoas 30 A Gestão de Pessoas sob a ótica da Psicologia REFERÊNCIAS ARAÚJO MAP A Psicologia Social no Brasil um pequeno resgate In ENCONTRO HUMANÍSTICO NACIONAL 8 São Luis 2008 Trabalhos São Luís UFMA 2008 Mesare donda Psicologia Social no Brasil percursos e possibilida des de atuação Disponível em httpwwwnucleohuma nidadesufmabrpastasEHVIIIMarcia20Antonia20 Piedade20Araujopdf Acesso em 25 jun 2013 BASTOS A V B GALVAOMARTINS A H C O que pode fazer o psicólogo organizacional Psicologia ciência e pro fissão Brasília v 10 n 1 1990 Disponível em http pepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpi dS141498931990000100005lngptnrmiso Acesso em 11 abr 2012 LOPES ES A Psicologia e seu objeto Revista de Psico logia da UnC vol 1 n2 p7481 2004 Disponível em httpwwwneaduncnetbrrevistapsicologia Acesso em 22 jan 2014 MENDONÇA J R A Anotações para um possível papel possível do profissional de RH uma volta atrás In Ad ministração e desenvolvimento de recursos humanos teoria e prática Salvador UFBA ISP 1982 MUCHINSKY P M Psicologia organizacional São Paulo Thomsom 2004 31 NERI A A Psicologia de trabalho reflexão de um profes sor snd mimeo FALTA O LINK DO PAPER SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 TELES MLS O que é psicologia São Paulo Brasiliense 1991 32 33 O conceito de personalidade CAPÍTULO 2 A PERSONALIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO O termo personalidade é fascinante para todos os públi cos Quem não deseja compreender a sua essência as mo tivações que nos levam a agir dessa ou daquela maneira as heranças genéticas que determinaram o nosso tempe ramento Enfim os fatores ora herdados ora aprendidos que levaram cada um de nós a ser como é Neste capítulo compreenderemos o conceito de personalidade para ten tarmos decifrar as múltiplas ações e reações dos sujeitos no mundo do trabalho 34 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho O CONCEITO DE PERSONALIDADE Poucas palavras são tão fascinantes para o público como o termo personalidade HALL LINDZEY 1984 p 6 Inicio este tópico sobre o conceito de personalidade com a frase de Hall Lindzey pois é a mais pura verdade O termo personalidade se popularizou e é comum ouvir mos falar ou até mesmo falarmos que determinada pes soa tem uma personalidade forte ou fraca boa ou má Como nos mostram esses autores o observador selecio na um atributo ou qualidade marcante do indivíduo e que presumivelmente vem a ser um aspecto característico da impressão que ele causa no contato com os outros e sua personalidade passa a ser identificada por esse termo HALL LINDZEY 1984 p 6 Como nos mostra Martins 2004 p 83 o conceito per sonalidade em seu sentido literal aparece desde suas ori gens associado à noção de pessoa Pessoa termo derivado do latim persona que significa máscara caracterizadora do personagem teatral designa na abrangência do termo o homem em suas relações com o mundo O senso comum adotou o termo personalidade principalmente para atribuir valor às pessoas 35 O conceito de personalidade E para a Psicologia Qual seria a definição apropriada Para Hall Lindzey 1984 p 7 a forma como este termo será definido na Psicologia depende da teoria psicológica a que o mesmo está vinculado Se o indivíduo elabora ou adota uma certa teoria sua definição de personalidade será por certo influenciada por essa teoria Veremos no capítulo 3 as diferentes correntes psicológicas e os seus constructos teóricos sobre a personalidade ao longo da história da Psicologia Segundo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse 2007 o termo personalidade tem os seguintes significados 1 Caráter do que é pessoal pessoalidade 2 Individualidade psicológica de uma pessoa que se manifes ta em seu comportamento 3 Conjunto dos comportamentos das aptidões das motiva ções etc cuja unidade e permanência constituem a individua lidade a singularidade de cada um 4 Aspecto pelo qual se afirma uma originalidade qualquer 5 Pessoa de certa importância social conhecida influente ou notável 6 Força energia com a qual se exprime o caráter a originalida de de cada um mulher dotada de personalidade Pelo dicionário o uso popular do termo parece correto em algumas das definições especialmente na quarta e na sexta Percebemos então que encontrar um único significado para o termo não é tarefa simples 36 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho Porém nosso objetivo neste capítulo é esclarecer e não complicar o seu entendimento Apesar de ser um conceito que possui uma multiplicidade de definições é possível nos atentarmos a definições que nos levam a compreen der esse conceito de forma a nos esclarecer como a per sonalidade se constitui e influencia as relações sociais e principalmente no ambiente de trabalho assunto que nos interessa no presente estudo Na literatura psicológica alemã Carver e Scheier definem personalidade como sendo uma organização interna e di nâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportarse de pensar e de sentir característicos de uma pessoa Apesar de ser uma concepção psicológica esta não desconsidera em sua definição a importância dos aspectos biológicos Seria nesse sentido uma orga nização dinâmica que se expressa de diferentes maneiras comportamento pensamento e emoções Personalidade é definida por padrões únicos e relativa mente consistentes de pensamentos sentimentos e com portamentos de um indivíduo HOCKENBURY HOCKE NBURY 2001 p 200 Concebemos a personalidade então como o conjunto de pen samentos motivos emoções interesses atitudes e capaci dades de uma pessoa que a diferem das outras pessoas É composta por um conjunto de características que diferenciam as pessoas tornandoas singulares únicas O indivíduo constituise em unidade com a sociedade e sua existência como tal reside exatamente em sua autodiferenciação para com aque la o que lhe confere inclusive papel de sujeito no processo de construção dessa sociedade MARTINS 2004 p 85 A persona lidade determina a maneira como a pessoa se relacionará com o mundo que a cerca 37 O conceito de personalidade Sendo um conjunto de características generalizar a perso nalidade de alguém como forte ou fraca boa ou má seria reduzir esse sujeito a um juízo de valor A Psicologia re jeita esse juízo de valor Personalidade não se reduz a um traço apenas ou a um valor moral Não é tão simples assim Podemos concluir citando e complementando a definição de Volpi 2004 p 5 para o conceito de personalidade Em linhas gerais podemos definir personalidade como sendo o conjunto de elementos temperamentais que fo ram herdados durante a gestação e de elementos adquiri dos do meio durante as etapas do desenvolvimento que formam o mundo interno psíquico de uma pessoa e são expressos pelo seu caráter Porém para compreender completamente a definição acima você precisará passar para o próximo tópico para conhecer os elementos e fatores determinantes da personalidade 38 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalhoo OS ELEMENTOS E FATORES DETERMINANTES DA PERSONALIDADE No tópico anterior compreendemos o conceito de perso nalidade Entendemos que o importante para a Psicologia é conceber o sujeito em sua singularidade entendêlo como um ser único dotado de suas próprias característi cas ora herdadas ora aprendidas Agora vamos conhecer os elementos e fatores determinantes da personalidade É importante ressaltar que estamos apresentando concei tos gerais sobre o tema sem nos fixarmos ainda nos cons tructos teóricos de uma ou outra escola da Psicologia No próximo capítulo conheceremos as teorias e metodologias de três delas a psicanálise de Freud a cognitivocom portamental fusão da teoria cognitiva e do behaviorismo que se baseia no conhecimento empírico da Psicologia e o existencialismo de Sartre Quais são os elementos formadores da personalidade Relacionados ao conceito de personalidade estão os de ca ráter temperamento e transtornos de personalidade Os dois primeiros caráter e temperamento referemse aos elementos da personalidade além da constituição física 39 Os elementos e fatores determinantes da personalidade No último capítulo deste livro conheceremos os transtor nos de personalidade que são considerados distúrbios psicológicos Para Volpi 2004 p 2 o temperamento representa a pe culiaridade e intensidade individual dos afetos psíquicos e da estrutura dominante de humor e motivação Ainda segundo ele seria uma disposição inata e particular de cada pessoa pronta a reagir aos estímulos ambientais é a maneira interna de ser e agir de uma pessoa geneticamen te determinado é o aspecto somático da personalidade Vale ressaltar que o temperamento é considerado como geneticamente determinado ou seja trans mitido de pais para filhos É possível perceber o temperamento de uma criança desde muito cedo pela estrutura dominante de seu humor Desde o momento da fecundação todas as informações ge néticas do pai e da mãe passam ao novo bebê cons tituindo o seu temperamento VOLPI 2004 p 6 Hipócrates foi o primeiro a formular uma teoria sobre o temperamento que influenciou todo o pensamento oci dental Para este filósofo grego há quatro tipos de tem peramento sanguíneo fleumático colérico e melancólico Vejamos cada um deles O temperamento sanguíneo fluido corporal san gue referese às pessoas expansivas otimistas irri táveis e impulsivas O temperamento fleumático fluido corporal lin fa ou fleuma referese às pessoas sonhadoras pací ficas dóceis presas aos hábitos e racionais 40 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalhoo O temperamento colérico fluido corporal bílis referese às pessoas ambiciosas dominadoras pro pensas a reações abruptas e explosivas O temperamento melancólico fluido corporal astrabílis ou bílis negra referese às pessoas nervo sas e excitáveis pessimistas rancorosas e solitárias Hipócrates considerado por muitos uma das figuras mais im portantes da história da saúde frequentemente considerado o pai da medicina apesar de ter desenvolvido tal ciência muito depois de Imhotep do Egito antigo É referido como uma das grandes figuras entre Sócrates e Aristóteles durante o floresci mento intelectual ateniense Hipócrates era um asclepíade isto é membro de uma família que durante várias gerações praticou os cuidados em saúde Segundo Volpi 2004 p 56 citando Reich 2005 o ca ráter é o conjunto de reações e hábitos de comportamento que vão sendo adquiridos ao longo da vida e que especifi cam o modo individual de cada pessoa É o que difere um indivíduo de outro ou uma espécie de outra Para Volpi o caráter seria composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para vá rias situações É a forma com a que a pessoa se mos tra ao mundo é a expressão do temperamento e da personalidade por meio das atitudes de uma pessoa a expressão do seu mundo interno Conhecer o caráter de uma pessoa significa conhecer os traços essenciais que determinam o conjunto de seus atos sua forma de agir e reagir perante a vida 41 Os elementos e fatores determinantes da personalidade Para ilustrar podemos citar a reação de algumas pesso as que vivenciaram o ataque de 11 de setembro de 2001 que causou o desabamento das famosas Torres Gêmeas o World Trade Center após os choques consecutivos de dois aviões comerciais Sabemos pelos inúmeros depoi mentos de sobreviventes imagens filmadas em tempo real e divulgadas na mídia filmes e documentários produzi dos após o atentado que muitos se jogaram pelas janelas alguns tentaram escapar pelas escadas outros se dispu seram a ajudar pessoas mais machucadas a escaparem ao invés de tentarem sair sozinhos enfim uma sucessão de comportamentos diversos perante a mesma situação evi denciando a diferença entre as pessoas Cada ser humano é singular e isso é o que interessa para a Psicologia Se gundo Volpi 2004 p 6 cada pessoa reage com base em sua estrutura de caráter Podemos incluir como elemento da personalidade a cons tituição física do sujeito Essa constituição corresponde ao aspecto físicomorfológico da personalidade As carac terísticas físicas das pessoas tais como feições estatura peso malformação congênita ou ainda acidentes que ge ram lesões cicatrizes deficiências sem dúvida alguma influenciam decisivamente a personalidade Sheldon SHELDON STEVENS 1942 correlacionou algu mas constituições físicas com tipos de temperamento e chegou aos seguintes resultados 42 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalhoo Físico Temperamento Endomorfo gordas vísceras digestivas bem desenvolvidas predominam as formas arre dondadas Viscerotônico expansivo apre ciador de conforto sociável Mesomorfo musculoso predo minam os tecidos ósseos atlético Somatotônico firme afirma tivo corajoso gosta de correr riscos Ectomorfo delgado predomi nam as formas lineares alto magro frágil é o que possui o maior cérebro sistema nervoso sensível Cerebrotônico tendência a re traimento introversão inibido gosto pela solidão e isolamento Podemos então considerar os seguintes elementos da personalidade o temperamento ou tipo temperamental a constituição física ou tipo morfológico e o caráter E quais são os fatores que influenciam o desenvolvimento da personalidade A personalidade desenvolvese pela combinação de fato res biológicos herança genética fisiologia e constituição ambientais influências do meio em que o sujeito está in serido cultura classe social família pares etc e pelas experiências vivenciadas Como vimos os fatores biológicos e hereditários têm grande influência no desenvolvimento da personalidade de uma pessoa Porém cada sujeito é único inclusive na sua singularidade fisiológica e morfológica Um exemplo disso são os gêmeos univitelinos idênticos Aqueles que conhecem ou convivem com gêmeos fisicamente muito 43 Os elementos e fatores determinantes da personalidade semelhantes podem perceber que os mesmos demons tram características distintas de personalidade Herdamos características temperamento mas a combina ção com outros fatores e situações que possam ocorrer na gestação no nascimento e ao longo da vida podem determinar as características de personalidade que uma pessoa desenvolverá Os fatores ambientais ou seja as influências do meio em que o sujeito está inserido cultura classe social família pares etc também exercem papel importante no desenvol vimento da personalidade A família por exemplo é o pri meiro grupo social com quem um indivíduo vai conviver Com ela vai aprender valores que determinarão o modo como enxergará a vida O modo como os pais ou aqueles que representam esse papel na vida de uma criança se re lacionam com as pessoas e com o mundo será aprendido A qualidade das relações e o clima predominante também exercerão forte influência E por fim temos as experiências pessoais vivenciadas Ao longo da vida os acontecimentos não passam sem dei xar marcas Esses acontecimentos são representados pelo indivíduo em sua subjetividade na sua singularidade no seu psiquismo A maneira como o sujeito lidará com as diversas situações positivas ou negativas é o reflexo de sua personalidade 44 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho A INFLUÊNCIA DA PERSONALIDADE NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Se voltarmos no tempo e chegarmos ao período da escra vatura época do Brasil Colônia encontraremos duas figu ras principais os senhores de engenho no topo da socie dade com poderes políticos e econômicos e os escravos na base tratados como mercadorias e responsáveis por todo o trabalho produtivo Se pularmos para a Era Indus trial encontraremos os donos das fábricas e os operários em uma visão mecanicista do trabalho Esses trabalhado res passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais recebiam todos os lucros Os operários eram vistos como máquinas A história do trabalho é marcada pelas tensões entre as formas de poder e controle sendo estes dois dos aspec tos mais relevantes que influenciam as relações de traba lho inclusive na atualidade Quer conhecer um homem Empodereo Não é o que dizem Uma pessoa egoísta autocrata exigente centralizadora ra cional ambiciosa explosiva controladora ao assumir uma posição de chefia certamente propicia um clima muito ten so para aqueles que trabalham com ela Geralmente essas chefias são temidas por todos mas principalmente por aqueles que são mais tímidos retraídos afetuosos e sen 45 A influência da personalidade nas relações de trabalho síveis Nesse caso a solução parece simples demitir esse chefe Contratar para o seu lugar um profissional cujo perfil seja o de um líder Porém nem sempre é tão simples as sim E quando esse egoísta autocrata exigente explosivo é o dono da empresa Uma das atribuições da área de Recursos Humanos é o re crutamento e selecão de pessoas que deve identificar os diversos perfis técnicos e comportamentais para recrutar e selecionar os profissionais certos para os lugares certos É fundamental que se considere sempre o perfil comportamen tal Não basta ter um bom perfil técnico estar preparado para as sumir funcionalmente um cargo Além das funções exigirem um determinado perfil comportamental é fundamental considerar com quem essa pessoa irá trabalhar Se eu profissional de recursos humanos responsável por recrutar e selecionar pessoas para os cargos da empresa em que trabalho vou selecionar um profissional para a vaga de assistente do tal chefe terrível terei que consi derar a sua personalidade para encontrar a pessoa ideal Lembremos que na nossa estorinha ele é o mandachuva o poderoso Muitas vezes o alto turnover a alta rotatividade em uma área ou função na empresa acontece devido à difi culdade de haver bom relacionamento interpessoal entre chefes e subordinados e entre pares É a incompatibilida de de personalidades e a área de recursos humanos deve estar atenta a isso 46 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho O poder e o controle no entanto não são os únicos as pectos relevantes que influenciam as relações de traba lho Vejamos outro aspecto a relação entre a personali dade e a função exercida Imagine um profissional positivo motivado interessado apaixonado por sua profissão mas que não conseguiu uma colocação no mercado em sua área Ele se vê obriga do a trabalhar em alguma outra função que muitas vezes está muito longe de ser aquilo que deseja Isso o frustra muito Trabalha apenas pela necessidade Muitas pessoas que vivem essa situação e que têm as características des critas acima sentemse agradecidas pela oportunidade e sua necessidade e ética do dever ficam na frente da éti ca do prazer Porém com o passar do tempo a frustração aumenta principalmente se o trabalho exercido é difícil complicado e desgastante Essas pessoas podem começar a apresentar características muito distintas de sua essên cia Tornamse desmotivadas tristes caladas impacientes e muitas vezes agressivas O trabalho que é desenvolvido apenas pelo retorno financeiro que não proporciona ne nhum tipo de satisfação tornase enfadonho e adoecedor Sem dúvida alguma as relações pessoais e profissionais deste profissional serão comprometidas Em casos como esse a área de recursos humanos deve atuar de duas formas a primeira preventiva e a segunda remediativa Vejamos Preventiva mais uma vez retornamos ao processo de recrutamento e seleção Identificar as preferências inte resses e motivações do profissional que está em processo 47 A influência da personalidade nas relações de trabalho seletivo para determinada vaga é fundamental Muitas ve zes a necessidade financeira do profissional é tão grande que ele naquele momento percebe que o que está sendo oferecido não vai atendêlo em curto prazo Ele aceita a proposta para não perder a oportunidade mas não fica rá muito tempo no emprego Pessoas apaixonadas pelas suas profissões dificilmente sentemse felizes em exercer atividades muito distintas o que lhes traz grande infeli cidade comprometendo vários setores de sua vida prin cipalmente a saúde e suas relações Evitar a contratação dessas pessoas é uma das formas de atuação do RH para evitar tal problemática Remediativa se você o contratou no primeiro momento ele pareceu bem positivo interessado agradecido ale gre e feliz Contudo com o passar do tempo seu sorriso murchou sua produtividade baixou e ele não parece mais aquela pessoa que estava tão desesperada pela oportuni dade O que fazer agora Nesses momentos a área de Re cursos Humanos deve agir da seguinte maneira em primei ro lugar convidálo para uma conversa e esclarecer todos esses pontos que é uma oportunidade para ambas as par tes falarem e ouvirem Algumas empresas trabalham com o processo de movimentação funcional Se o profissional tiver um perfil adequado à empresa e bom potencial po derá ser aproveitado na área que deseja se tiver uma vaga Outro aspecto relevante é quando o profissional não con segue lidar com os seus problemas pessoais de forma po sitiva comprometendo a sua produtividade e as relações no trabalho Também teremos que lidar com pessoas de sagregadoras que parecem ter prazer em gerar conflitos Como podemos ver as personalidades são diversas O ser humano é único singular com seu temperamento e características particulares 48 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho nas organizações Outras não sabem trabalhar em equipe por exemplo e comprometem o resultado do trabalho de todo um grupo A área de recursos humanos deve estar preparada para gerenciar conflitos e enfrentar as problemáticas causadas pelas diferenças entre as pessoas criando ações em seus processos que possam prevenir eou remediar os diversos cenários apresentados e outros possíveis Quando trata mos de pessoas sabemos que as situações podem ser di versas e adversas Criar um canal de comunicação uma abertura real entre RH e colaboradores é fundamental para poder atuar assertivamente Conhecer as lideranças e seus estilos criar programas de desenvolvimento de competências comportamentais e técnicas para toda a cadeia produtiva da empresa pro piciar um clima de trabalho favorável ter um processo seletivo sério e efetivo prover qualidade de vida e saúde no trabalho valorizar e reconhecer os profissionais são ações preventivas e remediativas que a área de recursos humanos pode e deve adotar para minimizar os aspectos que influenciam negativamente as relações de trabalho Conhecemos neste capítulo o conceito de personalidade Compreendemos que o termo é fascinante e que na Psico logia será definido de acordo com os constructos teóricos das escolas psicológicas que veremos no próximo Para a Psicologia interessa compreender o ser humano como um ser único singular dotado da capacidade de construir a sua própria subjetividade 49 A influência da personalidade nas relações de trabalho Entendemos que o temperamento é adquirido genetica mente herdado dos pais e que o caráter é a expressão do mundo interno ou seja sua forma de agir Além da consti tuição física o caráter e o temperamento são os elementos da personalidade Conhecemos que os fatores determinantes para o desen volvimento da personalidade são os biológicos os am bientais e as experiências vividas Compreendemos que esses três fatores influenciam o desenvolvimento da per sonalidade mutável desde o início e ao longo da vida Por fim entendemos que nas organizações alguns aspec tos relevantes da personalidade influenciam as relações tais como controle e poder Vimos que a área de recursos humanos pode e deve atuar de forma preventiva ou reme diativa frente às diversas situações e problemáticas causa das pelas diferenças entre as pessoas comprometendo a produtividade e as relações no trabalho 50 A personalidade e suas implicações no mundo do trabalho REFERÊNCIAS CARISSIMI B A S M Não basta ser líder tem que ser coach mentor e counsel as diferenças essenciais entre essas práticas Rio de Janeiro RH 2005 Disponível em httpwwwrhcombr Acesso em 28 ago 2013 Do malestar na civilização ao ao malestar na organização um percurso Dissertação Metrado em Psi canálise Saúde e Sociedade Universidade Veiga de Al meida Rio de Janeiro 2008 ERTHAL TCS Terapia vivencial uma abordagem exis tencial em psicoterapia Petrópolis Vozes 1989 FRIEDMAN HS SCHUSTACK MW Teorias da personali dade São Paulo Pearson 2004 HALL C S LINDZEY G Teorias da personalidade São Paulo EPU 1984 MATOS MA Behaviorismo metodológico e Behavioris mo Radical Palestra apresentada no II Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental Campinas out 93 Versão revisada encontrase publicada em Ber nard Rangé Org Psicoterapia comportamental e cogniti va pesquisa prática aplicações e problemas Campinas Editorial Psy 1995 Disponível em httpwwwcfhufsc brwfilmatoshtm Acesso em 18 out 2013 51 MAY PR A implantação de modelos de gestão em uma empresa pública o modelo de gestão participativa e o mo delo de controle da qualidade total na centrais elétricas de Santa Catarina CELESC Dissertação Mestrado em Enge nharia de Produção Universidade Federal de Santa Ca tarina Florianópolis 1999 Disponível em httpwww epsufscbrdisserta99may Acesso em 17 nov 2013 SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 SILVEIRA EGF Gestão do conhecimento nas organi zações perfil motivacional e tipos psicológicos jun guianos um estudo de caso em uma empresa de saúde Dissertação Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhe cimento Universidade Federal de Santa Catarina Floria nópolis 2006 SKINNER B F A case history of scientific method Ameri can Psychologist Sl n 11 p 221233 1956 52 53 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem CAPÍTULO 3 TEORIAS DE PERSONALIDADE AS PERSPECTIVAS BÁSICAS DA PERSONALIDADE No capítulo anterior compreendemos que o conceito de personalidade para a Psicologia está diretamente ligado a uma escola ou teoria psicológica Agora conheceremos as perspectivas básicas da personalidade 54 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS BIOLÓGICAS BEHAVIORISTAS E DA APRENDIZAGEM Podemos começar este tópico respondendo a seguinte pergunta O que é uma teoria Segundo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse 2006 p 982 teoria é um conjunto organizado de prin cípios regras leis científicas que visam descrever e expli car um certo conjunto de fatos Nesse sentido uma teoria da personalidade na Psicologia nascerá de uma linha teórica de referência pela qual a per sonalidade será pesquisada estudada Para Hall Lindzey 1984 p 11 a personalidade é de finida por conceitos particulares contidos em uma teoria considerada adequada para a completa descrição e com preensão do comportamento humano Ainda segundo os autores uma teoria deve ser capaz de abranger um campo amplo de comportamento humano e fazer predições sobre ele Ela deveria ser capaz igualmen te de tratar qualquer fenômeno de comportamento que tenha significado para o indivíduo 55 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Podemos compreender com o exposto que uma teoria da personalidade se preocupa com os fenômenos relevantes do comportamento humano para buscar explicálos Vejamos agora uma de cada vez três relevantes teorias de personalidade a biológica a behaviorista e a da per sonalidade Perspectiva biológica Os principais teóricos desta perspectiva são Charles Dar win Ivan Pavlov Hans Eysenck e Francis Galton Vejamos cada um deles e suas contribuições Charles Darwin 18091892 naturalista inglês afirmou com sua teoria evolucionista da personalidade que as pessoas não são uma criação divina mas uma evolução direta das espécies mais primitivas Para Darwin todas as espécies possuem um ancestral comum Sua teoria é chamada de Teoria da Evolução das Espécies pela Seleção Natural Ou seja a evolução acontece pela seleção natural por meio da luta pela sobrevivência do mais apto mais forte mais inteligente mais adaptável mais agressivo etc A contribuição de Darwin para a Biologia é fundamental A evolução é a base de todos os seus conceitos Ivan Pavlov 18491936 foi um filósofo russo reconhe cido por suas contribuições acerca do papel do condicio namento na psicologia do comportamento Para Pavlov as respostas comportamentais podem ser inatas ou aprendi das por meio de estímulos agradáveis ou aversivos Esta 56 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade descoberta foi a base da Psicologia Comportamental que veremos em seguida A teoria do traço biológico de Hans Eysenck psicólogo alemão identificou em suas pesquisas três tipos funda mentais de estrutura da personalidade que variam pela intensidade de escores nos processos neurais em cada sujeito extroversão sociável animado ativo in trovertido retraído neuroticismo ansiosos deprimi dos tensos estabilidade emocional e psicoticismo agressivo frio egocêntrico empático sociável Para Eysenck os fatores biológicos são determinantes no de senvolvimento da personalidade E por fim Francis Galton 18221911 cientista mate mático estatístico e antropólogo inglês Galton propôs a eugenia por meio de uma reprodução seletiva A eugenia seria a evolução de uma determinada espécie pela sele ção artificial Por meio da psicometria testes de inteligên cia homens e mulheres poderiam ser avaliados nas suas capacidades mentais Neste caso a reprodução humana entre homens e mulheres inteligentes poderia gerar uma espécie mais evoluída Interessante destacar que Francis Galton era primo de Charles Darwin Teoria comportamental Em 1913 John Broadus Watson psicólogo que aos 35 anos iniciou uma revolução contra a Psicologia vigente daquela época O seu movimento foi chamado de beha viorismo e em pouco tempo tornouse o mais importante sistema americano de Psicologia SCHULTZ 1975 57 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Para Watson a Psicologia deveria ser objetiva preocupa da com o comportamento observável para que fosse pos sível descrevêlo A Psicologia Mentalista que predominava foi criticada por Watson e considerada pouco produtiva Sua proposta era mudar o foco da Psicologia do estudo dos processos mentais pensamentos e sentimentos para o comporta mento observável Como nos explica Matos 1995 no mentalismo o acesso às ideias ou imagens se faria somente através da intros pecção que seria então revelada através de uma ação ges to ou palavra Temos aqui um modelo causal de ciência a o indivíduo passivo recebe impressões do mundo b es tas impressões são impressas na sua mente constituindo sua consciência c que é então a entidade agente respon sável por ou local onde ocorrem processos responsáveis por nossas ações Ainda segundo a autora o behaviorismo surgiu em oposi ção ao mentalismo e ao introspeccionismo Em fins do sécu lo passado a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos em me didas em definições claras em demonstração e experimen tação Esta influência se fez sentir na psicologia no começo deste século com a proposta behaviorista feita por Watson em 1924 Por que não fazemos daquilo que podemos ob servar o corpo de estudo da Psicologia MATOS 1995 58 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade Nascia a Psicologia do Comportamento com a finalidade de prever e controlar o comportamento dos sujeitos que se concentrava unicamente no que podia ser visto A teoria comportamental diz que os comportamentos são mutáveis a partir de alterações no ambiente na presença de reforçadores ou de situações aversivas Esses reforçadores ou as situações aversivas são conside rados estímulos negativos ou positivos Um exemplo clássico para compreendermos essa teoria é quando a criança pequena que está começando a engati nhar coloca o dedinho no interruptor de energia ou seja na tomada O choque será um estímulo negativo uma si tuação aversiva que a levará a não colocar mais o dedinho na tomada Seu ato de conduta comportamento mudará a partir da experiência Watson era um defensor da psicologia animal acreditan do ser essa vantajosa para a pesquisa psicológica Em seu livro A Psicologia do ponto de vista de um behaviorista de 1919 ele afirmou que os princípios e métodos adota dos para a psicologia animal eram igualmente aplicáveis e legítimos para o estudo do homem SCHULTZ 1975 Inspirado em Pavlov filósofo russo que propôs o mo delo de condicionamento chamado de condicionamento clássico o Behaviorismo Clássico de Watson concebe o comportamento como sendo uma resposta a um estímulo específico Nesse sentido tornouse comum referirse ao behaviorismo como Psicologia do Estímulo e Resposta ou SR StimulusResponse 59 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Comportamento Estímulo Resposta Para Watson o homem é o produto de associações esta belecidas durante a vida entre estímulos do ambiente e respostas comportamento observável Essa proposta viria a ser superada por behavioristas pos teriores como Burrhus F Skinner fundador do Behavio rismo Radical Como nos apresenta Schultz 1975 p 276 em muitos e importantes aspectos a posição de Skinner representa uma renovação do mais antigo behaviorismo watsoniano O método de trabalho de Skinner é o indutivo ou seja evi ta completamente a teoria e pratica um positivismo estrito O que isso significa Skinner não construiu teorias ou hipóteses para poste riormente comproválas ou não experimentalmente Este parte dos dados empíricos para generalizações conjec turais SCHULTZ 1975 Nunca abordei um problema construindo uma hipótese Nunca deduzi teoremas nem os submeti à verificação ex perimental Até onde posso vislumbrar não tive um mo delo preconcebido de comportamento certamente não um fisiológico ou mentalista e creio que tampouco um modelo conceptual SKINNER 1956 p 227 60 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade O Behaviorismo Radical de Skinner preocupase com a descrição dos comportamentos observáveis Esse beha viorismo puramente descritivo foi denominado a aborda gem de organismo vazio SCHULTZ 1975 p 277 Sua teoria é ambientalista O que isso quer dizer O comportamento é afetado pela mudança de ambiente e no ambiente E a aprendizagem Para o behaviorismo a aprendizagem acontece pelo con dicionamento O homem é concebido como um organis mo que responde a estímulos do ambiente de forma con dicionada Skinner nomeou de comportamento respondente quando a resposta comportamental é suscitada por uma situação de estímulo específica e observável SCHULTZ 1975 p 278 Essa situação de condicionamento foi descrita por Pavlov Pavlov verificou que os cães salivavam ao cheiro ou quan do viam a comida Quando a comida era oferecida soava a campainha O cão foi condicionado a salivar ao ouvir a campainha Surge a ideia de reforço E chamou de comportamento operante quando a respos ta do organismo é aparentemente espontânea ocorrendo sem nenhum estímulo externo possível de observação 61 Perspectivas biológicas behavioristas e da aprendizagem Skinner deu ênfase a esse comportamento afirmando que tendemos a repetir o que é agradável e a evitar o que é desagradável Na caixa de skinner o rato aciona a alavanca obtém alimento e não recebe recompensa alimentar nenhuma enquanto não acionar a alavanca Skinner considera o comportamento operante muito mais representativo da si tuação de aprendizagem humana na vida real SCHULTZ 1975 p 278 Para o behaviorismo o homem desenvolve suas caracterís ticas em função das condições presentes no meio em que vive O comportamento é controlado por suas consequên cias pelos estímulos que se segue às respostas Recom pensar ou punir para alcançar a aprendizagem desejada O homem é produto do meio A perspectiva da aprendizagem incorpora a perspectiva behaviorista Para esta aprender significa mudança de comportamento Essa abordagem aproximase das perspectivas cognitivas e sociais A personalidade é influenciada pela aprendiza gem e pelas exigências da sociedade O meio será o principal responsável pelas respostas dadas pelo sujeito a partir de estímulos sociais que influenciam o comportamento aprovação aceitação e atenção externa 62 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS COGNITIVAS E SOCIOCOGNITIVAS DO TRAÇO E DA PERSONALIDADE Na abordagem cognitiva e sociocognitiva a personalidade tem como base a percepção e a cognição de uma pessoa Isso quer dizer que a percepção e a interpretação indivi duais dos sujeitos sobre o mundo são elementos centrais de sua personalidade Os principais teóricos dessa abordagem são Kurt Lewin Jean Piaget George Kelly Julian Rotter e Albert Bandura Kurt Lewin 18901947 psicólogo alemãoamericano afirmava que somente por meio do estudo de pequenos grupos poderíamos compreender o macro grupo Com isso abriu novos caminhos para a Psicologia Social tor nandoa autônoma da Psicologia e da Sociologia Dentre as suas principais contribuições estão O indivíduo vive ligado inevitavelmente a grupos maiores classes sociais sociedade ou menores fa mília grupo de vizinhos trabalho escola religiosos As pessoas são dotadas de sua historicidade escrita por suas vivências pessoais e profissionais bem como por suas características de personalida de Em grupo terão ações e reações individuais e também as influenciadas pelo grupo 63 Perspectivas cognitivas e sociocognitivas do traço e da personalidade Desenvolveu a teoria de campo o comportamen to de uma pessoa está relacionado tanto às carac terísticas pessoais quanto à situação social na qual está inserida observação e manipulação de variá veis envolvendo grupos Foi o principal responsável pelo avanço dos estu dos de dinâmica de grupo Jean Piaget 18961980 suíço desenvolveu sua teoria cognitiva para explicar o desenvolvimento cognitivo hu mano Para Piaget a inteligência infantil é do tipo sen sóriomotor tratandose de uma inteligência prática A manipulação de objetos e a sua percepção antes da con cretização da linguagem e do pensamento caracterizam essa inteligência prática Segundo ele a inteligência evolui até se tornar uma inteli gência propriamente dita na medida em que o sujeito se relaciona com o meio e este o influencia George Kelly 19051967 desenvolveu a teoria da perso nalidade como a teoria do constructo pessoal Esta foca a compreensão e predição dos comportamentos pessoais e dos outros por meio de constructos Os constructos seriam referências modelos criados pelo sujeito que tenta adaptálos para dar sentido à realidade Não são estáticos podendo ser alterados Julian Rotter 19162014 psicólogo americano em sua teoria sociocognitiva afirma que as pessoas escolhem seu 64 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade comportamento por meio dos seus centros de controle Para as pessoas cujo centro de controle é interno ou seja que tem como expectativa que a sua própria ação determi nará um resultado são mais independentes focados nas suas próprias realizações e com capacidade empreendedo ra Para as pessoas cujo centro de controle é externo ou seja que tem como expectativa que pessoas ou situações externas a elas determinem os resultados de suas ações são menos independentes e mais suscetíveis a transtornos de ansiedade estresse e até mesmo depressão Albert Bandura 1925 psicólogo e pedagogo canadense definiu que a aprendizagem por observação não exige a necessidade de reforço como propõe o behaviorismo clássico Os processos internos do sujeito resultam na au torregulação do comportamento Esses processos focam o autorreforçamento e a autoeficácia Na perspectiva do traço e da habilidade sobre a perso nalidade os sujeitos são percebidos como conjuntos de traços habilidades e temperamentos reduzindo a quanti dade de dimensões básicas da personalidade Suas técnicas de avaliação individual são consideradas adequadas levando em conta comparações entre sujei tos além de pesquisas científicas teóricas e práticas As técnicas mais comuns de avaliação individual nessa perspectiva são análise fatorial autorrelatos testes de estilos e habilidades análise de documentos observação comportamental e entrevistas 65 Perspectivas cognitivas e sociocognitivas do traço e da personalidade R B Cattel 19051998 psicólogo inglês desenvolveu a análise fatorial da personalidade e definiu 16 traços de personalidade São eles expansivoreservado desconfiadoconfiante maismenos inteligente imaginativoprático estávelsentimental astutofranco assertivohumilde apreensivoplácido despreocupadomoderado inovadorconservador conscienciosoevasivo autossuficiente dependendo do grupo ousadotímido controladordescontraído compassivodeterminado tensocalmo Uma abordagem contemporânea sobre traços define cinco dimensões ou fatores de personalidade chamados de os Cinco Grandes São eles extroversão sociabilidadecordialidadeasserti vidade amabilidade fraqueza confiança altruísmo mo déstia conscienciosidade competênciaprudênciaper sistêncialuta pela excelência neuroticismo ansiedade hostilidade depressão e vulnerabilidade e abertura ima ginação percepção estética curiosidade intelectual Psicólogos do traço reconhecem influências biológicas cognitivas e psicodinâmicas em sua teoria 66 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS HUMANISTA E EXISTENCIAL PERSPECTIVA INTERACIONALISTA PESSOASITUAÇÃO A perpectiva existencialhumanista considera os seres hu manos livres para realizarem sua existência Em primeiro lugar cabe colocar que o existencialismo não surgiu como uma escola psicológica mas como uma filo sofia existencial Seu surgimento ocorreu na França e na Alemanha no século XIX pelas mãos e pensamentos de Kierkegaard considerado o pai do existencialismo Mas outros nomes como Heidegger e Sartre são fundamentais na disseminação e expressão da filosofia existencial Neste tópico focaremos o existencialismo sartreano Como filosofia o existencialismo influenciou a Psicologia e o surgimento de uma psicologia existencial O existencialismo se fundamenta na crença de que a exis tência precede a essência segundo a definição do filóso fo existencialista JeanPaul Sartre O que isso quer dizer Erthal 1989 p 23 explica que tal afirmação significa di zer que o homem precisa escolher a cada momento o que 67 Perspectivas humanista e existencial perspectiva interacionalista pessoasituação será no momento seguinte só existindo poderá ser O homem é o que atua ser JeanPaul Charles Aymard Sartre Paris 19051980 foi um filósofo escritor e crítico francês conhecido como representante do existencialismo Acreditava que os inte lectuais têm de desempenhar um papel ativo na socieda de Era um artista militante e apoiou causas políticas de esquerda com sua vida e obra Sua filosofia dizia que o homem primeiro existe depois se define enquanto todas as outras coisas são o que são sem se definir e por isso sem ter uma essência posterior à existência Conceber uma essência significa conceber o homem pron to O existencialismo encara uma contínua criação uma existência um constante viraser Com esse pensamento surge um homem livre e responsá vel para existir fazer escolhas sem que seu ser seja pre definido Nesse viraser contínuo vivencia novas experiências e com isso redefine o próprio pensamento e adquire novos conhecimentos a respeito de si mesmo Sartre define o homem como responsável pela própria li berdade E frente a essa liberdade de ação o ser humano se angustia pois a liberdade implica fazer escolhas as quais só o próprio indivíduo pode fazer 68 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade Até quando nos abstemos de fazer escolhas já estamos escolhendo A escolha é não agir Segundo Erthal 1989 p 37 para Sartre o homem é aqui lo que faz de si próprio Assim a liberdade não é algo levianamente construído senão que existe uma responsa bilidade absoluta pelo que resulta Se a natureza humana fosse um molde rígido ou mesmo maleável como propõem os psicanalistas porém passivo como afirmam os behavio ristas o homem não podia ser responsável por si mesmo A ideia de inconsciente para o existencialismo é rejeitada e tratada como máfé O inconsciente passa a ser a indicação máxima de máfé que uma pessoa estabelece para si mesma seria a ati tude escolhida para minimizar o peso da escolha respon sável e colabora na redução das possibilidades de uma existência plena O homem é um eterno viraser A perspectiva interacionalista pessoa0situação percebe o sujeito com uma variabilidade de reações frente às diver sas situações Podemos chamar de um self social em que as respostas comportamentais variam de acordo com as circunstâncias sociais Para Harry Stack Sullivan 18921949 psiquiatra ameri cano um dos principais nomes dessa abordagem a pes soa pode ter tantas personalidades quanto as situações sociais lhe exigirem 69 Perspectivas humanista e existencial perspectiva interacionalista pessoasituação Definiu personalidade como um padrão relativamente duradouro de relações interpessoais que caracterizam uma vida humana Foca as experiências interpessoais sempre em desenvolvimento Sua abordagem é relacional De acordo com essa visão uma personalidade não pode ser separada do apanhado de suas relações interpessoais Para ele um homem individu al é inconcebível Seria complicado falar de traços de personalidade uma vez que para os interacionalistas o comportamento muda muito de uma situação para outra É uma relação contínua entre self e ambiente Nessa perspectiva uma pessoa pode ser introvertida e se portar de forma descontraída em um encontro com ami gos Uma pessoa pode ser sincera e honesta porém even tualmente mentir para não magoar alguém Para ele a vida é uma contínua busca da necessidade de satisfação e de segurança Vejamos em seguida as últimas perspectivas da personali dade as psicanalíticas e neoanalíticas 70 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade PERSPECTIVAS ANALÍTICA E NEOANALÍTICAS Vejamos agora as considerações psicanalíticas do pai da psicanálise Sigmund Freud Sigismund Schlomo Freud Příbor 6 de maio de 1856 Londres 23 de setembro de 1939 mais conhecido como Sigmund Freud foi um médico neurologista judeuaus tríaco fundador da psicanálise Freud nasceu em Freiburg na época pertencente ao Império Austríaco atualmente a localidade é denominada Příbor na República Tcheca Freud iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria Ao observar a melhora de pacientes de Charcot elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica não orgânica Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos como o do inconsciente Não foi Freud o primeiro a utilizar o termo inconscien te mas foi na psicanálise freudiana que ele teve seu lugar destacado A obra freudiana marcou a humanidade e revelou a par tir do conceito de inconsciente que o homem não domina a si mesmo O sujeito da psicanálise não é o mesmo sujeito da psicologia comportamental por exemplo nem da ciência positivista O sujeito de que trata é o sujeito 71 Perspectivas analítica e neoanalíticas do inconsciente do desejo da singularidade Carissimi 2008 p 912 Freud definiu o inconsciente como sendo uma instância psíquica que se manifesta por meio de lapso ato falho sintoma chistes sonho e fantasia Para Freud a personalidade é composta de três grandes sistemas o id o ego e o superego HALL LINDZEY 1984 p 25 representando a impulsividade a racionalidade e a moralidade respectivamente O id é um componente fundamental da estrutura da per sonalidade sendo o seu sistema original básico e mais central É o reservatório de energia de toda personalidade que põe em funcionamento o ego e o superego Os seus conteúdos são quase todos inconscientes incluem con figurações mentais que nunca foram conscientes como também o material que foi considerado inaceitável pela consciência que foi rejeitado A outra estrutura é o ego A diferença básica entre o id e o ego reside em que o primeiro conhece somente a realidade subjetiva da mente enquanto o segundo faz a distinção en tre as coisas da mente e as do mundo exterior HALL LIN DZEY 1984 p 27 Quando sentimos fome ou sede preci samos reconhecer procurar encontrar e consumir bebidas e alimentos que nos satisfaçam Transformar a imagem em percepção Esse é o papel do ego Quando o bebê começa a interagir com o ambiente o ego se desenvolve É a busca do prazer em contato com a realidade Ou seja se desenvolve a partir do id para atender e aplacar suas exigências Tem 72 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade como tarefa garantir a saúde a segurança e a sanidade da personalidade Sua função é enfrentar a necessidade de mi nimizar a tensão e maximizar o prazer A terceira parte da estrutura da personalidade é o supe rego Ele é o representante interno dos valores e ideais tradicionais da sociedade transmitidos pelos pais e refor çados pelo sistema de recompensas e castigos impostos à criança HALL LINDZEY 1984 p 28 Atua como uma censura dizendo ao ego o que é correto e incorreto sobre os pensamentos deste É o depósito dos códigos morais e os modelos de conduta da personalidade do sujeito De modo geral podemos considerar o id como o compo nente biológico da personalidade o ego como o compo nente psicológico e o superego como o componente so cial HALL LINDZEY 1984 p 28 Freud concebeu o sujeito como o sujeito do inconsciente o que diferencia a Psicanálise da Psicologia do Compor tamento por exemplo Para Freud esse sujeito vive em parte no mundo da realidade e em parte no da imagina ção envolvido em conflitos e contradições interiores e contudo capaz de pensamento e ações racionais movido por forças que ele pouco conhece e por aspirações além de seu alcance às vezes lúcido às vezes confuso frustrado satisfeito esperançoso e desesperado egoísta e altruísta em suma um ser humano complexo Para muitos esse quadro do homem tem um valor essencial HALL LIND ZEY 1984 p 52 73 Perspectivas analítica e neoanalíticas O sujeito é o sujeito do inconsciente A teoria freudiana destacou a importância do inconscien te para explicar a psique humana Para os sucessores de Freud em uma perspectiva neoanalítica da personalidade o ego foi considerado de grande importância O conceito de selfconsciente ou quem eu acreditosuponhopenso ser é relevante nas concepções teóricas desta perspectiva Carl Jung sem dúvida se destaca como sucessor de Freud e tem adeptos e seguidores de sua teoria pelo mundo inteiro Jung definiu as dimensões da personalidade extroversão e introversão para apresentar as forças opostas que com petem em busca de equilíbrio A extroversão representa a tendência de nos concentrarmos no externo e a introver são representa a tendência de focarmos no interno A luta interna do self está voltada para as emoções e os impulsos internos enquanto que a luta externa do self às exigências do mundo Jung desenvolveu o conceito de inconsciente coletivo como a camada mais profunda da psique constituído de materiais e arquétipos imagens e símbolos que não cor respondem às experiências individuais comuns a todos os seres humanos Apresentou as quatro funções psíquicas sensação senti mento pensamento e intuição que integradas às atitudes de introversão e extroversão correspondem aos tipos psi cológicos definidos por Jung 74 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade Para ele percebemos o mundo a partir da sensação e da in tuição e julgamos os fatos pelo pensamento e sentimento Diante de todas essas perspectivas podemos compreen der que personalidade e comportamento são termos dis tintos porém interligados Comportamento é ação res posta personalidade é quem eu sou mesmo que esse conceito varie tanto O que fundamenta o comportamento individual no traba lho é o fenômeno motivacional uma vez que o ser humano busca pela sua própria natureza satisfazer suas necessi dades preencher a falta o vazio a ausência de satisfação Neste capítulo conhecemos as oito perspectivas básicas da personalidade No primeiro tópico das perspectivas biológicas behavio ristas e da aprendizagem compreendemos a importância dos fatores biológicos hereditários e sociais no desenvol vimento da personalidade Para o behaviorismo o homem desenvolve suas caracte rísticas em função das condições presentes no meio em que vive O comportamento é controlado por suas con sequências pelos estímulos que se seguem às respostas Recompensar ou punir para alcançar a aprendizagem de sejada O homem é produto do meio O behaviorismo é a psicologia do comportamento As perspectivas cognitivas e sociocognitivas e do traço e da habilidade vistas no segundo tópico focam a capa 75 Perspectivas analítica e neoanalíticas cidade cognitiva e de percepção do mundo no desenvol vimento da personalidade A perspectiva dos traços nos apresenta traços de personalidade que explicam o ser in teragindo no mundo e suas respostas comportamentais O terceiro tópico das perspectivas humanista e existen cial nos mostrou que o existencialismo não surge como uma escola psicológica e sim como uma filosofia existen cial e virá a fundamentar uma psicologia existencial que concebe um homem livre e responsável Sartre define o ho mem como sendo o responsável pela própria liberdade E frente a essa liberdade de ação o ser humano se angustia pois a liberdade implica fazer escolhas as quais só o pró prio indivíduo pode fazer O homem é um eterno viraser A perspectiva interacionalista pessoasituação apresenta a teoria de que a personalidade não é estática mas possui padrões relativamente estáveis A relatividade pode ser explicada pela ideia de que as respostas dos indivíduos podem variar diante de diferentes situações E por fim as perspectivas analíticas e as neoanalíticas Para a psicanálise freudiana a personalidade é estrutura da em três instâncias psíquicas o id componente biológi co o ego componente psicológico e o superego compo nente social Freud concebeu o sujeito como o sujeito do inconsciente o que diferencia a Psicanálise da Psicologia do Comportamento por exemplo Jung em sua perspectiva neoanalítica desenvolveu o con ceito das quatro funções psíquicas sensação sentimento 76 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade pensamento e intuição Integradas às atitudes de introver são e extroversão correspondem aos tipos psicológicos definidos por Jung Ou seja percebemos o mundo a partir da sensação e intuição e julgamos os fatos pelo pensa mento e sentimento Personalidade e comportamento são termos distintos po rém interligados Meu comportamento pode ser determi nado pela minha personalidade Percebemos que o fundamento do comportamento indivi dual no trabalho é o fenômeno motivacional uma vez que o ser humano busca pela sua própria natureza satisfazer suas necessidades preencher a falta o vazio a ausência de satisfação 77 REFERÊNCIAS CARISSIMI B A S M Não basta ser líder tem que ser coach mentor e counsel as diferenças essenciais entre essas práticas Rio de Janeiro RH 2005 Disponível em httpwwwrhcombr Acesso em 28 ago 2013 Do malestar na civilização ao malestar na or ganização um percurso Dissertação Metrado em Psica nálise Saúde e Sociedade Universidade Veiga de Almei da Rio de Janeiro 2008 ERTHAL TCS Terapia vivencial uma abordagem exis tencial em psicoterapia Petrópolis Vozes 1989 FRIEDMAN HS SCHUSTACK MW Teorias da personali dade São Paulo Pearson 2004 HALL C S LINDZEY G Teorias da personalidade São Paulo EPU 1984 MATOS MA Behaviorismo metodológico e Behavioris mo Radical Palestra apresentada no II Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental Campinas out 93 Versão revisada encontrase publicada em Ber nard Rangé Org Psicoterapia comportamental e cogniti va pesquisa prática aplicações e problemas Campinas Editorial Psy 1995 Disponível em httpwwwcfhufsc brwfilmatoshtm Acesso em 18 out 2013 78 Teorias de personalidade as perspectivas básicas da personalidade MAY PR A implantação de modelos de gestão em uma empresa pública o modelo de gestão participativa e o modelo de controle da qualidade total na centrais elétricas de Santa Catarina CELESC Dissertação Mestrado em En genharia de Produção Universidade Federal de Santa Ca tarina Florianópolis 1999 Disponível em httpwww epsufscbrdisserta99may Acesso em 17 nov 2013 SCHULTZ D História da psicologia moderna São Paulo Cultrix 1975 SILVEIRA EGF Gestão do conhecimento nas organi zações perfil motivacional e tipos psicológicos jun guianos um estudo de caso em uma empresa de saúde Dissertação Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhe cimento Universidade Federal de Santa Catarina Floria nópolis 2006 SKINNER B F A case history of scientific method Ameri can Psychologist Sl n 11 p 221233 1956 79 Conceito e tipos de transtornos de personalidade CAPÍTULO 4 TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE No capítulo anterior compreendemos os fundamentos do comportamento individual nas organizações para pautar mos a gestão de pessoas Neste capítulo conheceremos os diferentes tipos de transtornos de personalidade para ajudar ao gestor de RH a reconhecêlos a fim de que possa encaminhar as soluções cabíveis em cada situação 80 Transtornos de personalidade CONCEITO E TIPOS DE TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Ao longo da leitura desta obra compreendemos o concei to de personalidade e suas teorias para fundamentarmos o comportamento das pessoas nas organizações e dire cionarmos as estratégias da gestão de recursos humanos Porém precisamos ir mais além abordando alguns transtornos psicológicos graves que comprometem as relações e a performance no trabalho os transtornos de personalidade Antes de iniciarmos esse tema é importante esclarecer que o gestor de recursos humanos não tratará terapeu ticamente transtornos psicológicos Essa atribuição é do profissional psicólogo Este capítulo pretende ajudar o gestor de pessoas a detectar sinais e sintomas e identifi car transtornos de personalidade que estão comprome tendo o desempenho e as relações e direcionar ou enca minhar o indivíduo para tratamento psicológico com um psicoterapeuta por exemplo E nesse caso esse encami nhamento será a solução possível a tomada de decisão do gestor Bom não devemos nos preocupar com isso agora Esse foi apenas um esclarecimento inicial para evitarmos expecta tivas erradas Veremos no segundo tópico como o gestor de recursos humanos deverá tratar tais questões 81 Conceito e tipos de transtornos de personalidade Iniciemos pois este tópico com o conceito de transtorno Ao buscarmos esse termo no Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse 2006 p 1005 encontramos em sua origem o verbo transtornar que se refere ao ato de desor ganizar atrapalhar perturbar transformar levar a ou perder o equilíbrio desorientar se perturbar se des figurarse Diante do exposto percebemos que um trans torno de personalidade prejudica a si próprio e aos que o rodeiam pois tal transtorno dificulta a adaptação do indivíduo ao meio ao qual ele pertence Podemos definir como transtorno de personalidade o de sequilíbrio ou desajuste nas formas de pensar agir e sen tir comuns de um indivíduo que causam prejuízo e so frimento a ele próprio e às demais pessoas que o cercam A Psiquiatria concebe a maioria dos transtornos psico lógicos como síndromes Para Kaplan e Sadock 1993 p 230 uma síndrome é um grupo de sinais e sintomas que ocorrem juntos constituindo uma condição identificável Sinais são achados objetivos observados pelo médico por ex taquicardia e hiperatividade motora sintomas são queixas subjetivas apresentadas pelo paciente por ex palpitações e ansiedade O estudante do comportamento humano seja ele psicólo go ou psiquiatra deve conhecer os sinais e sintomas para identificar o transtorno psicológico do seu paciente e ini ciar o tratamento 82 Transtornos de personalidade O gestor de recursos humanos não tratará o indivíduo mas sendo conhecedor de tais sinais e sintomas poderá reconhe cer tal problemática e direcionálo para tratamento espe cífico Diante dessa situação muitas empresas não sabem como agir por falta de esclarecimento e preparo dos profis sionais das áreas humanas atuantes nas organizações Vejamos alguns aspectos da capacidade humana que afe tados demonstram sinais e sintomas de possíveis trans tornos apresentados e descritos no Compêndio de Psi quiatria Ciências Comportamentais Psiquiatria Clínica KAPLAN SADOCK 1993 cap 8 pp 2308 O primeiro deles é a consciência definida como estado de lucidez As perturbações da consciência estão relaciona das aos seguintes sinais e sintomas 1 Desorientação dificuldades para reconhecer tempo lugar ou pessoas 2 Pensamento pouco claro 3 Estupor falta de reação 4 Delírios medos e alucinações 5 Coma grau profundo de inconsciência ou coma vigil parece estar adormecido mas pronto para ser despertado 6 Sonolência 7 Dificuldades para concentrar a atenção capaci dade para manter foco em alguma atividade 83 Conceito e tipos de transtornos de personalidade 8 Bloqueio para o que gera ansiedade 9 Hipervigilância atenção excessiva 10 Resposta obediente e sem crítica a uma ideia ou influência Um outro aspecto a ser considerado é a emoção do indiví duo Esse aspecto se relaciona principalmente ao afeto e humor Um afeto adequado demonstra se o tom emocio nal está em harmonia com a ideia pensamento ou fala que o acompanham Vejamos 1 Afeto inadequado tom emocional ideia pensa mento ou fala desarmônicos Pode ser embotado tom contido ou reduzido severamente restrito leve redução do tom plano tom ausente ou quase ausente e lábil alternado com mudanças bruscas sem relação com estímulos externos 2 Humor inadequado disfórico estado de âni mo desagradável irritável facilmente provocado até a raiva lábil alternado oscilação entre eu foria e depressão exaltado mais animado que o normal euforia sentimentos de grandeza êxtase arrebatamento depressão e anedonia sentimento psicopatológico de tristeza e perda do interesse e afastamento de todas as atividades regulares e pra zerosas tristeza ou luto adequada a uma perda real e alexitimia incapacidade ou dificuldade para descrever ou conscientizarse das próprias emoções e estados de ânimo 84 Transtornos de personalidade 3 Ansiedade sentimento de apreensão provocado pela antecipação de um perigo interno ou externo 4 Medo ansiedade provocada por um perigo reco nhecido 5 Agitação inquietação motora 6 Tensão aumento desagradável da atividade mo tora ou psicológica 7 Pânico ataque intenso agudo e episódico de ansiedade associado a sentimentos sufocantes de medo 8 Apatia tom emocional sombrio associado com desapego ou indiferença 9 Ambivalência coexistência simultânea de dois impulsos opostos com relação à mesma coisa 10 Variação diurna o humor está regularmente pior pela manhã imediatamente após o despertar melhorando ao longo do dia Abordaremos agora o comportamento motor Vejamos al guns dos seus sinais e sintomas 1 Ecopraxia imitação patológica dos movimentos de outra pessoa 2 Catatonia anomalias motoras desde uma posi ção imóvel constantemente mantida a uma ativida 85 Conceito e tipos de transtornos de personalidade de motora agitada sem finalidade e não influencia da por estímulos externos 3 Cataplexia perda temporária do tono muscular e fraqueza 4 Estereotipia padrão repetitivo fixo de ação física ou fala 5 Maneirismos movimentos involuntários estereo tipados 6 Automatismo desempenho automático de atos 7 Mutismo falta de produção da fala sem anorma lidades estruturais 8 Hiperatividade agitação inquietude tique so nambulismo compulsão para ingerir álcool furtar arrancar os próprios cabelos por exemplo 9 Hipoatividade atividade motora diminuída ou retardada 10 Agressão ação verbal ou física intensa dirigida a um objetivo Outro aspecto a ser considerado é o pensamento Suas perturbações podem ocorrer na sua forma F ou no seu conteúdo C 1 Transtorno mental F síndrome comportamental ou psicológica associada a angústia ou incapacidade 86 Transtornos de personalidade 2 Psicose F incapacidade de distinguir entre rea lidade e fantasia 3 Pensamento autista F preocupação com o mun do interior e privado 4 Neologismo F novas palavras criadas por ra zões psicológicas 5 Verbigeração F repetição sem sentido de pala vras ou frases específicas 6 Ecolalia F repetição psicopatológica de pala vras ou frases de outra pessoa 7 Fuga de ideias F jogo de palavras que produzem uma constante mudança de uma ideia para outra 8 Bloqueio F interrupção abrupta no curso do pensamento sem que a pessoa se recorde do que estava falando 9 Glossolalia F também conhecido como falar em línguas palavras ininteligíveis 10 Pobreza de conteúdo C pensamento que devi do ao seu caráter vago oferece poucas informações 11 Delírio C falsa crença que não pode ser corri gida pela argumentação de pobreza perseguição grandeza controle infidelidade etc 12 Hipocondria C preocupação exagerada com a própria saúde sem base em patologia orgânica real 87 Conceito e tipos de transtornos de personalidade mas em uma interpretação irreal de sinais ou sensa ções físicas como anormais Nas organizações não é incomum haver pessoas que acre ditam ser perseguidas por seus chefes pares e subordina dos sem que tenha acontecido algum fato que comprove isso Também não é difícil conhecermos alguém que se preocupa excessivamente com a saúde e acredita ter doen ças Muitos hipocondríacos ao saberem que alguém está doente acreditam por exemplo terem também a tal doen ça Suas visitas aos médicos são frequentes assim como sentem dores sem causa específica E a fala Quais são os sinais e sintomas desse aspecto da capacidade humana quando comprometido 1 Pressão da fala fala rápida aumentada em quan tidade e dificilmente interrompida 2 Pobreza da fala respostas monossilábicas 3 Disprosódia perda da melodia normal da fala 4 Disartria dificuldades na articulação 5 Fala excessivamente alta ou baixa 6 Gagueira 7 Afasia perturbações na emissão da linguagem por exemplo afasia nominal dificuldade para lembrar o nome do objeto 88 Transtornos de personalidade A percepção que é um processo mental pelo qual os es tímulos sensorais se tornam conscientes também é um aspecto a ser considerado nos transtornos psicológicos Vejamos 1 Alucinação percepção sensorial falsa não asso ciada com a realidade pode ser auditiva visual ol fativa gustativa tátil etc 2 Autotopagnosia negação de uma parte do corpo 3 Macropsia os objetos parecem maiores do que são 4 Micropsia os objetos parecem menores do que são 5 Personalidade múltipla uma pessoa que em di ferentes momentos parece estar de posse de uma personalidade ou caráter inteiramente diferente E a memória Como ela é afetada 1 Amnésia incapacidade total ou parcial para re cordar experiências passadas podendo ter origem orgânica ou emocional 2 Paramnésia falsificação da memória pela distor ção da recordação falso reconhecimento da memória 3 Hipermnésia grau exagerado de retenção e re cordação 4 Imagens eidéticas recordações visuais de vivi dez quase alucinatória 89 Conceito e tipos de transtornos de personalidade A inteligência ou seja a capacidade de entender recordar e integrar o aprendizado também é um aspecto a ser con siderado em nosso estudo A seguir sinais e sintomas de seu comprometimento 1 Retardo mental falta de inteligência que com promete o desempenho social e ocupacional 2 Demência deterioração do funcionamento inte lectual provocada por disfunção cerebral orgânica sem obscurecer a consciência 3 Pseudodemência semelhante à demência porém provocada frequentemente pela depressão E por fim temos o insight a capacidade para compreen der causa e significado reais de uma situação e o julga mento capacidade para avaliar e agir adequadamente diante de uma situação Uma vez prejudicados temos as seguintes reações do indivíduo 1 Insight prejudicado redução na capacidade para compreender a realidade objetiva de uma situação 2 Julgamento prejudicado redução na capacida de para compreender corretamente uma situação e agir adequadamente Como vimos a lista apresentada acima nos esclarece acer ca de sinais e sintomas de possíveis transtornos patoló gicos Porém cabe ressaltar que somente o profissional psicólogo ou o médico psiquiatra estão habilitados para diagnosticarem e tratarem tais transtornos 90 Transtornos de personalidade O diagnóstico de um transtorno psicológico é algo muito sério que precisa ser feito com cautela e após avaliações psicológicas Um sinal ou sintoma isolados não caracteri zam um transtorno psicológico Situações estressantes e perdas podem desencadear sintomas isolados sem neces sariamente caracterizarem uma patologia uma síndrome O gestor de recursos humanos pode no entanto ser sen sibilizado acerca deles para reconhecer quando um indi víduo na organização precisa de ajuda profissional para fazer o devido encaminhamento A seguir vamos conhecer os tipos de transtornos de per sonalidade Quando conhecemos uma pessoa acreditamos poder su por quais serão suas reações em determinadas situações Isso é possível porque a personalidade é composta por traços emocionais e comportamentais relativamente está veis e previsíveis Segundo Kaplan e Sadock 1993 p 556 apenas quando os traços de personalidade são inflexíveis e desajustados causando funcionamento significativamente prejudicado ou aflição subjetiva constituem uma classe de transtorno de personalidade Os pacientes com distúrbios de perso nalidade mostram padrões profundamente entranhados inflexíveis e mal ajustados de relacionamento e percepção do ambiente e de si mesmos De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSMIIIR os transtornos de persona 91 Conceito e tipos de transtornos de personalidade lidade podem ser divididos em três grupos conforme ta bela a seguir Grupos A B C Tipos Paranoide Histriônico Evitativo Esquizoide Narcisista Dependente Esquizotípico Antissocial Obsessivocompulsivo Borderline Passivoagressivo Fonte KAPLAN SADOCK 1993 p 556 Vejamos cada um deles GRUPO A 1 Transtorno de personalidade PARANOIDE as pessoas que sofrem deste transtorno são desconfia das e acreditam ser exploradas perseguidas e hu milhadas pelos outros Ciumentos não confiam na lealdade dos amigos e na fidelidade do cônjuge São irritáveis rancorosos e reagem com agressividade e hostilidade frente a diversas situações Essas pes soas não assumem para si a responsabilidade pe los seus sentimentos e acusam os demais por suas emoções impulsos e pensamentos São frias e geral mente geram medo nas pessoas Em geral suas rela ções pessoais e profissionais são permanentemente conflituosas 2 Transtorno de personalidade ESQUIZOIDE esse transtorno acomete pessoas extremamente retra ídas que evitam interagir com outras preferindo atividades solitárias Parecem frios indiferentes distantes isolados e não possuem amigos ou con 92 Transtornos de personalidade fidentes Dificilmente retribuem a um aceno ou sorriso Não experimentam emoções como raiva ou alegria Sua libido pode ser direcionada para ativi dades que não dependem de contato ou relaciona mento tal como a matemática Podem ser ligadas a animais 3 Transtorno de personalidade ESQUIZOTÍPICA as pessoas com esse transtorno são percebidas pe los outros como estranhas abobalhadas e alheias Geralmente são excêntricas no modo de se vestir e de se comportar Podem ser supersticiosos e costu mam acreditar que possuem um sexto sentido ou que podem sentir a presença de pessoas ausentes ou falecidas Seu discurso é pobre vago e estranho muitas vezes parecendo ter sentido somente para si mesmas Sentemse desconfortáveis diante de pes soas desconhecidas e são sensíveis à agressividade dos outros Seu afeto é inadequado ou constrito Nos casos graves do transtorno pode ocorrer ane donia ou depressão grave GRUPO B 1 Transtorno de personalidade HISTRIÔNICO os histriônicos são extrovertidos sedutores exuberan tes dramáticos e emotivos Desejam ser o centro das atenções e sentemse desconfortáveis em situa ções contrárias a isso Exageram sentimentos pen samentos e comportamentos Precisam de elogios e de aprovação dos outros e se não recebem podem ficar malhumorados fazer acusações e chorar aos soluços 93 Conceito e tipos de transtornos de personalidade 2 Transtorno de personalidade NARCISISTA o narcisista considerase especial e melhor do que os outros Não aceita críticas reagindo a elas com raiva Quer levar vantagem em tudo por acreditar que merece o melhor sucesso poder beleza amor dinheiro Sem capacidade empática desmerece os sentimentos e problemas dos outros e se acha um ser único e especial que merece ser reconhecido A exploração nos relacionamentos pessoais e profis sionais é muito comum para alcançar vantagens 3 Transtorno de personalidade ANTISSOCIAL pessoas com este transtorno são manipuladoras mentirosas e não confiáveis Frias inconsequentes agressivas e desprovidas de culpa ou remorso Bur lam normas e regras desde a infância como faltar à escola fugir de casa cometer furtos envolverse em brigas e em atividades ilegais Pode ser fisicamente cruel com pessoas e animais Estabelece relaciona mentos mas não os mantêm Esse tipo de transtorno se manifesta geralmente na infância ou adolescência 4 Transtorno de personalidade BORDERLINE são emocionalmente instáveis e apresentam humor os cilante Podem estar deprimidos em um momento e eufóricos em outro Suas relações são tumultuadas pois a personalidade borderline pode ser tanto depri mida e dependente quanto raivosa e hostil quando frustrada Possuem incertezas sobre si mesmos e suas escolhas Podem cometer atos suicidas e de au toflagelo Apresentam sentimento de vazio crônico e dividem as pessoas como boas ou más idealizando as boas e rejeitando e desvalorizando as más Pro 94 Transtornos de personalidade curam alianças com pessoas e grupos instáveis osci lando entre grande amizade e rancor profundo GRUPO C 1 Transtorno de personalidade EVITATIVO a per sonalidade evitativa referese a pessoas que são tí midas retraídas e com grande sensibilidade à rejei ção Seu forte desejo de relacionarse e ser aceito sem críticas vai de encontro ao medo de serem re jeitadas fazendo com que evitem relacionamentos que não lhes assegurem afeto No trabalho assu mem posições de subordinação e preferem servir a liderar Gostam de agradar as pessoas para serem amados e aceitos Facilmente magoamse por conta de críticas e desaprovação 2 Transtorno de personalidade DEPENDENTE as pessoas que sofrem deste transtorno são inseguras passivas e não conseguem tomar decisões Geral mente se unem a pessoas controladoras que pos sam tomar as rédeas de sua vida Têm forte medo da solidão e abandono por isso se submetem aos desejos dos outros sem questionar e a atividades humilhantes para serem amados e aceitos 3 Transtorno de personalidade OBSESSIVOCOM PULSIVO pessoas acometidas por esse transtorno são rígidas inflexíveis seguem uma rotina preesta belecida que impõem às suas vidas e tentam impor aos demais Sentem medo do erro pois buscam a perfeição Tal medo dificulta a tomada de decisão Preferem trabalhos rotineiros metódicos e precisos 95 Conceito e tipos de transtornos de personalidade 4 Transtorno de personalidade PASSIVOAGRES SIVO resistem passivamente às demandas dos ou tros evitando obrigações Irritamse ao serem soli citadas a fazer algo que não desejam tornandose agressivas No trabalho em equipe não cumprem com suas responsabilidades sobrecarregando ou trem Acreditam realizar um bom trabalho e não aceitam críticas sobre sua produtividade Para cada transtorno de personalidade um tratamento pode ser indicado No próximo tópico veremos como o gestor de recursos humanos deve agir frente aos colabora dores que demonstram sofrerem algum tipo de transtorno e que estejam comprometendo o desempenho funcional a produtividade e as relações de trabalho 96 Transtornos de personalidade ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS DE DESEMPENHO NAS ORGANIZAÇÕES CAUSADOS POR TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Como apresentamos para cada transtorno de persona lidade a área de saúde mental indicará um tipo de tra tamento específico Na maioria dos casos a psicoterapia deve ser acompanhada da farmacoterapia ou seja do uso de medicamentos Nesses casos o tratamento deve ser conduzido por equipe multidisciplinar pois o profissio nal psicólogo não pode medicar pacientes A Psiquiatria sendo a especialidade médica que trata as doenças men tais é representada pelo médico psiquiatra e somente ele poderá prescrever medicações Antes de apresentarmos as indicações de tratamento ideais para cada tipo de transtorno de personalidade foco deste tópico cabe uma pequena observação sobre o conhecimen to que estaremos adquirindo a partir deste capítulo O gestor de recursos humanos deverá ter muito cuida do para não enquadrar erroneamente colaboradores nos tipos de transtornos de personalidade apresentados O diagnóstico é de responsabilidade de profissional da saú de mental psicólogos e psiquiatras Este guia é uma refe rência mas não propõe nenhum tipo de enquadramento de pessoas nas empresas Ele poderá ajudar o profissional de recursos humanos no processo seletivo por exemplo 97 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organi zações causados por transtornos de personalidade para compreender a personalidade de candidatos a va gas na organização Poderá ainda orientar o gestor de recursos humanos sobre como proceder diante de surtos psicológicos que ocorram na empresa Poderá colaborar indicando que decisão deverá ser tomada a respeito de um colaborador que pareça sofrer de algum transtorno por conta de sua baixa produtividade ou que esteja enfren tando conflitos nas relações interpessoais que afetem seu desempenho Vale lembrar que pessoas que sofrem do transtorno de personalidade obsessivocompulsivo por exemplo são al tamente produtivas em tarefas rotineiras sistemáticas e precisas Nem todo transtorno significa impossibilidade ou incapacidade de trabalho Em alguns casos o tratamen to pode proporcionar uma vida normal para essas pessoas Com caráter informativo uma vez que o gestor de recur sos humanos não atuará como psicólogo ou psiquiatra na empresa seguem abaixo as Técnicas de Tratamento para Transtornos de Personalidade do DSMIIIR contidas no Compêndio de Psiquiatria ciências comportamentais Psiquiatria Clínica KAPLAN SADOCK 1996 p 574575 GRUPO A 1 Transtorno de personalidade PARANOIDE a psi coterapia deverá ser conduzida de modo a reduzir a hipersensibilidade às críticas melhorar habilida des sociais e identificar os estressores principais A farmacoterapia deve considerar o uso de antip sicóticos 98 Transtornos de personalidade 2 Transtorno de personalidade ESQUIZOIDE a psicoterapia nesses casos deve encorajar gradual mente atividades interpessoais A farmacoterapia deve considerar o uso de antipsicóticos beta blo queadores e IMAOs 3 Transtorno de personalidade ESQUIZOTÍPICA a psicoterapia deve treinar habilidades cognitivas e o manejo da ansiedade para a fobia social que acomete Compreender os sentimentos íntimos do paciente e especificálos poderá colaborar com a resposta posi tiva deste ao tratamento A farmacoterapia deve con siderar o uso de antipsicóticos tricíclicos e IMAOs GRUPO B 1 Transtorno de personalidade HISTRIÔNICO a psicoterapia deve identificar padrões mal ajustados na escolha de parceiros íntimos salientar a impor tância de tentar manter a calma a lógica e a razoabi lidade nas crises e impor limites Deverá buscar mo derar a expressão emocional e a manipulação para conseguir atenção Encorajar a ternura a sincerida de e a empatia A farmacoterapia deve considerar a prescrição de IMAOs 2 Transtorno de personalidade NARCISISTA a psi coterapia deve mesclar confrontação e empatia co municando as qualidades e as vulnerabilidades do paciente Capacitar o paciente no controle de seus impulsos A farmacoterapia deve considerar a pres crição de lítio IMAOs e tricíclicos 99 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organi zações causados por transtornos de personalidade 3 Transtorno de personalidade ANTISSOCIAL a psicoterapia indicada para este transtorno deve ser a de grupo Deverão ser avaliados os recursos e as fraquezas do paciente Ele deverá ser introduzido em atividades prósociais e tratado com respeito e consideração A farmacoterapia para esse transtor no não está determinada 4 Transtorno de personalidade BORDERLINE o relacionamento na psicoterapia deve ser de soli dariedade e entendimento Foco no senso frágil da identidade e nas impressões mutáveis e altamente contraditórias de si mesmo Deve ser direcionado para o controle de seus impulsos e para a solução de problemas A farmacoterapia deve prever o uso de antipsicóticos IMAOs tricíclicos carbamazepi na lítio e estimulantes GRUPO C 1 Transtorno de personalidade EVITATIVO a psi coterapia deve facilitar oportunidades de aumen tar a autoestima treinando habilidades sociais e a reestruturação cognitiva A farmacoterapia deve prever o uso de IMAOs bloqueadores beta adrenér gicos estimulante 2 Transtorno de personalidade DEPENDENTE a psicoterapia deve aumentar a capacidade de funcio namento mais independente do paciente e ajudálo a manejar a sua ansiedade A farmacoterapia deve prever o uso de tricíclicos IMAOs e alprazolam 100 Transtornos de personalidade 3 Transtorno de personalidade OBSESSIVOCOM PULSIVO a psicoterapia deve encorajálo a libe rarse e a se divertir evitando a intelectualização excessiva Desenvolver o modo de lidar apropriada mente com suas próprias emoções e as dos outros Afrouxamento de enfoque racional lógico e obsti nado à vida Para a farmacoterapia devese conside rar o uso de clomipramina fluoxetina 4 Transtorno de personalidade PASSIVOAGRESSI VO a psicoterapia deve evitar o aconselhamento de conselhos apoiadores ou salvamento Deverá con frontar com cunho terapêutico pagamentos atrasa dos atrasos em horários faltas a sessões etc As técnicas apresentadas acima devem ser conduzidas por profissional específico da área de saúde conforme mencionado inúmeras vezes neste capítulo O profissio nal de recursos humanos conhecedor dos sinais e sinto mas desses transtornos poderá se sensibilizar diante de situações específicas com colaboradores que podem ser justificadas por suas experiências Essas situações podem envolver baixo desempenho e produtividade problemas de relacionamento e surtos psicológicos Caberá ao gestor fazer o reconhecimento e o encaminha mento para profissional específico na empresa que pode ser um psicólogo ou médico do trabalho que saberá con duzir o colaborador para tratamento específico Uma vez em tratamento e com indicação médica para con tinuar atuando na empresa este guia poderá colaborar na forma de lidar com cada tipo de transtorno 101 Análise e encaminhamento de soluções para os problemas de desempenho nas organi zações causados por transtornos de personalidade Vejamos alguns exemplos No caso do transtorno de personalidade dependente Como vimos a psicoterapia deve aumentar a capacidade de funcionamento mais independente do paciente e aju dálo a manejar a sua ansiedade Na empresa o gestor de recursos humanos pode orientar o gestor do colaborador a delegarlhe funções projetos e responsabilidades sem que este dependa do trabalho de outra pessoa Assim ele estará colaborando com o tratamento No transtorno de personalidade evitativo a pessoa que está em tratamento poderá ser ajudada na empresa sen do envolvida em trabalhos de equipe por exemplo ou apoiando campanhas sociais que necessitem a solicitação da colaboração de outros A campanha do agasalho por exemplo envolve solicitar casacos cobertores mantas para doação 102 Transtornos de personalidade REFERÊNCIAS GLINA DRM ROCHA LE BATISTA ML MENDONÇA MGV Saúde mental e trabalho uma reflexão sobre o nexo com o trabalho Cadernos de Saúde Pública Rio de Ja neiro v 17 n 3 p 607616 maiojun 2001 Disponível em httpwwwscielosporgpdfcspv17n34643pdf Acesso em 10 jul 2013 KAPLAN HI MD SADOCK BJ MD Compêndio de psiquiatria ciências comportamentais psiquiatria clínica Porto Alegre Artes Médicas Sul 1993 LOUZÃ NETO Mario Rodrigues CORDÁS Táki Athanná sios Transtornos de personalidade Porto Alegre EdArt med 2011 Disponível em httpwwwgrupoacom brlivrospsiquiatriatranstornosdapersonalidadee book9788536325804 Acesso em 8 fev 2014 103 CONSIDERAÇÕES FINAIS Enquanto gestores de recursos humanos devemos estar preparados para enfrentar as dificuldades com os cola boradores que poderão necessitar de ajuda especial Co laborar com a psicoterapia não significa assumir para si a responsabilidade sobre o tratamento do paciente mas trabalhar em parceria com o profissional responsável psi cólogo ou médico para que o tratamento tenha sucesso Neste capítulo conhecemos os sinais e sintomas dos transtornos psicológicos que podem ser percebidos nas alterações da capacidade humana Entendemos que um sintoma ou sinal isolado pode não caracterizar uma doença mental pois um transtorno é definido como um conjunto de sinais e sintomas corres pondentes a uma patologia específica Ficou claro que o psicólogo e o médico são os profissio nais habilitados e responsáveis pelo diagnóstico e trata mento dessas enfermidades Conhecemos ainda os tipos de transtornos de personali dade e as técnicas mais indicadas para cada tipo Compreendemos que o gestor de recursos humanos co nhecedor dos sinais e sintomas desses transtornos po derá se sensibilizar diante de situações específicas com colaboradores que podem ser justificadas por suas ex periências Essas situações podem envolver baixo desem 104 penho e produtividade problemas de relacionamento e surtos psicológicos Caberá ao gestor fazer o reconhecimento e o encaminha mento para profissional específico na empresa que pode ser um psicólogo ou médico do trabalho que saberá con duzir o colaborador para tratamento específico Uma vez em tratamento e com indicação médica para con tinuar atuando na empresa este guia poderá colaborar na forma de lidar com cada tipo de transtorno E assim encerramos o nosso estudo certos de que o conteúdo apresentado deverá ser bastante útil para aqueles que atuam ou atuarão como gestores de pes soas e assumem com isso um compromisso com a saú de da organização Desejamos sucesso em sua caminhada